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Relato de experiência: o professor e a Educação Física na escola

Un relato de experiencia: el profesor de Educación Física en la escuela

 

*Discente do Curso de Educação Física

da Universidade Salgado de Oliveira

** Docente do Curso de Educação Física

da Universidade Salgado de Oliveira

Adriano Vaz Guimarães*

Kleber Miralla**

adrianin07@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Relato de experiência do aluno e estagiário Adriano Vaz Guimarães. Tendo como principal objetivo perceber a grande importância do profissional de Educação Física dentro das escolas, e também observar a relação do professor com os conteúdos dados na escola, tentamos verificar os motivos, as causas que vão dar importância ao papel do profissional de Educação Física. O nosso intuito é relatar a importância do professor de educação física, suas dificuldades e aprendizados na sua profissão, bem como a importância de se construir um planejamento embasado na realidade de cada ambiente e sociedade. Com isso, vemos o estágio como um momento ímpar no aprendizado para o processo de trabalho na escola, processo este que contém diferentes momentos articulados entre si.

          Unitermos: Educação Física. Escola. Planejamento. Voleibol.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Um professor tem que acreditar no potencial de cada aluno, entender suas frustrações, seus anseios, tentar passar o que o aluno espera do professor, tem que estar preocupado com a sua aprendizagem e com sua interação em relação a aula. Tem que saber lidar com situações adversas e saber sair de algumas situações constrangedoras.

    O bom professor tem que tornar suas aulas atraentes, estimular a participação do aluno e saber induzir o aluno ao questionamento. Também tem que saber se expressar de forma que todos entendam para que não haja duvidas sobre o conteúdo dado. Segundo CUNHA (1989), o bom professor e sua prática de educação física é a pessoa teoricamente preparada para atuar com atividades que envolvam o esporte, corpo e o movimento. É aquele que deve ser capaz de planejar, conduzir e avaliar atividades que estimulam o movimento motor dos jovens, bem como a melhora de suas capacidades físicas e motoras, visando sempre a sua qualidade de vida.

    O estágio apresentado neste Relatório de experiência descreve a vivência do aluno Adriano Vaz Guimarães durante o período de 03/09/2012 á 05/11/2012 no Colégio Visão, totalizando 45 horas.

    No decorrer do estágio supervisionado pelo professor Delton Domingos Rosa, na disciplina de Educação Física obtive a convivência com alunos do ensino médio do 1o e 2o anos, com o objetivo de colocar em prática o conteúdo aprendido em sala de aula e nas atividades físicas que já dominava os fundamentos.

    O estágio foi realizado no período vespertino, com uma carga horária de 3 horas diárias no horário de 16:00 as 18:00 hs totalizando 2 aulas com duração de 50 minutos cada aula. A faixa etária dos alunos variava entre 14 e 16 anos dependendo do ano em que estudam.

    O Colégio Visão está localizado na Av. T-13, nº 1030, Setor Bela Vista. O Colégio foi fundado em 1994, possui dois turnos (matutino, vespertino) que tem como objetivo preparar adolescentes que visam prestar vestibular

    O Colégio possui aproximadamente 1500 alunos e um pavilhão de salas de aula. A sua parte externa é composta por um ginásio de esportes com duas quadras em ótimo estado de conservação, que oferece aos alunos a prática de modalidades que estão enquadradas dentro do espaço de uma quadra poliesportiva, sendo elas (voleibol, basquetebol, futebol e handebol).

    No Colégio Visão obtive a grande oportunidade de lecionar como professor e observei que a nossa área de educador é de grande importância para o aprendizado do aluno que necessita das experiências vividas nas aulas de Educação Física para que possa se formar no futuro um cidadão de bem. Neste caso, nós como profissionais da área de Educação, assim como outros professores, somos educadores e devemos transmitir não só informações e conteúdos. Como foi citado por HURTADO (1988) a Educação Física possui inúmeras faces e vários objetivos as quais, de forma direta e indireta, influenciam a formação do individuo. Neste caso, o papel do professor vai do desenvolvimento físico e cognitivo a formação cultural e social.

    Sendo assim, nós profissionais de educação deveremos pensar que antes de qualquer atividade que será realizada dentro da escola, os alunos futuramente serão cidadãos que tem que ser preparados para viver em sociedade e ter a educação como principal meio de aprender o certo e errado, e que no futuro saibam ter princípios que é o bem mais valioso para a vida.

Metodologia

    Segundo FREITAS (1996) a idéia de construção da proposta de trabalho como fio condutor da relação teórica pedagógica do aluno na escola poderia tornar possível e materializar a concepção da docência como trabalho, presente desde o inicio de nossa docência. Fazer do momento da pratica de ensino e dos estágios o espaço para que os alunos tivessem possibilidades de reflexão sobre seu trabalho na escola. Entendemos então que a aproximação do aluno com a realidade educacional deve se dar por meio de trabalho pedagógico que se realiza na escola.

    O estágio supervisionado pelo professor de estágio-III Kleber Miralla de Oliveira e acompanhado em todas as atividades pelo professor de Educação Física Delton Domingos Rosa, feito pelo aluno Adriano Vaz Guimarães do curso de Educação Física na Universidade Salgado de Oliveira, foi realizado no Colégio visão que teve como experiência 4 aulas de observação, 3 de Co-regência e 12 de regência, onde observei que o colégio conta com uma boa infraestrutura física, com muitos materiais, mas os principais problemas foram os conteúdos ministrados pelo professor e a dificuldade com que ele tem de trabalhar outras abordagens que não seja a tecnicista, pois já está na escola a mais de 15 anos e não consegue fazer aulas que propõem reflexão sobre o tema da aula e sobre o contexto sócio econômico e cultural que envolve cada esporte.

    A abordagem que utilizamos é a desenvolvimentista para não afrontar o pensamento praticado pelo professor titular da escola. As aulas são expositivas e práticas com a orientação e supervisão a ser desenvolvidos pelo estagiário, promovendo situações para observação dos alunos nas aulas e encontrar um problema de investigação.

    O conteúdo que irei trabalhar é o voleibol, através dele podemos desenvolver nos alunos questões de relacionamentos, pois este esporte por se jogar em equipe, promovendo a integração e interação entre os alunos, que é essencial nessa faixa etária.Para que as crianças participem de esportes que promovam a inclusão e que tenha a principio, uma proposta de brincadeira, sem que haja exclusão por cor, altura ou peso do aluno, havendo a cooperação por parte de todos os alunos e que o coletivo seja o principal para a vitória e ajude no desenvolvimento social e educacional das crianças.

    O esporte traz vários benefícios para adolescentes em desenvolvimento em diferentes níveis e valências. Desenvolve as valências motoras como velocidade, equilíbrio, força, coordenação motora e capacidade cardiorrespiratória, desenvolve a parte cognitiva do aluno melhorando seu raciocínio, percepção, memória e concentração. Trabalha o lado afetivo do aluno, ajudando-o a se socializar melhor, aprendendo a respeitar os colegas fortalecendo o lado emocional, saber ganhar e perder.

    Os resultados são significantes para nós futuros professores de Educação Física, pois com a regência nas aulas aprendemos a organizar os conteúdos, ter um controle maior dos alunos e ter o respeito para manter-se a ordem que já existia antes, com isso podemos dar um passo a mais na educação dos alunos e alcançando os objetivos para nós professores no cumprimento do nosso trabalho e no nosso estágio no determinado colégio.

Referencial teórico

    Na concepção do Coletivo de autores (1992), a Educação Física é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas corporal como jogos, esportes, danças, ginásticas, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal. Sendo a Educação Física uma prática pedagógica, podemos afirmar que ela surge das necessidades sociais concretas que, identificadas em diferentes momentos históricos, dão origem a diferentes entendimentos do que dela conhecemos, não se trata somente de aprender o jogo pelo jogo, o esporte pelo esporte, ou a dança pela dança, mas os conteúdos devem receber outro tratamento metodológico, a fim de que possam ser customizados criticamente e aprendidos na sua totalidade enquanto conhecimentos construídos culturalmente, e ainda serem instrumentalizados para uma interpretação crítica da realidade que envolve o aluno.

    Estudando e praticando as atividades propostas pela Educação Física, nós vamos educar, aprimorar e melhorar os movimentos dos alunos. Além do bem-estar físico, a Educação Física proporciona também bem estar psíquico, desenvolvendo a inteligência, caráter e personalidade, preparando o aluno para uma melhor convivência social, política, biológica e ecológica.

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) saúde é o mais completo estado de bem-estar físico mental e social e não a simples ausência de doenças. Por isso o papel do profissional de Educação Física e nós como estagiários é ensinar aos alunos fundamentos, regras de modalidades esportivas e proporcionar além de esporte e lazer o mais importante de tudo, ter saúde e viver num estado em que todas as funções orgânicas desempenham normalmente o papel para que foram criadas, dando ao indivíduo o máximo de vitalidade e disposição.

    O caminho para atingir saúde é ensinar aos alunos a seguir uma formação de hábitos saudáveis, praticando esportes e atividades físicas regularmente, e é nosso papel como professor mostrar o caminho a ser seguido, ensinando com ética e profissionalismo o que nos foi ensinado na Universidade. As modalidades esportivas, os fundamentos esportivos, a cultura corporal, a importância do esporte, da cultura e da questão político-social que envolve os esportes, as escolas e a sociedade.

    Segundo Gotani (1988) a abordagem desenvolvimentista foca na progressão do crescimento físico, fisiológico, motor, cognitivo, afetivo-social e na aprendizagem motora. Tem como objetivo o desenvolvimento motor de saltar, correr, pular e são elementos importantes para a diversificação e complexidade de movimentos em todos os esportes. Por esse motivo escolhi a abordagem desenvolvimentista, pois como os alunos já eram adolescentes e já tinham uma certa consciência corporal, optei por aprimorar suas valências motoras, tentando melhorar, através do voleibol, saltar, correr, ter maior domínio corporal enfatizando a progressão do desenvolvimento das suas valências físicas e motoras.

    A explicação pela escolha do voleibol como instrumento principal nas práticas de educação física do meu estagio é pelo fato de o voleibol ter nas áreas de saúde, da educação e da competição seus principais campos de atuação.

    Partindo da visão de BOJIKIAN (2008), onde diz que quando utilizada na busca ou manutenção da saúde, a prática esportiva visa proporcionar um bem estar físico através do crescimento harmonioso de crianças e adolescentes, e um condicionamento físico que permita as pessoas sentir-se mais aptas e dispostas para suas atividades cotidianas. Mas quando utilizada como forma de lazer, talvez ela preste mais serviço ao bem-estar. A prática esportiva, quando bem orientada e planejada, pode contribuir para que seja atingida a felicidade. O conjunto de valores pertinentes ao voleibol, na verdade, quando assimilado, atua de forma decisiva no ajuste da pessoa á dinâmica do mundo atual, em que a competição para a realização pessoal ou profissional torna-se cada vez mais acirrada.

    Neste contexto o voleibol cabe como uma luva no sentido de dar aos adolescentes pré-vestibulandos maturidade e concentração na disputa das poucas vagas existentes nos cursos que pretendem fazer nas universidades publicas, nessas poucas vagas existentes, os mais capacitados têm as melhores oportunidades, o que torna a competição também presente neste caso.

    No voleibol a atuação coletiva sempre é mais importante que á individual, a ação de um participante depende da feita pelo companheiro que lhe passou a bola anteriormente, fortalecendo nesse caso o espírito de equipe, tendo sempre que um jogador esteja torcendo pelo outro. Cada jogador é dependente dos outros da mesma equipe e com isso ajuda no processo de socialização dos colegas de sala e nesse caso ajuda os alunos a aprender a se sociabilizar com a sociedade em que vive e aprender que sempre vamos precisar de alguém pra alguma coisa.

    Através do autor TEIXEIRA (2003) pude aplicar técnicas, táticas e regras no que diz respeito a esportes e desportos dentro da Educação Física e ainda no decorrer das aulas foram feitas varias observações a fim de encontrar um problema de investigação e com isso foi criado um projeto de intervenção que tinha como objetivo fazer uma ginástica laboral com os alunos no começo das aulas para que eles possam, por serem alunos pré-vestibulandos, tirar os estresse e dores musculares por ficar durante um grande período de tempo em uma só posição e também tirar as dores causadas por movimentos repetitivos como escrever, por exemplo.

Resultados e discussão

    O interesse principal das aulas foram demonstrar a história que envolvia o voleibol, as técnicas e fundamentos do esporte, no começo através de demonstração feitas por mim e pelos outros professores que ali estavam, e depois praticado pelos alunos a fim de vivenciar o que tínhamos passados a fim de estimular a pratica adequada.

    A abordagem utilizada foi desenvolvimentista, através da qual tentamos desenvolver e aperfeiçoar alguns movimentos e fundamentos do esporte e analisamos um grande interesse de alguns alunos sobre o conteúdo, alguns tiveram dificuldade de entender o sistema de jogo e os fundamentos mas em sua maioria os alunos tiveram uma boa desenvoltura em relação aos conteúdos dados.

    Primeiramente tive um contato de observação nas quatro primeiras aulas da disciplina de Educação Física que teve como regente o professor responsável pela disciplina e que por estar trabalhando na escola há mais de 15 anos está em ótima fase, demonstrou total aplicação e interesse no conteúdo aplicado e ensinado com os adolescentes e com as aulas a serem ministradas por ele e mostrou total interesse em passar os conhecimentos e fundamentos aos alunos.

    Os alunos acostumados a participarem de atividade física estavam aptos a aprender os conteúdos ensinados e já tinham certa desenvoltura e facilidade de aprendizagem, não demonstraram nenhuma dificuldade em aprender e demonstraram bastante interesse com a aula.

    Os próximos passos seriam as participações que já foram bem efetivas por mim com o acompanhamento do professor de campo, havia muita preocupação com o que seria feito no começo da regência para atrair a atenção e motivação dos alunos para que os alunos começassem a me ver como professor e como amigo, pois eles não me conheciam e não conheciam meu trabalho, e eu tinha pouca experiência com escolas e aulas em escolas.

    Nas primeiras co-regências e conseqüentemente nas primeiras semanas não tive dificuldade em obter material e não tive que levar de casa nenhum material a serem utilizados nas aulas, com mais facilidade e mais materiais para ser usados consegui dar variações de treinamentos e aplicar bem os fundamentos que havia aprendido na faculdade.

    Nos primeiros dias de estágio nós fomos informados pelos próprios funcionários e professores do Colégio que a atuação como regente não era possível pela política interna da escola e que eu teria dificuldade em conseguir dar a regência por esse motivo, e os alunos já eram acostumados com os professores que ali já estavam há alguns anos e não tinha contato com outros professores de fora

    No decorrer das aulas sentimos realmente que os alunos se sentiam um pouco envergonhados e não se abriam comigo, mais eram educados e sempre cumprimentavam e me chamavam de professor, mas com o tempo passaram a puxar conversas comigo e perderem um pouco de vergonha. Quando chegava à sala de aula pra fazer a chamada e depois descer pra quadra ou ginásio, percebi que alguns alunos já começavam a me olhar diferente, com mais respeito, pois passei a ganhar a confiança deles a partir das aulas de co-regência e não tive mais problemas com a aceitação dos alunos no decorrer das outras aulas

    Vemos no decorrer das aulas a organização da escola e a metodologia com que faziam as aulas, todas com planos de aula e vontade de nos ajudar com nosso estagio. Eu como aluno de faculdade e estagiário senti uma aceitação muito boa por parte do diretor e das coordenadoras de área da escola que me receberam muito bem.

    Mas com o passar das semanas sentimos uma interação muito boa com relação aos alunos que passaram a nos cumprimentar e se interessar pelas aulas e percebemos que a vergonha que tinham no começo agora já tinha passado e sempre puxavam uma conversa e alguns vinham me cumprimentar e perguntar coisas pessoais do tipo, onde eu fazia faculdade e ate quando eu iria dar aula pra eles. Com o passar de aproximadamente um mês, passamos a ser recebidos com mais respeito e sentimos por parte da coordenação certo tratamento de admiração, pois estava fazendo um bom trabalho e comecei a ser reconhecido pelo meu esforço em querer fazer acontecer e querer aprender.

    Contudo, nossa maior alegria foi a demonstração de respeito que recebemos dos alunos nas últimas semanas de aula. Pude perceber que meu trabalho estava sendo visto e avaliado por profissionais e a reação dos alunos em relação a mim como estagiário estava sendo satisfatório por termos conseguido o respeito necessário para dar aula. Percebemos que a organização e a ação conjunta entre coordenador professor e aluno podem dar certo e ser feita com qualidade e respeito.

Conclusão

    O estágio foi muito importante para que eu possa vivenciar a realidade de uma escola particular, aprender a dar aula e colocar em prática o que aprendi na faculdade, tive muitas surpresas e tentei resolver alguns problemas que apareceram no decorrer das aulas mais que foram pequenos e fácil de resolver pois a instituição da total apoio aos profissionais que ali trabalham, mas que depois de resolvidos, dava uma sensação de dever cumprido.

    Tenho certeza que o estágio vai acrescentar bastante para mim no futuro e que cada dificuldade que passei nesse período vai me engrandecer e me amadurecer para novos desafios que estarão por vir. Essa experiência vai nos ajudar a ter responsabilidade em futuros trabalhos, me ensinou a ter liderança, a lidar com crianças, também me deu a vivência que terei que ter no futuro para lecionar em escolas.

    Eu como já trabalho em academia pude acrescentar ainda mais minhas metodologias de aula, minha experiência como professor e ter a certeza que o leque que se abre agora é muito maior do que o esperado, as dificuldades são muitas mas a satisfação de saber mais, de aprender mais e de poder vivenciar outro ambiente de trabalho com outra realidade me acrescentou muito como professor. Pude entender e saber discernir e separar uma aula em escola e outra em academia, apesar de a postura de professor não ter mudado muita coisa acho que a minha importância como professor aumentou, as minhas responsabilidades também.

Referências bibliográficas:

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