Estudo dos efeitos da sobrecarga |
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Jônatas de França Barros* |
* Professor da Faculdade de Educação Física e do Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Ciências da Saúde/UnB/DF |
Resumo
Abstract |
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1 / 3
Introdução
Para ocorrer adesão a um programa de reabilitação por parte dos indivíduos coronariopatas especialmente os sedentários, hipertensos, obesos e diabéticos através de uma atividade física orientada para uma melhora na condição física é importante, no que diz respeito, aos benefícios nas funções cardio-respiratórias, e somáticas voltadas à saúde desses pacientes.A reabilitação cardiovascular representa o somatório das intervenções necessárias para assegurar ao paciente coronariano o que de melhor for possível, físicamente e mentalmente, a sua posição na comunidade, com a vida normal e produtiva (Who, 1964 apud ARAÚJO, 1986).
Por isto, há necessidade de estabelece-se uma metodologia adequada e racional, elaborando critérios para a aplicação de esforço na atividade física., onde ASTRAND & RODAHL (1980), comentam que a aplicação da sobrecarga, do ponto de vista prático, implica em expor o organismo a uma carga de treinamento ou força de trabalho de intensidade , duração e freqüência suficiente para produzir um efeito de treinamento observável ou mensurável, isto é, um aprimoramento das funções para as quais se está treinando. A carga de treinamento é, portanto, relativa ao nível de aptidão do indivíduo.
Na aplicação dos efeitos da sobrecarga como uma forma de estudo, o paciente necessita submeter-se a cargas progressivas no seu programa de reabilitação para obter as condições físicas ideais, na qual demonstra uma motivação que o leve a querer mudar e acreditar que é hora de iniciar uma atividade física e, ao mesmo tempo, acrescentar algum benefício ao seu estilo de vida que deve ser normal, ativo e produtivo em sociedade. Assim, o presente estudo é comparar e analisar os possíveis efeitos da aplicação da sobrecarga nas variáveis cardio-respiratórias, neuro-motoras e somáticas entre as etapas do programa de reabilitação cardíaca.
Material e Método
A amostra deste estudo constou-se de 11 coronarianos com idade variando entre 41 a 69 anos. Os pacientes foram submetidos a um programa de 48 sessões, divididas em 4 mesociclos de 12 sessões, sendo 3 sessões semanais de reabilitação. Após o alongamento inicial, passou-se para etapa 1, que constava de 15 min de ginástica, seguidos da etapa 2 (caminhada ou corrida), de 20, 30, 40 e 50 min, respectivamente, para os mesociclos 1, 2, 3 e 4 na intensidade de 50, 60, 70 e 80% do VO2 máximo para cada capacidade acima de 7 Mets e 10% menos em cada mesociclo até 7 Mets. A etapa 3, de relaxamento, para a redução da freqüência cardíaca durou, no mínimo, 5 min. A prescrição da atividade física foi fundamentada no protocolo de BRUCE, em que se utilizou o VO2 Máximo como parâmetro da freqüência cardíaca de treinamento em cada mesociclo. Após esta abordagem da capacidade funcional efetuada na esteira ergométrica, foram avaliadas as medidas antropométicas de peso, estatura e de dobras cutâneas na região tricipital, subescapular, supra-ilíaca e bicipital. Calculou-se a densidade corporal através da equação de DURNIN & WOMERSLEY (1974), especifíca para os grupos etários de estudo para o percentual de gordura, utilizou-se a equação de SIRI(1961), %G = (4,95/D - 4,5) x 100.
Resultados e Análise da Avaliação Cardio-respiratória
Este estudo teve o objetivo de comparar e analisar os possíveis efeitos da sobrecarga nas variáveis cardio-respiratórias, neuro-motoras e somáticas entre as etapas de um programa de reabilitação em pacientes coronarianos sintomáticos do sexo masculino da cidade de Santa Maria (RS), com idades variando entre 41 a 69 anos (11 pacientes). No primeiro momento, apresentamos os resultados e análise das variáveis, que caracterizou a amostra no estudo conforme Quadro Único em que foram os indicadores referentes as variáveis cardio-respiratórias (Tempo de esforço,VO2Máx, METs e Apitdão física), em que são apresentadas as mudanças de valores cardio-respiratórias ocorridas no pré e pós-teste durante o programa de reabilitação através de testes ergométricos.
Quadro Único - Parâmetros em função do desempenho físico em coronarianos (n=11) Pacientes
Tempo
Protocolo
VO2Máx.
METs
Aptidão Física
Pré
Pós
Pré
Pós
Pré
Pós
Pré
Pós
H.C.B.
9
12
Bruce
34,1
44,2
9,7
12,6
B
O
W.B.
10
12
Bruce
37,5
44,2
10,7
12,6
B
B
C.H.V.
6
10
Bruce
24,1
37,5
6,8
10,7
F
B
E.P.A .
11
14
Bruce
40,8
50,9
11,7
14,5
B
O
O .D.
5
10
Bruce
20,7
37,5
5,9
10,7
F
B
I.M.K.
8
9
Bruce
30,7
34,1
8,8
9,7
B
B
J.A .N.
8
11
Bruce
30,7
40,8
8,8
11,6
B
B
J.B.M.
10
12
Bruce
37,7
44,2
10,7
12,6
B
B
A .L.B.
13
14
Bruce
47,6
50,9
13,6
14,5
O
O
D.J.M.
7
8
Bruce
27,7
30,7
7,8
8,8
R
R
O . L.
6
7
Bruce
24,4
27,4
7,8
7,8
R
R
Tempo: min de duração do teste, VO2Máx: ml/kg/min. , O = otima, B = boa, R = regular e F = fraca
Conforme as variáveis envolvidas Tabela 1, as médias e desvio padrão observadas, obteve-se valores próximos tanto no pré-teste como no pós-teste, com nível de significância p < 0,05.
Tabela 1 - Resultados médios dos valores das avaliações cardiorrespiratórios em coronarianos (n=11) Variáveis
Pré-testes
Pós-testes
x
s
x
s
T
p
Diferença %
Tempo
8,5
2,4
10,8
2,2
-5.76
.000
21,30
PASR
130
18,4
141,4
20,5
-2.73
.021
8,25
PADR
79,5
10,5
85,9
14,6
-2.35
.040
7,45
PASE
181,7
14,1
189,1
23
-1.50
.189
3,91
PADE
83,6
16,9
85
15,6
-.48
.645
1,64
FCR
73,4
13,3
72,4
12,2
.36
.729
1,38
FCE
143,5
26,4
151,7
24,4
-1.99
.074
5,40
VO2Máx
32,3
8,1
40,2
7,6
-5.76
.000
19,40
METs
9,2
2,3
11,5
2,3
-5.76
.000
20,00
Observou-se que o desvio padrão da PASE (pressão arterial sistólica de esforço) houve uma pequena diferença em função significativo do pós-testes em relação a sua média dos pacientes. Com relação ao teste t de student houve diferença estatisticamente significativa entre o pré e pós-teste nas variáveis: tempo na esteira, (PASR) pressão arterial sistólica repouso, (PADR) pressão arterial diastólica de repouso, (VO2 máx.) volume máximo de oxigênio e mets. Não houve diferença significativa nas variáveis: (PASE) pressão arterial sistólica de esforço, (PADE) pressão arterial diastólica de esforço, (FCR) freqüência cardíaca de repouso e (FCE) freqüëcia cardíaca de repouso e esforço. Com isto, a prescrição da atividade física, através da freqüência cardíaca de treinamento, baseou-se no VO2 Máximo com o teste ergométrico na esteira e no protocolo de BRUCE (1971). O protocolo foi valido para os pacientes portadores de coronariopatias e sedentários em potencial, que realizaram o teste ergométricos com valores acima de 7 mets.
Na Tabela 1 mostra que os parâmetros ergométricos do pré e pós-teste,, possibilitaram uma melhoria da condição física dos pacientes, ou seja, a aplicação da sobrecarga através dos fatores de intensidade, duração e freqüência. Houve uma melhoria na condição física do seguinte modo: Tempo na esteira em torno de 21,30%, PASR em torno de 8,25%; PADR em torno de 7,45%; PASE em torno de 3,91%; PADE em torno de 1,64%; FCR em torno de 1,38%; FCE em torno de 5,40% e VO2 Máx em torno de 19,40% e Mets em torno de 20%.
Não havendo variação significativa na PASE (pressão arterial sistólica de esforço) e FCE (freqüência cardíaca de esforço), o fato de ter havido melhora na tolerância ao exercício, isto é, aumento do tempo no ergômetro, leva-nos a concluir que um mesmo gasto energético cardíaco, foi dispendido para realizar um exercício maior.
Ekblom, B. et al.,. (1972).; Wilmore, J. H. et al., (1977).; Rousseau et al., (1974) apud DUARTE(1986) comentam que a redução da freqüência cardíaca é um dos efeitos mais facilmente detectados como conseqüência do treinamento físico.
Conforme DENTRY e col. (1971), comentam que os programas de condicionamento reduzem também a freqüência cardíaca de pacientes coronarianos e portadores de doenças arterosclerótica coronarianas, sendo menos evidentes as respostas ao condicionamento talvez em função da menor intensidade e duração dos exercícios envolvidos nos planos de reabilitacão destes pacientes. Um plano de condicionamento (Jogging) para sendentários, durante 20 minutos, 3 vezes por semana, exercitando a 75% do VO2 Máximo, demonstrou a redução da freqüência cardíaca de repouso em 1/bpm para cada semana de participação do programa. Os autores observaram, ainda, que a redução de 12 bpm na freqüência cardíaca dos pacientes coronarianos submetidos a um programa de treinamento de 3 meses, fez com que a freqüência cardíaca média de repouso permanecesse elevada (em torno de 80 bpm).
Considere-se por exemplo, de acordo com os dados fornecidos por Shephard (1973) apud BOONE (1986), cujo o treinamento executado em 57% dos valores de pré-teste, o VO2 Máximo produzirá cerca de 13% em ganho no pós-teste do VO2 Máximo. Enquanto que, no treinamento de 78% do pré-teste do VO2 Máximo produzirá cerca de 16% de ganho no pós-teste do VO2 Máximo. Há apenas uma diferença de 3% entre o treinamento executado com 75 e 85% do limite sintomático da freqüência cardíaca, no qual parece evidente que esta diferença de 3% não vale o aumento potencial de risco de complicações cardio-vasculares e/ou ortopédicas.
Em relação entre as modificações aeróbicas sejam elas centrais ou periféricas, e ambas, a intensidade de trabalho foram bem compreendidas por pollock et al., apud BOONE (1986), onde que 8 homens com doenças nas coronárias, na idade significativa de 52 anos, treinarm 3 vezes por semana em 50% a 70% de VO2 Máximo, nos primeiros 3 meses. Depois, a intensidade do exercício foi aumentada para 70% a 80% do VO2 Máximo, 4 a 5 dias/semana por 9 meses com 2 a 3 intervalo de 2 a 5 minutos de treinamento em 80 a 95% de VO2 Máximo intercalado durante a sessão de treinamento. Esheni et al apud BOONE (1986) o treinamento de 2 a 5 minutos em 80% a 95% de VO2 Máximo é uma aproximação muito perto de 97% a 98% do máximo de freqüência cardíaca.
revista digital · Año 5 · N° 19 | Buenos Aires, marzo 2000
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