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O desafio de um professor de Educação Física na Educação Infantil

El desafío de un profesor de Educación Física en la Educación Inicial

 

Professora rede municipal de Anápolis

Formada em educação Física pela Universidade

Estadual de Goiás (ESEFFEGO)

Suzianne Morais

suzianne.morais@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho tem como objetivo inicial investigar o que se vem estudando acerca da atuação do professor de Educação Física na Educação Infantil (especificamente na 1ª fase do Ensino Fundamental) devido a inquietações e dificuldades encontradas em tal realidade, em que se busca uma melhor forma de auxiliar e contribuir na aprendizagem e formação desses alunos não deixando de considerá-los como um Ser criança. Partindo de tais investigações, podemos analisar que tais discussões voltadas à Educação Física na Educação Infantil ainda são recentes tendo em vista os estudos realizados de uma maneira geral para com a Educação Física Escolar que são estudadas desde meados de 1980. Sobre os estudos e discussões acerca da contribuição e de um fazer pedagógico do professor de Educação Física na Educação Infantil, podemos dizer que ainda há muito que se estudar e analisar com relação a novas propostas e caminhos; porém já se percebe por alguns estudos que tais profissionais reconhecem tal necessidade para com uma melhor estratégia em auxiliar e contribuir na formação desses alunos, assim como por outros estudos já nos é proposto e salientado a importância que se deve dar em buscar ver e perceber em nossos alunos sua sensibilidade e o meio em que interagem para que possamos assim continuar investigando e buscando uma melhor prática pedagógica, em que considere este aluno desde pequeno já como integrante e participante de sua história. Quanto a escola como possibilidade de formação do sujeito, outra questão encontrada em estudos acerca de temática indica a compreensão e valorização do trabalho em conjunto e harmônico da comunidade escolar para com tais alunos, tendo em vista sua formação totalizada e dinâmica; o que demonstra que muitos estudos e discussões ainda merecem ser vistas e analisadas.

          Unitermos: Educação. Educação Física. Infância.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A motivação inicial para a construção deste trabalho surgiu de vivências como professora de Educação Física atuante na Educação Infantil (mais especificamente na 1ª fase do Ensino Fundamental), em que notou dificuldades quanto a um fazer pedagógico que de fato contribua na formação desses alunos.

    De acordo com Oliveira (2005), por muito tempo a criança fora tratada como um “mini-adulto”, onde sua educação estava atrelada a discipliná-la como um adulto moral e cívico, sem analisar suas especificidades e necessidades de seu Ser criança. De uma forma geral, se buscava transmitir conhecimentos que não as consideravam como sujeitos críticos e já capazes de interagir.

    Em meados de 1980 foram sendo realizados estudos e pesquisas acerca da temática, visto a necessidade de melhor atuação dos professores de Educação Física na área escolar, onde nessa fase de ensino ainda é mais recente. (Darido, 2001)

    Dessa forma, fora investigado de maneira sucinta o que se vem discutindo sobre a atuação do professor de Educação Física na Educação Infantil.

As dificuldades e possíveis apontamentos

    Autores como Darido (2001) e Ayoub (2001) acabam por demonstrar que alguns profissionais encontram dificuldades em sua atuação pelo fato de não terem tido experiências e discussões ainda no meio acadêmico, assim como uma falta de visão e interpretação de um melhor fazer pedagógico, que inclusive, aponta até então estar carregada de conceitos e atuações que partem de uma visão e educação do ser de maneira fragmentada e dualizada (corpo-mente e teoria-prática).

    Ainda sobre a formação dos professores de Educação Física, é possível por muitas vezes perceber a ausência e carência de sistematização e vivência do conteúdo a ser explorado, o que deve ser analisado já que o foco seria formar e dar sempre continuidade de conhecimento e entendimento para as crianças se tornarem capazes de crescer de forma harmônica também com suas possibilidades de conhecer, problematizar e explorar. Sayão (2001)

    Num estudo feito por Folle et al (2008), estes ao pesquisarem sobre o nível de satisfação dos professores de Educação Física que atuam na Educação Infantil em duas Secretarias Municipais de Santa Catarina, puderam constatar que a satisfação estava voltada mais a fatores intrínsecos do que extrínsecos, onde fatores como a pouca valorização de seu trabalho, falta de recursos e investimentos, aspectos sociais e políticos são os principais motivos pela insatisfação (sendo estes os fatores extrínsecos). Também fora encontrado que pela comunidade escolar há um reconhecimento quanto à contribuição que o professor de Educação Física possa ter na formação dessas crianças, porém na prática parece que os próprios professores ainda não se sentem capazes de melhor atuarem para com os seus alunos de maneira critica e reflexiva assim como os demais profissionais da comunidade não veem de fato tal contribuição, como se na teoria tal relação já estivesse alicerçada, mas na realidade não.

    Por mais que a formação desse profissional de Educação Física nessa faixa etária muitas vezes se apresente somente por meio de jogos e brincadeiras, é mais do que necessário uma conscientização da importância e participação de todos os membros, já que com esse distanciamento entre os professores de Educação Física e os professores ditos como “de sala”, há um maior distanciamento para melhores possibilidades de se formar e educar as crianças de maneira mais ampla e crítica; é preciso de forma autônoma e conjunta rever, interpretar e compreender o universo infantil para que se possa contribuir na formação e desenvolvimento dessas crianças que se apresentam numa fase de descobertas, de euforia e necessidade de exploração do espaço e tempo, ou seja: é correr, falar, pular, perguntar entre tantas outras formas corporais que estes tentam pedir auxílio e formas para explorar e se conhecer frente ao meio, em que muitas vezes são tratadas pelos adultos como indisciplina. (Ayoub, 2001 e Sayão, 1999)

    “Diante do exposto, torna-se cada vez mais evidente que, para pensar a educação física no âmbito do trabalho pedagógico com crianças de pouca idade, faz-se necessário articularmos diferentes áreas do conhecimento e diferentes profissionais. Assim como na construção de um mosaico, estes/as profissionais vão articulando saberes e práticas que não podem ficar reduzidos a uma única disciplina ou a uma única área do conhecimento. Isso se acreditarmos que as crianças, assim como nós, adultos, também são capazes de produzir cultura.” (SAYAO, 2002, p. 65)

    Em que como sugestão dada pela a autora para um melhor fazer pedagógico seria buscar não somente rever sua contribuição como professora (a) para estas crianças, mas se rever, analisar sua forma de comunicação e percepção do meio principalmente para além da forma verbal. Criar possibilidades de interagir, trabalhar, tocar e sentir o meio com os alunos é de fundamental importância para ambos, assim como vê-los e percebê-los como integrantes e agentes do seu meio.

    Ainda no que concerne em melhores e possíveis formas de auxiliar na formação dessas crianças, Magalhães et al (2007), também considera importante na nossa atuação que ao compreender que nessa fase as crianças possuem maior desenvolvimento e capacidade de explorar seu corpo e meio de forma lúdica, indutiva e espontânea, não possamos limitar tais capacidades, não há porquê avaliar ou buscar nos alunos especificidades de movimento e compreensão de ensino/aprendizagem, pelo contrário, o professor deve possibilitar de diferentes maneiras formas em que estes procurem explorar, conhecer e criar formas de interagir e produzir suas próprias atuações, onde a mesma cita que:

    “As aulas de Educação Física devem ser efetuadas nas Escolas, como um momento em que as crianças podem, através da ludicidade, desenvolver os aspectos cognitivos, afetivo-social e motor conjuntamente. Entretanto, elas devem ser planejadas e executadas com objetivos, conteúdos, procedimentos de ensino e avaliação adequados e sistematizados, para que o desenvolvimento seja atingido da melhor maneira possível. Portanto, não se trata de oferecer brincadeiras aleatoriamente; é o professor de Educação Física que apresenta formação específica para lidar com essas questões. É necessário que se saiba que objetivos atingir, selecionar conteúdos e aplicá-los através de metodologia adequada.” (p. 50)

    É preciso que o professor antes de tudo possa considerar que mesmo a criança estando inserida num meio que já existe antes de sua vinda ao mundo, ela possui suas próprias bagagens históricas e culturais, não deixa de ser livre e de se expressar de maneira intuitiva e espontânea. A criança não está preocupada com o seu futuro e com o que é na vida: ela é puramente o seu presente, não se importando muito com o futuro ou no que representa, ela sente e vive o agora; um agora que se diferencia para com a outra criança, tornando assim a prática pedagógica na Educação Infantil ainda mais necessitada de reflexão e compreensão do meio no qual a criança está inserida e quem é de fato essa criança. Silva et al (2010) também diz que:

    “No nosso entendimento, está no exercício de renunciar a nossos pré-conceitos a capacidade de atribuirmos direitos expressivos ao outro, de permitirmos que a criança seja esse outro, a alteridade, e não o incapaz. Muitas vezes, é pelo fato de a criança estar tão evidente em nós, estar tão perto, tão simples e resistente, que vamos perdendo, cada vez mais, a capacidade de enxergá-la e valorizá-la como expressão de uma singularidade. Talvez, o comodismo de nossas percepções diante do congestionamento de códigos e conceitos, nos impeça de enxergar isso que, de toda sorte, é muito claro, mas não óbvio”. (p.37)

    Seria preciso então que o professor de uma forma geral tenha a simplicidade e humildade de reconhecer que não ele não é o único detentor de verdade ou conhecimento, não seria pela faixa etária que se possa definir o saber: é preciso ouvir, buscar conhecer o que a criança revela, demonstra, age, pois há sim diferenças em sua forma de ver, sentir e se expressar no mundo que não é fragmentado e muito menos único, este possui peculiaridades e entendimentos além do racional e instrumental, para que a partir disso este possa de fato buscar melhores contribuições para a vida de seus alunos.

Considerações finais

    Estudos e relatos de experiências profissionais no campo escolar especificamente na Educação Infantil pelo professor de Educação Física há pouco tempo veem de fato sendo realizados, em que ainda há discussões e inquietações que merecem continuamente serem analisadas e pesquisadas, tendo assim melhores possibilidades de atuação seja ainda na formação acadêmica, continuada ou até mesmo em suas experiências com a comunidade escolar que também busque e se empenhe em fazer o melhor por nossas crianças.

    Porém, é preciso que antes de tudo possamos de fato ver e buscar compreender quem são os sujeitos no qual estamos lidando e buscando melhorar nossa contribuição para com este de maneira ampliada. Sendo assim, por exemplo, é preciso quebrar desde o inicio idéias de que há brincadeiras para serem vivenciadas de acordo com o gênero, de que as aulas de Educação Física sejam colocadas como prêmio por bom desempenho em sala de aula, assim como nós professores não deveríamos trabalhar somente com a visão motora, do se movimentar corporalmente, ou de uma visão puramente humanista; é preciso trabalhar, proporcionar o conhecimento e aprendizado do seu todo, deixando a criança capaz de se conhecer e conhecer o meio de forma crítica e singular, para que assim possa crescer de maneira autônoma.

Referencias

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