Qualidade de vida em pacientes com vestibulopatia Calidad de vida en pacientes con vestibulopatía Quality of life in patients with vestibular diseases |
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*Fisioterapeuta – Graduada na Universidade de Passo Fundo-RS **Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo-RS ***Docentes do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo-RS (Brasil) |
Rosélia Borghelot* Bárbara Kayser** Sheila Gemelli de Oliveira*** Janaína Cardoso Costa*** |
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Resumo Introdução: As vestibulopatias podem manifestar-se de várias maneiras, independente de faixa etária e gênero, podendo comprometer a qualidade de vida dos pacientes vertiginosos. Objetivo: Avaliar a qualidade de vida em pacientes vestibulopatas através do questionário DHI (Dizziness Handicap Inventory). Materiais e métodos: Avaliaram-se 35 pacientes (14 homens e 21 mulheres) com faixa etária de 15 a 80 anos, com diagnóstico clinico de vestibulopatias de uma clinica de Neurologia e Neurocirurgia no município de Passo Fundo - RS. Foi avaliada a QV desses pacientes através do questionário DHI e uma ficha de avaliação. Resultados: Os indivíduos avaliados apresentaram prejuízo na qualidade de vida devido à vestibulopatia, de grau leve (8,6%), moderado (34,3%) e severo (57,1%),quando pesquisado os aspectos funcional,físico e emocional tivemos os seguintes resultados: funcional (27,26%), físico (20,66%), emocional (15,97). Quanto às patologias, as mais comum em ambos os gêneros foram VPPB (Vertigem Posicional Paroxística Benigna), com 12 casos (34,3%), e a SVP-D (Síndrome Vestibular Periférica Direita) com 4 casos (11,4%). As patologias associadas mais comuns foram HAS com 8 (22,9%) pacientes e 2(5,7%) apresentaram HAS e DIABETES. Os medicamentos mais utilizados forram os 32,20% vasodilatadores e 13,56% analgésicos. Conclusão: Através deste estudo podemos verificar que a VPPB é a vestibulopatia que mais acometeu os pacientes, principalmente as mulheres, causando déficits funcionais, emocionais, sociais e físicas interferindo na qualidade de vida. Unitermos: qualidade de vida, vertigem, fisioterapia.
Abstract Introdução: Vestibular diseases can manifest themselves in various ways, regardless of age and gender, and compromise quality of life of patients with vertigo. Objective: To evaluate the quality of life in patients with vestibular diseases through the DHI (Dizziness Handicap Inventory) questionnaire. Materials and methods: 35 patients (14 men and 21 women) aged 15-80 years with clinical diagnosis of vestibular diseases of a clinic of Neurology and Neurosurgery in Passo Fundo - RS. The QoL of these patients was evaluated through the DHI questionnaire and an evaluation form. Results: The subjects had impaired quality of life due to vestibular disorders, mild (8.6%), moderate (34.3%) and severe (57.1%), when researching the functional aspects, physical and emotional had the following results: functional (27.26%), physical (20.66%), emotional (15.97). As to the diseases, the most common in both genders were BPPV, with 12 cases (34.3%), and SVP-D with 4 cases (11.4%). The most common diseases associated were hypertension with eight (22.9%) patients and two (5.7%) had hypertension and diabetes. The drugs most commonly used were the vasodilators 32.20% and 13.56% analgesics. Conclusion: Through this study we found that BPPV is the vestibular pathology that most affected the patients, causing functional deficits, emotional, social and physical interferes in the quality of life. Keywords: Quality of life. Vertigo. Physical therapy.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O equilíbrio corporal é considerado um complexo fenômeno sensório-motor fundamental para manutenção da postura e realização de movimentos com harmonia, controlado pelo sistema proprioceptivo-vestibular, o qual constitui o ponto inicial de contato do ser humano com o ambiente. 23
Podendo ser definido como a capacidade do ser humano em manter-se ereto e executar movimentos do corpo sem oscilações ou quedas. Esse complexo fenômeno sensório-motor é gerado pela integração de informações de três sistemas sensoriais no sistema nervoso central. Alterações na manutenção do equilíbrio corporal podem ocasionar em sintomas como vertigem, tontura e desequilíbrio, freqüentemente acompanhadas de náusea e vômito. Estes sintomas podem estar envolvidos no comprometimento de múltiplos sistemas e em diferentes síndromes, de acordo com a etiologia e tendem a se resolver espontaneamente depois de algumas semanas ou meses. Alguns pacientes, no entanto, experimentam recorrência meses ou anos mais tarde, podendo variar desde episódios curtos até décadas de sofrimento com intervalos curtos de remissão. Todas as manifestações de perturbação do equilíbrio corporal devem ser investigada quanto à sua possível origem vestibular, já que em aproximadamente 85% dos pacientes com tonturas, o sistema vestibular é o único responsável por este sintoma.15,18,23, 24
A vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) é uma enfermidade crônica de curso clínico recorrente. Caracteriza-se por episódios paroxísticos de vertigens súbitas e fugazes é uma condição que pode aparecer isoladamente ou associar-se a outras doenças labirínticas, normalmente desencadeando e/ou exacerbando uma crise vertiginosa. O diagnóstico da VPPB baseia-se na história clínica e no exame físico, uma vez que a vertigem e o nistagmo podem ser reproduzidos no consultório ao movimentar-se a cabeça do paciente para a posição de Hallpike. O nistagmo aparece sempre após um período de latência de aproximadamente 5 segundos, sendo normalmente rotatório ou horizonto-rotatório, fatigável e revertendo de direção quando o paciente reassume a posição ortostática, quando do acometimento dos canais semicirculares posteriores; sendo horizontal quando do acometimento dos canais semicirculares laterais; e sendo vertical e inferior quando do acometimento dos canais semicirculares superiores. 14, 13, 3
Pelas características clínicas, os pacientes freqüentemente tornam-se apreensivos, e tanto a vertigem como as posturas que as desencadeiam podem limitar suas atividades consideravelmente. 24
As desordens do sistema vestibular podem gerar problemas emocionais, físicos e incapacidade para desempenho das atividades da vida diária do paciente.1
A perturbação do equilíbrio corporal aliada a esta atitude de limitação dos movimentos pode comprometer o desempenho de atividades diárias, escolares, profissionais e sociais. Além disso, alterações emocionais decorrentes da tontura podem contribuir para a deterioração da qualidade de vida (QV) destes pacientes.11
Uma vez que a alteração vestibular pode interferir negativamente nas atividades diárias, são necessárias avaliações que investiguem os principais impactos na qualidade de vida, quanto aos aspectos emocionais e/ou sociais para que seja realizado o tratamento mais adequado, de acordo com as necessidades destes pacientes.11, 14,23, 20
Existem três formas de tratamento para as disfunções labirínticas: a medicamentosa, a cirúrgica e a reabilitação vestibular.19
A reabilitação vestibular (RV) é um recurso terapêutico aplicado como tratamento em pacientes com distúrbios do equilíbrio corporal, sendo a proposta de atuação baseada nos mecanismos relacionados à plasticidade neuronal do SNC para: promover a estabilização visual e melhorar a interação vestíbulo-visual durante os movimentos da cabeça, ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições que produzem informações sensoriais conflitantes e diminuir a sensibilidade individual à movimentação cefálica. 20,23
A RV deve atender as necessidades individuais do paciente e deve ser dirigida especificamente para as deficiências funcionais, identificadas na avaliação otoneurológica minuciosa, incluindo avaliação da integridade do sistema musculoesquelético, avaliação dos reflexos vestibulovisual e vestibuloespinhal e sensações somatossensoriais, identificação do acometimento unilateral ou bilateral, periférico ou central. A RV tem sido evidenciada por agir fisiologicamente sobre o sistema vestibular, sendo um recurso terapêutico que envolve estimulações visuais proprioceptivas e vestibulares, com o intuito de manter o equilíbrio corporal dos pacientes com sintomas vertiginosos. A RV tem uma proposta de atuação baseada em mecanismos centrais de neuroplasticidade conhecidos como adaptação, habituação e substituição para obtenção da compensação vestibular. Os exercícios de Reabilitação Vestibular, além de fisiológico são altamente eficazes inócuos e sem efeitos colaterais.1,21
Os exercícios de RV visam melhorar a interação vestibulovisual durante a movimentação cefálica, ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica nas condições que geram informações sensoriais conflitantes e diminuir a sensibilidade individual à movimentação cefálica. A RV pode promover a cura completa em 30% dos casos e diferentes graus de melhora em 85% dos indivíduos. 1, 26
Os exercícios de reabilitação vestibular (RV), são utilizados desde 1940 por Cawthorne e Cooksey com bons resultados. A melhora do quadro clínico pela RV é determinada por adaptações e compensações neurais, substituições sensoriais, recuperação funcional dos reflexos vestíbulo-ocular e vestíbulo espinhal, condicionamento global, alteração do estilo de vida e pelo efeito psicológico positivo que o fisioterapeuta exerce no paciente, melhorando a qualidade de vida. 18
A melhora do paciente é obtida em função das adaptações neurais multifatoriais, substituições sensoriais, recuperação funcional dos reflexos vestíbulo-ocular e vestíbulo-espinal, pelo condicionamento global, pela alteração do estilo de vida e pelo efeito psicológico positivo com a recuperação da segurança física e psíquica. O sucesso do tratamento necessita da cooperação do paciente e de sua participação de forma ativa, o que leva a resultados mais satisfatórios e melhora na qualidade de vida.10 Se os pacientes portadores de VPPB realizarem a reabilitação vestibular de forma supervisionada e forem medicados com drogas antivertiginosas como complemento terapêutico, a erradicação das tonturas ocorrerá de forma rápida e completa.19
Um dos aspectos interessantes da QV é que ela traz um componente subjetivo que abrange as percepções do indivíduo sobre si e sobre os prejuízos que a doença lhe causa. Essa característica favorece intervenções mais efetivas sob uma perspectiva biopsicossocial, além da simples redução de sintomas. Assim, medidas de QV estão sendo cada vez mais usadas na avaliação de desempenho funcional, ensaios com drogas, aprovação de novos medicamentos, avaliação de programas de reabilitação e alocação de recursos. 7
Avaliar a QV do paciente com a sua rotina alterada, devido à presença de sintomas vestibulares pode contribuir para estabelecer o tratamento mais adequado. Atualmente, a preocupação com o impacto que a doença ou a intervenção do profissional da saúde causa na QV do indivíduo é muito grande. 9
Sendo assim o objetivo desta pesquisa foi de avaliar a qualidade de vida em pacientes vestibulopatas.
Materiais e métodos
O presente estudo caracteriza-se por ser exploratório e descritivo. O local de realização deste estudo foi em uma clínica de Neurologia e Neurocirurgia no município de Passo Fundo - RS.
A população em estudo foi composta por pacientes com diagnóstico de vestibulopatias, pertencentes a clínica de Neurologia e Neurocirurgia,do município de Passo Fundo - RS.
A amostra foi constituída por pacientes de ambos os gêneros, com idades entre quinze e oitenta anos, com diagnóstico clínico de vestibulopatias.,entre elas vertigem posicional paroxística benigna (VPPB),vertigem posicional pós traumática (VPPT), síndrome vestibular periférica deficitária direita e esquerda (SVPD-E/D), síndrome vestibular periférica irritativa direita e esquerda (SVPI-D/E).
Após a submissão do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo e sua aprovação foi dado início a realização da pesquisa.
O projeto de pesquisa foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Passo Fundo pelo protocolo Nº 024803980010.
Os critérios para inclusão do paciente no estudo foram: aceitar participar da pesquisa através da assinatura do TCLE, apresentar diagnostico clinico de vestibulopatia ,não estar realizando tratamento fisioterapêutico. Os critérios para exclusão foram apresentar déficit de cognição que impeça de responder a avaliação.
A primeira sessão constituiu-se da avaliação inicial, sendo realizada na clinica ,com esclarecimento sobre o presente trabalho com assinatura do termo livre esclarecido,preenchimento da ficha de avaliação onde consta dados como nome,idade,gênero,patologias associadas, diagnóstico médico,medicação e aplicação do questionário DHI (Dizziness Handicap Inventory) que avalia o aspecto físico, o aspecto emocional e aspecto funcional.
A coleta de dados foi realizada durante os meses de dezembro de 2010 e janeiro, fevereiro, março de 2011.
O questionário qualidade de vida específico para tontura, o “Dizziness Handicap Inventory” foi traduzido e validado para o português com a intenção de suprir essa dificuldade em quantificar os sintomas do paciente vertiginoso. 14
Um dos métodos de investigação do impacto da tontura na qualidade de vida de seus portadores é o Dizzines Handicap Inventory (DHI), um questionário que avalia os aspectos: físico, emocional e funcional, constitui um instrumento bastante utilizado. Houve a adaptação cultural do questionário denominado DHI brasileiro. 11,20,23,14
O DHI é um questionário confiável, de fácil interpretação, com tempo reduzido de aplicação e útil para o planejamento quanto à necessidade e duração da reabilitação vestibular. Vários estudos mostraram a importância de se avaliar o handicap em pacientes com tontura com o objetivo de quantificar os efeitos causados na qualidade de vida, evidenciando que muitas habilidades e atividades de vida diária são comprometidas no paciente vertiginoso, o que altera seu estado emocional e social. 8
Os pacientes responderam ao questionário de vida diária, o DHI (Dizziness Handicap Inventory) brasileiro, que é composto por vinte e cinco questões, sendo sete que avaliam o aspecto físico, nove o aspecto emocional e sete o funcional.
Os pacientes foram instruídos a responder a cada pergunta somente com as seguintes respostas: “sim”, “não” ou “às vezes”. Para cada resposta “sim” serão somados 4 pontos, para cada “não” 0 pontos e para cada resposta “às vezes”, 2 pontos. Desta forma, quanto maiores os valores do escore maiores os “prejuízos” na qualidade de vida.
Para a classificação do escore total do DHI, quando o paciente apresentou a pontuação no intervalo de 0 a 30 classificou-se como de grau leve; quando o paciente somava um escore total no intervalo de 31 a 60 era classificado como de grau moderado e, finalmente, quando o paciente apresentou a pontuação no intervalo de 61 a 100 era considerado de grau severo. 20
Análise de dados
Para esta pesquisa foi utilizado o pacote estatístico SPSS 10.0 e Windows Microsoft Excel, foram analisadas a estatísticas descritivas como: média e desvio-padrão, também as análises exploratórias como Tabelas e Tabelas cruzadas entre as variáveis, para um melhor aproveitamento dos dados foi utilizado o teste estatístico de Correlação de Pearson, admitindo ser significativo quando o p-value < 0,05.
No presente estudo foram avaliados 35 (trinta e cinco) pacientes com vestibulopatia, que apresentaram média etária de 53,77anos, sendo a idade mínima de 15 anos e máxima de 80 anos, com desvio padrão de 15,35, destes 21(60%) eram do gênero feminino e 14 (40%) do gênero masculino. No estudo de SOUZA23 os pacientes apresentaram média de 54,9, com idade mínima de 32 anos e idade máxima de 82 anos e em relação ao gênero, 75% dos pacientes eram do gênero feminino e 25% do gênero masculino. Para VIEIRA25 ,a média de idade dos pacientes que participaram da investigação foi de 55 anos com um desvio padrão de 5,2 anos. Já RODRIGUES20, a média etária foi de 51,2 anos, sendo a idade mínima de 24 anos e máxima de 76 anos, destes sete pacientes (70%) eram do gênero feminino e três (30%) do masculino,de acordo com a tabela I
Tabela I. Patologia dos pacientes
Nossos achados foram semelhantes com o resultado encontrado no estudo de Munaro13 onde 31,73% dos pacientes apresentavam características de VPPB.
No estudo de Rorigues20, foram analisados: cinco pacientes que apresentaram SVPI Bilateral (50%), dois com SVPI Unilateral (20%), dois apresentaram exame vestibular normal (20%) e, um apresentou SVPD bilateral (10%).
Já para Paulin17 quatro pacientes (20%) apresentaram síndrome vestibular periférica deficitária unilateral, três (15%) apresentaram síndrome vestibular periférica irritativa bilateral, três (15%) apresentaram síndrome vestibular periférica irritativa unilateral, dois (10%) apresentaram síndrome vestibular periférica deficitária bilateral e dois (10%) apresentaram síndrome vestibular periférica irritativa com predomínio do gênero feminino, estes achados estão parcialmente de acordo com nosso estudo.
Rezende19 afirma que a VPPB é a causa mais comum de vertigem no idoso sendo prevalente o gênero feminino, o que concorda com nosso estudo, onde houve prevalência do gênero feminino.
Analisamos as patologias associadas, a mais incidente foi HAS com 5 (23,8%) pacientes do gênero feminino, 8 (38,1%) pacientes não apresentaram nenhuma patologia associada, os demais (4,8%) apresentaram HAS e DIABETES. Quanto ao gênero masculino, 3 (21,4%) HAS; 1 (7,1 %) HAS e DIABETES, e os demais apresentaram (7,1 %) hipercolesterolemia, (7,1 %) síndrome do pânico, (7,1 %) artrose cervical, 7(50,0%) pacientes do gênero masculino não apresentaram patologia associada.
Paulin17 observou em uma pesquisa que 30% dos pacientes apresentavam hipertensão arterial, 20% apresentaram colesterol total elevado e 15% com distúrbios reumáticos, estes achados afirmam que os principais distúrbios circulatórios que podem causar comprometimento periférico ou central nos sistemas auditivo e vestibular são hiper ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca, aumento do colesterol, arritmias.
No estudo de Bretan4, as doenças mais freqüentes foram hipertensão arterial, relatada por 58% dos sujeitos seguida por "doença do coração", "do pulmão", infecção grave no passado, diabetes e infarto, com porcentagens respectivas de 22%, 15%, 14%, 13% e 7%,o que corrobora com nosso estudo.
No presente estudo foram analisados os medicamentos utilizados pelos pacientes vestibulopatas, e observou-se que 32,20% faziam uso de vasodilatadores, 13,56% analgésicos, 10,17% anti-hipertensivo, 18,52% endócrino. Ao compararmos por gênero, o feminino faz uso de 37,04% de vasodilatador , 25,96% de analgésicos e 18,72% endócrinos, 11,11% bloqueador de angiotensina. Já no gênero masculino os 33,33% de vasodilatadores , 14,81% de anti-hipertensivo ,7,41% anti-depressivo.
No estudo de Santos22 não foi encontrada associação significante entre as variáveis: gênero, idade e uso de medicamentos. A utilização de medicamentos otoneurológicos não foi associada com pior, ou melhor, QV em relação aos idosos que não os utilizavam, provavelmente porque na fase crônica da vestibulopatias descompensadas a farmacoterapia não tenha tanto efeito em relação aos aspectos investigados pelo DHI
Nishino14 relata que o efeito do tratamento das alterações do sistema vestibular seja ele medicamentoso, cirúrgico ou de reabilitação,também pode ser acompanhado e mensurado por meio de questionário de qualidade de vida ,o que foi utilizado para nossa pesquisa.
Quanto ao DHI, foi possível observar que todos pacientes da pesquisa apresentaram algum prejuízo na qualidade de vida, três (8,6%) pacientes apresentaram a pontuação no intervalo de 0 a 30 caracterizando como leve; doze (34,3%) pacientes apresentaram intervalo de 31 a 60 caracterizando como moderado e vinte (57,1%) pacientes apresentaram a pontuação no intervalo de 61 a 100 caracterizando como severo, totalizando 35 pacientes,de acordo com o gráfico I:
Gráfico I. Escore geral do DHI
Fonte: Dados obtidos pela pesquisadora de dezembro de 2010 a março de 2011
Ao compararmos o DHI no aspecto funcional o mínimo de pontos alcançados pelos pacientes foram 10 e o máximo de 37 pontos, com uma média de 27,26,já no aspecto físico o mínimo de pontos foi 6,máximo 28 pontos,média 20,66,o aspecto emocional obteve mínimo de 2 e máxima de 36 pontos, com uma média de 15,97.
Ao analisarmos o gênero observamos que o gênero feminino apresentou (um) paciente com escore leve, (seis) moderado e (quatorze) pacientes com escore severo,totalizando 21, enquanto que no gênero masculino apresentaram escorre (dois) leve, (seis) moderado (seis) severo, totalizando 14,de acordo com a tabela II:
Tabela II. Escore do DHI referente ao gênero
De acordo com a classificação relacionada à intensidade do escore Global em leve, moderado e severo, foi possível observar que todos pacientes da pesquisa apresentaram algum prejuízo na qualidade de vida, sendo 21,4% com grau leve, 28,6% moderado e predomínio do grau severo em 50,00% (p <0,020) dos pacientes.8 No estudo de Rodrigues20 dois (20%) pacientes apresentaram a pontuação no intervalo de 0 a 30 (leve); dois (20%) no intervalo de 31 a 60 (moderado) e seis (60%) pacientes apresentaram a pontuação no intervalo de 61 a 100 (severo) ,com maior prejuízo no aspecto funcional dos pacientes da amostra,o que vem de encontro com nosso estudo.
Ao correlacionarmos DHI com gênero, nas dimensões (funcional, físico, emocional) ,observamos diferença estatisticamente significativas, se compararmos o gênero com aspecto físico e diferença estatisticamente significativas no domínio funcional,físico,emocional.
Ao analisarmos os domínios 'físico, funcional e emocional, dos pacientes observamos que as mulheres tem escores mais altos no aspecto físico com p-value = 0,021 .
Tabela III. Correlação DHI e aspectos
Fonte: Dados obtidos pela pesquisadora de dezembro de 2010 a março de 2011
Na análise dos dados obtidos através do questionário DHI referente à qualidade de vida observamos que do grupo de pacientes, a pontuação total foi de 18 a 100, com média de 63,89, e desvio-padrão de 21,26, o que evidencia um prejuízo na qualidade de vida desses pacientes .No aspecto funcional 27,26% ,fisico 20,66% e emocional 15,97%.O que pode ser analisado no gráfico II:
Gráfico II. Escores referentes ao DHI global e as dimensões
Fonte: Dados obtidos pela pesquisadora de dezembro de 2010 a março de 2011
Na análise descritiva completa para os domínios do DHI verificamos que a média do DHI Global foi de 57,39, do aspecto físico foi de 16,79, aspecto funcional 22,29 e aspecto emocional 18,32.8 Em relação à idade não foi encontrado relação estatisticamente significante com nenhum dos domínios de DHI, ou seja, o seu resultado independe da idade mas existiu diferença estatisticamente significativa entre os gêneros, onde pudemos notar que as mulheres possuíram escores maiores do que os homens.
Para Castro5, as desordens do sistema vestibular além de gerar problemas físicos e emocionais podem provocar incapacidade para o desempenho das atividades profissionais, sociais e domésticas, piorando a qualidade de vida (QV) dos pacientes.
Ao analisarmos a qualidade de vida referente ao gênero observamos que as mulheres apresentaram escores médios de 22,62 e desvio-padrão de 4,96, já os homens escore médio de 17,71 e desvio-padrão de 7,35,de acordo com o gráfico III.
Gráfico III. DHI e gênero
Fonte: Dados obtidos pela pesquisadora de dezembro de 2010 a março de 2011
Acredita-se que o sexo feminino apresenta maior predisposição orgânica às disfunções vestibulares devido à sua intrínseca variação hormonal e aos distúrbios metabólicos freqüentemente encontrados na mulher17. Outro fator relevante em nosso meio é a maior preocupação em procurar orientação médica apresentada pelas mulheres em relação aos homens.
Nossos achados também foram semelhantes com o estudo de Santos22, onde os valores obtidos com a aplicação do DHI foi escore total 44,45 e das subescalas física 13,93, emocional 13,82 e funcional 16,80.
O presente estudo concorda com o estudo de Nishino14 para todos os aspectos os pacientes tiveram escores altos, principalmente o funcional, que possui perguntas relacionadas às atividades sociais. Estes resultados também foram encontrados em outros estudos suas atividades físicas, viagens e reuniões sociais, com a intenção de diminuir o risco de sintomas desagradáveis, também no estudo de SOUZA23 o aspecto funcional foi o que apresentou maior média entre todos os indivíduos da pesquisa apresentando média de 21,62 pontos.
Para CASTRO6, pacientes com alterações no Sistema Vestibular, muitas vezes, apresentam ansiedade associada a ataques de pânico, medo de saírem sozinhos e sentimentos de despersonalização, ressaltando a relação entre as alterações vestibulares e os aspectos emocionais. A quantificação dos efeitos limitantes que uma doença causa na qualidade de vida dos indivíduos pode trazer informações importantes, tanto para direcionar uma terapêutica adequada, ou até a mudança desta, pois traz informações sobre a evolução dos sintomas e o reflexo desses sintomas nos aspectos físicos, emocionais e funcionais.
O DHI pode ser usado para avaliar a QV dos pacientes vestibulopatas e, também, como método de acompanhamento da evolução clínica que verifique o efeito terapêutico obtido, seja devido ao tratamento por reabilitação, medicamentos ou cirúrgico.
Considerações finais
As vestibulopatias podem ser de origem periférica, central ou psíquica e o principal sintoma é a vertigem, podendo ocorrer em qualquer faixa etária e interferindo nas atividades diárias afetando a qualidade de vida dos pacientes.
As principais razões para que o fisioterapeuta se preocupe em verificar a qualidade de vida de suas pacientes são: justificar diferentes formas de terapêuticas de tratamento, identificar as seqüelas de doenças, provar a eficácia de determinados métodos, e identificar quanto uma determinada alteração ou doença interferem na vida do indivíduo.
Através deste estudo podemos verificar que a VPPB é a vestibulopatia que mais acometeu os pacientes, principalmente as mulheres, causando déficits funcionais, emocionais, sociais e físicas, interferindo na qualidade de vida.
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ZEIGELBOIM, Bianca Simone; et al. Avaliação vestibular em mulheres com disfunção temporomandibular Vestibular. Rev. CEFAC vol.9 no.2 São Paulo Apr./June 2007.
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Digital · Año 18 · N° 189 | Buenos Aires,
Febrero de 2014 |