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Sobrepeso e obesidade em estudantes do ensino fundamental

Sobrepeso y obesidad en estudiantes de escuela primaria

Overweight and obesity in elementary school students

 

*Docente do Colégio Militar de Santa Maria

**Doutoranda do PPG Educação em Ciências, UFRGS

***Mestranda do PPG Educação Física, UFSM

****Docente Associada, Dep. Métodos e Técnicas Desportivas, UFSM

(Brasil)

Kelly Christine Maccarini Pandolfo*

Cati Reckelberg Azambuja**

Rafaella Righes Machado***

Daniela Lopes dos Santos****

kellypandolfo@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste trabalho foi verificar o Índice de Massa Corpórea (IMC), e a prevalência de sobrepeso e obesidade dos alunos do 8º ano do Colégio Militar de Santa Maria, RS. Participaram do estudo 117 estudantes, com idades entre 12 e 15 anos. Destes, 53 eram do sexo masculino e 64 do sexo feminino. Foram avaliadas a massa corporal e a estatura calculando-se o IMC. As coletas foram realizadas no início do ano letivo de 2012. Para análise dos resultados utilizou-se de estatística descritiva, por meio de média e desvio padrão. Conclui-se que os alunos do 8º ano do Colégio Militar de Santa Maria apresentam uma elevada prevalência de sobrepeso e obesidade.

          Unitermos: Sobrepeso. Obesidade. Escolares.

 

Abstract

          The purpose of this study was to verify Body Mass Index (BMI) and the prevalence of overweight and obesity among the 8th grade students from Military School of Santa Maria. 117 students, aged between 12 and 15 years old, participated in this study. Among these, 53 were male and 64 were female. Body mass and height were evaluated, and BMI was calculated. The data collection occurred at the beginning of the school year of 2012. For the data analysis, descriptive statistics was used, by means and standard deviation. It was concluded that the 8th grade students from the Military School of Santa Maria present high prevalence of overweigh and obesity.

          Keywords: Overweight. Obesity. Students.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O excesso de gordura corporal em crianças e adolescentes representa um perigoso fator de risco que contribui para a expansão de diversas alterações metabólicas, ocasionando uma preocupação em se perceber quando as alterações de peso corporal ultrapassam os níveis considerados normais pela Organização Mundial da Saúde (BARLOW et al., 1998; Januário et al., 2008).

    Estudos longitudinais tem evidenciado um aumento significativo da prevalência de obesidade e sobrepeso entre a população jovem (FERNANDES et al., 2009). Essa prevalência tem sido constatada cada vez mais cedo, preocupando especialistas e tornando-se objeto de discussões relacionadas à saúde dos adolescentes (ABRANTES et al., 2002). O aumento dos níveis de sobrepeso e obesidade é influenciado por fatores genéticos e ambientais. Entre as principais causas para o aumento dos níveis de sobrepeso e obesidade nos adolescentes estão a má alimentação e os baixos índices de aptidão física (LEÃO et al., 2010).

    A adolescência é um período perigoso para o desenvolvimento do excesso de peso, pois é nessa fase que o ser humano adquire aproximadamente 25% da sua estatura final e 50% da sua massa corporal (HEALD, 1975). Guo et al. (1999) destacam que o risco de um adolescente obeso manter-se assim até a idade adulta chega a aproximadamente 80%. Segundo Ginzberg (1991), a adolescência é uma etapa da vida de alto risco para a saúde, mas também é um período crítico para intervenções de promoção da saúde e de estilos de vida saudáveis. Na fase da adolescência, hábitos e atitudes estão sendo adquiridos, além do que, nesta época, os adolescentes passam parte do dia no ambiente escolar, tornando a escola um importante aliado na tarefa da detecção de elevados níveis de obesidade (BRASIL, 2002).

    Sendo assim, as escolas podem ser consideradas espaços privilegiados, pois unem professores e alunos num mesmo ambiente onde se pode destacar a influência exercida pelos professores sobre os alunos, através de exemplos de conduta, assim como, tornar possível que os adolescentes reconheçam o valor da saúde.

    O Índice de Massa Corporal (IMC), segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 1995) é um dos principais indicadores antropométricos para a desnutrição e o sobrepeso durante a adolescência, podendo variar de população para população, além de ser mais aconselhável o seu uso em não atletas. Apesar de não reconhecer os diferentes componentes da composição corporal, o IMC é utilizado por ser de fácil aplicação e baixo custo operacional (Matsudo et al., 2002).

    Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi verificar o Índice de Massa Corpórea e a prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos do 8º ano do Colégio Militar de Santa Maria (CMSM), RS.

Métodos

    Participaram do estudo 117 estudantes do 8º ano do CMSM, com idades entre 12 e 15 anos. Destes, 53 eram do sexo masculino e 64 do sexo feminino.

    O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Maria, reconhecida pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP/MS), sob o protocolo nº 0094.0.243.000-11, CAAE (Certificado de Apresentação para Apreciação Ética). Aos estudantes que espontaneamente demonstraram interesse em participar do estudo, foram entregues Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que seus pais autorizassem a sua participação.

    Os dados antropométricos usados para o cálculo do IMC, expressão que divide a massa corporal pela estatura elevada ao quadrado, foram coletados segundo metodologia proposta por Gordon et al. (1998). Para a medida do peso corporal foi utilizada uma balança digital, de cristal líquido, plataforma 40 x 40cm, capacidade para 150kg e fração de 100gr. Para a estatura utilizou-se estadiômetro, com trena na parede e escala em milímetros.

    Segundo a WHO (1997), indivíduos com IMC (kg/m²) menor do que 18,5 são classificados como baixo peso; entre 18,5 e 24,9 como peso adequado; entre 25 e 29,9 como sobrepeso; entre 30 e 34,9 como obesidade classe I; entre 35 e 39,9 como obesidade classe e igual ou maior que 40 como obesidade classe III.

    Em um segundo momento, para fins de análise, os indivíduos classificados com obesidade classes I, II e III foram agrupados em uma mesma categoria denominada obesidade. As coletas foram realizadas no início do ano letivo de 2012. Para análise dos resultados utilizou-se de estatística descritiva, por meio de médias e desvios padrão.

Resultados

    A Tabela 1 apresenta a média de massa corporal, estatura e IMC divididos por segmento masculino e feminino, bem como os valores mínimo e máximo encontrados nas variáveis massa corporal e estatura, dos 117 alunos do 8º ano do Ensino Fundamental do CMSM.

Tabela 1. Massa corporal, estatura e Índice de Massa Corpórea dos alunos do 8º Ano do Ensino Fundamental do Colégio Militar de Santa Maria

    A média de idade verificada foi similar em ambos os sexos (13 anos). Ao analisarmos as médias da idade, massa corporal, estatura e IMC dos sujeitos do estudo não foram verificadas diferenças significativas entre os sexos. Contudo, é importante ressaltar as grandes diferenças encontradas entre os valores mínimos e máximos, tanto para massa corporal, como para a estatura em ambos os sexos.

    Pode-se perceber que na amostra estudada existe uma tendência de maior estatura nos meninos, enquanto que nas meninas, um maior peso corporal. Desta forma, a quantidade de ocorrências com o IMC considerado abaixo do peso foi maior entre os meninos (Md = 18,24 kg/m2) em relação às meninas (Md = 20,32 kg/m2).

    A Tabela 2 demonstra a frequência e o percentual da classificação do estado nutricional pelo IMC do grupo estudado, estratificados por idade, conforme o critério proposto pela WHO (1997).

Tabela 2. Classificação do estado nutricional dos alunos do 8º Ano do Ensino Fundamental do Colégio Militar de Santa Maria

    Não foram encontrados alunos classificados com baixo peso. Independente do sexo pode-se observar neste estudo, um elevado percentual de sobrepeso e obesidade em ambos os sexos, principalmente entre os 13 e os 14 anos de idade.

Discussão

    O crescente aumento dos níveis de obesidade em crianças e adolescentes vem se configurando um problema de saúde pública, tendo em vista que o excesso de gordura é um indicador para o desenvolvimento e agravamento de alterações metabólicas (CAMPOS et al., 2007; JANUÁRIO et al., 2008). A obesidade está associada a diversos fatores de caráter genético ou ambiental, sendo o estilo de vida um forte preditor do aumento destes níveis (RECH et al., 2007).

    Segundo os dados encontrados verificou-se que a maioria dos escolares encontra-se com peso adequado (masc. 68,5% e fem. 71,4%) segundo classificação da WHO (1997). Isso pode ser justificado pelo fato de que, segundo o Regulamento dos Colégios Militares, uma das metas da instituição é estimular o aluno para a saudável prática da atividade física, valorizando e adotando aspectos básicos da qualidade de vida (BRASIL, 2008).

    Pode-se verificar uma maior prevalência de sobrepeso e obesidade entre os meninos. No estudo de Abrantes et al. (2002), em crianças domiciliadas as regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, os maiores percentuais de sobrepeso e obesidade eram entre as meninas. Nobre et al. (2006), ao avaliarem a prevalência do risco cardiovascular associado ao estilo de vida de escolares da 5ª à 8ª série do ensino fundamental público e privado, também evidenciaram maiores percentuais de sobrepeso e obesidade entre as meninas.

    No estudo realizado por Filgueiras et al. (2012) a respeito da prevalência de sobrepeso e obesidade nas escolas públicas de Parnaíba, PI, os autores encontraram percentuais mais elevados entre as meninas (43,14%) do que entre os meninos (31,79%). Contudo, estes resultados podem ser contrastantes dependendo da região e de outras características relacionadas ao estilo de vida do grupo estudado. Fernandes et al. (2007), verificaram que os maiores índices de sobrepeso e obesidade estavam entre os meninos (24,2%; 11,4%) quando comparados com as meninas (16,1; 3,8%).

    Somando-se os percentuais de sobrepeso e obesidade dos meninos e das meninas do CMSM, tem-se 31,6 % e 28,6%, respectivamente. Esses índices são maiores que os encontrados por Suñe et al. (2007) que, em escolares de 11 a 13 anos de idade, em Capão da Canoa, RS, verificaram prevalência de 21,3% para sobrepeso e 3,5% para obesidade. Outros estudos tem encontrado índices com valores entre 16,8% e 25,9% (TERRES et al., 2006; CASTRO et al., 2000; SALLES et al., 2000), igualmente inferiores se comparados aos do CMSM.

    Estes dados apontam para uma preocupante realidade entre estes adolescentes do RS. Uma possível justificativa para os resultados encontrados no CMSM pode ser a pressão para o rendimento intelectual sobre os alunos, sendo que a grande maioria possui uma carga de estudo muito elevada com aulas em turnos inversos, destinando pouco tempo às práticas de atividades físicas.

    Segundo Campos et al. (2007), as investigações realizadas em escolas possuem alta representatividade frente à população de adolescentes, visto que a taxa de alunos matriculados é elevada, proporcionando desta forma, que a escola seja o local adequado para avaliações de cunho epidemiológico. O mesmo autor alerta, ainda, que a prevalência de sobrepeso e obesidade, na faixa etária de 15 a 19 anos, da região Nordeste passou de 8,45% para 19,5% entre os anos de 1997 e 2007.

Conclusões

    Conclui-se que, de acordo com a classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde, ao iniciarem o ano letivo, os alunos do 8º ano do CMSM apresentaram elevada prevalência de sobrepeso e obesidade.

    Justifica-se assim a necessidade de que iniciativas sejam adotadas para que sejam identificados alterações nesses níveis, e estando os adolescentes em boa parte do dia na escola, este espaço torna-se um importante aliado para o controle dos níveis de sobrepeso e obesidade

    Sugere-se que novas mensurações sejam realizadas ao longo do ano para que se possa acompanhar a evolução desses níveis e, se necessário, sejam feitas intervenções na prevenção do aumento dos mesmos.

Referências bibliográficas

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