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Esclerose sistêmica: fisiopatologia e reabilitação

Esclerosis sistêmica: fisiopatologia y rehabilitación

Scleroderma systemic: pathophysiology and rehabilitation

 

*Acadêmicas do Curso de Fisioterapia

da Universidade de Passo Fundo (UPF) RS

**Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade

de Passo Fundo (UPF) RS. Bolsista Pibic UPF

***Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade

de Passo Fundo (UPF) RS. Bolsista Pibic Cnpq

****Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade

de Passo Fundo (UPF) RS. Bolsista Probic Fapergs

*****Fisioterapeuta. Docente do Curso de Fisioterapia e do Programa de Mestrado

em Envelhecimento Humano da Universidade de Passo Fundo, UPF, RS

Doutora em Gerontologia Biomédica, PUC, RS

Rafaela Simon Myra*

Mariangela DeMarco*

Cascieli Miotto**

Bárbara Kayser***

Vinicius DalMolin****

Lia Mara Wibelinger*****

cascielimiotto@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A Esclerose Sistêmica, ou esclerodermia é uma doença autoimune de etiologia desconhecida. Caracteriza-se pelo aumento da síntese e deposição de fibras de colágeno em órgãos internos e pele, atingindo principalmente a população feminina entre 35 e 60 anos de idade. Realizou-se uma revisão literária das publicações indexadas nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs, Pubmed, Bireme, pelos descritores: Esclerose Sistêmica, Esclerodermia, Fisioterapia, Tratamento. Os critérios de inclusão foram estudos que abordavam a fisiopatologia e a fisioterapia e estudos publicados a partir do ano de 2004. Critérios de exclusão foram artigos que não apresentavam clareza quanto ao método utilizado e resultados. Concluiu-se que a fisioterapia é essencial no tratamento do portador de esclerodermia, pois previne os agravos osteomioarticulares, como contraturas e diminuição da amplitude do movimento, além de manter a funcionalidade existente nos sistemas comprometidos.

          Unitermos: Esclerose sistêmica. Esclerodermia localizada. Esclerodermia difusa. Fisioterapia.

 

Abstract

          Systemic sclerosis or Scleroderma is an autoimmune disease of unknown etiology. It's characterized by an increased synthesis and deposition of collagen fibers in internal organs and skin reaching mostly the female population between 35 and 60 years old. Search about search about the patho-physiological changes and treatment in scleroderma patients demonstrating the contribution of physical therapy in the treatment of this pathology, as well as the effects promoted by it. A literary review of publications indexed in the data bases Medline, Scielo, Lilacs, Pubmed, Bireme, being used the descriptors: Scleroderma Systemic, Scleroderma, Physical Therapy Specialty, Treatment. The Inclusion standard was studies that talked about the pathophysiology and physical therapy studies published since 2004. Physical Therapy Specialty is essential in the treatment of scleroderma patients, Because it prevents ostheomyoarticular disorders, as contractures and reduced range of motion and maintain functionality in compromised systems.

          Keywords: Scleroderma systemic. Scleroderma localized. Scleroderma diffuse. Physical Therapy Specialty.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A esclerose sistêmica (ES) é uma doença auto-imune de etiologia desconhecida (MAYES, 2008) é mais prevalente em mulheres, atinge principalmente pessoas entre os 35 e 60 anos de idade, sendo infreqüente em crianças e homens com menos de 30 anos (HUMMERS, 2004). Caracteriza-se clinicamente pelo aumento da síntese e deposição de fibras de colágeno em órgãos internos e na pele, afetando principalmente o trato gastrointestinal, coração, pulmões e rins. Ocorre comprometimento vascular da pequena e microcirculação, sendo esta a principal manifestação da patologia, que pode ser caracterizada pelo Fenômeno de Raynaud, crise renal esclerodérmica e hipertensão pulmonar (MARIS, 2009).

    A utilização da fisioterapia tem uma importância fundamental no tratamento do portador de esclerodermia por prevenir os agravos osteomioarticulares, como contraturas e diminuição da amplitude do movimento, como também por manter a funcionalidade existente nos sistemas comprometidos (PEDROZA et al, 2012). Pensando nisso, o presente estudo tem como objetivo revisar a literatura, buscando uma atualização quanto as alterações fisiopatológicas e o tratamento em pacientes portadores de esclerodermia, com ênfase na análise dos recursos fisioterapêuticos disponíveis, bem como, os efeitos que estes promovem.

Metodologia

    Para a realização do presente estudo, realizou-se uma revisão literária das publicações indexadas nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs, Pubmed, Bireme, no período de junho a julho, nos idiomas inglês e português. Foram empregados os descritores: Esclerose Sistêmica, Esclerodermia, Fisioterapia, Tratamento. Os critérios de inclusão foram estudos que abordavam a fisiopatologia e a fisioterapia e estudos publicados a partir do ano de 2004. Critérios de exclusão foram artigos que não apresentavam clareza quanto ao método utilizado e resultados.

Resultados e discussão

    A ES é uma doença cuja etiologia não está completamente esclarecida, no entanto acredita-se que exista uma envolvimento importante do sistema imunológico (CAMPOS, PALMA, 2008), que compromete o tecido conjuntivo. Histologicamente ocorrem alterações da síntese de colágeno induzindo a um aumento do seu depósito, e conseqüentemente, modificações tróficas na pele (BOUER et al., 2008).

    Existem duas formas clássicas dessa patologia: a esclerodermia localizada e a sistêmica (ZANCANARO et al., 2009). A esclerodermia localizada é caracterizada pela excessiva deposição de colágeno, acarretando espessamento da pele de modo assimétrico e infiltração cutânea, sem envolvimento de órgãos internos (CAMPOS, PALMA, 2008). A esclerodermia sistêmica (ES) acomete as articulações e os demais órgãos, além da pele, podendo acarretar comprometimento no sistema cardiovascular, no trato gastrointestinal e nos rins. Esta ultima forma pode estar associada com a Síndrome CREST (calcinose, fenômeno de Raynaud, dismotilidade esofagiana, esclerodactilia e telangiectasias), além de tenossinovite, artralgia com evolução para poliartrite, esclerose cutânea e, finalmente, calcificações cutâneas (PEREIRA et al., 2009).

    O fenômeno de Raynaud, manifestação inicial mais freqüente na ES, caracteriza-se por episódios reversíveis de vasoespasmo de extremidades, associados a palidez, cianose e rubor de mãos e pés. Ocorre geralmente após estresse ou exposição ao frio, podendo levar a complicações importantes, como a isquemia digital, úlcera e necrose (KAYSER, 2009).

    O comprometimento gastrintestinal pode atingir cerca de 50% dos pacientes com a ES, acarretando disfunções como desnutrição, diarréia, desidratação, dor abdominal, constipação, entre outros (CARDOSO, 2006). Já foi demonstrado que os mecanismos relacionados com a inflamação e a autoimunidade podem contribuir para o aparecimento de dislipidemia, trombose e aterosclerose (SCHERER e SHOENDELF, 2006). A ES também parece estar relacionada com a redução da massa óssea, contribuindo para o surgimento da osteoporose ( SOUZA et al, 2006).

    Um estudo sobre as características clínicas de pacientes com ES mostrou que as complicações pulmonares são freqüentes e que a maior parte dos pacientes podem ser assintomáticos nas fases iniciais, sendo a única forma de diagnóstico a presença da ES. (QUADRELLI, 2007). O comprometimento pulmonar associado com a esclerodermia pode ser evidenciado clinicamente em mais de 40% dos pacientes e faz parte de uma das principais causas de mortalidade (IOANNIDIS et al, 2005).

    Outro recorrente problema pulmonar em pacientes com ES é a fibrose intersticial, que pode ocasionar a sarcoidose. Em um estudo de caso, realizado com uma paciente de 57 anos de idade, em acompanhamento pelo Ambulatório de Reumatologia do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba por esclerodermia, mostrou que estas disfunções pulmonares ocasionam distúrbios respiratórios de restrição, diminuição da reserva ventilatória e do volume de reserva expiratória diminuída (GUIDOLIN, 2005).

    Os exercícios respiratórios de reexpansão pulmonar podem auxiliar no tratamento dos pacientes de esclerodermia que apresentam disfunções respiratórias. Confirmando isso, um estudo de caso com um paciente portador de ES, mostrou que os exercícios de expansão pulmonar podem melhorar a capacidade inspiratória e expiratória e aumentar a expansibilidade de tórax (PREDROZA, 2012).

    Além dos problemas pulmonares, os pacientes acometidos com esta doença tem freqüentemente diminuição da força muscular, que podem sem evidenciadas através de exame físico, de eletroneuromiografia ou através de biópsia (SKARE, 2010). Estudo verificou que pode ocorrer diminuição da força muscular, além de dificuldade para a deambulação, alterações de equilíbrio e de amplitude de movimento. Para suprir estas alterações exercícios de trabalho de equilíbrio, de transferência de peso, treino de marcha com dissociação de tronco de membros, treino proprioceptivo em cama elástica, escada de canto e rampa além de exercícios do Método Kabat são indicados. Este tipo de tratamento propicia aos pacientes uma evolução favorável do quadro clínico, melhorando sua funcionalidade, exercendo papel importante na qualidade de suas vidas (PREDROZA, 2012).

    As manifestações articulares também podem ser encontradas com constância nestes pacientes. Em um estudo realizado no Ambulatório de Reumatologia do Hospital Santa Izabel em pacientes com esclerodermia localizada ou sistêmica, mostrou que 47 de 49 pacientes com a forma sistêmica da doença apresentava artralgia (PAIXÃO 2007).

    Um caso clínico com uma paciente com comprometimento de membro superior, tronco e membro inferior, utilizou como ferramentas de tratamento a eletrotermofototerapia, cinesioterapia, massoterapia e a hidroterapia. Neste estudo os autores verificaram melhora na recuperação funcional, e manutenção da amplitude de movimento (ADM) em todos os graus das articulações avaliadas, através da goniometria, mostrando que a fisioterapia contribuiu no tratamento da patologia, principalmente no que se refere ao ganho de amplitude de movimento e melhora da qualidade de vida do paciente, o que possibilita a execução de suas funções normalmente (CAMPOS e PALMA, 2008).

    Confirmando os achados encontrados no estudo anterior, dois relatos de caso utilizando-se cinesioterapia geral e respiratória, TENS, hidroterapia, drenagem linfática, exercícios de coordenação e de equilíbrio, encontraram melhora da expansibilidade torácica, do trofismo, da amplitude de movimento articular e, conseqüentemente, da qualidade de vida (PEDROZA et al, 2012).

    Um estudo que avaliou a segurança e a eficácia de um programa supervisionado de exercícios aeróbicos em pacientes com ES verificou que o programa melhorou significativamente a capacidade aeróbica dos pacientes, bem como a tolerância ao esforço e a saturação de oxigênio em exercício.

    Freqüentemente os pacientes com ES apresentam ulcerações nos membros por conseqüência da macrovasculatura (GODOI, 2008). Complementando esta informação, outro estudo mostra que esta complicação ainda tem incidência desconhecida, mas que se pode afirmar que é um sinal de mau prognóstico. Pensando nisso realizou-se a aplicação de laser de baixa potencia nas feridas secundárias a esclerodermia em um estudo realizado em paciente do sexo feminino com quinze anos de lesão. O laser de baixa potencia mostrou-se eficaz no tratamento das lesões de pele, havendo a diminuição da área de ulceração e do aspecto vascular e cicatricial, podendo ser eleito como o tratamento adequado e menos invasivo para os problemas decorrentes da macrovasculatura (FERREIRA, 2008).

Conclusão

    A utilização da fisioterapia é essencial no tratamento do portador de esclerodermia, pois previne os agravos osteomioarticulares, como contraturas e diminuição da amplitude do movimento, além de manter a funcionalidade existente nos sistemas comprometidos. No entanto, por ser uma patologia com carência de estudos referentes à fisioterapia, poucas evidências cientificas sobre a sua utilização foram encontradas na literatura. Sugere-se, assim, que sejam realizadas análises mais aprofundadas dos recursos fisioterapêuticos disponíveis no tratamento desta patologia.

Referencias

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