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Por que a termografia deve ser utilizada no 

tratamento de lesões em jogadores de futebol de campo?

¿Por qué la termografía debe ser utilizada en el tratamiento de lesiones en jugadores de fútbol de campo?

Why thermography should be used in the treatment of injuries to field soccer players?

 

*Autor principal. Doutorando em Engenharia Mecânica/Biomecânica

Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, UNESP

**Co-Autora. Mestranda em Engenharia Mecânica/Biomecânica

Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, UNESP

Marcelo Guimarães Silva*

Gislaine Priscila de Andrade**

marceloguimas@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A tecnologia está cada vez mais presente nos esportes, independente da modalidade. O futebol moderno passa continuamente por transformações. A instrumentação biomédica deve atuar junto às análises quantitativas e qualitativas e devem estar integradas, a fim de serem um dos pilares do estudo científico do movimento esportivo; atuando na correção de um gesto motor específico, no aperfeiçoamento da performance, na prevenção de lesões e também na reabilitação. Este artigo teve como objetivo verificar a influência e viabilidade da termografia no tratamento e diagnóstico de lesões em jogadores de futebol de campo. O estudo permitiu entender que atualmente a instrumentação biomecânica tornou-se muito importante para as equipes e a termografia ganha papel de destaque neste contexto, já que vem sendo adotada amplamente pelas equipes. Os resultados são importantes e as perspectivas futuras otimistas quanto ao uso desta prática e útil ferramenta de auxilio no tratamento e prevenção de lesões. Dentre várias maneiras de se detectar uma lesão, a termografia ganha destaque por ser um método não invasivo, com resultados eficazes. Conclui-se que a termografia deve estar associada com outras análises fisiológicas, tais como: creatinoquinase, lactato, ressonância magnética, freqüência cardíaca; que indiquem estado de fadiga metabólica e muscular instalada ou pré-disposição a um processo de lesão muscular.

          Unitermos: Termografia. Futebol. Tratamento de lesões.

 

Abstract

          Technology is increasingly in sports, regardless of the modality. The modern soccer have transformed continuously. Biomedical instrumentation should work with quantitative and qualitative analyzes and must be integrated in order to be a pillar of the scientific study of the sports movement, acting to correct a gesture specific, improving performance, injury prevention and also in rehabilitation. This study aimed to verify the influence and viability of thermography in the diagnosis and treatment of injuries in soccer field. The study allowed us to understand that currently the biomechanical instrumentation has become very important for teams and thermography has a prominent role in this context, since it has been widely adopted by the teams. The results are important and future prospects optimistic about the use of this practical and useful tool to help in the treatment and prevention of injuries. Among several ways to detect a lesion is highlighted by thermography is a noninvasive method, with effective results. It is concluded that thermography should be associated with other physiological analysis, such as: creatine-kinase, lactate, resonance magnetic, heart rate; indicate that the installed state metabolic and muscle fatigue or pre-disposition to a process of muscle injury.

          Keywords: Thermography. Soccer. Injury treatment.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A tecnologia está cada vez mais presente nos esportes, independente da modalidade, é primordial que se utilize os recursos tecnológicos a favor de seus praticantes, especificamente, dos atletas de alto nível. Tanto nos esportes individuais quanto nos coletivos, a instrumentação biomédica e as análises quantitativas e qualitativas, devem ser um dos pilares do estudo científico do movimento esportivo; atuando na correção de um gesto motor específico, no aperfeiçoamento da performance, na prevenção de lesões e também na reabilitação.

    O futebol é a modalidade esportiva mais praticada no mundo, com participantes em todas as faixas etárias e diferentes níveis, e aproximadamente 400 milhões de adeptos no mundo, sendo que desses 30 milhões encontram-se no Brasil. De acordo com a Federação Internacional de Futebol (FIFA) existem aproximadamente mais de 200 milhões de atletas licenciados pela federação em todo o mundo (SILVA et al., 2005). Observa-se atualmente, que o futebol é caracterizado por ser fisicamente exigente e por conter esforços de curta duração, porém de elevada potência e intensidade (BANGSBO, 2003). Nos atletas de futebol, o consumo de oxigênio corresponde a aproximadamente 75 a 80% do VO2 máximo. O exercício é considerado de alta intensidade quando atinge valores acima de 60% do VO2 máximo (WEINECK, 2004) e essa elevada exigência metabólica tem como conseqüência a sensação retardada de desconforto, dor e/ou lesão muscular.

    O futebol vem sofrendo mudanças em nível de competição no que diz respeito ao número de jogos e torneios, impondo ao atleta um incremento da carga competitiva e do seu desempenho físico (MAOST, 2009; ZOPPI et al, 2003). As lesões são uns dos principais problemas que atingem atletas e equipes esportivas. Em geral, as lesões comprometem ossos, ligamentos e unidades musculo-tendinosas. A maior parte das lesões crônicas compromete as unidades musculo-tendinosas; embora essas lesões possam ser problemas crônicos, na verdade são lesões subclínicas agudas repetitivas (GARRICK, 2001). No futebol atual podemos claramente verificar o índice de lesões que tendem a aumentar, uma vez que o calendário brasileiro não favorece a devida recuperação dos atletas; não se preocupa com a fisiologia, ou seja a saúde de maneira global (física, mental e bioquímica). Desta maneira se faz necessário o entendimento das causas das lesões, mas antes de tratá-las o mais indicado é tentar preveni-las. As novas tecnologias estão cada vez mais avançadas e prontas para serem aplicadas, a fim de se evitar que um atleta chegue ao nível das lesões indesejadas ao longo da temporada. A perda de um ou mais atletas do plantel prejudica a equipe, afetando toda estrutura de planejamento e dependendo do jogador lesionado, torna-se uma ”peça” difícil de ser reposta; comprometendo o sistema tático de jogo, estrutura, entre outros. Existem várias maneiras de detectar o cansaço ou fadiga muscular de um atleta, desde marcadores bioquímicos até exames de ressonância; porém um equipamento moderno vem ganhando cada vez mais adeptos no meio esportivo, principalmente no futebol, que é o exame através da termografia. Considerando que as lesões musculares desencadeiam processos inflamatórios e que a inflamação gera calor em decorrência do aumento do metabolismo local, então, o nível inflamatório pode ser avaliado por meio do gradiente de temperatura (BANDEIRA et al, 2012). Este instrumento ou aparelho é um dos métodos mais modernos de diagnóstico por imagem digital da atualidade; é capaz de detectar inúmeras doenças, além de ser um procedimento totalmente não invasivo, sem nenhum contato físico, auxiliando na prevenção, diagnóstico e auxílio de um tratamento mais eficaz.

Entendendo as lesões no futebol

    O futebol de campo caracteriza-se por apresentar grande contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, tais como: aceleração, desaceleração, mudanças de direção, saltos e pivoteamento. Por esses motivos, apresenta um alto número de lesões. É uma modalidade responsável pelo maior número de lesões desportivas do mundo. Estima-se que essas lesões sejam responsáveis por 50 a 60% das lesões esportivas na Europa e que 3,5 a 10% dos traumas físicos tratados em hospitais europeus são causados pelo futebol (SILVA et al., 2005). Com relação ao tipo de lesão mais freqüente, as musculares são as mais predominantes, seguidas pelas entorses (RAYMUNDO et al., 2005). Num estudo conduzido por Arena & Mancini (2003) sobre lesões de atletas jovens, mostrou que os tipos mais comuns de traumatismos na prática desse esporte são a entorse de tornozelo, a lombalgia e a entorse de joelho. Mais da metade das atividades do jogador em uma partida são executadas sem a bola, cerca de 57,6%, enquanto que as restantes 42,4% são executadas com o posse de bola. Sendo que, na maioria dos casos, as lesões traumato-ortopédicas ocorrem durante a posse de bola, quando ocorre a marcação do adversário (FERNANDES, 1994). Por um lado, existe um grande avanço da medicina desportiva e sua fisiologia, permitindo protocolos de treinamento específicos para cada atleta, de acordo com as suas características individuais, construindo métodos mais eficazes de preparo físico dos atletas levando a uma exigência cada vez maior do desempenho, fazendo com que os jogadores trabalhem perto de seus limites máximos da exaustão, aumentando a pré-disposição às lesões. Em contrapartida, há o excesso de jogos e treinos, que incitam o atleta a uma maior ocorrência de lesões desportivas (COHEN et al., 1997).

O que é Termografia?

    A termografia é um método não invasivo utilizado para registrar gradientes e padrões térmicos corporais (KITCHEM, 1998; TAN, 2009) sendo utilizada para medir a radiação térmica (calor) emitida pelo corpo ou partes deste, podendo, portanto, ser utilizada para diagnóstico de lesões causadas pelo treinamento. É considerada uma alternativa muito interessante em relação aos métodos convencionais, que implicam um bombardeamento do indivíduo por ultra-som, raios-X, ou outros tipos de onda eletromagnética. Na Termografia não existe emissão de nenhum tipo de radiação. Ao contrário, o sistema captura o calor (infravermelho) emitido pelo indivíduo. Portanto, não existe contra-indicação de nenhuma espécie a esse tipo de exame. Sabendo que essas lesões desencadeiam processos inflamatórios e admitindo que a inflamação gera calor (MACHADO, 2009) em decorrência do aumento do metabolismo local, então, o nível inflamatório pode ser avaliado por meio de gradientes de temperatura; as imagens termográficas mostram precocemente o início de um processo inflamatório, que ainda não apresentou sinais e sintomas clássicos (dor, edema e parestesia), atuando, assim, de forma preventiva (BRIOSCHI et al, 2007). A técnica de sensoriamento possibilita a medição de temperaturas e a formação de imagens térmicas (chamadas termogramas) do corpo do atleta a partir da radiação infravermelha, naturalmente emitida pelo paciente, permitindo uma atuação mais precisa do ponto da lesão, seja ela no estágio inicial ou evolutivo, consegue-se detectar os locais críticos que devem ser tratados. Quando há algum processo inflamatório a região atingida geralmente fica mais quente e através do aparelho é possível acompanhar a evolução desse quadro inflamatório, as regiões de maior tensão muscular, locais de maior dor e as regiões das lesões traumato-ortopédicas e desportivas. É importante ressaltar que muitas vezes a lesão já se encontra no corpo do atleta, mas naquele momento é imperceptível, o que só mudará quando o atleta aumentar a carga, agravando o problema. Com a termografia é possível prevenir esse quadro. A utilização da termografia como diagnóstico de lesões musculares após treinamento justifica-se pela facilidade do processo e por ser uma técnica não invasiva.

Como funciona?

    No corpo humano, a Termografia refere-se à avaliação da distribuição de temperatura em um órgão ou região do corpo, podendo levar a uma correlação melhor do que a Eletromiografia, em algumas situações. O exame termográfico inicia-se com uma máquina capaz de fotografar as leituras de calor dos objetos (figura 1). São tiradas duas fotos dos grupos musculares inferiores, uma de frente e outra de costas, e as áreas desejadas são mapeadas. As imagens mostram a diferença de calor nos diferentes grupos musculares. As partes mais avermelhadas, em tom vermelho vivo, são as mais desgastadas. Com os resultados, é possível orientar melhor o atleta, como por exemplo sugerir que não force nos treinos, recomendar alguns dias de descanso, indicar reforço muscular ou mesmo antecipar-se a uma lesão, tratando-a antes que se torne evidente.

Figura 1. Câmera termográfica comercial Flir Systems®. (Fonte: Site oficial Flir Systems®)

Aplicações práticas da Termografia nos clubes de Futebol do Brasil

    Os clubes da série A do Brasil tem feito o uso constante dos recursos da termografia como análise de seus atletas; os resultados tem agradado a comissão técnica. O investimento é considerado alto, mas o retorno é garantido, haja vista que o número de lesões em jogadores profissionais no Brasil diminuiu bastante nos últimos anos, fruto da relação positiva da Ciência associada ao treinamento correto e direcionado, e mesmo com as adversidades encontradas, tais como: desestruturação do calendário de competições, estrutura e locais das partidas; as equipes (atletas) têm suportado bem as condições que lhe são impostas. Vários clubes estão fazendo uso dos recursos da Termografia infravermelha como controle da carga de treinamento; entre eles: o Cruzeiro E.C, o Clube Atlético Mineiro, o Botafogo F.R, o Sport Club Corinthians, o Clube Atlético Paranaense, entre outros. O trabalho desenvolvido, por exemplo, no Cruzeiro, onde os atletas tem a disposição uma das melhores estruturas de trabalho a nível mundial, deve ser seguido pelos outros clubes; soma-se a isso uma equipe técnica de profissionais de primeira linha que estão sempre em busca de novas tecnologias que tem o objetivo final de garantir com que os atletas estejam nas melhores condições para disputa das partidas; a Figura 2 mostra uma análise termográfica com atleta num teste em esteira.

Figura 2. Atleta executando a corrida em esteira. Imagem obtida pela câmera Termográfica. (Fonte: site oficial do Botafogo F.R)

    Com os resultados, é possível orientar melhor o trabalho do dia a dia. O fisiologista pode sugerir que um jogador não seja forçado nos treinos, ou talvez recomendar alguns dias de descanso ou até mesmo reforço muscular. Percebe-se que a Termografia é uma técnica de análise que crescerá muito no meio esportivo, principalmente no futebol, por se tratar de esporte de contato e também pela alta demanda fisiológica que o atleta se submete ao longo da temporada. As equipes que utilizam esta técnica estão satisfeitas com os resultados apresentados e certamente podem planejar com mais exatidão os treinamentos, individualizando a sobrecarga de treinamentos e tendo um parâmetro real para análise da performance e recuperação pós-treinos e jogos ao alcance imediato; com isso o risco de lesões tende a ser reduzido.

Conclusão

    Os resultados encontrados na literatura sobre o tema sugerem a possibilidade da utilização da termografia para, em conjunto com análises de marcadores fisiológicos, determinar a intensidade e a localização de lesões musculares pós-treino, A vantagem do uso da termografia é que ela consegue detectar a localização anatômica da lesão muscular; pode-se dizer que a termografia tem um bom potencial para apoiar o diagnóstico de lesões musculares em atletas de diversas modalidades. Sua operacionalização exige um ambiente com temperatura controlada e a aquisição de equipamento validado na área científica. É importante controlar o tecido adiposo subcutâneo da área avaliada, pois a mesma interfere nos valores absolutos de temperatura, podendo influenciar de maneira significativa os resultados de estudos com sujeitos com perfil lipídico heterogêneo. O custo médio desse equipamento está em torno de R$ 50.000,00. A aquisição é feita por Instituições interessadas e em parceria com clubes, em sua maioria, da 1ª divisão profissional. O profissional que trabalha com Termografia deve ser preparado e possuir amplo conhecimento em anatomia, fisiologia, biomecânica, e principalmente entender o software do equipamento. Por fim, sugere-se a realização de novos estudos, principalmente no âmbito esportivo, uma vez que a maioria dos estudos encontrados utilizando termografia, tratam da análise clínica em pacientes. A termografia deve estar associada com outras análises fisiológicas, tais como: creatinoquinase, lactato, ressonância magnética, frequência cardíaca; que indiquem estado de fadiga metabólica e muscular instalada ou pré-disposição a um processo de lesão muscular.

Referências

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