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Introdução

    A gravidez distingue-se por vários ajustes fisiológicos endócrinos direcionados à criação de um ambiente ideal para o feto (1). Todo o sistema orgânico da gestante bem como sua personalidade é intimamente envolvido nesse processo complexo. Várias mudanças podem ser observadas nas gestantes, entre elas, a flexibilidade, que está estritamente relacionada com a atividade exercida pelos hormônios da gravidez. O sistema endócrino da mulher durante a gestação, através das ações hormonais, amolece a região da sínfise púbica, dando maior mobilidade à cintura pélvica, para que assim ocorra a expulsão do feto, daí a importância de avaliar a amplitude articular da região do quadril (2). A flexibilidade é uma capacidade física que pode ser relacionada à saúde e ao desempenho desportivo e descreve a Amplitude do Movimento (AM), que uma articulação pode realizar. A flexibilidade pode se manifestar de maneira ativa ou passiva. A maneira ativa caracteriza a maior amplitude de movimento possível que o indivíduo pode realizar devido à contração da musculatura agonista. A maneira passiva caracteriza a maior amplitude de movimento possível que o indivíduo pode alcançar sob a ação de forças externas. A avaliação da flexibilidade é importante para o exame físico, pois permitem avaliar o nível de capacidade física do indivíduo, as disfunções musculares ou articulares (2).

    O sistema músculo esquelético, tem um aumento generalizado da flexibilidade da articulação durante a gravidez, e, então na extensão da articulação, que é hormonalmente mediado (3). Este projeto visa analisar as mudanças que a gestação causa na região do quadril, através da avaliação dos níveis da amplitude nesta região, onde o resultado das análises nos fará entender as mudanças que ocorrem durante este período, causadas principalmente por influências hormonais. Observa-se que em decorrência de níveis aumentados de determinados hormônios produzidos durante a gestação, as gestantes possuem um nível de flexibilidade maior mesmo sem atividade física, isto se aplica às grávidas que realizam atividades físicas, uma vez que se a intensidade dos exercícios físicos for muito alta durante este período, poderão ocorrer danos à saúde da mulher e do feto. De acordo com o nível de flexibilidade que as gestantes forem apresentando, estas poderão ser orientadas quanto à realização de exercícios que sejam proporcionais ao grau de flexibilidade por elas apresentadas. A flexibilidade observada normalmente nas gestantes ocorre em virtude da liberação do hormônio relaxina durante esta fase com objetivo de preparar todo o corpo para o parto, deixando as articulações e ligamentos mais frouxos. A relaxina é um hormônio produzido pela placenta e pelo corpo lúteo. Ela produz um amolecimento nas articulações pélvicas e das suas cápsulas articulares, o que proporciona a flexibilidade necessária para o parto, pois provoca o remodelamento do tecido conjuntivo, o que diminui a união dos ossos da pelve e alarga o canal de passagem do feto.

Objetivos

• Objetivo geral: O período da gravidez requer inúmeros cuidados tanto para a grávida como para o feto, desta forma, é de extrema importância o acompanhamento mensal dos níveis da amplitude da região do quadril, já que esta região anatômica da mulher sofre alterações durante a gestação. Desta forma, o objetivo deste projeto é analisar durante o período gestacional o comportamento da amplitude na região do quadril mediante as alterações fisiológicas e morfológicas do período gestacional.

• Objetivos específicos: Verificar o nível de flexibilidade em gestantes por um período de três meses; verificar o nível do comportamento da amplitude articular da região do quadril frente ao período gestacional.

Metodologia

• Delineamento do estudo: A pesquisa apresentou um cunho descritivo que tem por finalidade observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos, sem manipulá-los, visando também, descobrir e observar os fenômenos procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los com o propósito de conhecer a sua natureza, para tanto, foi realizado apenas uma coleta de dados e sem grupo controle. Além disso, possuirá características qualitativas (utiliza-se palavras para descrever o fenômeno), visando analisar aspectos fisiológicos e morfológicos do comportamento da amplitude da região do quadril em gestantes que fazem acompanhamento pré-natal na Casa da Gestante do município de Alvorada do Oeste, Estado de Rondônia.

• Descrição da amostra: O presente estudo contou com a participação de 06 gestantes, que foram acompanhadas do terceiro ao sexto mês de gestação, sem faixa etária específica, residentes no município de Alvorada do Oeste, estado de Rondônia. Ressalta-se que participaram do estudo mulheres que estavam grávidas e devidamente de acordo com o objetivo e procedimentos deste estudo. O qual foi aprovado pelo Comitê de Ética do CEULJI/ULBRA (protocolo de numero 02310).

  • Foram adotadas como critérios de exclusão as mulheres que não estavam em período gestacional; aquelas que apresentaram alguma contraindicação por parte do médico para a realização dos procedimentos da pesquisa; aquelas que não desejaram participar como voluntárias.

  • Este estudo inicialmente contava com nove gestantes, destas, houve três perdas amostrais, uma por intercorrência no inicio da gestação e duas por não residirem mais no município.

• Procedimento: Os dados foram coletados na residência das gestantes. No primeiro contato, foram explicados os procedimentos necessários para ingresso no estudo e assinado o TCLE.

• Análise da amplitude: Utilizaram-se testes angulares, com flexímetro da marca Sanny, para verificar o nível de flexibilidade na região do quadril, onde a avaliada realiza a abdução do quadril, em posição vertical, estando os membros inferiores unidos e estendidos. Para auxiliar a estabilização da postura, com o objetivo de manter o alinhamento do tronco, evitando-se a projeção do quadril para trás, foi utilizado um móvel existente na residência da mesma que permita esta estabilização e o apoio das mãos. O flexímetro foi colocado na face posterior da coxa, afastando-o lateralmente deslizando os membros. Os joelhos deverão estar estendidos e os pés permanecendo paralelos (3)

Resultados

    A caracterização da amostra esta apresentada na tabela I.

Tabela I. Gestantes

    Sendo que duas grávidas estão na sua primeira gestação, e as demais na terceira, três destas grávidas já tiveram intercorrências por motivo de má formação congênita.

Tabela II. Amplitude do quadril

    Os dados apresentaram distribuição normal, e ao comparar se havia diferença de amplitude entre os meses, encontramos diferença significativa apenas entre o 4º e 5º mês (p=0,046), como apresentado na tabela II. Apresentamos as comparações entre: o 3º e 4º mês (p=0,28), 5º e 6º mês (p=0,07). Testamos também se havia diferença entre o 3º e o 5º mês (p=0,45), 3º e 6º mês (0,33).

    No gráfico I apresentamos as medidas individuais das seis grávidas, estas realizadas todos os meses do terceiro ao sexto mês.

Gráfico I. Medidas individuais

Discussão

    Ao longo do estudo corroborando com a literatura apresentada, esperava-se uma evolução do grau de amplitude de abdução do quadril das gestantes, visto que há maior secreção de relaxina, proporcionando frouxidão articular. Entretanto, após analisarmos as medidas, e verificarmos que não houve esse distanciamento no grau de amplitude articular, causando uma maior flexibilidade. Buscamos entender melhor este acontecimento. Houve um relato na literatura (5) que indica uma redução na secreção de relaxina, cerca de 20%, após o pico do primeiro trimestre, mantendo-se até o final da gestação. Fato este que explicaria a diferença encontrada, neste estudo, apenas entre o quarto e quinto mês gestacional, onde parece acontecer um platô no ganho de amplitude articular.

    Uma característica apresentada por esta amostra é o fato das gestantes com mais de uma gestação apresentarem alterações brandas de amplitude articular, variações maiores podemos observar nas que estavam na primeira gestação, tanto no aumento à redução.

Conclusão

    A hipótese deste estudo era encontrar maiores diferenças na amplitude do quadril ao longo do progresso gestacional. Perante os resultados estatísticos caracterizou-se como hipótese nula. Concluindo que pode haver aumento e redução da amplitude do quadril, ao longo do período gestacional, não caracterizando fator de igualdade para todas as mulheres. O causador dessas alterações tem grandes chances de ser hormonal, mas para fazer essa afirmação são necessários outros estudos de medida direta do hormônio. Neste estudo as avaliadas não praticavam exercício físico, talvez haja outros resultados ao estudar gestantes fisicamente ativas.

Referências bibliográficas

1. ARTAL, R., W. R A., & DRINKWARTER, B. L. O Exercício na Gravidez. São Paulo: Manole, 1999.

2. KATZ. Hidroterapia na prevenção e no tratamento de lombalgia em gestantes. São Paulo: Manole, 1998.

3. MONTEIRO, G. A. Avaliação da Flexibilidade. Manual de Utilização do Flexímetro Sanny. São Paulo: American Medical do Brasil Ltda, 2000.

4. PODEM, M. Fisioterapia em obstetrícia e ginecologia. São Paulo: Liv. Santos editora, 2000.

5. LAROS, R. K., JR. Physiology of normal pregnancy. Moshy Year Book. 9, 1991.

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