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Contribuições da biomecânica para
a ginástica artística: análise do rodante

Aportes de la biomecánica a la gimnasia artística: análisis del rondó

Biomechanics contributions on artistic gymnastics: analizing the round-off

 

*Bacharel em Educação Física Universidade Presbiteriana Mackenzie

**Mestre em Educação Física pela Universidade de São Paulo

***Doutora em Educação Física pela Universidade de São Paulo

****Professor Doutor FEF-UNICAMP, líder do Grupo de Estudo da Ginástica

FEF – UNICAMP - CNPq
(Brasil)

Paula Aguiar Simões*

Raul Alves Ferreira Filho**

Sônia Cavalcanti Corrêa***

Marco Antonio Coelho Bortoleto****

raulfo@usp.br

 

 

 

 

Resumo

          A Biomecânica é uma disciplina clássica do currículo da Educação Física oferecendo conhecimentos de suma importância para sua atuação especialmente quando seu objetivo é a aquisição de técnicas de movimentos. Os objetivos deste estudo foram: analisar as seqüências pedagógicas utilizadas por professores de ginástica artística para o ensino e aprendizado do Rodante buscando identificar os erros mais comuns e suas correções utilizadas, bem como a aplicação dos princípios elementares da Biomecânica neste processo.

          Unitermos: Biomecânica. Ginástica Artística. Rodante.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O conhecimento das bases mecânicas do movimento humano é considerado de grande importância para a formação do profissional de Educação Física, independente do âmbito onde aconteça sua atuação (escolar, treinamento, recreação, etc.) (HAY e REID, 1985). No entanto, como destacam CORRÊA e FREIRE (2004) e OLIO (2005) muitos professores não vêem a necessidade da utilização dos conhecimentos advindos da biomecânica nas aulas de educação física por acreditarem que sejam aplicados apenas às modalidades esportivas de alto rendimento, embora com certa freqüência estes professores façam correções e outros tipos de análises dos movimentos de seus alunos fundamentados em conceitos, variáveis ou outros saberes típicos da Biomecânica.

    Isso posto, aplicando uma análise biomecânica qualitativa, os objetivos deste estudo foram: analisar seqüências pedagógicas utilizadas no ensino e aprendizado do Rodante e os erros mais comuns apresentados durante a aprendizagem deste movimento (gesto técnico típico da GA), assim como suas correções, estabelecendo as variáveis biomecânicas que influenciam na execução do rodante, assim como a aplicação desses princípios no ensino/aprendizado.

    De acordo com a descrição de BORTOLETO (2008), o rodante é um exercício acrobático de transição, que altera a direção do corpo dos ginastas de frontal para dorsal, com o objetivo de gerar maior velocidade para trás (impulso horizontal). Para o autor, o impulso horizontal aliado à posição angular e forças adequadas pode converter-se em impulso vertical, ou seja, em altura que é fator essencial para a realização de acrobacias cada vez mais complexas. BORTOLETO (2008) menciona ainda, que existem diferentes técnicas para a realização do rodante e que estudos biomecânicos têm demonstrado que a fase de repulsão no solo é mais eficiente quando realizada com as duas mãos simultâneas.

    Cabe destacar que o rodante foi a ação (elemento técnico) escolhido por ser de fácil aplicação e por ser freqüentemente ensinado na escola, seja em aulas específicas de iniciação à GA ou nas aulas de educação física escolar.

    Corroborando NUNOMURA (1997) e, priorizando o aspecto pedagógico à excelência técnica da execução, o rodante aqui ilustrado em seqüência fotográfica (Figura 1), foi realizado por uma praticante de nível escolar com 10 anos de idade que praticava GA há dois anos. O movimento foi detalhado em 4 fases:

  1. Entrada – execução de um salto para cima e para frente caindo-se com um pé bem à frente do outro, ombros flexionados, com membros superiores estendidos ao lado das orelhas e flexão do tronco para frente (fotos 1 a 13);

  2. Apoio - o tronco abaixa rapidamente, as mãos são apoiadas longe dos pés, uma após a outra, lateralmente no solo, os pés unem-se rapidamente no alto (fotos 14 a 20);

  3. Impulsão - o corpo executa ½ giro, unindo os membros inferiores, membros superiores empurram o solo, levando rapidamente os pés em direção ao chão, sem flexionar o quadril, mantendo-se membros superiores ao lado das orelhas e os glúteos contraídos (fotos 21 e 22);

  4. Queda - a chegada é realizada com o corpo direcionado de frente para o ponto que iniciou o movimento, os membros inferiores devem estar unidos, os membros superiores ao lado das orelhas e o corpo contraído e estendido (fotos 23 a 34).

Figura 1. Seqüência fotográfica do Rodante

Metodologia

    Participaram da pesquisa 8 professores de Educação Física que lecionam no Ensino Fundamental II (5ª a 8ª séries) ou que lecionam Ginástica Artística como componente extracurricular na escola ou em clubes. O questionário abordou questões sobre as seqüências pedagógicas mais comuns utilizadas no ensino do rodante e os erros mais freqüentes, buscando ademais, verificar se o professor conseguia identificar as fases do rodante e os principais aspectos técnicos de cada fase; quais estratégias utilizam para ensinar as seqüências pedagógicas; como corrigem os erros, se conseguem identificar o que está sendo facilitado com as correções; e finalmente se identificam a aplicação da Biomecânica no ensino e correção dos erros do Rodante.

    De posse desses dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2004) para descrever as respostas dadas.

Resultados e discussão

Parâmetros Biomecânicos que interferem na execução do rodante

    Em todas as fases do rodante, acontece o deslocamento linear e o deslocamento angular, como relatados por BROCHADO e BROCHADO (2005).

Fase 1 – Entrada

    Para realizar o salto inicial e provocar um deslocamento linear, é necessário imprimir aceleração (a) aos pés, a qual será transferida ao corpo, e considerar a massa (m) do indivíduo. O impulso linear, dependente da força (F) aplicada pelo pé no solo e do tempo (t) em que isso será realizado, irá alterar a quantidade de movimento linear (m x V). Em termos práticos isto significa que a alteração de velocidade linear obtida pela massa do atleta depende tanto da força aplicada pelos pés no solo como do tempo que este aplica a força. Este tempo aumenta com o grau de extensão da articulação do tornozelo.

    Da mesma forma para provocar um deslocamento angular, é necessário aplicar um torque durante um tempo para vencer o momento de inércia (I) do corpo e este ter sua velocidade angular (w) alterada. O momento de inércia depende tanto da massa (m) do indivíduo como da forma que esta massa se distribui ao redor do eixo de rotação (r) (I= mr2). Portanto um impulso angular aplicado durante determinado tempo (t), altera a quantidade de movimento angular (I x w). Nesta fase para ganhar em velocidade angular nos membros superiores estes devem percorrer uma grande amplitude para aumentar o tempo de aplicação do torque, sendo que ao final desta fase devem estar posicionados estendidos ao lado da cabeça de modo que, ao frear o movimento dos membros superiores, a quantidade de movimento angular deles seja transferida para o tronco. Com a flexão do tronco para frente o centro de gravidade do indivíduo se afasta mais do eixo pé e a força peso contribui para a geração de torque no eixo transversal a fim de que o exercício continue.

Fase 2 – Apoio / Fase 3 – Impulsão

    Devemos considerar as mesmas variáveis biomecânicas relatadas na fase 1 para estas fases, mas aplicando-as às mãos. Devemos levar em consideração a 3ª Lei de Newton, em que, para qualquer força exercida por um corpo sobre o outro, existe uma força igual e oposta exercida pelo segundo corpo sobre o primeiro (HAY e REID, 1985). Podemos considerar que, nestas fases, a força exercida pela mão sobre o chão gerará repulsão (força exercida pelo solo sobre o executante) que levará o corpo a retornar a posição em pé (Fase 4 – Chegada), mas a força deve ser realizada fora do eixo transversal para que o torque exercido nas mãos gere a rotação em torno das mãos.

    Quando se juntam os membros inferiores no alto, há um momento de inércia mínimo em torno do eixo longitudinal, pois o raio é o menor possível, com isto a velocidade angular é grande e parte da quantidade de movimento angular no eixo transversal é transferida para o eixo longitudinal.

    Exatamente como na fase 1 os membros inferiores devem percorrer uma grande amplitude e ao serem freadas no alto transferem a velocidade angular para o tronco e a força peso contribui para a geração de torque no eixo transversal a fim de que o exercício continue. Devemos considerar ainda a Pressão (P) presente nessas fases. As mãos devem ser apoiadas inteiramente no solo para a realização da força aplicada, pois quanto maior a área de aplicação de força menor a pressão sobre as mãos.

Fase 4 – Chegada

    Consideraremos as mesmas variáveis aplicadas às fases anteriores, nos pés, levando em consideração que o corpo apenas deverá deslocar-se no eixo longitudinal (crânio-caudal), nesta fase. Para isso, o corpo deverá encontrar-se totalmente estendido, sem muitas diferenças de variações angulares em seus segmentos.

    Para ARAÚJO (2003, p.76), a execução correta do rodante deverá terminar com um salto para cima e para trás mantendo-se o tórax contraído e olhando para frente com os membros superiores estendidos ao lado das orelhas. Nesta posição, o aluno estará em condições de dar continuidade a uma seqüência acrobática, tendo a opção de realizar: um rodante flic-flac, rodante tempo (flic-flac sem o apoio das mãos) ou rodante mortal. Para salvar a chegada de uma queda iminente, flexiona-se o quadril e o joelho para, assim, diminuir o raio (do corpo ao chão) e a inércia e ganhar em velocidade angular. No entanto, a inclinação do quadril leva a um torque na chegada e a uma provável queda ou passinhos à frente.

    Em resumo, o impulso linear, dependente da força (F) aplicada pelo pé (fases 1 e 4) ou pelas mãos (fases 2 e 3) no solo e do tempo (t) em que isso será realizado, irá gerar uma quantidade de movimento linear (m x V). Um impulso angular resultante da aplicação de torque (T) pelos pés ou pelas mãos num determinado tempo (t), gera uma quantidade de movimento angular (I x w). Para vencer a inércia, deve-se considerar a massa (m) do indivíduo e como esta massa se distribui ao redor do eixo de rotação (r) (pés ou mãos) (Figura 2).

Figura 2. Estrutura em blocos do Rodante (elaborado pelos autores)

Análise dos questionários

    Dois (2) professores disseram não utilizar os conhecimentos da biomecânica em suas aulas em momento nenhum no ensino do rodante por não conhecerem os conceitos. No entanto, em suas respostas, apareceram alguns conceitos biomecânicos, mas não de forma consciente, como já foi discutido por CORRÊA e FREIRE (2004) e OLIO (2005). Três (3) professores que disseram ser importantes os conceitos biomecânicos para o ensino do rodante não souberam exemplificar o momento em que os utilizam, apenas citaram algumas variáveis.

    Três (3) professores aplicaram a biomecânica no ensino do rodante e discorreram sobre o deslocamento e a velocidade linear, ângulos e alavancas formadas, transferência de impulso, deslocamento do centro de gravidade.

    Com relação aos elementos essenciais identificados na execução do rodante três (3) professores identificaram como elementos essenciais a posição do corpo e os movimentos de rotação, flexão e extensão que ele faz. Três (3) professores consideraram importantes algumas variáveis biomecânicas e capacidades físicas como elementos essenciais à execução do rodante, como velocidade, força, impulsão, agilidade e flexibilidade, mas não as separaram em fases. Dois (2) professores sugeriram exercícios que podem contribuir para melhorar o rodante em todas as fases. Três (3) professores deram como sugestões de correções exercícios educativos (aquecimento, alongamento, seqüência pedagógica) que podem contribuir em todas as fases do rodante. Quatro (4) deram sugestões verbais, como ajustar a posição de parte do corpo ou movimento que o mesmo deve fazer, para corrigir os erros nas diferentes fases do exercício. Apenas um (1) professor não deu sugestão nenhuma de correção de exercício, mas apontou os erros nas diferentes fases do rodante.

Exercícios sugeridos como seqüência pedagógica

    Muitos dos exercícios sugeridos pelos professores para o ensino do Rodante são citados pela literatura, como SANTOS (2002), ARAÚJO (2003) e BORTOLETO (2008). Pela aplicação de conceitos biomecânicos, explicaremos como pode ser possível o aproveitamento deles pedagogicamente nos exercícios sugeridos como seqüência pedagógica pelos professores que contribuíram com a pesquisa.

  • Parada de mãos – É o primeiro exercício utilizado na seqüência pedagógica para o ensino do rodante. O objetivo é a elevação dos membros inferiores ao apoio invertido. A tesourinha é a troca de pernas no alto. Não é necessário imprimir grande velocidade e impulso, e deve-se alcançar o equilíbrio. Para isso, deve-se controlar o torque, que é o efeito de girar o corpo para cima, ou seja, deve-se controlar a força empenhada nos pés para que fiquemos na posição invertida. A parada de mãos com ½ giro é também realizada com pouca impulsão, visando o alcance do equilíbrio. A transferência de força se dá de um eixo para o outro, como no rodante.

  • Estrela – Os membros inferiores do executante permanecem todo o tempo separadas, sendo necessário realizar a rotação de ¼ de giro ao redor do eixo longitudinal do corpo. A transferência de força se dá apenas no eixo longitudinal.

  • Estrela em uma linha – É realizada para corrigir a posição das mãos e a direção do corpo. As mãos devem estar posicionadas lateralmente com uma distância medida pela largura dos ombros, com a palma da mão toda apoiada para que a pressão exercida pela força aplicada na área seja menor.

  • Estrela unindo os membros inferiores – No final da estrela, une-se o pé que está no alto, ao lado do que está no solo, caracterizando o fim do rodante.

  • Repulsão de ombros – Parada de mãos em que as mãos executam uma força contra o chão com os braços estendidos para gerar um impulso que desloca o corpo para o alto, retornando à posição inicial em pé (3ª Lei de Newton - Ação e Reação) (HAY e REID, 1985).

  • Curveta – Parada de mãos em que o tronco realiza uma hiperextensão, fazendo o movimento de “celar” e “chutar”, e os ombros realizam a repulsão para alcançar uma maior velocidade no momento em que voltar a posição em pé. Esse exercício permite a transferência de quantidade de movimento do tronco (celar e chutar) para os pés.

  • Rodante partindo do plano elevado – Não é necessário imprimir tanta força no chão para impulsionar o corpo para o alto: a conclusão do movimento se dá com o auxílio da gravidade. Deve-se controlar o torque para que o aluno não se desequilibre para trás.

Explicação biomecânica para os erros citados pelos professores

    Para expor os resultados da pesquisa, foi elaborado um quadro com os erros mais observados e as correções solicitadas pelos professores (Tabela 1). Pela fala dos professores, percebe-se que, quando realizam as correções, utilizam pouco o vocabulário próprio da Biomecânica, fazendo-o apenas quando se referem à força, impulso, velocidade.

Tabela 1. Erros mais comuns e respectivas correções (elaborado pelos autores)

Fases

Erros

Correções

1ª - Entrada

Membros inferiores próximos um do outro; elevação excessiva do joelho da frente; extensão do joelho da frente; pés cruzados na chamada; membros superiores pouco elevados.

Exercício educativo: pega-pega em que só se pode correr realizando o movimento da chamada.

2ª – Apoio

Apoio das mãos próximas dos pés; mãos voltadas para frente; mãos cruzadas; mãos unidas; membros superiores flexionados; avanço da cabeça e dos ombros em relação às mãos; não olhar para as mãos.

Extensão dos membros superiores; mãos longe dos pés.

3ª – Impulsão

Não realizar a repulsão de ombros; não terminar a rotação dos membros superiores com o tronco; não unir os membros superiores no alto; deixar o corpo carpado.

As mãos devem sair do chão ao mesmo tempo acompanhando a cabeça; realizar a impulsão com o ombro; impulsionar os membros superiores com mais força e velocidade; manter os membros superiores estendidos.

Exercícios educativos: canoinha no solo para sentir a posição correta do corpo; curveta; flexão de braços na parada para obtenção de força.

4ª - Queda

Queda com os membros inferiores flexionados e separados (lateralmente e um na frente do outro); descer os membros inferiores e depois elevar o tronco com o corpo carpado ao invés de em desequilíbrio para trás; queda na ponta dos pés.

Encaixar o quadril: alongar o corpo e manter os membros superiores alongados acima e próximos à cabeça; terminar com os membros inferiores unidos e estendidos; forçar toda a sola do pé contra o solo.

Explicação biomecânica para os erros

1ª Fase

  • Membros inferiores próximos um do outro / elevação excessiva do joelho da frente: esses erros, caracterizados como “chamada curta”, fazem com que o tempo de aplicação da força do corpo sobre o chão se torne menor, diminuindo a impulsão, o que influencia no restante do exercício.

  • Extensão do joelho da frente: não há ganho em velocidade angular porque não há diminuição do raio, nem diminuição da inércia, fazendo com que o corpo não consiga uma força tal para transferi-la para velocidade linear.

  • Pés cruzados na chamada: devido ao aprendizado errado da estrela, as mãos não seguem a mesma linha dos pés. Para tentar corrigir esse erro no rodante, o executante cruza os pés na entrada para que as mãos sigam a mesma linha dos pés.

  • Membros superiores pouco elevados: os membros superiores baixos, ao lado do corpo, fazem com que o aluno não consiga transferir a quantidade de movimento gerada com o impulso inicial para o resto do corpo.

2ª Fase

  • Apoio das mãos próximas dos pés: erro também caracterizado como “chamada curta”. O tempo de aplicação da força é muito curto, fazendo com que o executante não consiga transferir a força dos pés para as mãos.

  • Mãos cruzadas: o executante realiza esse movimento para tentar voltar à linha reta do exercício, no entanto, esse erro só faz com que o corpo não adquira equilíbrio para terminar na mesma linha em que iniciou.

  • Mãos voltadas para frente / Membros superiores flexionados / Avanço da cabeça e dos ombros em relação às mãos / não olhar para as mãos: apoiando as mãos como na parada de mãos, flexionando os membros superiores e avançando a cabeça e os ombros em relação às mãos, freia-se o impulso, sem transferi-lo para a próxima fase. Para olhar as mãos, o aluno deve antes aprender como deixar a cabeça entre os ombros para não avançá-la, aprendendo corretamente a repulsão e a curveta.

3ª Fase

  • Não realizar a repulsão de ombros: não se consegue realizar no chão uma força necessária para ganhar altura e transferir essa mesma força para cima (3ª Lei de Newton - Ação e Reação).

  • Não terminar a rotação dos membros superiores com o tronco / não juntar os membros inferiores no alto / deixar o corpo carpado: esses erros acontecem porque não se consegue ganhar velocidade nas fases anteriores.

4ª Fase:

  • Queda com os membros inferiores flexionados e separados (lateralmente e ântero-posteriormente): os membros inferiores flexionados na queda são explicados pela pouca velocidade do corpo adquirida nas fases anteriores, o que faz com que o executante cometa esse erro para não cair. Os membros inferiores flexionados ântero-posteriormente indicam que o aluno realizou uma estrela porque não conseguiu terminar a rotação do tronco. Um exercício para a correção é a realização do rodante com um objeto entre os membros inferiores, no trampolim ou mini-trampolim.

  • Descer primeiro os membros inferiores e depois elevar o tronco com o corpo carpado ao invés de estar em desequilíbrio para trás: o corpo apresenta muitas variações angulares em seus segmentos, na última fase, o que faz com que perca a velocidade angular conseguida na fase anterior.

  • Queda na ponta dos pés: ocorre esse erro porque há pouca velocidade. Numa seqüência lógica, o executante também flexiona os joelhos e se desequilibra para frente. O professor sugere forçar toda a sola do pé contra o solo para a correção do erro, se referindo ao tempo de aplicação da força do corpo sobre o chão, o que aumenta o impulso final.

    Os erros relatados na 3ª e na 4ª fases somente acontecem pelos erros cometidos nas duas fases anteriores. Além disso, a maioria dos exercícios presentes na seqüência pedagógica serve exatamente para corrigir os erros mais cometidos nas duas últimas fases.

Conclusão

    Acredita-se que uma compreensão mais clara dos fatores mecânicos que interferem na relação ensino-aprendizagem pode resultar em uma atuação profissional mais coerente e produtiva.

    Entendemos que há muito ainda a se discutir sobre a formação em Biomecânica e sua aplicação pelos profissionais de Educação Física, pois é um tema pouco explorado sobre o qual os profissionais que atuam na área escolar e na iniciação esportiva apresentam diversas deficiências.

Referências

  • ARAÚJO, Carlos Manuel dos Reis. Manual de ajudas em ginástica. Canoas: ULBRA, 2003.

  • BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 3ed. Lisboa: edições 70, 2004

  • BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Introdução à Pedagogia das Atividades Circenses. Jundiaí-SP: Fontoura, 2008.

  • BRASIL – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais – terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: educação física. Brasília: MEC/SEF, 2000.

  • BROCHADO, Fernando Augusto; BROCHADO, Mônica Maria Viviani. Educação Física no Ensino Superior: Fundamento da Ginástica Artística e de Trampolins. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

  • CARR, Gerry. Biomecânica dos Esportes: um guia prático. São Paulo: Manole, 1998.

  • CORRÊA, Sônia Cavalcanti; FREIRE, Elisabete dos Santos. Biomecânica e Educação Física Escolar: possibilidades de aproximação. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 107-123, jan./dez. 2004.

  • FREITAS, Fabiana Fernandes de; COSTA, Paula H. Lobo da. O conteúdo biomecânico na Educação Física Escolar: uma análise a partir dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, ano 14, n. 1, p. 78-84, jan./jun. 2000.

  • HAY, James G.; REID, J. Gavin. As bases anatômicas e mecânicas do movimento humano. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1985.

  • NUNOMURA, Myrian. Abordagem educacional para a Ginástica Olímpica: avaliação de sua aplicabilidade num ambiente escolar. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 63-75, jan./jun. 1997.

  • OLIO, Miguel Martin. Biomecânica na Ginástica Olímpica Escolar. 2005. 26 f. Trabalho de Graduação Interdisciplinar (Especialista em Educação Física) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, Barurei, 2005.

  • SANTOS, Cícero Rodrigues. 1000 Exercícios para Ginástica Olímpica, Trampolim Acrobático e Mini Trampolim. Rio de Janeiro Sprint, 2002.

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