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Uma proposta de sistematização do ultimate frisbee 

e do flagbol para as aulas de Educação Física escolar

Una propuesta de sistematización del ultimate frisbee y del flagbol para las clases de Educación Física escolar

 

*Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Lavras, UFLA

**Licenciado em Educação Física. Mestre e Doutor em Educação pela USP

Professor Adjunto II do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Lavras, UFLA

***Bacharel em Esportes pela USP. Mestrado e Doutorado pela Escola de Educação Física da USP

Professor Adjunto II do Departamento de Educação Física

da Universidade Federal de Lavras, UFLA

(Brasil)

Patrícia Maira Barros*

patim-barros@hotmail.com

Prof. Dr. Fabio Pinto Gonçalves dos Reis**

fabioreis@def.ufla.br

Prof. Dr. Raoni Perrucci Toledo Machado***

raoni13@uol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo busca sistematizar uma proposta de Ultimate Frisbee e do Flagbol para as aulas de Educação Física escolar, descrevendo minuciosamente as práticas e apontando formas de sua organização semanal.

          Unitermos: Ultimate Frisbee. Flagbol. Educação Física escolar.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Educação Física escolar vem assistindo nas ultimas décadas constantes debates sobre sua identidade, sobre o que “seria certo” e o que “seria errado” em relação ao seu conteúdo. Um dos pontos de consenso é que ela não deva se esgotar apenas no ensino do gesto motor correto, ela deve, nas palavras de Darido (2012), “problematizar, interpretar, relacionar, compreender com seus alunos as amplas manifestações da cultura corporal, de tal forma que os alunos compreendam os sentidos e significados impregnados nas práticas corporais”.

    Nesse sentido, apresentamos aqui uma proposta de duas modalidades esportivas nas quais, por força de sua própria dinâmica de jogo, impossibilita um jogador sair sozinho carregando a bola e fazer o gol ou marcar a cesta. Isso faz com que surja a necessidade de um olhar diferenciado para o jogo, não só pelos seus jogadores (alunos), como também para aquele que organiza esta proposta (professor), onde não só o jogador que deseja realizar um passe procure por um colega desmarcado, como este próprio comece a se ver no espaço buscando uma possibilidade de desmarcação para receber este passe.

    Abaixo, apresentaremos então, o Ultimate Frisbee e o Flagbol, juntamente com suas principais características e uma proposta de aplicação.

Ultimate Frisbee

    O Ultimate Frisbee é um jogo desportivo e coletivo, que tem como objetivo principal a pontuação através de gols, A equipe que fizer o maior número de pontos até o final da partida é a vencedora. É jogado, de acordo com as regras da WFDF (World Flying Disc Federation) entre duas equipes de sete jogadores (se jogado na grama), ou de cinco jogadores (se jogado na areia), em um campo retangular com as dimensões próximas a de um campo de futebol e, com uma área de gol em cada extremidade, como o rugby e o futebol americano. O gol vale um ponto e é marcado quando um jogador passa ou lança o disco1 para um outro jogador de sua equipe, que o recebe sem deixar cair no chão, dentro da área de gol ofensiva. O disco deve avançar somente através de passes e lançamentos de um jogador para outro, sendo proibida a movimentação (andar ou correr) do jogador que está com a posse do disco, devendo, ao recebê-lo, estabelecer um pé de apoio como no basquete. Quando um time estiver com a posse do disco, a meta é a área de gol adversária e a equipe defensora tentará impedir seu avanço e obter a posse do disco. Uma equipe não terá sucesso em seu ataque se um passe for incompleto, derrubado no chão enquanto estiver no ar por um adversário, se ele tocar no solo antes da recepção, ou se for recebido fora dos limites do campo. Neste momento, ataque se torna defesa e defesa passa a atacar.

    A mais importante característica do Ultimate Frisbee é o “Espírito de Jogo”, que representa o respeito de cada jogador pelas regras e pelos demais jogadores. Não existem árbitros. Todas as violações são chamadas pelos próprios jogadores que estão dentro de campo. Implícito à modalidade e às regras, está assumido que nenhum jogador irá buscar a vitória de forma desleal.

    Outra importante característica da modalidade é o fato de permitir que homens e mulheres joguem juntos na categoria “Mixed”, com 4 homens e 3 mulheres quando jogado na grama, e 3 homens e 2 mulheres na areia. Além disso, as próprias características do jogo permitem que jogadores com pouca idade participem de uma mesma partida com os mais velhos.

 

Metodologia

 

 

1 Semana

 

 

2 Semana

 

 

3 Semana

 

 

4 Semana

 

Conhecer/

Contextualizar

Historia do esporte.

Elementos técnicos básicos.

Regras.

Vivencia.

Explorar

-Contato e exploração do disco.

-Criação de figuras

- Acerte o circulo

-Bobinho com disco

-Batata Quente

-Tênis Disco

-10 Passes

-Disco ao alvo

-Disco gol

- Cadeira Disco

Ultimate Frisbee

Ressignificar

Variações no lançamento.

Aumentar o número de bobinhos e o de disco.

Alterar o numero de participantes, velocidade da musica e direção do lançamento.

 

Diminuição do gol, divisão de grupos para disputa.

 

 

 

Jogar na quadra

Jogar no campo

 

 

 

 

Socializar

Trocar idéia com o grupo a fim de criar novas atividades.

Desenvolver com o grupo novas estratégias para serem aplicadas ao jogo.

Discutir o porquê das atividades, e buscar novas formas para desenvolvê-las.

Discutir toda didática utilizada. E propor ao grupo modificação para a modalidade

 

Avaliação

 

Observação e escrita.

 

Filmagem

 

 

Fotografias

 

 

Filmagem

 

    De acordo com a proposta elaborada, na primeira semana os professores devem fazer um diagnóstico do que os alunos sabem sobre esta modalidade. Eles a conhecem? Têm alguma ideia sobre como é jogado? Se alguém souber algo, peça que explique aos colegas. Uma dinâmica que funciona, é levar o disco e perguntá-los para que ele serve. Qual o nome da modalidade esportiva que faz uso do mesmo? Perguntas que aproximem a participação da turma. Tentar usar as falas expostas pelos alunos para explicar a historia, como se joga, algumas regras básicas e o seu objetivo principal é uma estratégia didática interessante.

    É importante mencionar que o Ultimate Frisbee é a única modalidade esportiva que não possui arbitragem mesmo quando jogada competitivamente. Nesse momento, o uso de vídeos para melhor visualização e entendimento do desenvolvimento do jogo pode ser muito significativo. Seguem alguns vídeos sugeridos:

 

    Como visualizado nos vídeos, o material necessário para praticá-lo é apenas um disco, mas como não é um material comum nas escolas, o professor pode adaptar com pratos de papelão, por exemplo, ou outros materiais com as mesmas características. Nesse momento de exploração os alunos ficarão à vontade podendo lançar o disco para cima e segurá-lo, lançar com uma mão e tentar pegar com a mesma, depois inverter, além de lançar o disco para longe e buscá-lo. Todos os alunos juntos ou em grupos podem criar figuras ou formas geométricas utilizando os discos que, com certeza, será um momento de descoberta.

    Depois desse primeiro contato com o disco, podemos solicitar aos alunos que tentem acertar o círculo central da quadra, podendo lançar de perto ou longe. E por último, o bobinho, de modo que os jogadores constituam uma roda em pé e joguem o disco uns para os outros enquanto um participante fica no meio tentando agarrar o disco. Se ele o pegar, aquele que tinha jogado o disco é que vai para o meio da roda para ser o novo bobinho.

    Esse primeiro contato com a sequencia de brincadeiras permitirá aos alunos inventar e reinventar formas para fazer o lançamento do disco, tanto nos lançamentos longos quanto nos mais curtos.

    Ressignicando as atividades como já foi dito, o professor pode pedir lançamentos com a mão direita e depois com a esquerda, como também poderá pedir para os alunos se afastarem cada vez mais do circulo central da quadra. E por ultimo, na brincadeira do bobinho o professor pode inserir mais discos e ampliar o número de participantes no centro do círculo.

    Nestas atividades os alunos irão aprender os fundamentos básicos da modalidade, tais como o passe e a recepção. Ao final das atividades organize uma roda de conversa com o grupo e procure avaliar como foi a vivência, explicando o porquê daqueles jogos e sua relação com o esporte propriamente dito. Finalizando a primeira semana, o professor deve fazer anotação avaliativa da sua aula, expondo pontos positivos e negativos, erros e acertos, além dos níveis de participação dos alunos.

    Na segunda semana poderão ser inseridos os elementos técnicos do Ultimate Frisbee, uma vez que o professor pode perguntar para o grupo sobre o que temos saber para poder ser um bom jogador a partir do que foi visto nas aulas e nos vídeos?

    Basicamente a resposta será corrida, lançamento e recepção. Estão totalmente com a razão, pois para desenvolver a modalidade o aluno deve conseguir passar e receber o disco com agilidade, precisão e movimentação corporal no espaço de jogo. Para desenvolver tais habilidades sugerimos a “batata quente”, jogo no qual os alunos formam um círculo, com um deles sentado ao centro da roda com os olhos vendados. No círculo, cada jogador deve passar o disco para o que está a sua direita. Enquanto o objeto circula, todos cantam: ‘batata quente, quente, quente, quente...’. A qualquer momento o jogador que está vendado pode gritar: ‘queimou!’. Quem estiver com o disco nas mãos será o próximo a ir para o centro da roda.

    Outra sugestão é o “tênis disco”, que consiste em dividir a turma em grupos de quatro alunos, sendo que o professor deve providenciar duas redes de voleibol e armá-las na quadra. Para que aconteçam os dois jogos simultaneamente com a rede a meia altura é necessário propor aos alunos o jogo de tênis, no qual o seu principal objetivo é tentar marca pontos com a bola caindo no campo adversário. Como estaremos usando o disco os alunos deverão lançá-lo entre eles, sendo permitidos no máximo três lances entre sua equipe. Em seguida será preciso jogar para o time adversário que deverá receber sem que o disco caia no chão e dar continuidade a brincadeira. A equipe marca ponto quando seu lançamento cair na área de jogo do adversário.

    Já o “Jogo dos 10 passes” é uma brincadeira que as equipes deverão tentar realizar 10 passes ininterruptamente com o disco, enquanto a outra equipe deverá tentar interceptá-lo no ar. As equipes marcarão pontos quando conseguirem realizar os 10 passes consecutivamente.

    No processo de ressignicação das brincadeiras, a proposta da “batata quente” poderá ser alterada pelo jogador central, ou seja, se ele gritar ‘Meia-volta!’, o disco deve girar no sentido contrário; ‘Com uma mão!’, os jogadores passam o disco entre si com uma mão só. Já nos 10 passes, podemos ampliar a quantidade de passes ou dividir os alunos em grupos menores.

    Nas três atividades os alunos irão adquiri habilidades de deslocamento, além de agilidade e lançamento, que é fundamental para pratica do esporte. No final da atividade é eficaz conversar com o grupo e explicar o porquê da proposta e relacioná-la com o esporte.

    Na terceira semana devemos inserir as regras básicas, sendo que o professor pode explicitar para o grupo as regras básicas da modalidade, tais como o número de jogadores, o fato de que o jogador não pode correr com o disco na mão, além de não ser permitido o contato físico.

    Propomos, então, o “disco alvo” no qual dividiremos os alunos em duplas, utilizando bambolês e o disco. A dupla utilizará desses dois materiais, haja vista que um aluno ficará com o bambolê enquanto o outro deve fazer lançamentos com o disco para acertá-lo. O aluno de posse do bambolê deverá mudar a altura, alternando também os lados a fim de dificultar a proposta. Em seguida devem-se inverter os papeis, ou seja, o aluno que fez os lançamentos agora segura o bambolê.

    Já o “disco gol” é um jogo mais próximo à pratica esportiva, nela o professor deve dividir a turma em duas equipes, as equipes vão tentar fazer pontos lançando o disco entre seus companheiros até chegar à área do gol, lançando dentro do gol. Marca o ponto quando o disco entrar no gol, enquanto uma equipe está atacando, a outra tenta a interceptação do disco. Criando novas formas de ressignificar o jogo, podemos colocar um goleiro no gol, e só será ponto se ele conseguir segurar o disco. Também podemos diminuir o gol para tornar mais complexa a vivência.

    A “cadeira disco”, outra variação da modalidade que consiste em colocar 3 cadeiras de cada lado da quadra, uma ao lado da outra a uma distância de aproximadamente 3m. Devemos dividir os alunos em equipes. Três alunos de cada equipe ficarão sentados nas cadeiras. O objetivo da equipe é fazer com que o disco, através de passes de lançamentos, chegue até os alunos que estão sentados nas cadeiras. As cadeiras das pontas valem um ponto e a cadeira do meio valem três pontos. Sugerimos que se estipulem algumas regras: - o aluno com o disco não pode ser tocado; - o aluno que estiver com o disco não pode ficar mais de 10 seg. com ele; - o aluno da cadeira não poderá levantar-se para receber o disco.

    Nas três atividades os alunos estarão desenvolvendo habilidades de deslocamento e precisão no lançamento, o que é fundamental para a modalidade. O “disco gol” já coloca os alunos bem próximos à realidade da modalidade esportiva, exigindo toda a movimentação do jogo, tanto no ataque quanto na defesa. Já a “cadeira disco”, além de desenvolver deslocamento e lançamento, trata de uma regra específica dessa manifestação, isto é, a de ficar com a posse do disco até 10 segundos antes de lançá-lo. No término das atividades o professor deverá realizar uma conversa com o grupo, explicando a ligação entre as brincadeiras e o esporte, bem como, identificar as dificuldades encontradas pelo grupo e construir para superá-las. O professor deve reconhecer ao final de cada aula pontos positivo e negativos, erros e acertos na sua didática.

    Na quarta semana já iniciaremos a vivência do esporte, pois a partir de toda essa elaboração e organização os seus alunos já terão um entendimento tático do jogo para desenvolver um mini-Ultimate Frisbee, com algumas de suas técnicas, regras e objetivos. Sugerimos, então, o jogo entre equipes, podendo alterar o numero de jogadores dependendo do tamanho do grupo, além de explorar a constituição de equipes mistas.

    Como as atividades desse processo foram desenvolvidas na quadra, se a escola possuir um campo de areia ou um terreno maior é muito válido propiciar essa experiência de jogar em outros espaços para os alunos. Ao final do jogo reunir-se com o grupo e desenvolver uma auto-avaliação da participação do grupo durante os jogos, mostrando alguns registros por meio de filmagens do processo de ensino. Levante as perguntas: a vivência possibilitou jogar? Quais as dificuldades encontradas? Tivemos um bom tempo de prática? O vídeo e as informações iniciais me ajudaram a jogar? O que é necessário para jogar? Em cada tópico os alunos devem considerar o que aprenderam e o que foi mais ou menos interessante.

    O professor deve buscar sempre junto ao grupo outras possibilidades de utilização de novas ferramentas para o processo metodológico. De forma complementar deve estabelecer compartilhar com os alunos o resultado do trabalho desenvolvido e se os objetivos iniciais foram alcançados.

Flagbol

    O Flagbol ("Flag Football": termo em inglês) é uma variação do futebol americano que nos permite explorar todas as estratégias de conquista territorial, sem que para isso seja necessário o uso da força em forma de abraços, “agarrões” ou trancos, como acontece no futebol americano. Para interromper uma jogada do ataque adversário, basta puxar uma das duas fitas, ou flags, que os jogadores levam presas à cintura. Em seguida uma nova jogada é executada no local onde ocorreu a retirada da flag. Apenas podem ser retiradas as "flags" do jogador que está com o domínio da bola oval. O objetivo principal é a marcação do touchdown, que ocorre quando um jogador consegue invadir com posse de bola ou recebê-la através de passe dentro da zona de pontuação da equipe adversária. As equipes podem ser formadas de quatro a nove pessoas, de ambos os sexos.

 

Metodologia

 

 

1ª Semana

 

 

2ª Semana

 

 

3ª Semana

 

 

4ª Semana

 

Conhecer/

Contextualizar

Historia do esporte.

Elementos técnicos básicos.

Regras.

Vivencia.

Explorar

-Contato e exploração da bola oval.

-Jogo dos 10 passes.

-Bola salvadora

 

-Rouba bandeira

-Queimada

-Bobinho

-Pique pega fita

-A bola do guarda.

-Bola por cima, bola por baixo.

Flagbol

Ressignificar

-Aumentar o grau de dificuldade, com mais materiais, e equipes.

-Basquete com a bola oval

-Mudar o ambiente e matérias e numero de participantes nas equipes.

-Rede flagbol

-Alterar o número de pegadores, intercalar bola por cima bola por baixo.

-Jogar na quadra

-Jogar no campo

Socializar

Trocar informações o grupo, a fim de criar novas atividades

Desenvolver com o grupo novas estratégias para serem aplicadas ao jogo.

Discutir o porquê das atividades, e buscar novas formas para desenvolvê-las.

Discutir  toda didática utilizada. E propor ao grupo modificação para a modalidade

Avaliação

Observação e escrita.

Filmagem

Fotografias

Filmagem

    De acordo com a proposta elaborada, na primeira semana os professores devem fazer um diagnóstico do que os alunos sabem sobre o esporte: Eles conhecem esse esporte? Têm alguma ideia sobre como é jogado? Se alguém souber algo, peça que explique aos colegas. Para tanto, uma dinâmica interessante para o professor é levar imagens do esporte e instigar a participação para tentar descrever como que se dá o seu desenvolvimento.

    Ao partimos do conhecimento que os alunos apresentaram, é possível agora desenvolver o jogo cujo objetivo principal, que se dá por meio da invasão do campo do adversário para alcançar o conhecido touchdown, que é o equivalente ao gol no futebol. Para marcar o touchdown um dos jogadores do time deve cruzar a linha de fundo do campo adversário em posse da bola, haja vista que nesse momento é interessante usar o recurso de vídeos para melhor visualização e entendimento dos alunos. Sugerimos os tais materiais:

 

    Como visualizado nos vídeos, os equipamentos necessários são: bola oval e fitas, mas nada impede o professor de adaptar os materiais se a escola não os dispõe. Assim, cabe ao professor criar caminhos para desenvolver suas estratégias metodológicas, tendo ou não os materiais industrializados.

    Sugerimos o jogo de 10 passes, sendo que nesta brincadeira as equipes deverão tentar realizar 10 passes ininterruptamente com a bola (seja ela a oval ou não), enquanto a outra equipe deverá tentar interceptar a bola no ar. As equipes marcarão pontos quando conseguirem realizar os 10 passes consecutivamente e a equipe que fizer os 10 passes marca o ponto.

    Outra sugestão é Bola Salvadora, jogo esse em que uma pessoa do grupo deverá ser eleita “pegador” e a outra “salvadora”. O salvador terá o objeto de poder, a bola, e o pegador sai correndo atrás das outras pessoas. O pega-pega transcorre normalmente, mas quem estiver com a posse da bola, não poderá ser pego. Ou seja, o grupo tem que entender que quando o pegador estiver se aproximando de alguém, a pessoa que estiver com a bola na mão, deverá jogá-la rapidamente a quem corre o risco de ser pego. Quando alguém for pego, vira pegador.

    Para tornar a atividade mais dinâmica é essencial ressignificá-la modificando o espaço, reduzindo ou aumentando a área de jogo, introduzindo mais bolas de diversos tamanhos, ampliando o número de equipes, assim como o numero de passes. Já no jogo “bola salvadora”, podemos inserir mais bolas e aumentar o numero de pegadores, tornando a brincadeira mais interessante. Cabe ao professor propiciar novas experiências para seus alunos, introduzindo o uso da bola oval do flagbol em outras modalidades, como exemplo, no basquete, com a mesma finalidade de acertar a cesta, mas como a bola oval não quica seria necessário a troca de passes sem deixar a bola cair no chão.

    Nestas atividades os alunos estarão desenvolvendo os fundamentos básicos do flagbol, ou seja, o passe, a recepção e o deslocamento. Ao final da atividade deve-se organizar uma roda de conversa com o grupo e procurar avaliar como foi a vivência, conversando com os alunos e explicando o porquê das brincadeiras. Quais as relações com os esportes, identificando as dificuldades encontradas e juntamente com o grupo encontrando caminhos para facilitá-la. Finalizando a primeira semana, o professor deve fazer anotação avaliativa da sua aula, expondo pontos positivos e negativos, erros e acertos nos processos desenvolvidos.

    Na segunda semana devem ser inseridos os elementos técnicos básicos do flagbol O professor em uma conversa anterior de qualquer prática, expõe esses elementos, questionando o grupo sobre o que temos que saber para podermos ser um bom jogador de flagbol? Basicamente a resposta será corrida, passe e recepção. Estão totalmente com a razão, para desenvolver a modalidade o aluno deve conseguir passar e receber a bola com agilidade, precisão e deslocamento.

    Para o desenvolvimento de tais habilidades sugerimos o tradicional “rouba bandeira” que consiste em dividir os alunos em duas equipes, sendo que cada time fica em um lado do campo, dividido ao meio por uma linha. No fundo de cada campo é colocado uma bandeira, representando o time. Uma equipe tem que tentar pegar a bandeira do outro e trazer para o seu campo. Quem conseguir fazer isso primeiro sem ser pego vence. Ninguém pode sair das linhas que delimitam os campos. Quando entra no território dos adversários, o jogador fica “congelado” se for tocado por um deles, só pode voltar a se mexer se for tocado por uma pessoa do seu time.

    Outra sugestão é a queimada, que se dá com a divisão em dois times, cada equipe fica em meia quadra com o objetivo de eliminar os adversários com boladas e fugir das tentativas deles de eliminá-lo. E, por fim, sugerimos o tradicional “bobinho” no qual os jogadores fazem uma roda em pé e jogam a bola uns para os outros enquanto um participante fica no meio tentando agarrá-la. Se ele pegá-la, aquele que tinha jogado a bola é que vai para o meio da roda para ser o novo bobinho. Mas atenção: só vale agarrar a bola no ar, nada de pegá-la no chão.

    Essas três atividades são de fácil alteração, uma vez que podemos ampliar número de bandeiras pelas laterais das quadras e variar a quantidade de participantes nas equipes. Na queimada, podemos modificar os tamanhos e a quantidade de bolas, assim como oferecer a “queimada quatro cantos”, que os alunos têm uma maior movimentação.

    Na queimada e no bobinho os alunos trabalham lançamento e recepção, tanto de curta quanto de longa distância. No final das atividades é necessário discutir com o grupo qual os significados das brincadeiras e a relação entre elas e o esporte. Além disso, identifique os momentos de mais dificuldades dos alunos e encontre caminhos para superá-las. Realizar filmagens durante as brincadeiras é muito válido para reflexão coletiva posterior.

    Na terceira semana, começamos com as regras básicas do Flagbol, de modo que o professor pontue as regras básicas da modalidade, tais como: o número de jogadores que compõem cada equipe; quando for retirada a fita do adversário a jogada é parada e a bola vai para equipe que puxou a fita, entre outros.

    Sugerimos, então, “o pique-pega fita” que consiste colocar fitas nas laterais do cós das vestes e o pegador deve tentar tirá-las. Outra atividade é o “bola por cima bola por baixo” que consiste em organizar duas colunas, sendo o primeiro aluno de cada equipe com uma bola nas mãos, ao sinal do professor o primeiro aluno da fileira deve passar a bola por cima da cabeça com as duas mãos até chegar ao ultimo, que deverá pegar a bola e correr até a frente. Assim que todos os alunos completarem a tarefa, o professor deve pedir para que fiquem de pernas afastadas, devendo passar a bola por baixo de mão em mão, até que todos completem a tarefa.

    Por fim, sugerimos o jogo “bola do guarda” no qual os alunos ficam em círculo e apenas um ao centro com a bola. Ao sinal, o que está no centro, atira a bola para um do círculo que rapidamente deve colocar a bola no centro e sair ao seu encalço. Se conseguir pegá-lo, passará ao centro e reiniciará o jogo, correndo apenas dentro do círculo.

    Ao criarmos novas formas de ressignificar as brincadeiras, podemos colocar mais de um pegador, criando também o “pique cooperação” no qual a criança que foi pega vira mais um pegador e, assim, toda turma tenta tirar as fitas dos participantes até que não reste mais nenhuma. Já na “bola por cima” podemos alterar a forma de passar a bola, sendo que o primeiro aluno da fileira deve passá-la por cima da cabeça e o segundo aluno deve pegá-la em cima e passá-la por baixo. O terceiro deve pegá-la embaixo e passá-la por cima e assim sucessivamente até que todos completem a prova.

    Nas três atividades os alunos estarão desenvolvendo habilidades de deslocamento, que é fundamental para o flagbol, no qual os alunos buscam escapar dos pegadores que tentam tirar suas fitas. A “bola por cima” e “bola por baixo” vem com intuito de ensinar o snap, como já foi citado acima, criar movimentos que familiarize a ação do fundamento.

    No término das atividades o professor deve realizar uma conversa com o grupo, explicando a ligação entre as brincadeiras e o esporte, identificando as dificuldades encontradas pelo grupo, e encontrando caminhos para facilitá-las. O professor deve reconhecer ao final de cada aula os pontos positivo e negativos, além dos erros e acertos na didática.

    Na quarta semana de vivência do esporte os alunos já estarão aptos a desenvolver um pequeno jogo de flagbol, com as principais técnicas básicas e regras específicas. Sugerimos, então, o jogo entre equipes, alterando-se o número de jogadores dependendo do tamanho do grupo, além da utilização das equipes mistas.

    Como as atividades desse processo foram desenvolvidas na quadra, se a escola possuir um campo ou um terreno maior é muito válido propiciar essa experiência para os alunos. Ao final do jogo deve-se reunir com o grupo e desenvolver uma autoavaliação da modalidade, mostrando algumas filmagens do processo de ensino. Levante perguntas como: a vivência possibilitou jogar/aprender o flagbol? Quais as dificuldades encontradas? Tivemos um bom tempo de prática? O vídeo e as informações iniciais ajudaram a jogar? O que é necessário para jogar? Em cada tópico os alunos devem considerar o que aprenderam, o que foi mais ou menos interessante, quais momentos mais gostou, como foi participar deste processo e o que ele mudaria para melhorar esta forma de trabalhar com o flagbol. Isso demonstra que o grupo pode oferecer ao educador novas ferramentas para o processo metodológico.

Considerações finais

    Com estas características expostas acima associadas ao fato de um jogador sozinho não conseguir monopolizar as ações do jogo, atribui-se a estas modalidades uma característica extremamente participativa e inclusiva, fazendo com que ela possa ser usada como importante ferramenta pedagógica e educativa, podendo ser praticada além do campo, em quadra ou em um salão com espaço adequado, utilizando-se de materiais facilmente adquiridos de forma adaptada, ou de baixo custo e de fácil aquisição se for optada a forma oficial. Caberá ao professor estudar e se apropriar dessas modalidades, para que passe a fazer parte dos conteúdos desenvolvidos em sala de aula.

Nota

  1. O termo comum “frisbee” é nome de um produto produzido pela empresa Wham-O, e protegido pelas leis em vigor. Usaremos aqui o termo “Disco” em sua substituição.

Referências

  • BRACHT, V. Educação física no 1º grau: conhecimento e especificidade. In: Revista Paulista de Educação Física. São Paulo, n. 2, p. 23-28, 1996. 

  • BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física, 1º e 2º ciclos, v. 07. Brasília: MEC, 1997.

  • BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física, 3º e 4º ciclos, v. 07. Brasília: MEC, 1998.

  • DARIDO, S. C. Temas transversais e a Educação Física Escolar. In: Universidade Estadual Paulista. Prograd. Caderno de formação: formação de professores didática geral: São Paulo, Cultura Acadêmica, p. 76-89, v. 16, 2012.

  • FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio Século XXI: O minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000, p.640.

  • FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física. São Paulo, Ed Scipione, 1989.

  • FREIRE, J. B; SCAGLIA, A. J. Educação como pratica corporal. São Paulo: Ed Scipione, 2003.

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