Fatores que contribuem para a indisciplina ou violência na escola Los factores que contribuyen a la indisciplina o la violencia en la escuela |
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Acadêmico 4º ano de Geografia. DEGEO Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO Campus de Irati, Paraná |
Fernando Santos (Brasil) |
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Resumo O presente artigo trata sobre a indisciplina e violência escolar, as quais se encontram presentes em muitas escolas nos dias atuais. Não se pode ignorar que tanto a indisciplina quantoa violência escolar são consideradas um grande obstáculo no processo ensino-aprendizagem, dificultando assim seu bom desenvolvimento. Através de observações e entrevistas realizadas com alunos, professores e coordenadores, investigaram-se as concepções dominantes de autoridade e poder. Além disso, buscou-se também analisar os conteúdos das práticas institucionais que pudessem estar relacionadas à violência e à indisciplina escolar. Unitermos: Alunos. Professores. Escola. Violência. Indisciplina.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 190, Marzo de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A educação escolar é uma instituição importantíssima para o desenvolvimento da sociedade, mas infelizmente, tem sido alvo de indisciplina e violência, as quais são consideradas como obstáculos para que haja uma educação de qualidade para todos. Os diversos tipos de violência que hoje fazem parte da sociedade, atingem tanto espaços privados quanto espaços públicos e os efeitos desta violência acabam por afetar praticamente principalmente as escolas. A violência escolar vem preocupando a todos porque além de ocorrerem escolas de cidades grandes, tem ocorrido também em escolas de pequenas e médias cidades, além de perceber-se que pessoas mais jovens estão cada vez mais envolvidas. Infelizmente, a violência de jovens se encontra em uma dimensão preocupante, o que a torna um problema de grande relevância social. O fato é que seja qual for o tipo de violência, ela afeta o indivíduo tanto no plano físico, quanto no psíquico, moral e também no sócio- cultural. Para Velho (2000, p. 18):
o predomínio do individualismo e da impessoalidade contribui para que as relações interpessoais se tornem violentas de tal forma que “a violência foi se rotinizando, deixando de ser excepcional para tornar-se uma marca do cotidiano”.
Assim, destaca-se a importância de se considerar que violência não sãosomente aquelas que causam problemas físicos, psicológicos e sociais para as vitimas, pois a própria ameaça de agressão já é uma violência.
Através desta colocação, vê-se que o indivíduo quando se sente ameaçado de alguma forma, toma isso como um ato de violência.
Além da violência poder se manifestar tanto por meio de agressões físicas, como através de signos, preconceitos, metáforas, desenhos ou qualquer outra maneira que possa ser interpretada como ameaça ou intimidação.
O objetivo que norteou este artigo, procura responder a seguinte questão: analisar os conteúdos das práticas institucionais que pudessem estar relacionadas à violência e à indisciplina escolar.
Este artigo foi realizado através de estudos bibliográficos, observações e entrevistas realizadas com alunos, professores e uma coordenadora de uma Escola Estadual do Município de Irati, PR.
Velho (2000) associa a violência a uma ideia de poder, quando destaca a possibilidade de imposição de vontade, desejo ou projeto de um individuo sobre o outro. Quase sempre a violênciaé adotada por adolescentes e jovens como um modelo de ação social a ser seguido o que tem consequências na forma como suas identidades são construídas e nas suas expectativas de vida.
1. Indisciplina escolar
De acordo com os professores da escola onde foi realizada os estágios, o ensino hoje encontra grandes dificuldades quanto ao seu desenvolvimento escolar e isso se deve à bagunça, tumulto, mau comportamento, falta de limites, além do desrespeito que muitos alunos demonstram tanto com colegas quanto com professores e demais funcionários da escola. Durante o estágio de observações, a coordenadora da escola em questão, colocou que o problema da indisciplina também está ligado à desvalorização da escola por parte de muitos pais, que raramente comparecem na escola para saber, se inteirar do desenvolvimento de aprendizado de seu filho ou até mesmo para saber como está o comportamento do mesmo e que muitas vezes os mesmos não participam de reuniões que são tão importantes para que tudo ocorra da melhor maneira possível. A coordenadora escolar relatou aindaque muitos pais acabam dando liberdade excessiva a seus filhos, talvez pelo fato de que a maioria desses pais trabalham fora, muitas vezes tendo pouco tempo disponível para acompanhar o desenvolvimento de seus filhos, tornando-os assim filhos indisciplinados, que não conseguem realizar obrigações rotineiras e que fazem de tudo para ser o centro das atenções e quando isso não acontece, se tornam insatisfeitos. Esse fato leva a crer que muitos pais transferem para a escola a tarefa de educar seus filhos, quando na verdade esse papel é da família. A coordenadora ainda afirma que é fundamental que haja uma ligação entre família e escola. Ela salienta a importância de que a família estabeleça uma rotina de estudos em casa, acompanhe as tarefas dadas ao seu filho, mas que cabe ao professor resolver problemas na aprendizagem, pois o mesmo é especialista em processos de ensino-aprendizagem. De acordo com a mesma, a família deve possuir princípios, um quadro de valores básicos, para poder estabelecer limites. Porém, os limites devem sempre ser lembrados pelos adultos através de vínculos entre pais e filhos para que possam surgir efeito. Sendo assim, o aluno já chega à escola com referências básicas no que diz respeito ao comportamento, postura e valores. A escola procura compreender a indisciplina como a manifestação de um indivíduo ou de um grupo com um comportamento inadequado, um sinal de rebeldia, intransigência, desacato, falta de educação ou de respeito, bagunça ou agitação.
Para que ocorra um bom funcionamento e que haja uma boa interaçãoentre todos que na escola atuam, é certo que a mesma necessite de regras e normas. A partir daí, regras e normas deixam de ser vistas apenas como restrições e passam a ser vistas corno condições necessárias ao convívio social.
Segundo LA TAILLE (1994, p. 9):
Crianças precisam sim aderir a regras (que implicam valores e formas de conduta) e estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os limites implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social — a família, a escola, a sociedade como um todo.
De acordo com Vasconcellos (2013), a “Síndrome de Encaminhamento” é um costume onde, diante de qualquer problema, seja na aprendizagem, seja na indisciplina, o professor encaminhar o aluno para a direção, para a coordenação, ou para a orientação educacional.
Se de novo o professor o encaminhar à direção, entra-se num ciclo vicioso. A segunda mensagem que o professor dá ao aluno é: “Eu não posso com você, mas tem alguém na escola que pode”. Portanto, ao invés de fortalecer sua autoridade, está diminuindo-a. Quando o aluno é encaminhado várias vezes, ele vai contar a sua versão, que provavelmente não bate com a versão do professor, precisando haver uma acareação, que mais lembra uma delegacia de polícia. Para Vasconcellos, quando há este círculo vicioso, ele o chama de “Síndrome de Encaminhamento”, que pode ter resultados pífios ou mesmo agravantes.
É óbvio que o professor pode pedir ajuda da orientação, da direção, da coordenação, dos pais, mas a responsabilidade nas questões da aprendizagem e da disciplina é do professor. Enfim, Vasconcellos sugere que não se deve terceirizar a questão da disciplina e da aprendizagem. É essencial que as crianças sejam desafiadas para serem melhores do que são, caso contrário cai-se no cinismo, desde muito cedo e não se realiza nada. A disciplina deve cuidar também de criar um ambiente que ajude as pessoas a aprender, onde cada um deve contribuir com o seu modo de ser e estar pronto para ajudar a construir um ambiente escolar estimulante.
A disciplina parece ser vista como obediência cega a um conjunto de prescrições e, principalmente, como um pré-requisito para o bom aproveitamento do que é oferecido na escola. Nessa visão, as regras são imprescindíveis ao ordenamento, ajustamento e controle desejados de cada aluno e da classe como um todo. É curioso observar que qualquer inquietação, questionamento, discordância, conversa ou desatenção por parte dos alunos é entendida como indisciplina, já que busca obter a tranquilidade, o silêncio, a docilidade, a passividade dos alunos de tal forma que não haja nada nelas nem fora delas que as possa distrair dos exercícios passados pelo professor, nem fazer sombra à sua palavra. Para Silva (2003) ao definir indisciplina escolar, afirma que todas as vezes que um aluno desrespeita as regras da instituição é considerado indisciplinado. Ainda para este autor, a violência é considerada também uma forma de indisciplina, a mais preocupante na atualidade.
2. Violência na escola
A violência escolar é considerada como: violência na escola, violência à escola e violência da escola. As duas primeiras se referem à violência dos alunos e a terceira a que se refere à instituição. De acordo com Charlot (2002, p.434):
a violência na escola é aquela que se produz dentro do espaço escolar, sem estar ligada à natureza e às atividades da instituição escolar”. O autor exemplifica essa situação dizendo que é “quando um bando entra na escola para acertar contas das disputas que são as do bairro, a escola é apenas o lugar de uma violência que teria podido acontecer em qualquer outro local”. Na escola, a violência cotidiana aparece no desrespeito ao outro, na transgressão aos códigos de boas maneiras e à ordem estabelecida. A falta de limites associada à desconsideração pelos outros contribuem para que os jovens e adolescentes busquem se impuser pela força e pela agressão. Já a violência à escola está “ligada à natureza e às atividades da instituição escolar: quando os alunos provocam incêndios, batem nos professores ou os insultam”. Ou seja, violências que visam diretamente à instituição escolar e aqueles que a representam. Para o autor essas duas formas de violência se somam à violência da escola caracterizada por ele como “uma violência institucional, simbólica, que se expressa pela maneira como a instituição e seus agentes tratam os jovens.
A violência institucional é aquela que inevitavelmente precisa de uma certa imposição, de disciplina ou de controle, independente da cultura a ser transmitida e interiorizada pelas novas gerações. A violência estrutural se refere ao espaço escolar. A violência estrutural tem se originado na situação de injustiça social, das relações de dependência estabelecidas a nível econômico, político, militar e cultural. Isso se reflete na miséria, na exclusão, na corrupção, no desemprego, na concentração de renda, no poder, no autoritarismo e nas desigualdades presentes na sociedade brasileira. Professores afirmam que a violência nas escolas está crescendo cada dia mais e a violência que ocorre com mais freqüência no cotidiano da escola são as ameaças e agressões verbais entre alunos e entre estes e os adultos. As agressões físicas também estão presentes, mas ainda são em menores proporções que as verbais.
Poderíamos falar de uma maior violência voltada à escola, que se manifesta no aumento de agressões ao patrimônio escolar, pelo comportamento antissociais por parte dos alunos e pela violência também em relação ao professor.
Como a violência entre os alunos tem aumentado, isso se torna preocupante porque vai além das consequências que tem para o funcionamento da instituição. Segundo Olweus (1993); Hazler y Carney (2000), o maltrato entre escolares pode ser um comportamento que antecede algumas formas de violência como cometer atos delinquentes no futuro o que os leva a propor, enquanto prevenção, uma intervenção para limitar sua incidência.
Entre os jovens são estabelecidas relações de competividade. Eles competem entre si pelo mesmo motivo: prestígio, honra e respeito, pois estando dentro deste patamar, demonstra que eles estão acima dos demais.
Segundo Epp (1996) alguns métodos ligados ao autoritarismo podem resultar em alunos que se tornam mais amáveis em relação ao seu comportamento, mas, este autoritarismo pode acabar gerando uma maior freqüência de comportamentos violentos. Isso aponta para a importância que o modo de pensar e agir do professor seja voltado para a minimização da violência. Isso quer dizer que o professor deve sempre mostrar interesse e preocupação pelos alunos, auxiliá-los nas tarefas escolares e em tomada de decisões e queseja competente para administrar os conflitos que surgirem com justiça e sem humilhações para quem quer que seja. Ainda para Epp (1996), quando professores agem com atitudes agressivas, assumem uma postura rígida e autoritária, estão restringindo a autonomia do aluno, dificultando-lhe assim a construção de um pensamento autônomo e crítico, onde o aluno se sente injustiçado, fazendo com que a relação entre eles se torne complicada. Sendo assim, é necessário que o professor se conscientizeque nem toda contestação é sinal de desobediência, desordem, bagunça ou desrespeito, enquanto que outras vezes, qualquer limite, parâmetro e diretriz é visto como uma prática autoritária e cerceadora da espontaneidade dos alunos de forma que os desejos e vontades do adolescente devem ser norteadores do espaço escolar.
Rego (1996) afirma que énecessário que os educadores, alunos e equipe escolar se reúnam para uma discussão conjunta das normas disciplinares, pois, estas normas somente serão respeitadas se forem resultado de uma discussão conjunta e não de uma decisão isolada.
3. Desenvolvimento e resultados
A realização desta pesquisa objetivou uma reflexão sobre a indisciplina e a violência ocorridas em instituições escolares. Ao se olhar sobre as instituições, a escola pode deixar de ser vista como tendo caráter essencialmente passivo e passar a ser vista como produtora de relações e práticas sociais específicas.
Guimarães (1996) observa que é possível haver uma compreensão descentralizadora na análise dos fenômenos escolares ao afirmar que a instituição escolar não pode ser vista apenas como reprodutora das experiências de opressão, de violência, de conflitos, advindas do plano macroestrutural.
Para a coleta de dados, utilizou-se a realização de observações, como também entrevistas feitas com alunos, professores e coordenadora da escola onde foi realizado o estágio.
Essas observações foram realizadas durante as aulas, nos intervalos, em eventos extracurriculares e em horários de trabalho pedagógico. Os professores entrevistados ministravam aulas para o segundo ciclo do Ensino Fundamental, ou seja, de 6º a 9º anos, além do Ensino Médio e do Supletivo. O questionamento buscou ter como base a relação dos professores com seus alunos do Ensino Fundamental, embora, segundo o ponto de vista, a problemática da violência/indisciplina extrapole a questão etária, justamente por se tratar de uma produção institucional. Todos trabalhavam apenas na rede pública.
Os alunos entrevistados estavam matriculados entre o 6º a 9º ano do Ensino Fundamental, na faixa etária entre11 e 17 anos e as entrevistas foram realizadas através de uma coleta de dados procurando analisar as opiniões, percepções e atitudes dos sujeitos em relação ao assunto e suas reações. Com isso procurou-se analisar a percepção dos alunos adolescentes sobre as suas experiências no cotidiano escolar. A seguir, estão em evidência para análise alguns trechos selecionados dos discursos obtidos durante as entrevistas, os quais mostraram-se muito importantes para a identificação no que se refere à indisciplina e a violência. Para a seleção dos trechos destacados pautou-se em alguns pontos que evidenciassem as representações dominantes e que se repetiram ao longo de suas falas, enfatizando as concepções quanto às questões de disciplina/ indisciplina e violência.
4. Dados coletados de alguns alunos
Abaixo observam-se alguns relatos de alunos sobre a diversidade de alunos presentes nesta escola: Aluno A: Aqui nessa escola tem vários tipos de alunos: Tem alunos bons que sabem conversar, dialogar, mesmo quando querem tratar sobre assuntos mal resolvidos, mas também tem alunos que são ruins, ou seja, aqueles que por qualquer motivo já querem tirar satisfação, não querem ouvir desculpas e já partem para a briga. Tem alunos inteligentes que só tiram notas boas e que também sabem ser educados e se comportam, mas há também alunos que só vem pra escola porque são obrigados a freqüentar a mesma. Mas, os alunos que estragam a escola são os que não respeitam ninguém, nem professores, nem mesmo a diretora, não realizam as tarefas, não colaboram com nada, só vem pra fazer bagunça e atrapalhar as aulas, deixando os professores nervosos e chateados. Aluno B: Bem, aqui tem muitos alunos que vem para a escola porque querem realmente aprender, que percebem a importância do estudo para que se consiga uma boa colocação no mercado de trabalho e tem também alunos que só vem para a escola porque se sentem obrigados a frequentar uma sala de aula, mas que na verdade não gostam de estar aqui. Esses então, fazem muita bagunça e muitas vezes não respeitam ninguém, muitas vezes atrapalhando o desenvolvimento das aulas.
Abaixo estão incluídos alguns relatos de alunos sobre o que achamde alguns professores desta escola:
Aluno A: “Tem professor que deixa nós conversar quando terminamos de fazer as atividades, mas tem professor que é ruim, não quer nem que se vire para trás ou levante falar com alguém, é aquele professor tipo enérgico demais.” Aluno B: “É claro que os professores tem mais experiência de vida do que nós que somos muito jovens. Quando eles tentam aconselhar algo para nós, nós não escutamos eles. Eles tentam dar conselhos, mostrar o que acham que é certo e errado, mas depois as coisas dão errado e a gente se arrepende por não ter ouvido eles.”“ Percebe-se através desses relatos, que os alunos sentem expectativas na disciplina que o professor consegue repassar em sua aula e que se o professor não consegue controlar a turma, ele não é visto como um bom profissional, deixando os alunos insatisfeitos. Foi solicitado aos alunos que mostrassem , através de desenhos, algo que achem ser essencial para eles no ambiente escolar, os temas que apareceram em maior número foram aqueles que apresentavam atividades de caráter lúdico ou esporte. O segundo tema que mais apareceu foram expostas cenas de discussões com professores, coordenadora e diretora, de expulsão da sala de aula, de brigas entre alunos, entre outros.
5. Alguns dados coletados com professores e coordenadora
Abaixo estão incluídos alguns relatos de professores sobre os tipos de alunos encontrados na escola:
“O pior tipo de aluno é aquele que se mostra indiferente. Às vezes você prepara uma aula com diversos tipos de materiais como jogos e outros , cria-se uma expectativa tão grande, mas muitas vezes nem assim eles se interessam pela aula, só querem saber de conversa e bagunça.” Professor B: “O aluno ideal é aquele que participa de tudo. O bom também é você ter aquele aluno que te conteste, que tenha o seu lado crítico e ativo.”Professor A:
Coordenadora: “Em nossa escola, a maioria de nossos alunos são de classe baixa e ao se conversar com eles sabe-se que muitos se encontram com problemasfamiliares. E de uma maneira ou de outra, eles trazem isso pra dentro da escola. O aluno mais difícil de você trabalhar é aquele que não te respeita. Ele não quer aprender e não adianta insistir, porque ele não tem compromisso com nada. Tem alunos que não faz a lição, nem copia, sai da sala sem pedir licença. O que acontece é que eles não têm consciência da importância de estudar. Faltou a base familiar, que é dar base pro caráter e pra vida. Muitas vezes, quando os alunos aprontam demais, eles vão pra secretaria e junto à direção e coordenação assinam o livro preto que é um livro de advertências e os pais são chamados para uma conversa, mas geralmente não aparece ninguém porque dizem não ter tempo ou quando aparecem, a maioriadizem não saber o que fazer diante de tais problemas.”.
A indisciplina é um trabalho que deve ser revisto por todos mas para que isso ocorra é preciso que haja muitas mudanças, principalmente na família e também na escola. Com isso, chega-se à conclusão que ser bom aluno está diretamente relacionado ao quanto o aluno se ajuste às normas, do que são exemplos: não conversar ou só fazê-lo na hora certa, respeitar ao professor e aos colegas, não se movimentar na sala de aula, etc. Mas, para ser bom aluno mesmo, é necessário estar apto cognitivamente, o que pode ser traduzido por ‘ser inteligente’ ou ‘ter boas notas’. Verifica-se então, que os lugares a serem ocupados pelos alunos são permeados essencialmente pela regulação dos movimentos dos corpos, da linguagem, bem como pela intelectualidade e rendimento escolar. É necessário que todos que fazem parte da escola procurem conversar, tentar chegar a um consenso no que é melhor para o aluno e também para professores e equipe pedagógica da escola. Para que se diminua a violência na escola, é necessário que a escola também desenvolva um trabalho de incentivo principalmente ao professor para que o mesmo saiba lidar e entender melhor o comportamento de seus alunos buscando assim uma melhor interação no que diz respeito principalmente ao respeito, procurando assim diminuir a indisciplina e também a violência.
Considerações finais
Com a realização deste estágio, percebeu-se que a escola é um lugar onde surgem diversos tipos de violência. Buscou-se assim identificar o sentido que a violência adquire para o jovem, seja como estratégia de identidade ou como meio para obter presença social como grupo. Conhecer a perspectiva de agressores e vitimas sobre as suas experiências de violência contribui para esclarecer os universos simbólicos e normativos que regulam as condutas violentas e as possíveis formas de reduzir sua incidência. Notou-se tambémque os jovens lutam pelo espaço, por bens materiais ou simbólicos (o respeito, a honra), e inclusive procuram o afrontamento quando a vitória é percebida como certa. A violência à escola e a violência da escola, isto é, entre a escola e os alunos, é caracterizada por uma incompreensão de ambos. Os jovens não aceitam as normas escolares e a escola não é capaz de corresponder às expectativas dos alunos. Os jovens de classes trabalhadoras com muita frequência têm estilos juvenis que se opõem à escola. A subcultura de muitos adolescentes de classe trabalhadora é antiescolar, na medida em que resistem ao controle que a escola exige e cujos conhecimentos são vistos como inúteis ou pelo menos de utilidade duvidosa (Dubet e Martuccelli, 1996; Willis, 1977). Nesta pesquisa foi constatado que realmente a indisciplina tem ligações diretas com a falta de limites a regras dadas pelos pais em casa. Os atos indisciplinaresdentro dos lares resultadiretamente em problemas na sala de aula e na escola. Outro ponto que deve ser considerado são que o diálogo entre professores e alunos devem ser constantes, despertando uma possível reflexão que os atos agressivos e rebeldes podem causar muitos danos e que através do diálogo é possível haver bons resultados.
Referências
CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Revista Sociologias. Porto Alegre, n.8, ano 4, jul./dez. 2002.
DUBET, F. e MARTUCCELLI, D. À l’école. Sociologie de l’expérience scolaire. Paris: Seuil, 1996.
EPP, J.R. (1996): “Escuelas, complicidad y fuentes de la violencia”. In EPP, J. R.; A.M.GUIMARÃES, A. M. Indisciplina e violência: ambigüidade dos conflitos na escola. In: AQUINO, J. G. (Org.) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.
LA TAILLE, Y. de. Desenvolvimento do juízo moral e a afetividade na teoria de Jean Piaget. In: LA TAILLE, Y. (Org.) Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992.
REGO, T.C.R. A indisciplina e o processo educativo: uma análise na perspectiva vygostskiana. In: AQUINO, J. G. (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.
REVISTA PRESENÇA PEDAGÓGICA. Julho / Agosto 2013. Nº 112. Editora Dimensão.
SILVA, N. P. Ética, Indisciplina & Violência nas Escolas. São Paulo: Edição própria, 2003.
VELHO, G. (2000). Violência, reciprocidade e desigualdade. In Velho, G. Alvito, M. Cidadania e Violência. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editoras UFRJ/FGV, 2000.
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