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Perfil demográfico dos casos de dengue 

notificados em Montes Claros, MG em 2012-2013

Perfil demográfico de los casos de dengue reportados en Montes Claros, MG

 

*Enfermeiro, Especialista em Enfermagem em Cardiologia e Docência do Ensino Superior

pela Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho de Montes Claros

Especialista em Saúde Pública pelas FIP-Moc

*Enfermeiro, Especialista em Enfermagem em Cardiologia e Suporte Avançado de Vida

pela Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho

***Acadêmica de Enfermagem pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, FIP-Moc

****Acadêmica de Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

*****Enfermeira, Especialista em Urgência e Emergência

com Ênfase em Terapia Intensiva pelas FIP-Moc

******Mestre em Desenvolvimento Social

pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes

Ricardo Soares de Oliveira*

Igor Monteiro Lima Martins**

Ana Beatriz Oliveira***

Janice Cristina Santos***

Vanusa Valéria Duarte***

Tainara Rayane Caldeira Lopes****

Edna Maria de Souza Oliveira*****

Máximo Alessandro Mendes Ottoni******

rickenfermeiromoc@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo tem como objetivo pesquisar o perfil demográfico de pacientes notificados com dengue na cidade de Montes Claros – MG, nos anos de 2012 e relacionar com os de 2013. A metodologia utilizada tem caráter descritivo e retrospectivo, utilizando-se os dados dos casos notificados de dengue residentes no município nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e maio de 2013 e igual período do ano de 2012. Os dados demográficos apontam para uma predominância do sexo feminino e residente na zona urbana, porém não há evidencias que comprovem que esses dados sejam regra. Em Montes Claros, segundo a Secretaria de Saúde – Vigilância Epidemiológica, foram notificados 1.135 casos de dengue durante todo ano de 2012, e em 2013 já foram 5.303 somente nos primeiros cinco meses. Conclui-se que há necessidade de desenvolvimento de ações permanente para o combate e controle da dengue.

          Unitermos: Dengue. Notificação. Vigilância.

 

Abstract
         
This study aims to research the demographic profile of patients reported with dengue in the city of Montes Claros, MG, in the years 2012 and relate to 2013. The methodology has a descriptive and retrospective study, using the data of reported cases of dengue residing in the city in January, February, March, April and May 2013 and the same period of year 2012. Demographic data indicate a predominance of females and the urban area, but there is no evidence to show that these data are the rule. In Montes Claros, according to the Department of Health – Epidemiological, were reported 1,135 dengue cases throughout the year 2012, and in 2013 only 5,303 were already in the first five months. It is concluded that there is need for continuous development of actions to combat and control of dengue.

          Keywords: Dengue. Notification. Surveillance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A dengue é considerada um importante problema de saúde publica no Brasil, além disso, vem se mostrando como uma das principais doenças reemergente da atualidade despertando a atenção, devido seu elevado grau de morbidade e mortalidade (SOUZA; DIAS, 2010).

    A sua prevalência tem aumentado constantemente no mundo, sendo considerada uma doença endêmica em vários países. Geralmente decorre de mudanças climáticas, ambientais e sociais, além de apresentar maior incidência em áreas intertropicais, sobretudo com condições insatisfatória de abastecimento de água, coleta de lixo e saneamento básico. (RODRIGUES et al., 2012).

    Ao analisar a ocorrência e a distribuição da dengue no espaço deve-se integrar indicadores socioambientais, isto é, as variáveis ambientais ou sociais não devem ser consideradas isoladamente. A característica climática da cidade de Montes Claros é um indicador em potencial para a ocorrência da dengue, haja vista que há um grande volume de chuva em determinado período concomitante com temperaturas elevadas (LEITE, 2010).

    É a arbovirose de maior importância e de maior incidência no mundo. Aproximadamente 1,3 bilhões de pessoas estão em risco constante de infecção, principalmente, como já foi dito, em países tropicais, cuja temperatura e umidade favorecem a proliferação do mosquito vetor, pertencente aos culicídeos do gênero Aedes (CUNHA; BOHLAND, 2012).

    A manifestação clinica da dengue pode variar em assintomática, oligossintomática, dengue clássica e febre hemorrágica da dengue/síndrome do choque da dengue (FHD/SCD). São quatro os sorotipos virais da família Flaviviridae que compõe a sua etiologia, sendo esses nomeados Den-1, Den-2, Den-3 e Den-4 (RIBEIRO; SOUSA; ARAÚJO, 2008).

    A infecção pode apresentar-se de forma assintomática até quadros de hemorragia e choque, sendo que sua evolução pode ocorrer de forma letal. Essa doença se caracteriza pelo estado febril agudo, com duração de 5 a 7 dias. A dengue clássica (DC) caracteriza-se por uma variação no seu quadro clínico, sendo representada principalmente por febre alta, geralmente 39ºC a 40ºC, acompanhado por cefaleia, mialgia, náuseas, anorexia, vômitos, astenia e exantema. Além dessas, outras manifestações podem surgir, caracterizando a dengue hemorrágica (DH), como petéquias, epistaxe, sangramento gastrintestinal e hematúria. A regressão dos sinais é decorrente do desaparecimento da febre, havendo a possibilidade de permanência do cansaço por alguns dias (OLIVEIRA et al., 2011).

    Em 2008 no Brasil, a dengue tomou grandes proporções, sendo notificados 585.769 casos, representando o pior marco da doença ao se tratar de números de internações e óbitos. Quando comparados aos anos anteriores, houve um aumento de aproximadamente 93, 4% no total de óbitos registrados, uma vez que dos casos notificados, 3,4% foram diagnosticados como dengue com complicações (DCC), confirmando 302 óbitos, e 0,8% diagnosticado como FHD, representando um total de 259 óbitos (CUNHA; BOHLAND, 2012).

    Sua transmissão é essencialmente urbana, onde há condições favoráveis e estrutura que possibilita o estabelecimento da sua cadeia de transmissão. Dessa forma o controle necessita do envolvimento de toda sociedade no combate ao vetor, haja vista a alta aptidão do Aedes aegypti em adaptar-se ao ambiente (SANTOS et al., 2009) (FLAUZINO et al., 2011).

    Como grande recurso para o controle da dengue, tem-se a Vigilância Epidemiológica (VE). Ela serve de base para reunir informações, processar, analisar e interpretar os dados, planejar e adotar medidas de controle imediatas ou de médio e longo prazo. A VE da dengue deve ter agilidade suficiente para detectar precocemente as epidemias e casos de evolução grave, reduzindo a letalidade (CUNHA; BOHLAND, 2012).

    O único elemento controlável da cadeia epidemiológica da dengue até então, é a eliminação do seu vetor. Neste sentido, ressalta-se a necessidade de investir em estudos mais detalhados que analisem o comportamento do Aedes aegypti no Brasil. Diversos fatores contribuem para a proliferação do mosquito e torna o controle da dengue uma árdua tarefa, essencialmente as ineficiências no combate ao vetor (SANTOS et al., 2009).

    Desta forma, este trabalho tem como objetivo pesquisar o perfil demográfico de pacientes notificados com dengue na cidade de Montes Claros – MG, durante os meses de janeiro, fevereiro, março, abril e maio de 2013 e relacionar os dados com os obtidos em igual período do ano anterior e também de todo ano de 2012.

Metodologia

    A metodologia utilizada tem caráter descritivo e retrospectivo, utilizando-se os dados dos casos notificados de dengue residentes no município de Montes Claros MG, nos meses de janeiro/fevereiro/março/abril/maio de 2013, igual período do ano de 2012 e de todo ano de 2012.

    Os dados foram impetrados através do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), acessado em junho de 2013. Esse banco de dados é de livre acesso ao público. Os dados foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros-MG, Vigilância Epidemiológica.

    As variáveis utilizadas nas análises foram: sexo e zona de residência.

    Os dados analisados referem-se aos casos de dengue notificados nos primeiros cinco meses de 2013 e no mesmo período do ano de 2012 e de todo ano de 2012, com consequente análise descritiva correlacionando às informações encontradas.

Resultados

    No ano de 2013, até o mês de maio, foram notificados 5.303 casos de dengue em Montes Claros. No ano de 2012, foram 1.135 casos notificados, sendo que no mesmo período de 2013, de janeiro a maio, no ano de 2012 foram 506 casos, bem abaixo dos 5.303 dos primeiros cinco meses de 2013, segundo os dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros (SMS), conforme tabela 1.

Tabela 1. Casos notificados de dengue em 2013 e 2012 com residentes em Montes Claros, MG

Mês da Notificação

2012

2013

Janeiro

70

2.297

Fevereiro

47

1.427

Marco

57

977

Abril

149

443

Maio

183

159

Junho

105

Julho

69

Agosto

31

Setembro

25

Outubro

16

Novembro

29

Dezembro

354

Total

1.135

5.303

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde – Vigilância Epidemiológica Montes Claros, MG

    Conforme os dados apresentados pela SMS, dos casos notificados no ano de 2012, 452 foram pessoas do sexo masculino e 683 do sexo feminino. Em 2013, no período em estudo, foram 2.146 do sexo masculino e 3.157 do sexo feminino, conforme tabela 2. Em 2012, 1.117 foram de pessoas da zona urbana e 2013 com 5.168 da zona urbana, conforme tabela 3.

Tabela 2. Casos notificados de dengue em 2013, frequência por sexo

Sexo

2012

2013

Masculino

452

2.146

Feminino

683

3.157

Total

1.135

5.303

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde – Vigilância Epidemiológica Montes Claros, MG

 

Tabela 3. Casos por zona de residência

Zona de residência

2012

2013

Urbana

1 117

5.168

Rural

10

98

Peri-urbana

01

02

IGN/Branco

07

36

Total

1.135

5.303

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde – Vigilância Epidemiológica Montes Claros, MG

    A variável sexo, como mostra a Tabela 2, os dados apontaram maior notificação no ano de 2012, entre o sexo feminino, 683 casos, representando 60,17% das notificações. No sexo masculino essa porcentagem foi de 39,83%, com 452 casos.

    No ano de 2013, seguiu a mesma tendência, entretanto com números absolutos bem diferentes, com 59,53% das notificações entre pessoas do sexo feminino e 40,46% do sexo masculino.

Discussão

    Este estudo permitiu identificar que, mesmo diante de divergências nos valores encontrados nas bases de dados utilizadas, as notificações apresentaram maior número durante o período estudado em 2013.

    Avaliando as variáveis pesquisadas, o sexo feminino concentrou o maior número de notificações em todos os períodos e bases de dados pesquisados.

    Segundo o Sinan, em Minas Gerais no ano de 2012 foram notificados 29.769 casos de dengue, já no ano de 2013 esse número foi de 24.900, no período do estudo, em 2013 o número de notificações apresenta maior prevalência em um período menor do que em 2012.

    Ribeiro, Sousa e Araújo (2008) assim como Cunha e Bohland (2012), discutem sobre o predomínio do número de mulheres notificadas com dengue encontrado em alguns estudos assim como aconteceu nesta pesquisa. Segundo eles, provavelmente isso se justifica por essas permanecerem mais tempo em suas residências que os homens e como a transmissão se faz principalmente no domicílio e peridomicílio, a diferença observada pode justificar-se devido à maior exposição, ou também pelo fato das mulheres procurarem mais os serviços de saúde.

    O artifício da urbanização tem favorecido a concentração de indivíduos suscetíveis à contaminação e infectados em áreas restritas que aliado à fatores culturais e educacionais, sobretudo à moradia impróprias, acarretam em condições ecológicas ideais para a transmissão do vírus da dengue (FLAUZINO et al., 2011). Pode-se inferi que por esse motivo a taxa de notificações na zona urbana seja tão mais elevada que na zona rural, como foi encontrado neste estudo.

    É importante observar que são necessárias estratégias de investimentos em ações permanentes de prevenção e promoção da saúde, para que não sejam necessárias ações emergenciais de combate às epidemias. O caráter implexo da infestação da dengue, provocada devido às inter-relações entre os diversos elementos do ambiente, do vírus, do homem, e do vetor, tem sido abordado em diversos estudos (RODRIGUES et al., 2012).

Conclusão

    Conclui-se que a dengue representa ainda um grande desafio para a saúde publica, é evidente que há uma necessidade de desenvolvimento de ferramentas eficazes capazes de interromper a circulação desse vírus.

    São necessários maiores estudos que possam contribuir para que haja avanços nas políticas públicas de combate a dengue e que atua de maneira conjunta com a população de forma a promover educação e prevenir as complicações trazidas por esta doença. Este estudo surge com a idéia de contribuir para que ações de combate a dengue possam se solidificar e beneficiar a população vitima dessa doença e instigar para que mais estudos sejam feitos acerca desse assunto com o intuito de preencher as lacunas que cercam a dengue e podermos chegar à redução dos quadros ou quem sabe ate a uma possível erradicação.

Referências

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