Treinamento de força e nutrição frente às doenças do envelhecimento Entrenamiento de fuerza y nutrición frente a las enfermedades del envejecimiento Strength training and nutrition front to diseases of aging |
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*Bacharelanda em Nutrição – UNIGRANRIO **Mestre em Motricidade Humana Docente do Curso de Educação Física – UNIGRANRIO (Brasil) |
Larissa Ferreira Capo* Thainá Figueira Sobrinho* Henrique de Castro e Silva** |
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Resumo O presente estudo visou investigar publicações atualizadas sobre a influência do treinamento de força e a importância Nutrição na terceira idade, frente às doenças oriundas do envelhecimento (sarcopenia e fragilidade). Para tanto a pesquisa bibliográfica realizou o rastreamento literário nas bases de dados eletrônicos: MedLINE, PsychoINFO, PUBMED, WEBOFSCIENCE e LILACS, empregando a técnica boleana. Selecionaram-se publicações divulgadas desde o inicio do século XXI, que contemplavam os objetivos desse estudo. A maioria dos materiais consultados relaciona a má nutrição à anorexia no idoso ocasionada principalmente pela falta de prazer em comer, problemas de dentição e mastigação; disfagia; inapetência devido a doenças ou terapêuticas aplicadas (especialmente a medicamentosa); complicações gástricas e intestinais; alterações endócrinas e psicossociais. A sarcopenia e fragilidade são possíveis complicações da má nutrição do idoso, e algumas das suas conseqüências são: perda de peso inexplicável, fadiga, fraqueza muscular e baixo nível de capacidade física, influenciando na longevidade e qualidade de vida desse grupo em questão. Este trabalho destaca a importância do papel do Nutricionista na conduta nutricional, para a manutenção da saúde, na prevenção e no tratamento das causas da má nutrição do idoso, bem como a necessidade da realização de mais estudos referentes a esses temas. Unitermos: Treinamento de resistência. Envelhecimento. Nutrição. Sarcopenia. Fragilidade. Anorexia.
Abstract The present study aimed to investigate updating about the influence of strength training and the importance of nutrition in the elderly, compared to diseases arising from aging (sarcopenia and frailty). For both the literature search conducted in tracing literary electronic databases: Medline, PsychoINFO, PUBMED and LILACS WEBOFSCIENCE, using the Boolean technique. We selected publications issued since the beginning of the century, they beheld the objectives of this study. Most materials consulted related to anorexia malnutrition in the elderly caused mainly by a lack of pleasure in eating, chewing and teething problems, dysphagia, loss of appetite due to disease or therapeutic applied (especially medication), gastric and intestinal complications, endocrine and psychosocial. Sarcopenia and frailty are possible complications of malnutrition in the elderly, and some of its consequences are: unexplained weight loss, fatigue, muscle weakness and low level of physical ability, influencing the longevity and quality of life of this group in question. This paper highlights the important role of the nutritionist in nutritional approach to health maintenance, prevention and treatment of the causes of malnutrition in the elderly, as well as the need of further studies on these topics. Keywords: Resistence training. Aging. Nutrition. Sarcopenia. Fragility. Anorexia.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O processo de envelhecimento (PE) é considerado um desafio nos dias de hoje, que vem afetando tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Já no primeiro quarto do século XXI essa população é bem significativa e, no ano de 2025, o número de pessoas acima de 60 anos irá aumentar drasticamente, o que leva a uma maior preocupação de melhor atender essa faixa etária em especial, onde, a criação de programas e estratégias se faz necessária para cada vez mais proporcioná-los qualidade de vida (QV) e assim, consequentemente longevidade, com independência e auto estima¹.
Com o envelhecimento as funções orgânicas e psicossociais começam a deteriorar-se, de modo que, surgem então os problemas e as queixas quanto à saúde. Tornando a manutenção da QV, da saúde e do bom estado nutricional desafiadora. Neste contexto, a idéia de uma boa saúde para o idoso é ter uma vida autônoma, sendo capaz de realizar as atividades de vida diária (AVD) sem ter a necessidade de ajuda ao longo da velhice².
A ascendência de desvio nutricional em idosos está sendo evidenciada em diferentes estudos, em diversos países, onde a desnutrição, o sobrepeso e a obesidade prevalecem sobre o individuo eutróficos. Esses resultados são provenientes das condições peculiares em que os idosos se encontram, seja no ambiente familiar, vivendo sozinhos, ou quando institucionalizados, sendo agravadas pelas condições patológicas, socioeconômicas, alterações fisiológicas inerentes à idade e progressivas incapacidades para realizar sozinho suas atividades cotidianas³.
A perda da massa muscular e, como conseqüência, da força e flexibilidade é a principal responsável pela alteração na QV e na capacidade funcional do ser humano durante o PE. Por isso tem chamado a atenção e despertado o interesse de pesquisadores a procurar os motivos e mecanismos envolvidos e assim podendo criar estratégias para reduzir esses efeitos nocivos à saúde e manter ou melhorar a QV desse grupo5.
De acordo com o American College of Sports Medicine (ACMS 2003):
“a prática regular de treinamento de força (TF) pode oferecer melhorias na aptidão física (APF) e na saúde de indivíduos idosos, auxiliando no PE, interferindo diretamente na progressão das doenças oriundas do envelhecimento humano (sarcopenia - perda muscular) e fragilidade)”.6
Treinamento de força
O TF, também conhecido como treinamento contra resistência ou treinamento com pesos, tornou-se uma das formas mais populares de exercício para melhorar a APF de um indivíduo7. No entanto o TF inclui o uso regular de pesos livres, máquinas, peso corporal e outras formas de equipamento para melhorar a força, potência e resistência muscular8.
A FM pode-se definir como a força ou tensão que um músculo ou, mais corretamente, um grupo muscular consegue exercer contra uma resistência ou um esforço máximo, também podendo gerar em um padrão específico de movimento em determinada velocidade específica9.
Prescrição do treinamento de força
A modalidade apropriada, intensidade, duração, freqüência e progressão da atividade física (AF) são os componentes essenciais de uma prescrição de exercícios sistematizada e individualizada. Estes cinco componentes são utilizados nas prescrições de exercícios para pessoas de todas as idades e capacidades funcionais, independentemente da existência de fatores de risco ou doenças. No entanto, esses princípios podem ser aplicados aos idosos, mas se deve ter muito cuidado ao prescrevê-los, pois a intensidade, duração e freqüência do treino têm que ser adaptado aos níveis de saúde e APF de cada idoso. Pessoas idosas se adaptam e toleram muito bem os exercícios de alta intensidade, no qual se deve ter cuidado na aplicação para que não ocorra uma sobrecarga no idoso. Em relação à recuperação desse público é mais lenta em relação aos outros grupos mais jovens, por isso a intensidade deverá ser variada para que resulte em uma boa adaptação10.
De acordo com o ACSM 2003, as variáveis do treinamento de força para os idosos são:
1) Escolha do exercício;
2) A ordem dos exercícios;
3) Repouso entre as séries;
4) Número de séries;
5) Resistência (intensidade);
6) Número de repetições;
7) Frequência7.
Alterações e características fisiológicas do processo de envelhecimento humano
O envelhecimento é um processo pelo qual todos passam e pode ser caracterizado pela diminuição gradual das capacidades do organismo em realizar suas funções de maneira eficaz. Essas mudanças ocorrem em ritmo e momentos diferentes. Por isso, é possível encontrar idade cronológica (extensão do tempo na qual o indivíduo tem existido) e idade biológica (caracterizada pelos estágios de envelhecimento biológico). A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem o seguinte sistema de classificação de idade cronológica: meia idade (45-59 anos), idoso (60-74 anos), velho (75-90anos) e muito velho (acima de 90 anos)11.
Do ponto de vista fisiológico, o PE poderá não ocorre obrigatoriamente junto ao avanço da idade cronológica, apresentando variação individual. Este processo é caracterizado pela baixa da capacidade motora da flexibilidade e na velocidade, redução da força e na velocidade, dos níveis de VO² máximo, dificultando assim realização das AVD e a manutenção de um estilo de vida saudável10.
Aspectos relevantes em relação às doenças decorrentes do envelhecimento humano: sarcopenia e fragilidade
A sarcopenia é definida como perda da massa muscular e parece decorrer da interação complexa de distúrbios da inervação, diminuição hormonal, aumento dos mediadores inflamatórios e alterações da ingestão protéico-calorica, ocorrentes durante o envelhecimento. A perda da massa e FM é responsável pela redução de mobilidade e aumento da incapacidade funcional e dependência. Entretanto, algumas pesquisas mostram que a sarcopenia e seu caráter reversível estão diretamente relacionados ao desempenho musculoesquelético e ao potencial papel da reabilitação na restauração da capacidade física, incluindo a alimentação nesse processo. E uma das variáveis para definição da síndrome de fragilidade, que atualmente prevalece em idosos, conferindo maior risco para quedas, fraturas, incapacidade, dependência, hospitalização recorrente e mortalidade. Quando associada à fragilidade, a sarcopenia gera, portanto, grandes custos econômicos e sociais12.
Em quanto à fragilidade é um termo utilizado para indicar a condição de pessoas idosas que apresentam alto risco para quedas, hospitalização, incapacidade, institucionalização e morte. Na literatura vem se usando diversos significados para fragilidade pois não há ainda um consenso sobre o significado13.
A fragilidade é resultante da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais no curso de vida. Sob esta perspectiva, a história individual influência a velhice, que pode ser frágil ou não, dependendo dos recursos e déficits pessoais em um contexto particular14.
A síndrome de fragilidade é complexa, envolvendo declínios em múltiplos domínios fisiológicos, incluindo força e massa muscular, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e função cardiovascular20. A fragilidade leva à deterioração da QV, aumento da sobrecarga do trabalho dos cuidadores e altos custos com cuidados à saúde. Cabe lembrar ainda que, quando o idoso apresenta dificuldades para locomoção e risco de quedas devido à fragilidade, consequentemente deixa de se relacionar em comunidade e o prazer da alimentação acaba ficando em segundo plano, levando-o inapetência e posteriormente, a um quadro anorético, com comprometimento ainda maior do seu estado nutricional e de saúde, piorando o quadro de fragilidade. Assim, intervenções não farmacológicas que atuem na prevenção ou que impeçam a progressão da fragilidade são muito necessárias16.
Perfil alimentar da população idosa
O envelhecimento é considerado um processo natural, mas apesar disso ele submete o organismo a várias alterações: anatômicas, funcionais, metabólicas e psicológicas, sendo que todas comprometem a alimentação e o organismo de uma maneira geral. A perda de peso involuntária, redução do apetite e caquexia são comuns na população geriátrica, sendo de extrema importância se conhecer os fatores associados à perda de peso no idoso3.
Assim, um dos fatores relacionados ao declínio do consumo alimentar nessa população é a falta de motivação para se alimentar. A causa disto pode ser fisiopatológica, social ou patológica ou a combinação entre elas. Fatores físicos como edentulismo (parcial ou total), ou uso de próteses mal adaptadas, ou mudanças no paladar e/ou olfato, influenciam a escolha da alimentação em qualidade e quantidade. O número de medicamentos usados pelos idosos também é um fator de interferência, visto que, é maior quando comparado ao de outras faixas etárias, em virtude da ocorrência comum de múltiplas doenças crônicas ou agudas. Assim, frequentemente há ingestão de polifármacos, e esse fato torna essa população mais propensa à vulnerabilidade nas condições de saúde. Onde, estão relacionados com alterações no paladar e má absorção intestinal, bem como infecções crônicas ou agudas e hipermetabolismo, que também causam a perda de peso no idoso, com consequente comprometimento do estado nutricional17.
Cabe ainda lembrar que as mudanças fisiológicas próprias do envelhecimento ocorrem principalmente nos sistemas digestório, endócrino, imune, renal, nervoso, osteoarticular e cardiovascular, sendo que dentre essas, as alterações do sistema digestório são as que mais interferem diretamente no consumo alimentar, podendo também ser causa da má nutrição do idoso. A adoção de dietas balanceadas e a redução de sal e açúcar, por exemplo, são consideradas alterações substanciais em prática alimentares de pessoas idosas, principalmente entre indivíduos que passaram parte significativas de suas vidas consumindo gordura e grandes quantidades de carboidratos para realizarem trabalhos que lhes demandaram muito esforço físico. Assim em alguns segmentos de idosos, pode-se encontrar resistência em adquirir novos hábitos, devido à valorização da cultura alimentar vivenciada na família e à consolidação de práticas estabelecidas, valorizadas simbolicamente por esses18.
Os benefícios do treinamento de força e a terapêutica nutricional para idosos
Após curtos períodos de treinamento de força, pode-se observar modificações significativas na força muscular em idosos. Essas alterações podem ser atribuídas principalmente às adaptações neurais, ou seja, maior ativação muscular, melhor recrutamento das fibras musculares, maior freqüência de disparos das unidades motoras e diminuição da co-ativação dos músculos antagonistas ao movimento19.
Segundo Simão 2004, a OMS mostra alguns dados que reforçam a importância do TF. Onde, 42% dos idosos possuem alguma limitação funcional e 10%, além de limitação, encontram-se em asilos ou abrigos para idosos. Assim, alterações positivas nos níveis de resistência e força em idosos poderão reduzir tais limitações, contribuindo, desta forma, para a melhoria da QV do idoso.
Segundo Cesari et al e Invecchiare in Chianti “observou-se que há associação estatisticamente significativa entre baixos níveis de vitamina E, e fragilidade” enquanto no Women’s Health, observou-se que entre os idosos frágeis há maior prevalência de vitamina B12, vitamina D e alfatocoferol. No estudo Cardiovascular health evidenciou-se que aumento do peso corporal, obesidade central, aumento da resistência à ação da insulina e síndrome metabólica estão associados à fragilidade22. Dessa forma, a intervenção dietética com adequação da quantidade de energia e proteína, rica em alimentos antioxidantes, ácidos graxos mono e poliinsaturados, nutrientes com atividade potencialmente antiinflamatórias e vitamina D auxilia na prevenção e no tratamento da Síndrome da Fragilidade e, consequentemente, associada ao TF, ajuda a evitar a progressão da sarcopenia.
Neste contexto, a meta da terapêutica nutricional nas doenças oriundas do envelhecimento é reabilitar pacientes que estejam gravemente subnutridos e evitar, nos demais, o agravamento do estado nutricional23.
Diante do exposto, a intervenção em geriatria deve ser realizada de maneira individualizada, em função do estado nutricional e das múltiplas doenças que acometem essa população; das mudanças biológicas e psicológicas associadas ao envelhecimento; da capacidade funcional e das necessidades nutricionais próprias de cada individuo. Seu objetivo é proporcional e das necessidades nutricionais em quantidades adequadas, para manter um bom estado físico e nutricional, considerando os aspectos biopsicossociais4.
Os cinco principais fatores para o idoso ter saúde: vida independente, casa, ocupação, afeição e comunicação. A prática regular de AF associada a uma boa nutrição sem fatores interferentes minimizam os declínios da capacidade funcional, que é necessária para que o idoso tenha uma vida independente e, conseqüentemente, uma melhor condição de saúd23.
Considerações finais
Com base nas pesquisas feitas, identificou-se que a principal causa da perda de peso dos idosos está relacionada à má nutrição, devido aos fatores do processo de envelhecimento, e tendo como as principais consequências a sarcopenia e fragilidade. Diante do exposto, nota-se a necessidade de detecção e intervenção precoce das causas que levam esses idosos a uma perda significativa de peso, visto que na maioria das vezes esta condição é vista pelos profissionais como um processo normal do envelhecimento, levando por conseqüência da detecção tardia o comprometimento do estado nutricional, favorecendo o aparecimento e/ou agravamento de doenças.
Para este grupo em especial uma nutrição adequada paralela a um programa de exercícios físicos podem trazer uma série de benefícios para a saúde do idoso. Sendo assim, com essas combinações, Nutrição e um programa regular de treinamento de força, pode-se retardar muito os problemas e sintomas que estão relacionados ao envelhecimento humano, oferecendo assim, maiores perspectivas de uma velhice com mais saúde, autonomia e independência, consequentemente, uma velhice mais tranqüila e feliz.
Com a elaboração desta revisão verificou-se a necessidade do desenvolvimento de mais estudos sobre esses temas, a fim de favorecer a qualidade do cuidado prestado aos idosos, para lhes garantir dignidade e sobrevida com mais qualidade e autonomia.
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