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Idade de início da prática sistemática e vínculo federativo de 

jogadores de basquetebol participantes do NBB temporada 2009-2010

La edad de inicio de la práctica sistemática y el vínculo federativo de los jugadores
de baloncesto que participan del NBB temporada 2009-2010

 

*Universidade Norte do Paraná, Londrina, PR

Mestre em Educação Física pela UEM/UEL

**Bacharel em Esporte pela UEL, Brasil

*** Bacharel em Educação Física pela UNOPAR

****Bacharel em Educação Física pela UNOPAR

*****Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR

Doutor em Educação Física pela UNICAMP

(Brasil)

Ms. Danilo Augusto Ribeiro*

Carolina Mendonça Vasconcelos**

Camila Rodrigues Gôngora***

Bruna Rodrigues Gôngora***

Dr. Wilton Carlos de Santana****

daugustoribeiro@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo do estudo foi traçar o perfil de iniciação de jogadores participantes do Novo Basquete Brasil (NBB) temporada 2009/2010. Para tanto, foi utilizada a técnica de observação direta extensiva com a aplicação de um formulário contendo quatro questões. Participaram do estudo 89 atletas do sexo masculino, com média idade de 25,2 (5,1) anos, pertencentes a dez equipes de oito estados. Para análise dos dados, utilizou-se a contagem, a estatística descritiva percentual, média e desvio padrão. Os resultados apontaram que 59,56% dos participantes iniciaram a prática sistemática do basquete na idade recomendada pela literatura, com uma média de idade de 10,7 (2,5) anos de idade; 80,93% dos atletas tiveram vínculo com a federação de seu estado a partir dos 11 anos. Conclui-se que os participantes, em média, iniciaram a prática sistemática e o vincularam-se a federação de seu estado em idades recomendadas pela literatura, não sendo especializados precocemente na modalidade, contrapondo a idéia de que para se obter sucesso profissional as crianças precisam passar por um processo de especialização cada vez mais cedo.

          Unitermos: Basquetebol. Iniciação esportiva. Especialização precoce. Competição.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O basquetebol é um esporte que faz parte dos Jogos Esportivos Coletivos (JEC), caracterizado pela predominância da variação técnica e tática exigindo que o sujeito resolva problemas, interagindo simultaneamente como a bola, os colegas e adversários no espaço de jogo1,7,8,12. Neste sentido, o basquete pode também contribuir para o desenvolvimento das inteligências múltiplas9, bem como outras capacidades inseridas no processo de formação esportiva. Deve-se criar o contexto adequado para as situações com problemas pertinentes ao jogo4,12,13.

    Sendo assim, deve-se oportunizar às crianças e adolescentes a prática do basquetebol a partir de uma vivência multilateral, em todas as funções que o jogo possibilita e, a partir disso, buscar uma formação técnica e tática especializada em uma determinada função3,8,14.

    Muitas crianças abandonam o esporte ou não conseguem repetir o desempenho mesmo na adolescência3. Em função disso, o esporte deve ser passado como algo altamente prazeroso e divertido, influenciando o indivíduo que o pratica a respeitar o seu limite e o limite dos outros, interagindo na relação com os praticantes da mesma modalidade, respeitando a individualidade de cada um6. Neste raciocínio, durante a infância, as principais tarefas são os gestos motores, necessários à vida, e deve-se procurar assegurar o desenvolvimento harmonioso do organismo por meio de atividades de saltos, corridas, lançamentos que aproximam ao basquetebol, mas que não apresse a especialização do jogo de basquetebol ainda12.

    Há um consenso razoável na área esportiva de que a especialização precoce submete a criança a riscos consideráveis. Por conseqüência, se o professor adotar uma pedagogia que eleja princípios e procedimentos de ensino que tornem o processo de treinamento demasiadamente exigente e especializado, pode acontecer de as crianças, ao longo de temporadas, afastarem-se do esporte15.

    Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo traçar o perfil de iniciação de jogadores participantes do Novo Basquete Brasil (NBB) temporada 2009/2010, caracterizando assim, a média de idade dos jogadores, a idade de início da prática sistemática e de início do vínculo federativo. Este estudo permitirá que treinadores discutam sobre a pedagogia deste esporte, podendo assim rever sua metodologia.

Metodologia

Técnica de pesquisa

    Para o levantamento de dados foi utilizada a técnica de observação direta extensiva com a aplicação de um formulário contendo quatro questões10. Optou-se por esse instrumento devido à facilidade para sua aplicação, pois as equipes se encontravam em Londrina (local da investigação) com alguns dias de antecedência e também que os atletas não precisaram dispor de muito tempo para as respostas, pois a pesquisa de campo foi realizada diretamente no local dos treinos.

Participantes

    Participaram do estudo 89 atletas do sexo masculino, com média de idade de 25,2 (5,1) anos pertencentes a dez equipes de oito estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catariana, Brasília, Paraná, Espírito Santo e Rondônia).

Coleta e análise dos dados

    A investigação foi feita no período de novembro de 2009 a março de 2010. A escolha do NBB se deu pelo fato de que os melhores atletas profissionais do basquete brasileiro participaram desta competição. Os dados foram coletados no Ginásio Moringão, Ginásio Mãe de Deus e Ginásio Sest-Senat, todos localizados na cidade de Londrina – PR. O período das entrevistas foi de novembro de 2009 a março de 2010. Após serem previamente informados sobre a proposta do estudo e os procedimentos aos quais seriam submetidos, os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para análise dos dados, utilizou-se a contagem, a estatística descritiva percentual, média e desvio padrão.

Resultados e discussão

    Na tabela 1 apresentam-se os resultados em relação ao início dos sujeitos na prática sistemática do basquete.

Tabela 1. Classificação dos sujeitos em relação: faixa etária, idade 

média de início, freqüência relativa, número de participantes

    Apesar de uma parte dos jogadores ter se iniciado na prática sistemática do basquete muito cedo, dos 5 aos 7 anos, pode-se observar que 59,56% deles se iniciaram na idade recomendada pela literatura, com uma média de idade de 10,7 (2,5) anos de idade. Crianças no estágio de iniciação devem participar de programas de treinamento de baixa intensidade, em que a ênfase está no divertimento3,16.

    Os programas de treinamento para esses jovens atletas precisam focar no desenvolvimento esportivo geral e não no desempenho de um esporte específico. Na fase da infância, as principais tarefas são os gestos motores, necessários à vida, e deve-se procurar assegurar o desenvolvimento harmonioso do organismo por meio de atividades de saltos, corridas, lançamentos que aproximam ao basquetebol, mas que não apresse a especialização do jogo de basquetebol12,14.

    Não se sabe como foi a iniciação desses jogadores, mas pode-se afirmar que a maior parte deles teve início na especialização do basquetebol após os 11 anos, idade esta que de acordo com a literatura5, é a idade especial para uma boa especialização no basquetebol, onde ele aponta que a idade ideal seria entre 11 e 12 anos de idade.

    A tabela 2 apresenta os resultados com relação ao vínculo federativo.

Tabela 2. Classificação dos sujeitos em relação: faixa etária, idade média

de vínculo a uma federação, freqüência relativa, número de participantes

    Observa-se no presente estudo que a grande maioria dos atletas, 91,70% tiveram vínculo com alguma federação a partir dos 11 anos, antes do recomendado pela literatura, apontando que na idade de formação esportiva – entre 11 e 14 anos – deve-se enfatizar o desenvolvimento de aptidões e de habilidades motoras, e não o desempenho e a vitória3. Os atletas no estágio de especialização – entre 15 e 18 anos – são capazes de tolerar maiores exigências de treinamento e competição do que os outros nos estágios iniciais. O autor ainda acrescenta que o alto desempenho só deve acontecer acima dos 19 anos de idade.

    Do início da prática do basquetebol até uma medalha de relevância nacional e internacional, existe um longo caminho a percorrer12. “Os fracos desistem, os fortes persistem e os valentes triunfam”. Portanto os resultados não são de imediato, de nada adianta uma especialização precoce, onde alguns atletas irão desistir por não estarem satisfeitos com o treinamento, ou por não estarem atendendo às expectativas dos treinadores ou até dos pais. A família pode ser considerada um dos principais responsáveis pela iniciação da criança na prática esportiva. Porém, ela pode servir tanto como elemento facilitador quanto complicador para a permanência nessa prática11.

    A competição para a criança pode aumentar ou diminuir a auto-estima, sendo que vencer um adversário demasiadamente fraco não aumenta a auto-estima do vencedor, o perdedor fica humilhado e sua auto-estima é reduzida2.

Conclusão

    Conclui-se que os participantes, em média, iniciaram a prática sistemática, não sendo especializados precocemente na modalidade, contrapondo a idéia de que, para se obter sucesso profissional as crianças precisam passar por um processo de especialização cada vez mais cedo.

    Apesar de o início ser em idade ideal, o vínculo à federação com o início em competições federadas, na maior parte dos jogadores foi precoce, na idade em que eles deveriam estar competindo ludicamente, já estavam passando por estresse competitivo.

    O tema abordado no presente estudo é muito escasso na literatura, portanto sugere-se que sejam realizadas outras pesquisas a respeito do processo de iniciação ao basquetebol de atletas profissionais do basquetebol para que possa comparar estudos e resultados.

Referências

  1. BALBINO, H. F. Jogos desportivos coletivos e os estímulos das inteligências múltiplas: Bases para uma proposta em Pedagogia do Esporte. Dissertação de Mestrado, Campinas, 2001.

  2. BECKER JUNIOR, B. A Criança no Esporte. In: BECKER JUNIOR, Benno. Manual de Psicologia do Esporte e Exercício. 2. ed. Porto Alegre: Nova Prova, 2008. p. 153-169

  3. BOMPA, T. O. Diretrizes de Treinamento para Jovens Atletas. In: BOMPA, Tudor Olimpius. Treinamento Total para Jovens Campeões. Barueri: Manole, 2002. p. 1-35.

  4. FERREIRA, H. B.; GALATTI, L. R.; PAES, R. R. Pedagogia do Esporte: Considerações Pedagógicas e Metodológicas no Processo de Ensino-Aprendizagem do Basquetebol. In: PAES, R. R.; BALBINO, H. F. Pedagogia do esporte: contextos e perspectivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

  5. FILIN, V. P.; VOLKOV, V. M. Seleção de talentos nos Desportos. Londrina: Midiograf, 1998.

  6. FIORESE, L. Os efeitos do treinamento precoce em crianças e adolescentes. Revista da Fundação de Esporte e Turismo. Curitiba, v.1, n. 2, pp. 23-31, 1989.

  7. GARGANTA, J. M. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.; OLIVERIA, J. (Ed). O ensino dos jogos desportivos. Porto: FCDEF, 1998. p. 3-16.

  8. GRECO, P.J. Da capacidade de jogo ao treinamento tático: a capacidade de jogo. In: GRECO, P.J.; BENDA, R. N. Iniciação esportiva universal 1: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. v.1. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

  9. LOVATTO, D. L.; GALATTI, L. R. Pedagogia do Esporte e Jogos Esportivos Coletivos: das Teorias Gerais para a Iniciação Esportiva em Basquetebol. Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, v.8, n. 11, jul/dez, 2007.

  10. MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2003.

  11. MARQUES, J. A. A.; KURODA, S. J. Iniciação Esportiva: um instrumento para a socialização e formação de crianças e jovens. In: RÚBIO, Kátia. Psicologia do Esporte: Interfaces, pesquisa e intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, p. 125-137, 2000.

  12. OLIVEIRA, V. Ciência do basquetebol. Londrina: Midiograf, 2004.

  13. OLIVEIRA, V. O processo ensino-treinamento da técnica e da tática no basquetebol do Brasil: um estudo sob a ótica de professores do ensino superior e técnicos de elite. Tese de Doutorado, Campinas, 2007.

  14. PAES, R. R.; MONTAGNER, P. C. Pedagogia do esporte: iniciação e treinamento em basquetebol. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.

  15. SANTANA, W. C. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2004.

  16. TODT, N. S. Iniciação Esportiva. In: SCALON, Roberto Mário. A Psicologia do Esporte e a Criança. Porto Alegre: Edpucrs, p. 79-98, 2004.

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