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Aspectos biodinâmicos do aquecimento 

físico em diferentes esportes. Uma revisão

Aspectos biodinámicos de la entrada en calor en diferentes deportes. Una revisión

 

Programa de Pós-Graduação em Educação Física

Departamento de Ciências do Esporte - DCEs
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Uberaba, MG

Bolsistas REUNI/CAPES

(Brasil)

Juliano Magalhães Guedes

Rodney Coelho da Paixão

Cíntia Aparecida Garcia

juliano_mguedes@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O avanço científico e tecnológico observado ao longo das últimas décadas tem modificado consideravelmente o cenário esportivo. O número crescente de periódicos e artigos voltados ao estudo do exercício físico tem revelado grande interesse pela área das Ciências do Esporte. Nesse contexto, diversas estratégias de aquecimento são utilizadas para otimizar o desempenho esportivo. Embora mantenha características comuns, o aquecimento pode ser realizado de maneira geral ou específica, de acordo com a modalidade esportiva. Considerando a relevância desse tema, o presente artigo teve como objetivos destacar a importância do aquecimento e revelar os diferentes tipos e situações em que o aquecimento é utilizado.

          Unitermos: Aquecimento. Desempenho. Esportes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

Aspectos biodinâmicos do desempenho

    O avanço científico e tecnológico observado ao longo das últimas décadas tem modificado consideravelmente o cenário esportivo. A compreensão e a manipulação de aspectos inerentes do treinamento contribuem com o desempenho esportivo em várias modalidades (1).

    A elaboração correta de cargas de exercício em momentos adequados de programas de treinamento ainda é um grande desafio a ser encontrado por treinadores (2 ,3).

    Em muitos esportes, atividades de aquecimento são amplamente utilizadas no início de sessões de treinamento e competições esportivas como parte importante da preparação do atleta (4).

    Nessa perspectiva, a compreensão fisiológica dos mecanismos envolvidos no aquecimento do atleta é de grande importância para compreensão do desempenho esportivo.

    Frente às alterações fisiológicas provocadas pelo aquecimento, diversos trabalhos tem procurado investigar com maior especificidade as variáveis envolvidas no aquecimento geral e específico e conseqüentemente o impacto no desempenho esportivo. Esse interesse é justificado, visto que determinado(s) protocolo(s) de aquecimento pode(m) ser(em) mais benéfico(s) do que outro(s) pela(s) diferença (s) existente entre modalidades esportivas.

Aquecimento Geral

    Entenda-se por aquecimento geral movimentos que envolvem o corpo numa dimensão global mobilizando grandes grupamentos musculares. Esse tipo de aquecimento aumenta a temperatura corporal, prepara o sistema cardiorrespiratório para a atividade física e para o desempenho motor (5), ativa as funções do sistema nervoso central e do aparelho motor otimizando a funcionalidade do organismo do atleta para a atividade principal (6). O aquecimento geral geralmente é realizado progressivamente para que aumente a temperatura muscular e central, sem que ocasione fadiga ou redução das reservas energéticas. Dessa forma, o corpo estará apto para realização de exercícios mais vigorosos com o desempenho muscular otimizado (7).

Aquecimento Específico

    O aquecimento específico constitui-se de exercícios especializados de uma atividade ou modalidade desportiva, que visam o trabalho de grupamentos musculares próprios (5). Este tipo de aquecimento deve ser realizado próximo do início da prova principal com o objetivo de manter o corpo preparado para a execução da atividade específica (6). Platonov (6) afirma que a escolha da variação de aquecimento de cada atleta, dependerá do seu nível de experiência, traços particulares e especificidade do trabalho previsto. Para o autor, quanto maior for à exigência de coordenação da atividade, do treinamento ou competição em determinado desporto, mais longo e diversificado deve ser o trabalho especial de aquecimento.

    O aquecimento específico promove aumento da velocidade de contração e relaxamento dos músculos e aumenta a eficiência mecânica da contração muscular (8). A realização de aquecimento específico em várias modalidades esportivas visa precisão de movimentos, acurácia e complexa coordenação motora dos gestos esportivos.

Metodologia

    Foi realizado revisão bibliográfica nas base de dados Pubmed e Scielo pela busca de artigos na língua inglesa, utilizando o termo descritor warm-up. Do total de 1486 artigos encontrados, selecionamos os que apresentavam abrangência temporal dos estudos entre os anos de 2000 à 2013. Após leitura do material pesquisado, selecionamos 9 artigos que discutiam sobre aquecimento e desempenho.

Futebol

    Sander e Keiner (09) mediram o possível efeito dos exercícios funcionais (EFC) realizados durante o aquecimento sobre o desempenho em sprint. Para tanto, 121 jogadores de futebol com idade entre 13 e 18 anos participaram do estudo. Ao comparar o protocolo que envolvia EFC com outro protocolo constando exercícios de alongamento, coordenação e corridas de aceleração, os autores demonstraram que o protocolo de EFC não causou ganhos adicionais sobre o desempenho. Zois et al.(10) investigaram os efeitos agudos de um protocolo de aquecimento (exercícios em campo reduzido e 5 repetições máxima no exercício leg press) em relação ao protocolo tradicional de aquecimento sobre o desempenho em testes de salto contramovimento, agilidade e capacidade de sprint. Os resultados do estudo indicaram que o protocolos de aquecimento em campo reduzido e no exercício leg press promoveram melhor rendimento nos testes.

Rugby

    Stewart e Adams (11) trabalharam com quatorze jogadores profissionais da categoria sub-19. Os voluntários foram divididos em 4 grupos de acordo com o protocolo pré-teste (sem preparação, apenas alongamento, apenas aquecimento, e alongamento com aquecimento). A fim de evitar possíveis erros, os pesquisadores igualaram o tempo de preparação entre os diversos protocolos propostos. Os resultados concluíram que apenas o aquecimento e aquecimento com alongamento melhoraram as respostas para sprints, ao passo que o alongamento de membro inferior não apresentou efeitos significativos.

Golfe

    Fradkin e Cameron (12) buscaram através de um questionário semiestruturado aplicado em 552 jogadoras de golfe, investigar as relações entre a prática de aquecimento e risco de lesões. Golfistas que não relataram participar de aquecimentos foram mais propensas a apresentarem lesões nos últimos 12 meses em relação a aquelas habituadas a realizarem aquecimento antes do treinamento.

    Fradkin e Sherman (13) verificaram se um programa de aquecimento específico para golfe (realizado 5 vezes por semana, durante 5 semanas, antes e depois dos jogos) poderia otimizar o desempenho de 10 golfistas masculinos em comparação com 10 controles. O desempenho dos golfistas melhorou significantemente com a realização do programa específico de aquecimento.

Ciclismo

    Tomaras e MacIntosh (14) compararam a fadiga de um aquecimento tradicional com um aquecimento mais curto e intenso para um sprint de 200 metros, em uma competição de ciclismo de pista, e no teste de Wingate respectivamente. O aquecimento tradicional resultou em fadiga e menor pico de potência no teste de Wingate em relação ao aquecimento mais curto e intenso.

Remo

    Mujika et al. (15) compararam os efeitos de um aquecimento tradicional e com um aquecimento curto de menor intensidade em 40 remadores masculinos contrarrelógio, altamente treinados. O aquecimento experimental de menor intensidade e curta duração provocou menor tensão fisiológica e aumento do desempenho nos estágios iniciais da prova.

Dança

Guidetti et al. (16) investigaram os efeitos de metodologias de aquecimento pré-competição em parâmetros de desempenho de atletas de ginástica rítmica. Foram entrevistados no total 150 treinadores de clubes nacionais e internacionais. Diferentes metodologias de aquecimento foram observadas entre as equipes. O tipo de aquecimento mais praticado entre as equipes inclui exercícios de alongamento estático, pelo menos, 60 minutos antes da competição e exercícios ativos de alongamento alternados.

Basquetebol

    Galazoulas et al. (17) examinaram por 4 dias mudanças no desempenho de 14 jogadores de basquetebol de elite (7 homens e 7 mulheres) submetidos a um programa de aquecimento específico. Os atletas realizaram testes de salto contramovimento e corridas de 20 metros seguido de 10, 20, 30 ou 40 minutos de pausa passiva sorteado aleatoriamente, e posteriormente, realizavam a mesma bateria de testes. Houve rápido declínio do desempenho em saltar e correr após a pausa passiva. Maiores reduções no desempenho de salto contramovimento foram observadas após 30 ou 40 minutos de pausa. O desempenho de jogadores de basquetebol pode ficar comprometido se o atleta não participar de um jogo desde o início.

Considerações finais

    Para ser evidente a importância de realização do aquecimento como meio de promover melhoras do desempenho esportivo e auxílio para atletas, treinadores, preparadores físicos e outros profissionais do meio esportivo que atuam na prescrição de exercícios, alguns apontamento foram levantados:

  • O aquecimento deve ser o mais específico possível de cada modalidade esportiva;

  • A compreensão do tempo, intensidade e tipo de exercício envolvido no aquecimento específico possibilita melhoras de capacidades físicas específicas dos atletas para prática de seu esporte;

  • Aquecimento muito longo antes do exercício pode gerar fadiga prévia e comprometer o desempenho esportivo. Assim, sessões mais curtas de aquecimento pré-competição podem ser mais eficazes para o desempenho esportivo do atleta;

  • O aquecimento anterior ao exercício realizado de forma gradual e progressiva minimiza riscos de lesões e reduz o estresse fisiológico causado no início do exercício;

  • O tempo de intervalo aguardado pelo atleta entre a realização do aquecimento pré-competitivo e o início da competição é fundamental para o bom rendimento físico do atleta na atividade esportiva.

Referências

  1. Okazaki, V.H.A.; Dascal, J.B. Ciência e Tecnologia Aplicada à Melhoria do Desempenho Esportivo. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. 2012; 11(1): 143-57.

  2. Milistetd, M. et al. Concepções dos treinadores acerca do papel da competição na Formação desportiva de jovens jogadores de voleibol. Revista da Educação Física. 2008.; 19 (2): 151-8.

  3. Ramalho, V.P.; Martins, J.R.J. Influência da periodização do treinamento com pesos na massa corporal magra em jovens adultos do sexo masculino: um estudo de caso Revista da Educação Física, Maringá. 2003; 14(2): 49-56.

  4. Fradkin, A.J.; Zazryn, T.R.; Smoliga, J.M. Effects of warming-up on physical performance: a systematic review with meta-analysis. Journal of strength and conditioning research. National Strength & Conditioning Association. 2010; 24(1): 140-8. Epub 2009/12/10.

  5. Knudson, D.V. Warm-up and Flexibility. In: Chandler TJ, Brown LE. Conditioning for Strength and Human. Performance. Philadelphia, PA: Lippincott-Williams & Wilkins. 2008.

  6. PLATONOV, V.M. Teoria geral do treinamento desportivo olímpico Porto Alegre: Artmed; 2004.

  7. McArdle, W.D.; Katch, F.I.; Katch, V.L. Fisiologia do Exercício, Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 5ª Ed Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2003.

  8. Firmino, R.C. et al. Influência do aquecimento específico e de alongamento no desempenho da força muscular em 10 repetiçoes máximas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, DF. 2005; 13(4): 25-32.

  9. Sander, A. et al. Effects of functional exercises in the warm-up on sprint performances. J Strength Cond Res. 2012. Epub 2012/06/14.

  10. Zois, J. et al. High-intensity warm-ups elicit superior performance to a current soccer warm-up routine. J Sci Med Sport. 2011; 14(6): 522-8. Epub 2011/09/13.

  11. Stewart, M.et al. Warm-up or stretch as preparation for sprint performance? J Sci Med Sport. 2007; 10(6): 403-10. Epub 2006/11/23.

  12. Fradkin, A.J.; Cameron, P.A.; Gabbe, B.J. Is there an association between self-reported warm-up behaviour and golf related injury in female golfers? Journal of science and medicine in sport. Sports Medicine Australia. 2007; 10(1): 66-71. Epub 2006/06/03.

  13. Fradkin, A.J.; Sherman, C.A.; Finch CF. Improving golf performance with a warm up conditioning programme. British journal of sports medicine. 2004; 38(6): 762-5. Epub 2004/11/25.

  14. Tomaras, E.K.; MacIntosh, B. R. Less is more: standard warm-up causes fatigue and less warm-up permits greater cycling power output. J Appl Physiol. 2011; 111(1): 228-35. Epub 2011/05/10.

  15. Mujika, I. et al. Warm-up intensity and duration's effect on traditional rowing time-trial performance. International journal of sports physiology and performance. 2012; 7(2): 186-8. Epub 2012/05/29.

  16. Guidetti, L. et al. Precompetition warm-up in elite and subelite rhythmic gymnastics. Journal of strength and conditioning research / National Strength & Conditioning Association. 2009; 23(6): 1877-82. Epub 2009/08/14.

  17. Galazoulas, C. et al. Gradual decline in performance and changes in biochemical parameters of basketball players while resting after warm-up. European journal of applied physiology. 2012; 112(9): 3327-34. Epub 2012/01/21.

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