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Habilidades motoras e o processo de formação dos estudantes de Educação Física da UERN/CAMEAM Las habilidades motoras y el proceso de formación de los estudiantes de Educación Física de la UERN/CAMEAM |
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*Discente do Curso de Educação Física **Especialista em Fisiologia e cinesiologia do exercício ***Doutor em Ciências da Saúde ****Orientadora e Doutora em Ciências da Saúde Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró (Brasil) |
Joana Dark Lopes de Almeida* Maria Juliana da Rocha** Ubilina Maria da Conceição Maia Humberto Jefferson de Medeiros*** Maria Irany Knackfuss**** |
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Resumo Este trabalho está focado na relação das habilidades motoras e o processo de formação docente dos profissionais de Educação Física, verificando elementos que facilitam ou dificultam essa formação. O estudo objetiva investigar as influências das habilidades motoras dos alunos do Curso de Educação Física da UERN/CAMEAM em seu processo de formação docente. Tendo como amostragem 20 alunos, do sexo feminino e masculino. Como instrumento de coleta de dados foi elaborado um questionário com perguntas abertas. Com base nos resultados encontrados, constatou-se que de fato as habilidades motoras exerceram influência durante o processo de formação dos indivíduos da pesquisa, sendo que 90% (n=18) deles declararam que o nível de suas habilidades motoras interferiu positivamente seu desempenho nas disciplinas práticas, enquanto que 10% (n=2) dos sujeitos confessaram que o nível de suas habilidades motoras influenciou negativamente seu desempenho nas disciplinas práticas. Pensando nisso, acreditamos que a aquisição das habilidades motoras pode ser um aspecto importante no processo de formação dos profissionais de Educação Física e isso deve ser uma busca contínua, contudo vale ressaltar que sua necessidade não pode ser encarada como algo determinante nem ao menos frustrante, uma vez que a Educação Física é uma área de conhecimento com inúmeras oportunidades de formação. Unitermos: Educação Física. Habilidades motoras. Processo de formação.
Abstract This work is focused on the relationship of motor skills and the training process of teaching physical education professionals, checking elements that facilitate or hinder this training. The study aims to investigate the influence of motor abilities of students of Physical Education UERN/CAMEAM in the process of teacher education. Taking as sample 20 students, female and male. As an instrument for data collection was a questionnaire developed with open questions. Based on these results, it was found that indeed exerted influence motor skills during the training process of research subjects, and 90 % (n = 18) of them reported that the level of their motor skills positively affected their performance in practical subjects, while 10 % (n = 2) of the subjects admitted that the level of their motor skills negatively affected their performance in practical subjects. Thinking about it, we believe that the acquisition of motor skills can be an important aspect in the process of training of physical education and this should be a continuous search, but it is noteworthy that their need can not be regarded as something decisive or at least frustrating since physical education is an area of knowledge with numerous training opportunities. Keywords: Physical Education. Motor skills. Training process.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
No contexto atual, diversos são os estudos que se propõem a investigar e compreender a Educação Física como disciplina do currículo escolar. Para tanto, esses têm aprofundado as discussões a respeito da atuação do professor em suas aulas, dos processos de ensino-aprendizagem, dos procedimentos didático-metodológicos, bem como o processo de formação docente nas instituições universitárias.
Pensando nisso, focamos nosso estudo no processo de formação docente dos profissionais de Educação Física verificando elementos que facilitam ou dificultam essa formação. De acordo com Tassa (2007) para que os professores de Educação Física possam desenvolver seu trabalho com a qualidade exigida pela formação integral do educando, que estes profissionais sejam formados competentemente nas universidades, para interpretar, desenvolver e criar formas de trabalho pedagógico que reflitam esta concepção, na complexidade do mundo moderno.
A idéia apresentada reflete a formação dos profissionais de Educação Física com autonomia para interpretar, desenvolver e criar conhecimentos e metodologias para o processo de formação integral dos alunos sendo importante reconhecermos que muitas falhas ainda são encontradas nos currículos e metodologias das instituições formadoras e assim deixam lacunas que podem ser refletidas na atuação dos professores com seus alunos no ambiente escolar.
Dentre essas lacunas, pode-se observar uma problemática que se refere à valorização de alunos que possuem habilidades motoras mais desenvolvidas, durante a execução de disciplinas que envolvem procedimentos de caráter mais prático do que teórico, o que torna os aspectos motores condicionantes na formação dos professores de Educação Física, como se essas habilidades fossem determinantes para atuação desses profissionais. Percebe-se também que, alunos do curso de Educação Física que não possuem habilidades motoras desenvolvidas são privados de aspectos importantes no processo de formação, esse fato certamente ainda é conseqüência das perspectivas ditas tradicionais que primavam pelo desempenho técnico.
Dessa forma, esse trabalho busca respostas para compreendermos a formação profissional dos professores de Educação Física, em especial daqueles formados pelo Curso de Educação Física da UERN/CAMEAM, e assim questiona: qual a relevância e a influência que as habilidades motoras possuem no processo de formação docente em Educação Física?
Metodologia
A pesquisa do tipo descritiva com abordagem qualitativa avaliou uma amostra de vinte estudantes com idades entre 21 e 34 anos, onde 65% (n=13) são do sexo feminino, enquanto que 35% (n=7) do sexo masculino, matriculados no oitavo período do curso de Educação Física da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, especificamente do Campus Avançado “Profª. Maria Elisa de Albuquerque Maia” – CAMEAM, na cidade de Pau dos Ferros/RN. Como instrumento de medidas foi utilizado um questionário com questões abertas.
Resultados e discussão
Dos vinte sujeitos que compõem a amostra, pudemos constatar através de questionário que 50% deles encontram-se nivelados, enquanto que 50% desnivelados.
Com relação as suas habilidades motoras pudemos perceber que apenas 10% (n=2) dos sujeitos afirmaram não possuir nenhuma vivência motora anterior ao curso. Porém 90% (n=18) deles disseram possuir essas tais vivências em práticas esportivas, brincadeiras de rua, em academias e na escola durante a infância. Verificamos isso em falas dos sujeitos ao dizerem:
“Sim. Joguei vôlei, futebol, karatê e atletismo (...). Sim, jogava futsal (...). Sim, eu praticava esporte (handebol) (...). Sim, brincadeiras de rua, atletismo, vôlei, futsal (os 3 últimos para os JERN's) (...). Sim, na academia (...). Sim, práticas esportivas (...). Sim, eu já pratiquei diversos jogos como queimada, bandeirinha, futsal, futebol, vôlei e etc. (...). Sim, jogos e brincadeiras vivenciadas na infância, e a prática do futsal e futebol (...). Sim, não foram tantas, algumas quando era criança praticava na escola e outras brincadeiras com minha sobrinha e irmã (...). A ginástica na academia como a musculação.” (Sujeitos 3, 4, 6, 8, 9, 12, 15, 16, 17 e 19).
Viana (2010) propõe que quando realizamos uma habilidade, nunca produzimos alguma coisa absolutamente nova e nunca repetimos alguma coisa antiga. Ao realizar algum movimento diferente, ele trás consigo alguma informação já arquivada ou vivenciada. A execução de um movimento sempre apresentará tanto características já realizadas quanto detalhes inéditos.
Quando questionados sobre a sua percepção com relação ao seu nível de habilidades motoras, classificando esse nível em excelente, muito bom, bom, regular ou ruim, obtivemos dos sujeitos as seguintes respostas: Um total de 15% (n=3) disse ter nível excelente. Outros 35% (n=7) classificaram esse nível como muito bom. Mais 35% (n=7) consideraram possuir um bom nível de habilidades motoras. Apenas 5% (n=1) avaliaram esse nível como regular e 10% (n=2) como ruim.
Para entendermos até que ponto esse nível de habilidades motoras interferiu durante o processo de formação desses sujeitos interrogamos se durante sua graduação em Educação Física, o nível de suas habilidades motoras exerceu uma influência positiva ou negativa sobre o seu desempenho nas disciplinas de caráter prático. Dos sujeitos participantes da pesquisa, 90% (n=18) deles declararam que o nível de suas habilidades motoras interferiu positivamente seu desempenho nas disciplinas práticas, alegando o fato de que facilitou a aprendizagem, bem como a realização das atividades propostas, ajudando assim a ter mais êxito na concretização das mesmas
Somente 10% (n=2) dos sujeitos confessaram que o nível de suas habilidades motoras influenciou negativamente seu desempenho nas disciplinas práticas. Segundo Gallahue (2008) para que as habilidades motoras sejam desenvolvidas, é necessário que se dê ao indivíduo oportunidades de desempenhá-las. E no caso desses sujeitos, notamos que eles não foram estimulados a vivenciarem movimentos de correr, saltar, saltitar, subir, balançar, pendurar, oscilar, lançar, puxar, bater, empurrar, carregar, apanhar, manipular.
A formação docente não deve estar desvinculada das dimensões pessoais que envolvem a formação da ‘’pessoa professor’’. Estar em processo de formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e projetos próprios, com vistas à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional. (BORGES, 1998). Pensando nesse universo de formação profissional, analisamos a relação das habilidades motoras e o processo de formação dos sujeitos da pesquisa e para tal, questionamos se no decorrer do curso, a maioria das disciplinas foi de caráter prático ou teórico e conforme dados obtidos pelas respostas dos participantes da pesquisa constatamos que 85% (n=17) disseram ter sido teórico e apenas 15% (n=3) falaram ter sido ambas iguais.
No entanto, ao consultarmos o Projeto Pedagógico do Curso de Educação Física para termos conhecimento acerca de algumas características da formação profissional em Educação Física, percebemos que as determinações do Conselho Nacional de Educação reconhecem a existência de agrupamentos de disciplinas afins que criam espaços de ação deixando transparecer a relação entre teoria e prática, a forma e o conteúdo, o saber e o fazer.
Conforme o documento, o Curso de Educação Física – CAMEAM estabelece que o curso de Licenciatura em Educação Física terá carga horária de 3.140 horas, com um total de 196 créditos, com duração mínima de 04 anos correspondendo a 8 semestres letivos e duração máxima de 7 anos que corresponde a 14 semestres letivos, nelas incluídas 200 horas destinadas a aquisição de conhecimentos advindos das experiências acadêmicas, cientificas e culturais. De acordo com o quadro de períodos letivos com as disciplinas teóricas e práticas e o número de créditos e carga horária para a integralização do curso de licenciatura em Educação Física, constatamos que desse total geral de 3.140 horas ficam distribuídos em 2.535 horas para as disciplinas teóricas e práticas, 405 horas para Prática Como Componente Curricular e 200 horas destinadas aos Conhecimentos Advindos das Experiências Acadêmicas, Científicas e Culturais.
Mediante o exposto fica evidente que nem mesmo no Projeto Pedagógico do curso há essa divisão de horas para teoria e para a prática, visto que no documento estão explícitas 2.535 horas destinadas a disciplinas teóricas e práticas, porém sem definir a partir desse total quantas horas para a teoria e quantas horas para a prática.
Refletindo sobre esse ponto de teoria e prática, sentimos a necessidade de interrogar quais disciplinas que os sujeitos participantes da pesquisa sentiram maior dificuldade ao longo do curso e obtivemos o seguinte resultado: a maioria 70% (n=14) disse ter sentido maior dificuldade nas disciplinas de Formação Ampliada, mais especificamente em Cinesiologia, Fisiologia Humana Aplicada à Educação Física, Bioquímica do Exercício Físico, Biologia Aplicada à Educação Física e Esportes, Anatomia Humana e Trabalho de Conclusão de Curso II. Um total de 15% (n=3) afirmou ter sentido maior dificuldade nas disciplinas de Formação Específica, onde foram citadas Metodologia dos Esportes Coletivos e todas as outras metodológicas. Mais 15% (n=3) nas de Conhecimentos pedagógicos, sendo aludidas todas as disciplinas pedagógicas.
Diante disto, é notável o fato das disciplinas teóricas terem sido as mais citadas, o que nos remete a pensar que esses sujeitos possuem uma maior facilidade de aprendizagem nas disciplinas de caráter prático, uma vez que para a realização das mesmas utiliza-se mais o repertório motor, e conseqüentemente, as habilidades motoras. E, com base no que já foi analisado, sabemos que a maioria dos sujeitos afirmou possuir habilidades motoras desenvolvidas.
Ainda questionamos se eles tiveram maior afinidade com as disciplinas teóricas ou práticas e pedimos para justificarem. A maior parte 55% (n=11) afirmou ter sentido maior afinidade com as disciplinas práticas, justificando:
“Práticas, se torna mais fácil aprender vivenciando (...). Práticas, porque eu gosto muito de atividades físicas, não consigo ficar parada (...). Práticas, sempre gostei desse tipo de aula, para mim facilita a aprendizagem (...). As práticas, por ficar mais fácil o entendimento (...). Práticas, pois me saia bem melhor nas práticas (...). Práticas, pois são movimentos já vivenciados (...). Práticas, pois gosto muito de praticar atividades físicas (...). Com as disciplinas práticas, pois a prática me incentivava mais, e também por mais habilidade na prática de algumas disciplinas (...). Práticas, praticante de esportes.” (Sujeitos 3, 4, 7, 8, 12, 13, 14 e 16).
Um total de 25% (n= 5) disse ter sentido maior afinidade com as disciplinas teóricas, tendo em vista que:
“Teóricas, por não ter tido uma vivência adequada com a prática e assim não ter habilidade motora (...). Teóricas, pois senti um pouco de dificuldade com a prática, pois na minha infância não vivenciei quase essas práticas ou brincadeiras, assim tornando mais difícil (...). Teóricas, as aulas práticas direcionadas a área escolar não me conquistava a participar (...). Teóricas, pois na prática eu não participava porque não tinha habilidade motora suficiente para tal.” (Sujeitos 10, 17, 19 e 20).
E 20% (n=4) responderam que a afinidade se deu tanto com a teoria como com a prática. Fato perceptível em suas falas:
“Com as duas, porque não visualizo a divisão teoria e prática. A aprendizagem só poderá ocorrer se não houver essa divisão (...). Ambas, por sentir facilidade de absorção de informações e o prazer e realizar a prática.” (Sujeitos 2 e 5).
Deste modo, se há uma maior afinidade em relação às disciplinas práticas, podemos dizer que existe sim uma relação entre as habilidades motoras e o desempenho no processo formativo, visto que possuir essas habilidades facilita na atuação em disciplinas práticas, provocando assim uma maior participação e um melhor aprendizado nessas disciplinas. Entretanto, é relevante ressalvarmos que o fato de haver essa influência das habilidades motoras no processo formativo, não significa dizer que isto seja um aspecto determinante para a formação, uma vez que, para ser professor de Educação Física não é preciso necessariamente possuir habilidades motoras desenvolvidas.
Pensando nisso, acreditamos que a aquisição das habilidades motoras pode ser um aspecto importante no processo de formação dos profissionais de Educação Física e isso deve ser uma busca contínua, contudo vale ressaltar que sua necessidade não pode ser encarada como algo determinante nem ao menos frustrante, uma vez que a Educação Física é uma área de conhecimento com inúmeras oportunidades de formação e nesse processo é possível encontrar caminhos e possibilidades de desenvolvimento profissional.
Conclusão
Podemos concluir que cabe aos professores formadores direcionar diferentes olhares para que cada um possa se encontrar profissionalmente, uma vez que consideramos que o processo de formação é um caminho de encontros e desencontros em que cabe ao professor apontar soluções e traçar juntamente com o aluno estratégias e ações.
Esperamos que esse trabalho pudesses contribuir para professores formadores e também para aqueles que ainda estão inseridos no processo de formação, no sentido de fomentar um olhar quanto a formação, no acompanhamento e direcionamento de cada aluno, com suas inúmeras peculiaridades, dificuldades, medos e preocupações quanto a sua ação profissional para que o mesmo encontre sua identidade enquanto profissional de Educação Física.
Referências
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BORGES, Cecília Maria Ferreira. O professor de Educação Física e a construção do saber. Campinas: Papirus, 1998
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GALLAHUE, David L.; DONNELLY, Frances Cleand. Educação desenvolvimentista para todas as crianças. Tradução Prado Stamatiu, Adriano Eliso Inácio. 4 ed. São Paulo: Phorte, 2008.
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TASSA, Khaled Omar Mohamad El. Possibilidades e aspectos na formação de professores de Educação Física. Analecta, Guarapuava, Paraná, v.8, nº2. p. 105-116. Jul./dez. 2007.
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VIANA, Fernanda Ribas. Estrutura de prática na aprendizagem de tarefas de timing coincidente. Belo Horizonte, 2010.
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