Lesões esportivas: um estudo com atletas praticantes de jiu-jitsu Lesiones deportivas: un estudio con luchadores de jiu-jitsu Sports injuries: a study of athletes practicing jiu-jitsu |
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*Especialista em Ciência do Treinamento Desportivo, UFJF, Brasil **Graduado em Educação Física, UFJF, Brasil ***Mestre em Educação Física pela Universidade Werneck e Gama Filho, Brasil ****Doutor em Ciência do Desporto pela Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro, Portugal |
Liliane Cunha Aranda* Lucas Machado Nascimento** Francisco Zacaron Werneck*** Jeferson Macedo Vianna**** (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste estudo foi identificar percentual de lesões em atletas de Jiu-Jitsu e relacioná-las com outras variáveis. Foi aplicado um questionário fechado a 95 indivíduos, sendo a graduação distribuída entre: faixa branca 10,5%, faixa azul 38,9%, faixa roxa 23,2%, faixa marrom 11,6% e faixa preta 15,8%. Verificou-se que os atletas que já tiveram lesão tiveram maior tempo de prática, com média de 6,7 anos. O total de lesões foi de 81%, tendo prevalência de 24,7% para o joelho, 16,5% nos dedos, seguida de 14,6% para o ombro e o punho com 12%, as outras ocorrências totalizaram 32%. Os membros superiores tiveram maior percentual de lesões com 53,2%, os inferiores 38% e a cabeça e tronco 8,9%. Foram observadas 33,8% de lesões leves, 27,2% moderadas e 39% graves. Das lesões, 77,9% ocorreram durante o período de treinos, 10,4% durante os campeonatos, e 11,7% relataram lesões em ambas às situações. Foi concluído que o tempo de prática está diretamente relacionado com a presença de lesões. Os locais mais afetados foram joelho, dedos, ombro e punho. Os membros superiores foram os mais afetados. O maior percentual de lesões foi de caráter grave, a maioria observada nos membros inferiores e ocorreram durante os treinamentos, com adversários do mesmo peso ou mais pesados e da mesma graduação ou mais graduados. Unitermos: Artes Marciais. Lesões. Dor musculoesquelética.
Abstract The aim of this study was identify the percentage of injuries in Jiu-Jitsu athletes and relates them to other variables. Was applied a closed questionnaire to 95 people, their level distributed between: white belt 10,5%, blue belt 38,9%, purple belt 23,2%, brown belt 11,6% and black belt 15,8%. It was found that athletes who have injury had longer time of practice, with averaging of 6.7 years. The total of injuries was 81%, and prevalence of 24,7% to knee, 16,5% to finger, followed by 14,6% for shoulder and wrist with 12%, the others occurrences totaled 32%. The upper limbs have higher percentage of injuries, with 53.2%, lower limbs 38% and in the head and core region 8.9%. Have been observed 33.8% of mild injuries, 27.2% of moderate and 39% of severs. Of injuries, 77.9% occurred during the period of training, 10.4% during the championships and 11.7% reported injuries in both situations. It was concluded that the practice time is directly related to the presence of injuries. The most affected were the knee, fingers, shoulder and wrist. The upper limbs were the most affected. The highest percentage of injuries was serious character, mostly observed in the lower limbs and occurred during training, with opponents of the same weight or heavier and the same degree or more graduates. Keywords : Martial Arts. Injuries. Musculoskeletal pain.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo alguns historiadores o Jiu-Jitsu ou "arte suave", nasceu na Índia e era praticado por monges budistas. Preocupados com a auto defesa, os monges desenvolveram uma técnica baseada nos princípios do equilíbrio, do sistema de articulação do corpo e das alavancas, evitando o uso da força e de armas. Com a expansão do budismo o Jiu-Jitsu percorreu o Sudeste asiático, a China e, finalmente, chegou ao Japão, onde se desenvolveu e popularizou-se (CBJJ, 2011).
No inicio do século passado com a imigração japonesa, chegou ao Brasil, em Belém do Pará, um conde japonês (Maeda Koma) descendente direto de samurai e campeão japonês de jiu-jitsu, que iniciou uma amizade com a família Gracie, onde os ensinaram princípios básicos e os conhecimentos do Jiu-Jitsu (Júnior, 2009). O Brazilian Jiu-Jitsu, como é conhecido o Jiu-Jitsu praticado no Brasil, engloba diversas capacidades e aptidões como força, flexibilidade, velocidade, agilidade, potência aeróbia e anaeróbia. Em seu modelo competitivo, possui diversas divisões de atletas em categorias, respeitando idade, peso, graduação e sexo (BIRRER, 1996).
Para Ide e Padilha (2005), o Jiu-jitsu desportivo abrange uma gama de seis técnicas permitidas em competições. São elas Projeções; Imobilizações; Pinçamentos; Chaves; Torções e Estrangulamentos. Todas são fundamentadas em princípios biomecânicos e podem causar sérios traumas aos adversários quando aplicadas com toda sua magnitude. Somente as imobilizações constituem um grupo que não têm como objetivo levar situações de perigo ao adversário e nem provocar lesões, e que devido a esse fato, esses movimentos não apresentam riscos de lesões tanto para quem aplica quanto para quem recebe a técnica.
Esportes competitivos, como o Brazilian Jiu-Jitsu, exigem treinamentos intensos, havendo sem dúvida sobrecarga ao corpo humano. Nos esportes de contato esta sobrecarga é ainda maior, pois ainda está envolvido o peso do outro atleta (Assis; Gomes e Carvalho, 2005). No entanto, existe pouco acervo literário acerca do Brazilian Jiu-Jitsu, fato este que dificulta o entendimento e planejamento do treinamento da modalidade. Devido a esta dificuldade, dados referentes a modalidades semelhantes como Judô e Luta olímpica são utilizados (Andreato, 2010).
A grande frequência de lesões nos praticantes de lutas demonstra a necessidade urgente de estudos de seus fatores de risco como pré-requisito para o desenvolvimento de programas de prevenção. Apesar dos esforços dos pesquisadores, o registro sobre a ocorrência de lesões desportivas no Brasil, mesmo no esporte de alto rendimento, além de não padronizado, é ainda restrito.
Em um estudo com 57 atletas de Jiu-Jitsu, Júnior (2009) encontrou as seguintes áreas anatômicas lesionadas: o joelho com maiores incidências, seguido do ombro, e o punho. Barsottini, Guimarães e Morais (2006) analisaram 78 relatos de casos, e encontraram um total de 78 lesões entre os atletas estudados. Observou-se que as lesões ocorreram em sua maioria para articulação do joelho, seguida em dedos de mãos e pés, e o ombro em terceiro lugar como região mais acometida por lesão. Em estudo realizado com atletas de Luta Olímpica identificou lesões em 81 dos 90 atletas estudados. As regiões anatômicas mais freqüentemente lesionadas em foram o joelho, ombro, a coxa e o tornozelo respectivamente (Barroso et al. 2011).
Baseado nas informações citadas e na lacuna deixada pela a literatura especializada, o objetivo deste estudo foi identificar percentual de lesões em atletas de Jiu-Jitsu e relacioná-las com outras variáveis presentes no questionário adaptado de Barsottini, Guimaraes e Morais (2006).
Metodologia
Foram entrevistados 95 indivíduos praticantes de jiu-jitsu, federados, com idade entre 20 e 43 anos do sexo masculino, em academias de Jiu-Jitsu nas cidades de Juiz de Fora e Rio de Janeiro, participantes do Campeonato Brasileiro de equipes (Rio de Janeiro - RJ) e Copa Budô de Jiu-Jitsu (Juiz de Fora - MG) disputados no período de outubro a dezembro de 2011.
Como critério de inclusão, foi adotada a disponibilidade em participar do estudo exclusivamente através da participação da entrevista e ter mais de seis meses de treinamento. É importante salientarmos como critério de exclusão indivíduos com menos de seis meses de treinamento por não caracterizar um tempo de prática relevante para efeito de participação em competições.
Foi utilizado como instrumento de coleta de dados um questionário contendo sete perguntas fechadas, sobre lesões e suas variáveis.
Todos os participantes foram informados sobre o objetivo da pesquisa, onde é assinado um termo de consentimento livre e esclarecido, garantindo o sigilo de sua identificação e assegurando de quaisquer danos produzidos pela pesquisa.
Os dados foram anotados e classificados segundo critérios preestabelecidos para localização, etiologia e diagnóstico, sendo consideradas de grau leve, lesões que não resultaram em afastamento de treino e/ou competição; moderado, lesões com afastamento de um treino e/ou competição; grave, quando o afastamento foi maior que um dia de treinos e/ou competições (Moreira, Gentil e Oliveira (8)).
Foi analisado também o tipo de técnica aplicada/recebida durante a lesão, o local (campeonato ou academia) e características do adversário que a causou.
Tratamento estatístico
As variáveis quantitativas foram apresentadas como média e desvio-padrão. As variáveis qualitativas, inicialmente foram realizadas análise descritiva univariada da distribuição de frequências das respostas ao questionário. Em seguida, foram investigadas possíveis associações entre as variáveis, através de tabelas de contingência. Para tanto, utilizou-se o teste Qui-Quadrado (χ2), partindo-se do pressuposto da igualdade na distribuição percentual de respostas esperadas em cada categoria (análise univariada) e de independência das distribuições (análise bivariada). Para testar a relação entre a idade, o tempo de prática dos atletas e a presença de lesões, aplicou-se o teste U de Mann-Whitney. Todas as análises foram realizadas com o software SPSS (v.16; SPSS Inc, Chicago, IL), utilizando o nível de significância de 5%.
Resultados
Foram entrevistados 95 atletas do sexo masculino, com idade entre 19 e 43 anos, média de 26,5 ± 6,0 anos. O tempo de prática na modalidade variou de 06 meses a 33 anos, média de 6,5 ± 5,4 anos, sendo a graduação distribuída da seguinte maneira: faixa branca (10,5%; n = 10), faixa azul (38,9%; n = 37), faixa roxa (23,2%; n = 22), faixa marrom (11,6%; n = 11), e faixa preta (15,8%; n = 15).
A prevalência de lesões foi de 81% (n = 77) na amostra investigada. Não houve associação entre a idade dos atletas e a ocorrência de lesões (Z = -1,132; p = 0,26). Também não foi encontrada associação entre a ocorrência de lesão e a graduação do atleta (χ2 = 6,452; gl = 4; p = 0,17). Porém, verificou-se que os atletas que já tiveram alguma lesão apresentaram maior tempo de prática na modalidade do que aqueles que nunca tiveram lesão: 6,7 ± 4,8 anos vs. 3,7±2,7 anos (Z = -2,012; p =0,04) (Figura 1).
Figura 1: Box-plot (Mediana, 1° e 3° quartil) do tempo de prática de atletas de jiu-jitsu
classificados quanto à ocorrência de lesão (n=95). *Diferença significativa, p<0,05.
Quanto ao local das lesões, a maioria delas (68%) ocorreu nas seguintes estruturas: joelho (24,7%), dedos (16,5%), ombro (14,6%) e punho (12%) (Tabela 1). Alguns atletas relataram mais de uma lesão, aumentando, portanto o número de casos nesta análise (n = 158). Quando classificadas por segmentos, a ocorrência de lesões foi significativamente maior nos membros superiores (53,2%) do que nos membros inferiores (38%) e na região da cabeça e tronco (8,9%) (χ2 = 48,051; gl = 2; p = 0,0001). Porém, foi verificada associação significativa entre a gravidade das lesões e a sua localização (χ2 = 9,660; gl = 4; p = 0,04). Das lesões graves, 60% foram observadas nos membros inferiores (Tabela 2(.
Tabela 1. Localização das lesões
Tabela 2. Relação entre a gravidade das lesões e o local de ocorrência (n=77)
Quanto à gravidade das lesões, as frequências observadas foram similares entre as categorias (χ2 = 1,584; gl = 2; p = 0,45). Foram observadas 33,8% de lesões leve, 27,2% de lesões moderadas e 39% de lesões graves. A maioria das lesões ocorreu durante os treinos (77,9%) quando comparada aos campeonatos (10,4%), sendo que alguns atletas relataram lesões tanto em treinos quanto em campeonatos (11,7%). Não houve associação entre a severidade das lesões e o período em que ocorreram: treinos vs. campeonatos (χ2 = 5,186; gl = 4; p = 0,27) – Tabela 3.
Tabela 3. Relação entre a gravidade das lesões e a ocorrência treino vs. competição (n = 77)
Foi observada associação significativa entre a graduação do atleta e a gravidade da lesão (χ2 = 20,527; gl = 8; p = 0,01). Nos atletas faixa preta o percentual de lesões graves foi de 71%; nos faixa roxa e marrom a distribuição foi similar; nos faixa azul, o maior percentual foi de lesões leves (54%); e nos faixa branca, o percentual maior foi de lesões moderadas (67%), não havendo lesões graves neste grupo de atletas.
As lesões relatadas ocorreram, em sua maioria, contra adversários da mesma graduação (36,4%) ou superior (27,3%) e contra adversários do mesmo peso (39%) ou mais pesados (35,1%) – Tabela 4. Não foi observada associação significativa entre a gravidade da lesão e a graduação ou o peso do adversário (p>0,05). Por fim, a proveniência das lesões resultou tanto de golpes próprios (41,6%) quanto de golpes do adversário (36,4%). Verificou-se associação significativa entre a proveniência da lesão e a gravidade da mesma (χ2 = 6,404; gl = 2; p = 0,04). Das lesões graves, 71% resultaram de golpes do adversário.
Tabela 4. Caracterização das lesões e perfil dos adversários (n=77)
Discussão
A prevalência de lesões no presente estudo foi de 81% (n = 77), em estudos semelhantes com praticantes de Jiu-Jitsu, Carpeggiani (2004) encontrou uma prevalência de 64,1% e Souza et al (2011) encontraram 97,5%. Vale ressaltar que a média de idade dos dois estudos (23,8 anos e 22,1 anos), é ligeiramente inferior a média do nosso grupo (26,5 anos), mas pertencente à categoria adulto de acordo com as regras da Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ, 2011).
A média do tempo de prática entre os entrevistados foi de 6,5 anos, Júnior (2009) encontrou uma média de 7,5 anos de prática, Carpeggiani (2004) achou média de 3 anos de prática e Souza et al (2011) em seu estudo encontrou média de 3,7 anos, apesar dos dois últimos estudos terem encontrado um tempo de prática inferior, assim mesmo apresentaram um alto percentual de lesões decorrentes da prática desse esporte.
Os atletas que já tiveram lesão apresentaram maior tempo de prática com média 6,7 anos, assim como em estudo feito por Carpeggiani (2004) encontrou maior índice de lesão em atletas que tinham maior tempo de prática, que foi acima de 3 anos. Em seu estudo com 57 atletas que sofreram lesões, Júnior (2009) observou que a média de anos de prática foi de 7,5 anos e 3,75 horas semanais de treino, e associa assim os índices de lesões a longos períodos de treino.
No presente estudo, a região anatômica mais afetada foi o joelho, representando 24,7% do total de lesões, estudos feitos com praticantes de Jiu-Jitsu e Luta Olímpica, encontraram o joelho também como a região anatômica mais afetada, onde está de acordo com achados da maioria dos estudos relacionados que foram pesquisados (BARSOTTINI, GUIMARÃES E MORAIS, 2006; CARPEGGIANI, 2004; JÚNIOR, 2009; BARROSO et al, 2011; SOUZA et al. 2011). Essa articulação é muito exigida durante os treinamentos para execução de fundamentos que utilizam grande parte dos seus movimentos no chão. Ficando ajoelhado, na posição de guarda (com as pernas envolvidas na cintura do seu adversário), e dali executa variados movimentos com sobrecarga dos membros inferiores, sofrem também chaves nessa articulação causando torções e hiperextensões.
O Jiu-Jitsu é um esporte que utiliza os dedos, principalmente os das mãos, para realizar vários fundamentos para que se tenha controle do adversário. Essa região foi a segunda mais afetada pelas lesões, com 16,5% dos acometimentos, diferente dos outros estudos observados onde acharam o ombro como a segunda região mais afetada e os dedos aparecendo com um percentual menor de incidências (BARSOTTINI, GUIMARÃES E MORAIS, 2006; CARPEGGIANI, 2004; JÚNIOR, 2009; BARROSO et al, 2011; SOUZA et al. 2011). Os dedos são utilizados para fazerem as chamadas “pegadas”, que são pinçamentos feitos em si mesmo, em seu kimono, no do adversário e também no próprio adversário, grande força de caráter isométrico principalmente é utilizada. Pela grande necessidade de realizar tal técnica, é perceptível que ocorram quantidades elevadas de lesão nessa área, como foram encontradas. Assim como no Jiu-Jitsu, o Judô também tem essa característica de realizar “pegadas”, Barsottini, Guimarães e Morais, (2006) em estudo com 48 atletas de judô encontrou 22% de lesões nos dedos das mãos e dos pés, ocupando também a segunda posição do total de lesões atrás apenas das de joelho.
A articulação do ombro foi a terceira mais acometida por lesões totalizando 14,6%, seguida do punho com 12%. Estudos em atletas de Jiu-Jitsu têm classificado a articulação do ombro como a segunda mais acometida por lesões ficando atrás apenas das lesões de joelho (CARPEGGIANI, 2004; JÚNIOR, 2009; SOUZA et al. 2011).
Ejnisman (2001) em estudo feito com 11 atletas de Jiu-Jitsu afirma que foi um dos esportes com maior incidência de lesões no ombro, e que lesões traumáticas foram mais freqüentes nos esportes de contato.
O punho também foi uma região bastante afetada por lesões com freqüência de 12%. Estudos com praticantes de lutas em geral, encontraram o punho com uma região menos afetada, totalizando menos de 5% do total de lesões (BARSOTTINI, GUIMARÃES E MORAIS, 2006; CARPEGGIANI, 2004; JÚNIOR, 2009; BARROSO et al, 2011; SOUZA et al. 2011). Talvez por estarem próximas dos dedos, que, como dito acima são muito utilizados para que sejam feitas as “pegadas”, tiveram grande incidência de lesões, se explique essa porcentagem mais alta do que nos outros estudos citados.
Quanto à gravidade das lesões, 33,8% foram de caráter leve, 27,2% de lesões moderadas e 39% de lesões graves, Barsottini et al. (2006) em estudo com praticantes de Judô acharam dados divergentes onde as lesões graves foram as mais acometidas com 63%, lesões leves totalizaram 10% e por fim as moderadas com 9%. Carpeggiani (2004) em seu estudo, considerou o mínimo de 7 dias de afastamento para lesões, que são consideradas por esse estudo como caráter grave. Dos atletas lesionados 77,9% sofreram lesões durante o período de treinamento, 10,4% sofreram lesões durante algum campeonato, e 11,7% relataram lesões em ambas as situações de luta. Barsottini et al. (2006) encontrou situação semelhante onde 71% das lesões foram ocorridas em treinos e 29% delas em competições, não houve ocorrência de lesões durante os dois períodos, talvez porque durante as entrevistas os atletas foram instruídos a marcar apenas uma alternativa.
A grande maioria das lesões teve caráter grave, mostrando que os treinamentos realizados podem estar causando maiores períodos de afastamentos para os atletas, impedindo que possam treinar retardando o aprimoramento funcional dessa modalidade. Os atletas com maior tempo de prática tiveram um alto índice de lesões graves, os faixas preta foram os que tiveram maior ocorrência com 71% de lesões graves, e nos faixa roxa e marrom a distribuição foi similar. Esses atletas possuem um tempo de prática mais elevado, onde se pode relacionar o alto índice de lesões e a gravidade com o acumulo de anos de treinamento. Os faixas azul tiveram maior índice de lesões leves totalizando 54% e os faixa branca tiveram maior percentual de lesões moderadas com 67%, onde, não houve ocorrência lesões de caráter grave neste último grupo. Pode-se sugerir que o tempo de prática interferiu na gravidade das lesões.
As lesões relatadas ocorreram, em sua maioria, contra adversários da mesma graduação (36,4%) ou superior (27,3%) e contra adversários do mesmo peso (39%) ou mais pesados (35,1%). Barsottini et al. (2006) em estudo com atletas de Judô encontrou 42% das ocorrências com adversário mais pesado e 31% com mesmo peso, quanto a graduação, 31% das lesões ocorreram com adversário mais graduado, 39% com mesma graduação. Associando assim a relação entre peso e graduação onde as mesmas sendo iguais e acima podem ter uma maior propensão a causar lesões.
Como limitação desse estudo pode-se apontar a falta de opção das orelhas como região anatômica afetada no questionário, onde muitos atletas de Jiu-Jitsu possuem essa região lesionada. Pode-se também salientar que os atletas, durante o preenchimento do questionário não se lembram de todas as lesões sofridas durante os anos de prática e até mesmo, de citar outras lesões como nas orelhas ou outro local afetado.
Esse estudo tem como função prática auxiliar professores e treinadores para que possam ter uma melhor compreensão das variáveis que causam lesões, e que possam com esse conhecimento planejar os treinos de forma adequada para que evitem e/ou previnam tais acontecimentos. Para que tenhamos melhor compreensão dos efeitos que causam lesões em seus praticantes, são necessários mais estudos a respeito desse assunto, para que dessa forma possamos diminuir o índice de lesões em praticantes, otimizando sua prática.
Conclusão
Podemos concluir que o tempo de prática está diretamente relacionado com a presença de lesões. As regiões anatômicas mais afetadas foram joelho, dedos, ombro e punho. Os membros superiores foram os mais afetados pelas lesões. O maior percentual de lesões é de caráter grave conforme a caracterização utilizada. Podemos também concluir que a maioria das lesões de caráter grave foi observada nos membros inferiores e a grande maioria das lesões ocorreu durante os treinamentos. A maioria das lesões ocorreu com adversários do mesmo peso ou mais pesados e da mesma graduação ou mais graduados.
Referências
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BARSOTTINI D, GUIMARAES AE, MORAIS PR. Relação entre técnicas e lesões em praticantes de judô. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 12, n. 1, 2006.
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CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JIU JITSU. Histórico do Jiu-Jitsu. Disponível em: http://www.cbjj.com.br/hjj.htm. Acesso em: 13/10/2011.
EJNISMAN B, ANDREOLI CV, CARRERA FE, ABDALLA RJ, COHEN M. Lesões músculo-esqueléticas no ombro do atleta: mecanismo de lesão, diagnóstico e retorno à prática esportiva. Revista Brasileira de Ortopedia Vol. 36, Nº 10. 2001.
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MOREIRA P, GENTIL D, OLIVEIRA C. Prevalência de lesões na temporada 2002 da Seleção Brasileira Masculina de Basquete. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 9, n. 5, pp. 258-262, 2003.
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