A influência do professor de Educação Física no ensino infantil La influencia del profesor de Educación Física en la educación inicial |
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*Graduadas em Educação Física **Professora Titular Faculdade Adventista de Hortolândia (Brasil) |
Ana Paula de Souza Pereira* Juliana Machado Mafra* Mayara Faria Ramos* Helena Brandão Viana** |
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Resumo Introdução: Esta pesquisa teve como foco a Educação Física Infantil e a Educação Física Escolar. Objetivo: Analisar o nível de desenvolvimento motor de crianças de cinco anos de idade que se encontram no ensino infantil e tem o acompanhamento do professor de educação física comparando aos que não tem. Materiais e métodos: Para a análise foi realizado uma pesquisa com testes da Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) de Rosa Neto (2002), com vinte crianças, sendo dez de escola pública, sem professor especialista, e dez de duas escolas privadas que tem o profissional de Educação Física. Resultados: Nas escolas onde havia o professor de educação física obtivemos um resultado mais favorável em relação ao nível motor normal do que na escola onde não havia o professor. Discussão e conclusão: Para uma melhor discussão sobre os resultados dessa pesquisa, seria necessário uma averiguação sobre a qualidade das aulas de educação física que tem sido aplicada nas escolas pesquisadas, pois sabemos que a existência do profissional de educação física não significa que a qualidade das aulas ou atividades motoras seja maior do que as escolas que não possuem o professor especialista. Unitermos: Professor de Educação Física. Ensino infantil. Influência.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O presente estudo apresenta a importância da educação física na educação infantil. Para isso algumas características desse processo foram abordadas para melhor esclarecer. O desenvolvimento motor infantil passa por uma progressão. A criança precisa ser estimulada por diversos fatores para que possa ter um êxito no seu processo, estímulos esse que partem da condição do ambiente que foi proposto para a aprendizagem, contribuição da família, da sociedade e posteriormente do professor de EF trazendo estímulos gerados pela prática.
Autores mostram que dos dois aos sete anos de idade a criança está na fase de desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais, que se subdivide em: de dois a três anos – estágio inicial; de quatro a cinco anos – estágio elementar; e de seis a sete anos – estágio maduro (GALAHHUE, 2003). Serão desenvolvidas nessa fase as habilidades motoras fundamentais e estabilizadoras (Equilíbrio Dinâmico, equilíbrio estático, movimentos axiais, locomotoras e manipulativas).
É importante sabermos sobre as características comportamentais de cada idade para definirmos o que trabalhar e explorar na criança. Para isso Jean Piaget juntamente com a Psicologia do desenvolvimento detectou que dos dois aos 24 meses prevalece o comportamento sensório-motor; dos 4 aos 5 anos pré-operatório; de sete a 12 anos operatório – concreto e dos 12 anos em diante operatório-formal.
Após esse conhecimento é necessário adequar as atividades motoras para cada idade. Nesse caso o brincar é um excelente método para se usar no desenvolvimento da criança. O brincar é um processo natural e de plena importância na vida da criança. A brincadeira proporciona para a criança seu desenvolvimento psicológico, motor, social e cultural. Esse é a real contribuição da educação básica no ensino aprendizagem da criança.
A Carta Brasileira de Educação Física, propõem que a Educação Física seja obrigatória no ensino básico (infantil, fundamental e médio) (CONFEF, 2013).
A Educação Física na Educação Infantil tem um papel muito importante e significativo para o desenvolvimento da criança (ANTUNES, 2010). Estas conseguem ter um melhor conhecimento de si, dá continuidade à cultura corporal tornando-se indivíduos mais autônomos em seu processo, fazendo propostas desafiadoras que os levarão a busca de soluções.
As crianças não são apenas receptoras de saberes do mundo adulto, elas são capazes de desenvolver idéias provenientes das situações a que forem submetidas (SILVA; KUNZ; AGOSTINO, 2010).
Autores afirmam que: o brincar de antigamente está perdendo sua identidade, devido ao esquecimento da cultura lúdica, que faz parte do universo da criança onde ela interage de forma natural com seu mundo mágico (MACIEL & STRAUB, 2011). Por isso a importância do professor de Educação Física, para estruturar e sistematizar jogos e brincadeiras, a fim de se resgatar e resignificar o mundo da criança. Os objetivos da Educação Física na Infância se resumem em quatro tópicos: “introduzir o aluno na cultura corporal de movimento; compreender e vivenciar o significado de saúde integral; compreender o significado de lazer e suas possibilidades e entender a linguagem corporal como forma de interação” (RANGEL, 2012).
Dessa forma um conhecimento específico é necessário para que conteúdos pertinentes à Educação Física sejam trabalhados. É nesse ponto que chamamos a atenção para a importância do professor de EF no ensino infantil. Autores afirmam que um professor especialista tem a competência especifica de fragmentar os conteúdos e até mesmo podemos dizer o aprendizado para que este possa ser significante para o aluno e que o mesmo contribua para seu crescimento de forma global (AYOUB, 2001).
Para isso foi realizada uma pesquisa de campo, cujo objetivo foi identificar o nível de desenvolvimento motor nas crianças de ensino infantil de 5 anos de idade, cujo tinham a presença do professor de educação física em relação as que não apresentaram o profissional específico.
Materiais e método
Esta pesquisa teve caráter predominantemente qualitativo, cuja característica mais significativa é de caráter interpretativo e teve a aprovação do Comitê de Ética da PUC Campinas, CAAE nº 08327312.1.0000.5481, nº 170.015.
Foi utilizado para os testes os seguintes materiais: fita de cetim de aproximadamente 45 cm e um lápis; um desenho de labirinto, lápis, papel seda (5x5 cm), dois suportes de madeira de 20 cm de altura, uma corda, dois retângulo de cartolina 14x10 cm corte em sentido longitudinal.
No método foi aplicado o teste de avaliação Motora de Rosa Neto (2002) com base em uma Escala de Desenvolvimento Motor (EDM). Essa bateria de testes tem por finalidade avaliar o desenvolvimento motor da criança contendo 10 atividades para cada idade motora (IM), atividades que vão dos dois aos 11 anos. Os testes foram aplicados a partir da idade cronológica da criança, expressa em meses. Se houvesse dificuldade em realizar o da sua própria faixa etária deveria fazer o anterior até obter êxito. A criança soma pontos a cada atividade positiva e a partir disso lhe é atribuída uma IM.
O teste teve uma ordem de aplicação sendo esta: motricidade fina (IM1); motricidade global (IM2); equilíbrio (IM3); esquema corporal (IM4); organização espacial (IM5) e organização temporal (IM6). As IM são somadas e dividas por 6 obtendo assim a idade motora geral (IMG) (IMG = IM1+IM2+IM3+IM4+IM5+IM6/6). A partir do resultado IMG tem-se o quociente motor geral (QMG), que divide a IMG pela idade cronológica e multiplica-se por 100 (QMG = IMG/IC.100) podendo identificar através de um quadro (Quadro 1) o nível de desenvolvimento motor.
Quadro 1. Valores finais do quociente motor e sua categoria de classificação
130 ou mais |
Muito superior |
120 – 129 |
Superior |
110 – 119 |
Normal alto |
90 – 109 |
Normal médio |
80 – 89 |
Normal baixo |
70 – 79 |
Inferior |
69 ou menos |
Muito inferior |
Fonte: Rosa Neto (2002)
Resultados
Na tabela 1 estão os resultados da amostra sem a presença do professor de educação física, onde se confere os dados gerais do teste segundo a EDM (ROSA NETO, 2002). Em destaque 3 resultados que obtiveram classificação do quociente em normal baixo.
Tabela 1. Escola sem Educação Física
Nas Tabelas 2 e 3, onde ambas já tem o professor de educação física, todos os resultados estão classificados em normal médio, de acordo com o quadro 1.
Tabela 2. Escola com Educação Física – escola 1
Tabela 3. Escola com Educação Física – escola 2
Destacamos do teste completo os testes de motricidade global, equilíbrio e esquema corporal onde são realizadas provas que exigem habilidades importantes para a EF, sendo elas, saltar, caminhar, equilibrar (com uma ou as duas pernas) e imitar gestos e saber lateralidade (direita e esquerda). Para chegar a esse resultado fizemos o seguinte calculo: IMG = IM2+IM3+IM4/3 e para o QMG idem ao teste completo.
Podemos observar que na tabela 4 houve um pequeno aumento em relação ao desenvolvimento motor no normal baixo e um destaque na tabela 5 de um nível de normal alto. Já na tabela 6 não ouve nenhum destaque.
Tabela 4. Escola sem Educação Física
Tabela 5. Escola com Educação Física – 1
Tabela 6. Escola com Educação Física – 2
Discussão
Com essa avaliação propusemos analisar uma possível diferença no desenvolvimento motor de crianças que estudam em escolas que têm o professor de Educação Física e as que não têm.
Os testes realizados com crianças de 5 anos de idade em escolas com o professor de Educação Física tiveram mais resultados favoráveis em relação ao nível motor normal do que na escola que não tinha o professor, demonstrando pouca diferença nos resultados, nos levando a pensar sobre qual Educação Física está sendo aplicada no ensino infantil. Devendo a mesma ser bem estruturada e intencionalizada de acordo com o nível de desenvolvimento da criança.
Segundo Fernandes, Nogueira & Martinez (2008) em seu teste realizado com crianças da mesma idade do ensino infantil da escola pública da cidade de Sertãozinho, foi realizada uma pesquisa de seis meses que inseriram em uma turma um profissional capacitado para realizar atividades especificas da aula de educação Física e na outra turma ficou com a professora da sala de aula que também utilizou de atividades lúdicas. As crianças que tiveram o professor especifico tiveram um resultado de maior aproveitamento em seu desenvolvimento motor enquanto as crianças que ficaram com a professora de sala não tiveram uma complexidade em suas habilidades motoras no âmbito do desenvolvimento.
Comparando com nossa pesquisa que foi realizada em curto prazo devemos analisar algumas variáveis da aula de Educação Física como: qualidade da aula realizada, didática do professor e comprometimento com seu trabalho.
Referências
ANTUNES, C. Educação Física e Didática. Coleção como bem ensinar. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2010.
AYOUB, E. Reflexões Sobre a Educação Física na Educação Infantil. Rev. paul. educ. fís., São Paulo, supl.4, p.53-60, 2001.
FERNANDES, D.P., NOGUEIRA, J. E. & MARTINEZ, L. R. M. O Papel Do Professor Especialista Na Educação Física Infantil Escolar. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 13 - N° 125 - Octubre de 2008. http://www.efdeportes.com/efd125/o-papel-do-professor-especialista-na-educacao-fisica-infantil-escolar.htm
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. Phorte editora Ltda. 2ª edição 2003.
MACIEL, D. F.; STRAUB, J. L. Brincadeiras na Educação Infantil: seus significados no processo ensino aprendizagem. Eventos Pedagógicos 2011.
RANGEL, I. C. A. Educação Física na Infância. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SILVA, E. G.; KUNZ; E.; SANT’ AGOSTINO, L. H. F. Educação (física) infantil: território de relações comunicativas. Rev. bras. ciênc. esporte (Impr.) vol.32 no. 2-4 Porto Alegre Dec. 2010.
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