Educação Física na zona rural: relato de experiência em uma escola municipal no distrito de Favelândia, BA La Educación Física en una zona rural: relato de experiencia en una escuela municipal en el distrito de Favelandia, BA |
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Licenciada em Educação Física (FASB) e pós-graduanda em Saúde Coletiva com Ênfase em PSF (FG). Integrante do corpo docente da Faculdade São Francisco de Barreiras (FASB) |
Deise
Bastos de Araújo (Brasil) |
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Resumo A Educação na Zona Rural, mesmo não possuindo um conceito que a defina integralmente, possui características que demonstram que esta engloba um conjunto de profissionais que atuam no campo. Neste cenário, a Educação Física também poderá contribuir para o processo de ensino aprendizagem dos educandos rurais. Diante disto, o povoado de Favelândia – Distrito da cidade de Bom Jesus da Lapa – BA, oferta em uma de suas escolas municipais, aulas de Educação Física para turmas do Ensino Fundamental II. Tais aulas, no período de julho a novembro de 2012, puderam proporcionar análises reflexivas que foram explicitadas neste relato de experiência, através disto podendo concluir que há diferença entre o ensino na Zona Rural para a Zona Urbana, onde ainda há a necessidade de um olhar mais delicado dos órgãos de competência política e social, em contribuir para a Educação do Campo, que ainda é preciso que a Educação Física seja fortalecida nestas comunidades, através da preparação e inserção de profissionais desta área no quadro de funcionários, além disto que seja despertado o interesse em ampliar estudos e pesquisas na área da Educação Física na Zona Rural, para discussões mais amplas. Unitermos: Educação Física Escolar. Relatos de experiência. Zona rural.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Assim como em outros conceitos, a Educação no Campo ainda não possui um conceito que a defina integralmente, mas esta possui características que fazem parte de um contexto histórico que recria o conceito de camponês, usando desta forma o campo como símbolo significativo, desta forma compreendendo-a como o conjunto de profissionais que atuam no campo (FERREIRA e BRANDÃO, 2011).
Neste sentido, a Educação Física quando integrada à Educação na Zona Rural contribuirá para o processo ensino-aprendizagem dos educandos, podendo esta atribuir estratégias que se adaptem as especificidades da localidade rural, assim ofertando através de sua essência o compartilhamento de conhecimentos inerentes ao corpo em movimento.
Mediante a isto, o povoado de Favelândia (Distrito do município de Bom Jesus da Lapa – BA) pode contar com duas Escolas municipais de Ensino Básico, uma destas oferta aulas de Educação Física para as turmas do Ensino Fundamental II, tais aulas que serão o foco dos relatos a seguir.
Este relato de experiência tem como objetivo apresentar os aspectos pedagógicos da Educação Física Escolar desta escola da Zona Rural no período de julho a novembro de 2012, a partir disto fazer uma análise reflexiva sobre a importância da Educação Física em localidades rurais.
Desenvolvimento das aulas de Educação Física
As aulas de Educação física aqui relatadas, iniciaram em julho e encerraram em novembro de 2012, estas aconteceram em horário curricular, duas vezes por semana, para turmas do Ensino Fundamental II.
Para este período da Educação Básica, espera-se que através das aulas de educação Física, os alunos sejam capazes de participarem das atividades proporcionadas, negar a violência, conhecer de forma integral a cultura corporal local, do Brasil e do mundo, reconhecer-se como componente de uma sociedade que necessita de atitudes coletivas, solucionar problemas relacionados ao contexto corporal, dentre outras atitudes benéficas para si e para o próximo (PCN’s, 1998).
Para este período foram programadas aulas de lutas, danças, ginásticas e jogos, pois no período anterior já haviam trabalhado os esportes, o ensino deste eixos que são pilares da Educação Física Escolar, foram conteúdos inéditos às turmas envolvidas, em que inicialmente provocaram dúvidas, curiosidades, rejeição e aceitação dos educandos e da comunidade que os cercam.
Sobretudo, antes da atuação direta com as alunos as aulas foram discutidas e elaboradas junto a proposta da Educação Física, da Secretaria Municipal de Educação e dos Gestores da Escola, em que se pôde organizar e planejar, aulas que pudessem atender as expectativas e os anseios dos alunos.
No decorrer das aulas, foi possível vivenciar novas possibilidades de atuação profissional, em que houve a necessidade de construir com os alunos os materiais para a execução das aulas, de leva-los a sombra de uma árvore defronte à Escola para executar atividades que demandassem maior espaço, de afastar as cadeiras para dançarem, lutarem, jogarem e praticarem ginásticas, além disto, compartilharam conhecimentos, dentre estes os locais, que contribuíram especialmente para a construção de novos saberes.
Mesmo sendo este um período curto de atuação, se pode identificar a importância de “mergulhar” na realidade local, de compreender as dificuldades de traslado, onde as estradas precárias dificultavam o deslocamento, principalmente em época de chuva, de saber lidar com a falta de um espaço físico ideal para a execução de aulas que necessitassem de maior espaço, de saber que os alunos não possuíam um fardamento ideal para a participação nas aulas práticas, dentre outras necessidades, que por muitas vezes influenciaram na vida escolar dos alunos.
Referente a infraestrutura, vale fazer uma ressalva sobre a realidade brasileira que numa pesquisa realizada pelo grupo IBOPE aponta que “no total das escolas pesquisadas, 70% têm espaços destinados à prática de educação física em suas instalações. No entanto, essa proporção cai para 64% nas escolas municipais, para 50% nas áreas rurais e para 49% na região Nordeste” (IBOPE, 2012).
Diante das dificuldades supracitadas, foram montadas estratégias, para as aulas de Educação Física, junto à comunidade escolar para minimizar os problemas, dentre estas estratégias, a promoção de eventos que envolveram especialmente os alunos, que se pode obter resultados significativos, de envolvimento e empenho em participar, desde a organização à execução dos mesmos.
Projetos desenvolvidos
Nesta mesma unidade de ensino, foi identificado a necessidade de projetos voluntários extracurriculares que incentivassem a prática de atividade física direcionada aos educandos, professores, funcionários e comunidade. Para tanto, foram realizados dois projetos “Dança da Escola” e “Ginástica na Escola”.
O Dança na Escola teve como público alvo os alunos matriculados na escola, em que as aulas eram realizadas em turno oposto uma vez na semana, já que o deslocamento dos alunos eram limitados, pois grande parte deles moravam em povoados vizinhos e dependiam de transporte ou de uma residência na sede para ficarem, outros tinham atividades domésticas ou de trabalho que dificultavam sua participação nas aulas.
Além do objetivo de incentivar a prática de atividade física, este projeto também contribuiu para o conhecimento e valorização da cultura corporal do movimento, pois através de danças populares brasileiras e do Jazz, foi possível compartilhar conhecimentos além da dança em si. Isso por que a dança é um rico instrumento pedagógico, capaz de produzir a comunicação da linguagem corporal, onde se pode transmitir sentimentos e emoções, afirmando-se assim como um componente indispensável na formação integral do aluno (MANFIO e PAIM, 2008).
O outro projeto, que foi estimulado pela procura dos funcionários, professores e da própria comunidade em fazer uma atividade que proporcionasse qualidade de vida na localidade. Nesta perspectiva, foi inserida a Ginástica Localizada no período na noite, onde o público participante já haviam cumprido sua jornada de trabalho e a escola se encontrava vazia.
A frequência e a participação nas aulas foi o que mais chamou atenção, pois este foi o maior incentivo para que as aulas perdurassem e conseguissem trazer resultados benéficos a todos os envolvidos, pois além do aperfeiçoamento do condicionamento físico, as relações interpessoais se fortaleceram, criando assim um ambiente de trabalho mais harmônico e uma maior convivência com a comunidade.
Conclusão
Contudo, esta experiência em trabalhar com aulas de Educação Física na Zona Rural, foi enriquecedora, pois foi possível trabalhar numa realidade que se difere e muito das escolas da Zona Urbana. Pois mesmo com todas as dificuldades encontradas na localidade, se pode encontrar pessoas determinadas e interessadas pelo o melhoramento do processo ensino-aprendizagem.
Mas para que a Educação Física se fortaleça nas comunidades rurais, é preciso que os profissionais da área sejam incluídos no quadro de funcionários das Escolas, além disto, que estes sejam capazes de lidar com as dificuldades, que se interessem em cumprir o seu papel de professor, que proporcionem aulas capazes de estimular e valorizar a diversidade.
Nesta oportunidade, aponta-se a necessidade de um olhar mais sensível dos órgãos políticos e sociais à Educação no campo, da importância da capacitação de profissionais para realizarem um trabalho coerente aos interesses e necessidades da comunidade escolar rural e inclusive que sejam mais amplos os estudos nesta área, principalmente no que diz respeito à Educação Física Escolar.
Referências
FERREIRA, F. J., BRANDÃO, E. C. Educação do campo: um olhar histórico, uma realidade concreta. Revista Eletrônica de Educação. v. 5, n. 9, Jul – Dez, 2011.
IBOPE, Grupo IBOPE Inteligência. Relatório de pesquisa: educação física nas escolas públicas brasileiras. Mar. 2012. Disponível em: http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna/quem_somos/publicacoes/educacao_fisica_escolas_publicas/Relatorio.pdf. Acesso em: 12 de janeiro de 2014.
MANFIO, J. B., PAIM, M. C. C. A dança no contexto da educação física escolar: percepção de professores do ensino médio. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 13, n. 125, out., 2008. http://www.efdeportes.com/efd125/a-danca-no-contexto-da-educacao-fisica-escolar.htm
PCN’s, Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação Física. Secretaria de Educação Fundamental, Brasília, 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf. Acesso em: 12 de janeiro de 2014.
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