Assistência prestada pelos cuidadores aos idosos portadores da doença de Alzheimer La atención prestada por los cuidadores de las personas mayores con la enfermedad de Alzheimer |
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*Mestranda no curso de Ciências da Nutrição da Universidade Federal de Viçosa, UFV **Enfermeira Especialista em Enfermagem em Nefrologia pela Universidade Gama Filho, UGF ***Enfermeira graduada pela União de Ensino Superior de Viçosa, Univiçosa. ****Mestre em Ciências da Educação Física, Esporte e Recreação pela Universidade de Matanzas, Cuba. Especialista em Ergonomia pela Universidade Gama Filho, UGF (Brasil) |
Clarice Santana Milagres* Janise Aparecida De Freitas** Sabrina Pires Nogueira*** Andrês Valente Chiapeta**** |
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Resumo O estudo objetivou demonstrar a assistência realizada pelos cuidadores aos portadores da Doença de Alzheimer (DA) através da revisão bibliográfica. Foram utilizados 20 artigos encontrados na base de dados do Scielo, sendo apenas dois deles de revisão. Os resultados mostraram as diferenças do grau de escolaridade dos cuidadores e dos pacientes, o estado civil dos cuidadores e pacientes, prevalência do sexo feminino entre cuidadores e pacientes acometidos pela doença, aderência a prática de atividade física, atividades de lazer para os cuidadores e pacientes através de atividades de grupos e oficinas terapêuticas para os idosos portadores de Alzheimer. Obtiveram-se as principais queixas dos cuidadores e seus conhecimentos sobre a doença. Concluímos que são poucas as pesquisas de revisão da literatura acerca da assistência dos cuidadores aos portadores DA e, quando preparado, o enfermeiro está apto para orientar a família e/ou o cuidador. Logo, essa inferência também pode melhorar o convívio do paciente, seu cuidador e o enfrentamento da doença. Unitermos: Cuidados. Cuidador. Doença de Alzheimer. Enfermagem.
Resumen El objetivo del estudio fue demostrar la atención prestada por los cuidadores de pacientes con enfermedad de Alzheimer (AD) a través de la revisión de la literatura. Se utilizaron 20 artículos en la base de datos Scielo, siendo dos de ellos de revisión. Los resultados mostraron diferencias en el nivel de educación de los cuidadores y pacientes, el estado civil de los cuidadores y los pacientes, la prevalencia entre las mujeres cuidadoras y pacientes afectados por la enfermedad, la adherencia a la actividad física, actividades de ocio para los cuidadores y los pacientes a través de actividades de grupo y talleres terapéuticos para las personas mayores con Alzheimer. Se registraron las principales quejas de los cuidadores y sus conocimientos sobre la enfermedad. Llegamos a la conclusión de que existe poca literatura de investigación crítica acerca de la atención a los cuidadores de pacientes con Alzheimer y, cuando esté preparada, el enfermero es capaz de guiar a la familia y/o al cuidador. Por lo tanto, esta inferencia también puede mejorar la interacción entre paciente, médico y hacer frente a la enfermedad. Palabras clave: Cuidados. Cuidador. Enfermedad de Alzheimer. Enfermería.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O aumento da população idosa em todo mundo aumenta igualmente a importância de se dar atenção, não só para a saúde física, mas também saúde mental da população com mais de 60 anos. A partir dessa idade podem surgir afecções próprias do idoso. Uma das mais devastadoras afecções no qual os familiares estão envolvidos é a Doença de Alzheimer (DA). O impacto do diagnóstico para estes pode ser desalentador, devido à problemática do desconhecimento da doença: o que fazer diante da progressiva situação de transformação desse idoso, como agir ao verificar o aumento da dependência nas atividades de vida diária, como entender a pessoa afetada, e, sobretudo, de com lidar com os próprios sentimentos em relação ao papel de cuidador1.
A doença Alzheimer é o tipo mais comum de demências afetando em torno de 50% a 60% dos idosos. É caracterizada pela degeneração cerebral primária, de etiologia desconhecida e apresenta aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos2. Na fase inicial, o paciente apresenta comprometimento de memória recente e, com a evolução do quadro clínico, ocorrem distúrbios de memória semântica, com dificuldade de nomeação e de elaboração da linguagem, déficits de atenção, prejuízos nas habilidades, nas visões espaciais e nas funções executivas3.
O enfermeiro é o profissional adequado nos cuidados necessários nos 10 a 15 anos da progressão da doença. Esse profissional é capaz de orientar a adaptação dos cuidados à progressiva dependência do idoso. Também exerce a função de sujeito instrumentalizador do familiar/cuidador para a realização do cuidado ao estimular a preservação da autoestima no binômio idoso-família. Diante do exposto e das necessidades desse paciente com DA, cuidados devem ser sistematizados pelo enfermeiro, onde prioridade das atividades de vida diária (AVD’s) e prevenção de capacidades devem ser focadas, assim como previsão de possíveis complicações diante do quadro apresentado pela doença. Esse quadro deve ter por envolvimento, não só do profissional qualificado, mas familiares e cuidadores desse idoso em particular4.
O cuidador do portador da doença de Alzheimer sofre alterações no seu cotidiano, merecendo apoio e valorização por parte dos diversos profissionais da saúde, na tentativa de reduzir a vulnerabilidade a que ambos estes esta sendo imputada. Entende-se, assim, que cabe ao enfermeiro criar estratégias de acolhimento e suporte aos familiares para lidar com a internação e as alterações decorrentes da doença, levando-se em consideração a necessidade de mudanças na dinâmica familiar5.
Esta revisão bibliográfica foi proposta com o objetivo principal de identificar a forma de assistência prestada pelos cuidadores aos idosos portadores de doença de Alzheimer. Estes sujeitos devem ser incluídos no planejamento e execuções das ações de enfermagem junto ao paciente, seja no âmbito hospitalar ou domiciliar, pois o cuidado envolve compromisso, competência e responsabilidade a fim de promover melhoria da saúde e qualidade de vida desses idosos6.
Materiais e métodos
O presente estudo utilizou-se de revisão bibliográfica, buscando artigos que referenciassem a importância da assistência realizada pelo cuidador e familiar ao portador da DA. As fontes para a pesquisa foram artigos publicados em periódicos de ciências da saúde disponibilizados pela biblioteca virtual SCIELO.
A busca de artigos foi realizada entre os meses de maio e dezembro de 2012, possuindo os seguintes assuntos: qualidade de vida dos cuidadores, ser cuidador familiar do portador de DA e convivendo com o portador de Alzheimer. Para inclusão dos artigos optou-se por aqueles que apresentassem o conteúdo na íntegra e fossem atuais.
Resultados
O processo de envelhecimento é um conjunto de alterações orgânicas que acarretam modificações da composição corporal, exemplificadas pelo aumento do tecido adiposo e redução das atividades fisiológicas7. É acompanhado por perdas estruturais e funcionais, que favorecem o aparecimento de doenças crônicas degenerativas comprometendo a qualidade de vida do idoso.
Quanto à população idosa, esta vem crescendo nos últimos anos devido às melhoras nas condições de vida e avanços da ciência. Como conseqüência, observa-se um aumentando a expectativa de vida do ser humano8. Entretanto, o processo de envelhecimento é acompanhado de A doença de Alzheimer é responsável por 55%das demências em idosos com idade superior a 60 anos no Brasil, seguida pelas demências vasculares9.
O idoso com DA, se torna progressivamente incapaz de desempenhar atividades da vida diária (AVD’s), consideradas as atividades básicas do cotidiano como, tarefas próprias do autocuidado, alimentar-se, vestir-se, controlar os esfíncteres, banhar-se locomover-se. Já as atividades instrumentais da vida diária (AIVD’s) indicam a capacidade de levar uma vida independente na comunidade como realizar as tarefas domésticas, compras, administrar as próprias medicações e o dinheiro4.
Por isso o cuidador deve ser orientado sobre as etapas de evolução da doença, as características e os procedimentos adequadas ao conjunto de ações que constituem o cuidado de acordo com a realidade cotidiana1.
Ao considerar o papel do cuidador de idosos, tanto o informal (representado por familiares e leigos em cuidados específicos de saúde), como o formal (profissional da saúde qualificado para atender às necessidades inerentes aos cuidados que a doença exige em sua progressão), existe uma tendência predominante de investigação dos efeitos negativos, com destaque para acometimentos físicos, psicossomáticos, ansiedade, depressão e estresse. Entretanto, nem todos os cuidadores desenvolvem doenças ou se tornam insatisfeitos com a tarefa de cuidar. Isso pode ser explicado com a utilização de diferentes estratégias individuais para lidar com as situações consideradas desgastantes10.
Conceito
A doença de Alzheimer afeta o idoso e compromete sua integridade física, mental e social, acarretando situações de dependência total dos cuidados cada vez mais complexos11. É um tipo de demência senil, de declínio cognitivo crescente e irreversível, com múltiplos déficits cognitivos principalmente perda da memória, que causa impactos nas atividades de vida diária (AVD’s), sendo confundida com processo do envelhecimento natural12.
Essa doença é um distúrbio neurológico, degenerativo, progressivo, caracterizado pelas perdas graduais da função cognitiva e distúrbios no comportamento e afeto13. Acomete de 1% ou pouco mais de 6% da população com mais de 65 anos, podendo atingir valores de prevalência superior a 50% em indivíduos com 95 anos ou mais. Projeções mostram dados de que oito milhões de pessoas serão acometidas por essa doença no ano de 2040, trazendo um impacto econômico consideravelmente elevado2.
Tanto a literatura quanto a prática profissional demonstram que a doença de Alzheimer, por suas características, traz conseqüências significativas para a dinâmica familiar, interferindo diretamente na qualidade de vida dos envolvidos e muitas vezes levando esses indivíduos afetados pela doença a uma situação de total dependência desses familiares14.
Por ser uma doença crônica de evolução lenta (podendo durar até 20 anos) e somando-se ao fato que na fase avançada o paciente torna-se completamente incapaz de desempenhar as atividades da vida diária, o impacto econômico sobre a sociedade é considerável, podendo levar à interrupção das atividades lucrativas do paciente e do cuidador imediato e, ainda, a um aumento dos custos familiares com o tratamento do paciente15.
Fisiopatologia
A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demências, sendo em torno de 50 a 60% caracterizada pela degeneração primária, de etiologia desconhecida, com aspectos neuropatológicos e neuroquímicos característicos2. Afeta inicialmente a área cerebral do hipocampo, o centro de memória de curto prazo, com posterior comprometimento de áreas corticais associativas11.
Esta patologia é dividida quatro fases: fase inicial, caracterizada por alterações na afetividade e déficit de memória recente. Posteriormente, há a fase intermediária, onde os déficits cognitivos (orientação, linguagem, memória, raciocínio e julgamento) estão altamente prejudicados, conseqüentemente, afeta as atividades instrumentais e operativas. É também marcada pelo início das dificuldades motoras. Em seguida, ocorre a fase final, onde a capacidade intelectual e a iniciativa estão deterioradas. Os estados de apatia e prostração são característicos e responsáveis pelo confinamento ao leito, as alterações neurológicas se agravam, há aumento da rigidez e lentificação dos movimentos, que ficam por vezes estereotipados. A última fase, denominada terminal se caracteriza por restrição ao leito na posição fetal. As contraturas dos membros inferiores tornam se inextensíveis e irrecuperáveis. Os membros superiores adotam posição fletida junto ao tórax e a cabeça pende em direção ao peito. Podem surgir lesões nas palmas das mãos, úlceras de pressão, incontinências urinária e fecal, problemas pulmonares, total indiferença ao meio externo, mutismo e estado vegetativo16.
Manifestações clínicas
O estabelecimento da doença é sutil e insidioso. A princípio, pode ser observado um declínio gradual da função cognitiva a partir de um nível previamente mais elevado17.
Além da perda de memória, poderá ocorrer dificuldade em completar as atividades domésticas, alterações na fala durante a conversação, diminuição da capacidade de julgamento e tomada de decisão, bem como alterações na realização rotineira de atividades diárias relacionadas ao autocuidado, lazer e trabalho5.
Outros sinais clássicos incluem as alterações de personalidade (irritabilidade e quadro característico de suspeita), negligência pessoal com a aparência, desorientação para tempo e espaço. Manifestações clínicas típicas do estágio médio da doença de Alzheimer são: ações repetitivas (perseveração), agitação noturna, apraxia (capacidade comprometida de realizar atividade propositada), afasia (incapacidade de falar) e agrafia (incapacidade de escrever).17
Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas mais comuns da Doença de Alzheimer incluem a perda da memória recente afetando a capacidade de realizar trabalho ou tarefas, dificuldade de realizar tarefas familiares, problemas com a linguagem, desorientação em termos de tempo e espaço, julgamento deficiente ou reduzido, problemas com pensamento abstrato, colocar coisas em locais errados, mudanças de humor ou de comportamento e alterações da personalidade com perda da iniciativa18.
O transtorno da memória afeta os processos de aprendizado e evocação, com isso ocorre diminuição na aquisição de novas informações, com piora progressiva até que não haja mais nenhum aprendizado novo. Na doença avançada, observa-se a tríade afasia-apraxia-agnosia, caracterizada pelas perdas significativas da linguagem, da capacidade de desempenhar tarefas e de nomear pessoas e objetos. Alterações psíquicas e comportamentais como psicose, alterações do humor e do sono, agitação psicomotora e agressividade, estão presentes em até 75% dos casos, em algum estágio da evolução da demência, causando grande desgaste para os cuidadores e necessitando de intervenções farmacológicas19.
A força e a coordenação motora estão comprometidas e podem complicar o simples ato de colocar roupas. Portanto, devem ser escolhidas vestimentas que sejam fáceis de manusear, de preferência largas e elásticas. Talheres devem possuir cabos maiores, uma vez que serão mais fáceis para executar a pressão palmar20.
Cuidadores
Diante do envelhecimento populacional, o gerenciamento destas doenças torna-se aspecto relevante de saúde pública, não somente ao grande número de idosos acometidos, como de cuidadores, uma vez que a maioria destas doenças pode prejudicar a autonomia e a dependência do individuo. Diante do exposto há necessidade de alguém responsável pelos cuidados21.
Significados para a palavra “cuidar” podem ser diversos, como tratar de, ter cuidado em, interessar-se por21. Como a doença de Alzheimer faz diminuir a capacidade da pessoa de se cuidar surge outra vítima: o cuidador. Este, por sua vez precisa estar bem consigo próprio, ser paciente e aceitar diversas situações a fim de enfrentar essa difícil tarefa. Precisa estar atualizado, conhecer os sinais e sintomas e os cuidados necessários a esse paciente22.
Os cuidadores, freqüentemente são representados pelas mulheres de meia idade e idosas, que desempenham esta atividade obedecendo a normas culturais inseridas em suas organizações de vida familiar, o cuidado com os filhos e os idosos11. A família é fundamental para a prestação dos cuidados ao idoso com Alzheimer no ambiente domiciliar. Mas nem todos estão preparados física e psicologicamente para conviver e cuidar desses idosos. Logo, é importante o acesso às informações sobre a patologia e como desenvolver os cuidados domiciliares. Há envolvimento necessário do acompanhamento de uma equipe multiprofissional para proporcionar o apoio e as devidas orientações23.
As tarefas desenvolvidas pelo cuidador, ao longo do tempo e associada a diversos fatores, acabam constituindo-se em eventos estressores significativos. Alguns fatores específicos vêm sendo apontados na literatura com preditores no cuidado, como: duração dos cuidados, idade, sexo, grau de parentesco, nível de escolaridade e socioeconômico dos cuidadores e pacientes14.
Existem dois tipos de cuidadores, o principal que é aquele que tem a total ou a maior responsabilidade pelos cuidados prestados ao idoso dependente no domicílio. Os cuidadores secundários podem ser representados pelos familiares, voluntários e profissionais, que prestam atividades complementares. Usa-se a denominação de cuidador formal (principal ou secundário) para o profissional contratado (atendente de enfermagem, acompanhante, empregada doméstica) e de cuidador informal, usualmente, os familiares, amigos e voluntários da comunidade4.
O “cuidador-familiar”, ao dedicar-se totalmente ao idoso com DA, pode apresentar um quadro de estresse, associado ao cansaço físico e mental, que tende a piorar caso ele esteja executando sozinho, sem contar a ajuda de outras pessoas, os cuidados a esse idoso. Na maioria das vezes, ele assume um papel que foi imposto pelas circunstâncias da vida, e não por escolha própria, apesar de, no início, também achar que essa missão seja naturalmente sua. A evolução e a repetição dessas situações aliadas às dificuldades de controle delas acabam despertando os familiares para a necessidade de procurar ajuda de um profissional especializado que conheça, entenda e esclareça o que está acontecendo6.
Os diversos tipos de cuidados oferecidos ao portador DA e as necessidades de saúde do idoso influenciam no cotidiano do cuidador e alteram sua qualidade de vida. Conhecer a qualidade de vida dos cuidadores e os fatores que a influenciam é importante para que ações integrais em saúde sejam planejadas, com objetivo de encontrar soluções para minimizar os efeitos da sobrecarga de cuidado em que eles vivenciam. Estudos concluem que a qualidade de vida dos cuidadores de idosos com DA mostram-se alterada, e os domínios mais afetados foram o aspecto físico e o aspecto social. Morar com pacientes, ser do sexo feminino e exercer a função de cuidar do paciente por muitas horas na semana foram variáveis que se correlacionaram com pior qualidade de vida dos cuidadores24.
Discussão
A temática envolvendo cuidadores de idosos demenciados tem sido alvo de um número cada vez maior de pesquisa. No entanto, existe a carência de dados que caracterizem as condições de cuidados das mais variadas regiões do país, a fim de instrumentalizar planejamentos e ações em saúde11.
As descrições das características dos pacientes e cuidadores variaram entre os estudos. Em geral, as características principais avaliadas na maioria dos relatos são escolaridade, estado civil, grau de parentesco, sexo, atividade física, atividade de lazer, queixas de problemas de saúde do cuidador e conhecimento sobre a doença.
A escolaridade dos cuidadores está entre o primário (quatro anos de estudo) e o ginásio (oito anos de estudo), enquanto a escolaridade dos pacientes encontra-se em sua maioria no primário. Quanto ao estado civil, os cuidadores são a maioria casados, e os pacientes estão entre os casado e viúvos.
Há prevalência do sexo feminino entre cuidadores e pacientes. Estas primeiras são preferencialmente conjugue e/ou filhas mais velhas (que relatam a falta de assistência da família e a sobrecarga física e emocional). No contexto familiar a pessoa que assume o papel de cuidador esta sujeita a problemas que afetam sua dimensão física, mental e social11.
As atividades realizadas pelos grupos de suporte e apoio aos cuidadores e as oficinas terapêuticas de reabilitação cognitiva devem ser voltadas para o atendimento integral ao idoso com síndrome demencial e realizada por uma equipe interdisciplinar que assiste o binômio idoso-cuidador em consultas individuais, interconsultas, avaliação neurológica, treinamento do cuidador e orientação familiar individual1.
As atividades de lazer para os cuidadores e pacientes relatadas mencionam as atividades de grupos de cuidadores e as oficinas terapêuticas para os idosos portadores de Alzheimer. Os grupos de cuidadores abordam assuntos como reuniões a respeito da doença e suas implicações e desenvolvem atividades conjuntas independente da fase da doença. Esses alternam em duas atividades, grupo de orientação e suporte que estimulam o encontro e troca dos saberes fortalecendo o aprendizado em conjunto do grupo para adaptarem a realidade, enquanto a outra tem o objetivo de fortalecer a autoestima dos cuidadores, a fim de resgatar a necessidade de cuidarem de si para cuidarem do outro1.
Já as oficinas terapêuticas para os idosos portadores de Alzheimer são divididas em dois grupos: aquele considerado “preservado” (fase inicial) e o grupo “menos preservado” (fase moderada). Ocorre duas vezes por semana em um período de aproximadamente duas horas, sendo cinqüenta minutos para cada atividade composta por oficinas da palavra, corpo, jardinagem, beleza, jogos e memória1.
As queixas dos cuidadores em relação à saúde como, cansaço, depressão e estresse são mencionadas na maioria dos trabalhos pesquisados para compor esse artigo, devido à ausência de ajuda dos familiares neste processo do cuidado. A ajuda recebida de outros membros da família, amigos, profissionais da saúde é importante para o desempenho adequado do papel do cuidador e fortalece o sentimento de apoio e envolvimento10.
A maioria dos artigos revela que os cuidadores não tiveram conhecimento sobre a doença. Em poucos artigos há citação acerca da ajuda dos grupos de cuidadores, consultas médicas, materiais informativos e uso da internet para tal finalidade. Ressalta-se a necessidade de haver mais estudos no Brasil acerca dos cuidadores, além da formação de qualidade dos profissionais de saúde especializados nesta área e a devida implantação de programas de orientação e apoio ao cuidador que envolvam a família, a comunidade e o estado9.
Conclusão
Este estudo permitiu esclarecer que a DA não afeta somente o doente, mas toda família, especialmente o aquele considerado cuidador. É este último que se encontra com o paciente a todo o momento, fazendo parte de seu convívio direto e com as mudanças inerentes à doença. Portanto, este sujeito cuidador deve estar bem consigo mesmo, já que esta tarefa de “cuidar” é desgastante e muitas vezes difícil. A maioria desses cuidadores são mulheres, com baixa escolaridade e casadas. Quando algum membro da família assume esse trabalho de cuidar, geralmente são conjugues e/ou as filhas mais velhas.
Conclui-se que as atividades de lazer, oficinas terapêuticas, são importantes para os pacientes com doença de Alzheimer e para seus cuidadores, uma vez que auxilia em sua avaliação neurológica, assim como no treinamento do cuidador, proporcionando uma melhor qualidade de vida para ambos.
Observa-se que a maioria dos estudos mencionou falta de profissionais de enfermagem qualificados para lidar com os idosos acometidos pela doença de Alzheimer. Esse profissional poderia atuar como cuidador direto e educador através do ensino nos diferentes contextos de atenção á saúde do idoso, tanto para os idosos como para os cuidadores e familiares. E em relação à prevenção da doença o enfermeiro está apto a identificar as manifestações da demência e alertar o paciente e os familiares para a busca de maiores informações e cuidados necessários.
Embora este trabalho tenha algumas limitações metodológicas por apresentar uma amostra relativamente pequena de artigos de revisão bibliográfica, ele tem a pretensão de apontar novas questões de pesquisa na área da enfermagem, a fim de promover uma assistência de qualidade aos cuidadores e os portadores da doença de Alzheimer de acordo com a realidade atualmente observada nesta população.
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