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A formação inicial em Educação Física
para a inclusão e a Psicologia Positiva

La formación inicial en Educación Física para la inclusión y la Psicología Positiva

 

*Doutorando e Mestre em Educação pela PUCRS. Técnico Desportivo

da Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA

**Pós-doutor em Psicologia. Universidad Autónoma de Madrid, Espanha

Doutor em Ciências Humanas/Educação. Professor Titular da Faculdade

de Educação da PUCRS e do Centro Universitário La Salle

***Pós-doutor em Psicologia. Universidad Autónoma de Madrid, Espanha

Doutor em Pedagogia, Livre Docente em Psicologia da Educação

Professor Titular da Faculdade de Educação e de Letras da PUCRS

Marcio Alessandro Cossio Baez*

Claus Dieter Stobäus**

Juan José Mouriño Mosquera***

marciobaez@unipampa.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          A prática de Educação Física é fundamental para qualquer individuo, e, sobretudo para as pessoas com necessidades especiais, por propiciar a estes a sensação de pertencer ao grupo social e colaborar para seu desenvolvimento integral. A psicologia positiva é o movimento científico e aplicado que visa identificar as qualidades das pessoas e promover o seu funcionamento positivo, contribuindo para o florescimento saudável de pessoas, grupos e organizações por meio do fortalecimento das competências ao invés de corrigir deficiências. O maior desafio é transformar a cultura dominante desencadeando um movimento coletivo ao longo dos anos, através de ações de profissionais da Educação, incluindo o professor da Educação Física, mudar e reverter esse quadro. Para incluir, destacamos no trabalho, que a inclusão das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais é benéfica. No entanto, a inclusão escolar não é um processo rápido, automático e sim um processo gradativo, além de ser responsabilidade de toda sociedade, que deve sentir-se comprometida, viabilizando a plena integração do indivíduo. O presente artigo busca levantar alguns pontos sobre a demanda de formação inicial em Educação Física pautado na Psicologia Positiva.

          Unitermos: Formação inicial. Educação Física. Psicologia Positiva.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Vemos que a Educação Física ao longo de sua história mostra-se em constante transformação. Os vários estudos que surgiram no decorrer dessa evolução nos mostram a constante redefinição de temas que vão desde o papel da Educação Física na sociedade brasileira até questões ligadas às mudanças necessárias no seu contexto mais prática.

    Essa transformação surge mediante ao processo histórico do Brasil, e a partir dessas rediscussões foram criando-se tendências indicando caminhos para a Educação Física, o que de certa forma nos mostram o quanto a Educação Física é ampla, por vezes difícil de ser compreendida e organizada pelos professores de Educação Física, pois todas têm suas particularidades e situam-se em vários contextos que a dão forma.

    Paulatinamente, acompanhando as demandas sociais da Educação Física, vemos o movimento da Inclusão sendo muito atual, em todos os sentidos, principalmente na Educação. Existem discussões dos educadores quanto ao termo e significado da inclusão, pois o desafio está nos projetos colocados em teoria e que deverão passar para a prática, no qual todos os seres humanos deverão usufruir dos mesmos direitos.

    Somos reconhecedores de que a Inclusão é um grande desafio, tanto da escola como da sociedade, pois cremos, ainda estamos tentando dar conta dos desafios que se apresentam e que demandam urgentemente de uma resposta mais efetiva de nossa área.

    Na consideração de que um dos papéis da Educação Física dentro de uma Educação Inclusiva nos conduz à reflexão de que é possível, sobretudo é preciso querer e estar disposto a modificar a concepção da sociedade e a nossa própria forma de ver o mundo, no sentido mais amplo em direção a uma Educação Física mais inclusiva.

    De forma crescente, temos investido estudos sobre a Psicologia Positiva que se destaca como proposta de valorização do individuo e do grupo. Desse modo, o presente artigo, resultante de revisão bibliográfica, busca levantar alguns pontos sobre a Educação Física, sua prática inclusiva, sob o olhar da Psicologia Positiva, refletindo sobre a formação inicial dos professores de Educação Física e o processo de Inclusão.

Educação Física, suas transformações e a inclusão

    A Educação Física ao longo dos anos mostra-se em constante transformação. Segundo Ghiraldelli Jr (1991, p.15):

    Desde o início dos anos 80, qualquer observador da área pode constatar que em vários estados do país pululam núcleos empenhados na rediscussão de temas que vão desde a redefinição do papel da Educação Física na sociedade brasileira até questões ligadas ás mudanças necessárias ao nível da prática efetiva nas quadras, ginásios e campos.

    Essa transformação surge mediante ao processo histórico do Brasil, e a partir dessas rediscussões foi criando-se tendências indicando caminhos para a Educação Física. O mesmo autor aponta que não há um quadro classificatório identificando essas tendências, mas pôde resgatar cinco: a Educação Física Higienista (até 1930), a Educação Física Militarista (1930-1945), a Educação Física Pedagogicista (1945-1964), a Educação Física Competitivista (pós-64), e a Educação Física Popular.

    Isso vem ao encontro ao que afirma Rozek (2012, p. 32) “percebe-se que a concepção tecnicista de educação, que alcançou grande vigor no pensamento educacional brasileiro na década de 1970, que foi criticada e rebatida na década de 80, reaparece com outras configurações no atual cenário”.

    A intenção de expor essas tendências é de mostrar o quanto a Educação Física é ampla; difícil de ser compreendida e organizada pelos professores de Educação Física, pois todas têm suas particularidades que são necessárias nas aulas de Educação Física, por isso cada uma deve ser reconhecida.

    A palavra inclusão vem sendo colocada e usada muito atualmente, em todos os sentidos, principalmente na educação. Existem discussões dos educadores quanto ao termo e significado da inclusão, pois o desafio está nos projetos colocados em teoria e que deverão passar para a pratica, no qual todos os seres humanos usufruir os mesmos direitos. Krug (2001) afirma que a sociedade deve saber que ninguém deve ser excluído, mas, quando for destacado como grave o comprometimento, precisa, no entanto, ser encaminhado para escolas e classes especiais. Segundo Correa (2001) a inclusão é um grande desafio, tanto da escola como da sociedade, pois não estamos preparados para lida com essa nova era. Já Junior & Araújo (2003) citam que a inclusão vem através da igualdade e o respeito sobre as diferencias, onde que todos crescem com relação à cidadania, o que levará a educação.

    Se for a educação responsável por essa distinção, a qual privilegia apenas certo tipo de grupo, é óbvio que a mesma deixa de desempenhar seu papel. A educação deve ser dedicada para todos, e a Educação Física é uma área que tem subsídio para atender todos os tipos de ‘bolos’, basta os educadores utilizarem os artifícios que abrange a Educação Física.

    Pedrinelli (2002) cita que aquele profissional que não trabalha o envolvimento da inclusão estará favorecendo uma atitude de exclusão, e isso acontece com quem não possui também nenhum conhecimento teórico, porque poderá não estar entendendo a dificuldade e diferença de aprendizagem que os alunos possuem. Ao contrário do que o profissional que trabalha há inclusão, que aceita a ideia de que todos são importantes e significativos, tendo o ponto chave à diversidade, que, no entanto, levará a maior e mais complexa da aprendizagem. Conforme Rozek (2012, p.28):

    [...] é preciso compreender o processo educacional em suas bases; é preciso refletir sobre as concepções que traduzem as práticas pedagógicas e definem os contornos do agir pedagógico; é preciso compreender os sentidos que o professor atribui a sua docência com alunos que apresentam deficiências; é preciso redimensionar o modo de pensar e fazer educação, tarefa complexa por natureza.

    O papel da Educação Física dentro de uma Educação Inclusiva nos faz refletir que é possível, mas é preciso querer e estar disposto a modificar a concepção da sociedade e a nossa própria forma de ver o mundo.

    Segundo Glat (1995, p.44):

    ... se aproximar desse indivíduo, e entendê-lo com suas especificidades e suas dificuldades individuais - incluindo sua deficiência. E aí sim junto com ele, criar um programa individual de integração que atenda às suas necessidades, possibilidades e desejos. Não podemos carregá-lo no colo, podemos apenas ajuda-lo a percorrer o seu caminho, que no final das contas, será solitário e individual, como o de todos nós.

    Winnick e Joseph (2004) afirmam que enquanto os professores de Educação Física não se conscientizarem sobre a importância que tem ao facilitar a participação dos alunos portadores de deficiência, estes continuarão do lado de fora, sem fazer nada, olhando os outros participarem e imaginado como seria sentir essa emoção.

    Nesse sentido, fica claro o quanto é importante o papel do educador de Educação Física diante o planejamento de sua aula para que possa atingir todos seus alunos. Os conteúdos da Educação Física são muitos e diversificados, e devem ser usados para suprir a necessidade de cada aluno.

    As possibilidades de relações afetivas positivas se constituem pelo respeito às diferenças que muitas vezes são vistas como fator de valorização ou descrédito no inicio de uma interação (RODRIGUES, et al. 2004).

A formação inicial em Educação Física e a prática inclusiva

    A formação ou a capacitação é o momento em que os professores podem discutir teorias e experiências de ensino e aprendizagem que futuramente serão utilizadas em sua prática. Neste sentido, vem sendo discutida a importância de se reestruturar os cursos de graduação em Educação Física para atender a perspectiva de inclusão em todos os seus aspectos, o que consiste em uma necessária reformulação curricular que favoreça a reflexão sobre as questões relativas à inclusão, possibilitando compreender das mudanças necessárias para sua efetivação.

    Para Tardif (2002), os saberes docentes são plurais e temporais, pois provêm de várias fontes sendo estas: os saberes da formação profissional, saberes pedagógicos, saberes disciplinares, saberes curriculares, e os saberes da experiência.

    A identidade profissional, conforme Schaffel (2000), está intimamente ligada com a atividade profissional, apresentando-se como o resultado de processos individuais e coletivos, subjetivos e objetivos, que em conjunto formam os indivíduos e definem as instituições.

    Ao retratar o processo de formação em Educação Física é possível apontar controvérsias, indagações e proposições diferenciadas em relação ao tema. De uma maneira geral e pautada num passado bastante heterogêneo frente aos aspectos básicos do conhecimento e às habilidades necessárias para se tornar um professor, a formação ainda preserva resquícios dos paradigmas tecnicistas (ALVAREZ, 2001). Nesta mesma linha:

    No entanto, os cursos de formação, em geral, têm privilegiado os meios de ensino, ou seja, o ‘como fazer’, deixando de lado a discussão mais relevante que responde à pergunta ‘para quê ensinar’ [...] Dessa forma há uma redução do papel do professor que se transforma em um técnico, em um mero executor de decisões tomadas por especialistas (CALDEIRA, 2001, p.90).

    Os cursos de Educação Física vêm acrescentando em sua organização curricular disciplinas que tratam da questão da inclusão, dos alunos com deficiência, nas aulas de Educação Física, em alguns cursos de forma optativa, em outros, obrigatória; atendendo à implantação do Currículo Mínimo de Educação Física, publicado em 1987 no Brasil, que prevê a necessidade de atuação do professor de Educação Física com indivíduos com deficiência (CASTRO, 2005).

    Mantoan (2003) amplia essa discussão enfatizando que todos os cursos de formação de professores precisam sofrer modificações nos seus currículos, de modo que os futuros professores aprendam práticas de ensino e conhecimentos adequados à heterogeneidade das turmas escolares. Heterogeneidade que, apesar de agora estar mais evidente, sempre esteve presente no contexto escolar, mas que na maioria das vezes era ignorada.

    O mesmo Mantoan (2003) salienta que a formação inicial ou continuada direcionada à inclusão escolar não se encaixa em uma especialização, extensão ou atualização de conhecimentos pedagógicos, mas em uma formação que ressignifique o papel do professor, da escola, da educação e de práticas pedagógicas, que prepare profissionais para transformar a escola, na perspectiva de uma abertura incondicional às diferenças e de um ensino de qualidade. Pois conforme Stobäus e Mosquera (2003, p. 188) “[...] a Educação Inclusiva merece grande atenção, pois são os professores que têm um papel preponderante na atuação com o aluno, especialmente aquele com Necessidades Educacionais Especiais”.

    A formação de um profissional de Educação Física tem um papel fundamental para a sua atuação com o desenvolvimento do processo de aprendizagem de seus alunos. Pode-se dizer que à formação profissional primeiramente "cabe a universidade, que tem como função criar recursos humanos para o desenvolvimento das atividades profissionais" (PELLEGRINI,1988, p.250).

    Sabe-se que a aquisição de um conhecimento na Educação Física tem que ser um conhecimento científico e prático que deve se basear nas três dimensões, atitudinal, conceitual e procedimental, o que auxiliará na formação de um profissional reflexivo. "O professor reflexivo é aquele que é capaz de analisar as suas próprias práticas, de resolver problemas, de inventar estratégias, apoiando-se em na contribuição dos praticantes e dos pesquisadores" (ALTET et al, 2001, p.26).

    Embora haja uma oferta de "conhecimento" na formação acadêmica, há uma grande defasagem da exposição desse conhecimento. Contudo, essa oferta de conhecimento muitas vezes não faz com que os acadêmicos gerem seu próprio conhecimento, "eles apenas reproduzem o que lhes foi passado em sala de aula ou o que foi estudado por peritos que detém o conhecimento" (TARDIF 2003, p. 230).

    Diante da inclusão, tornam-se indispensáveis adaptações no currículo do curso de Educação Física, uma vez que essa disciplina tem relação diferenciada com os alunos, permitindo uma liberdade de expressão tanto corporal quanto verbal que as outras não possibilitam. Mazini Filho et al. (2009) afirmam que a Educação Física é flexível e pode ser adaptada conforme cada necessidade estimulando assim a participação e integração de todos os alunos.

    Pensando nisso os acadêmicos de Educação Física começam a ter contato com a inclusão através de disciplina relacionada ao assunto, porém, essas informações não são o suficiente para preparar o futuro professor, que mesmo depois de formado ainda apresenta medo e insegurança para ministrar suas aulas.

    Baez et al. (2012), afirmam que em uma sociedade que atualmente os valores estão sofrendo dia a dia mudanças estruturais, sentimos a necessidade de afirmar que a área de Educação Física, quando bem desenvolvida e com o suporte necessário para seu desenvolvimento, caracteriza-se como uma alternativa, de fácil aceitação por parte dos alunos para realização de tarefas que contribuam favoravelmente para a construção de uma identidade pessoal.

    Conforme salientam Falkenbach et al.:

    Os professores de Educação Física percebem fragilidades em sua formação inicial e continuada. É fato constatar que os projetos pedagógicos dos cursos de formação dos professores de Educação Física apresentam pouco conteúdo quando o tema é inclusão na rede escolar de ensino. É comum perceber que o currículo de formação apresenta, com frequência, uma disciplina que vai tratar deste tema. Assim o futuro professor de Educação Física é pouco confrontado com estudos nessa linha (2008, p4).

    O professor precisa buscar, além da formação inicial também a continuada sobre a educação inclusiva, pois, quando este conhece as diversas maneiras de trabalhar com os alunos com necessidades especiais, todos saem ganhando, tanto o professor, que ganha ênfase na sua metodologia, quanto ao aluno que se sente parte deste grupo escolar podendo ser ele mesmo. Desta forma, Falkenbach et al. (2008) afirmam que pensar na formação dos professores, é pensar numa educação que rompe barreira e prioriza as necessidade dos indivíduos respeitando seu ritmo e suas diferenças.

    O bom professor desenvolve em seus alunos autoestima positiva e tem uma postura de aceitação, empatia, amizade e afeto, garantindo um ambiente seguro e controlado, adota também abordagens de elogio e incentivo, criando um ambiente agradável onde todos os alunos são bem aceitos (WINNICK, 2004).

Psicologia Positiva e a Educação Física

    Definição habitual de psicologia é "ciência do comportamento", mas segundo Serbena e Raffaelli (2003) necessitam de uma revisão de seus pressupostos básicos. Pois essa definição representa o predomínio histórico das correntes neopositivistas e materialistas no campo psicológico a qual se contrapõe a etimologia da palavra psicologia que significa estudo da alma.

    Atualmente, é muito importante também mencionar uma nova linha da Psicologia, denominada Psicologia Positiva. Conforme Seligman e Csikszentmihalyi (2000), a Psicologia Positiva é uma ciência que estuda, portanto, três aspectos principais. O primeiro se refere às experiências subjetivas positivas, tais como bem-estar, contentamento e satisfação, esperança e otimismo e felicidade. O segundo diz respeito aos traços individuais positivos, como capacidade de amar e perdoar, vocação, coragem, habilidades interpessoais, sensibilidade estética, perseverança, originalidade, aptidões, espiritualidade, talento e sabedoria. O terceiro aspecto é o grupal: virtudes cívicas e instituições positivas, atuantes no processo de desenvolvimento do ser humano (família sólida, democracia, um amplo círculo moral), que movam indivíduos para uma melhor cidadania, isto é, responsabilidade, educação, altruísmo, civilidade, moderação, tolerância e trabalho ético.

    Nos últimos anos, desenvolveu-se a Psicologia Positiva, cujo objetivo é estudar características e estratégias de pessoas com um perfil positivo, voltado à manutenção e desenvolvimento de pensamentos e ações construtivas, ou seja, aquelas que apresentam virtudes como perseverança, esperança, fé, entre outras, relacionando essas características e estratégias ao conceito de felicidade. Da mesma forma, essa nova área procura investigar os fatores que as pessoas relacionam a sua percepção de felicidade.

    A Psicologia Positiva se compromete assim, segundo Seligmann e Csikszentmihalyi (2000), com a promoção da qualidade de vida e a prevenção de patologias e doenças que surgem quando a vida é sentida como inútil e sem significado.

    Rodrigues (2003), afirma que a Educação Física, apesar de suas possibilidades, pode se constituir como um adjuvante ou um obstáculo adicional para que a escola seja (ou se torne) mais inclusiva. O autor afirma que, aparentemente, a Educação Física seria uma área curricular mais facilmente inclusiva devido à flexibilidade inerente aos seus conteúdos; por permitir ampla participação mesmo de alunos que apresentem dificuldades; pelos professores desenvolverem atitudes mais positivas perante os alunos que os demais membros do corpo docente. Para o autor, geralmente os professores de Educação Física são conotados como profissionais que apresentam atitudes mais favoráveis à inclusão e, consequentemente, levantam menos problemas e com maior facilidade encontram soluções para casos difíceis.

    Segundo Seligmann (2004), a Psicologia Positiva dá maior importância aos aspectos bons do comportamento humano, tais como a felicidade, a alegria, o optimismo, o amor, a esperança e outras. Estuda as virtudes e os comportamentos saudáveis de adultos e de jovens, desenvolve capacidades de iniciativa e outras latentes, mas subdesenvolvidas, e propõe-lhes novas linguagens, que lhes permitam enfrentar os desafios da vida moderna sem depressões e ansiedades. Também não é desprezível a relação da psicologia positiva com a educação, na medida em que desinibe e aproxima o professor e o aluno, motiva o aluno de forma mais fácil e eficiente, socializa-o por um processo mais suave, humano e convincente, sara a chaga social do abandono escolar, e o sucesso deixa de ser uma promessa para torna-se uma realidade.

    Outra importante contribuição da Psicologia Positiva envolve a possibilidade de abordar as questões envolvidas no desenvolvimento das pessoas, reconhecendo que elas e as experiências estão inseridas em contextos sociais e culturais. Certamente, esse movimento não é o único que distingue a importância do ambiente social para o comportamento humano, no entanto, produz uma mudança na teoria psicológica ao conceitualizá-lo como um organismo integrado. Por isso, dedica-se, também, ao estudo do funcionamento de grupos e instituições, por entender que esses ambientes são significativos na vida das pessoas.

    A Psicologia Positiva pretende se debruçar sobre as experiências positivas (como emoções positivas, felicidade, esperança e alegria), características positivas individuais (como caráter, forças e virtudes), e instituições positivas (como organizações baseadas no sucesso e potencial humano, sejam locais de trabalho, escolas, famílias, hospitais, comunidades ou sociedades) (SELIGMANN, 2004).

    De acordo com essa nova visão, o conhecimento das forças e virtudes poderia propiciar o florescimento (flourishing) das potencialidades das pessoas, comunidades e instituições. Portanto processo de inclusão de crianças com necessidades especiais na escola ainda apresenta dificuldades básicas e essenciais para o sucesso desse movimento. A intensificação de medidas qualificadoras e de orientação aos professores e comunidade parece ser uma medida viável para efetivação deste processo tendo como apoio a Psicologia Positiva através de suas práticas promotoras de bem estar.

Considerações finais

    A formação do professor de Educação Física na atuação profissional inclusiva entre si e que as suas diferenças não devem ser exaltadas e sim resgatar as potencialidades de cada um como individuo e como um integrante do grupo. A partir das características da Educação Física, nota-se que mesmo com a intenção de se trabalhar o desenvolvimento biopsicossocial de cada indivíduo, e sabendo-se que a Educação Física tem fundamentado o principio da individualidade biológica, sabendo-se que se deve respeitar as diferentes características e limites de cada individuo ainda há um grande receio por parte dos profissionais para atuar na área de Educação Física adaptada.

    Concordo que seja complicado organizar tudo que já foi discutido sobre o papel da Educação Física, mas não é isso que impede um professor de Educação Física incluir alunos portadores de necessidades físicas, orgânicas ou técnicas, a Educação Física é uma matéria que permite ao professor usar e abusar da sua criatividade, e se existe possibilidades de tirar seu aluno do banco, porque não utilizá-las?

    A Inclusão pelos meios que a Educação Física oferece, a partir dos conteúdos que na maioria das vezes não são trabalhados nas aulas de Educação Física, os mesmos poderão contribuir para que haja a inclusão de alunos portadores de deficiências físicas, orgânicas ou técnicas.

    Refletir sobre as questões de uma escola de qualidade para todos, incluindo alunos e professores, através da perspectiva sócio-cultural significa que nós temos de considerar, dentre outros fatores, a visão ideológica de realidade construída sócio e culturalmente por aqueles que são responsáveis pela educação. Julgamentos de "deficiência", "retardamento", "privação cultural" e "desajustamento social ou familiar" são todas construções culturais elaboradas por uma sociedade de educadores que privilegia uma só fôrma para todos os tipos de bolos. E geralmente a forma da fôrma de bolo é determinada pelo grupo social com mais poder na dinâmica da sociedade.

    Acreditamos, então, que a Psicologia Positiva tem importante papel na formação de professores, mas somente no encontro crítico com outros conhecimentos e áreas será possível delinear uma formação docente que entenda o fenômeno educativo em sua multiplicidade, complexidade e situação histórica.

    Ao considerar que estamos falando em inclusão social, que respeita a individualidade, que respeita as necessidades do grupo, propomos para a formação dos professores, que os mesmos sejam ouvidos, tenham espaço para expor suas dificuldades, que possam sugerir, opinar, falar sobre suas experiências positivas e negativas, que possam se sentir estudiosos e pesquisadores, construtores de conhecimentos e não que isto é coisa, apenas, para mestres e doutores das universidades.

    Em nossa concepção, a Educação Física deve propiciar o desenvolvimento global de seus alunos, ajudar para que o mesmo consiga atingir a adaptação e o equilíbrio que requer suas limitações e ou deficiência; identificar as necessidades e capacidades de cada educando quanto às suas possibilidades de ação e adaptações para o movimento; facilitar sua independência e autonomia, bem como facilitar o processo de inclusão e aceitação em seu grupo social, quando necessário.

    A articulação sistemática de uma comunidade escolar promotora do bem estar implica uma visão holística e orientada para resolução de problemas reais e concretos da Educação, desde que ela seja resultado de sua construção e ampliação de seus campos de superação de problemas e consequente redução das incertezas através de práticas que motivem e construam o florescimento de seus envolvidos.

Referencias

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