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Alimentos funcionais: probióticos e prebióticos

Alimentos funcionales: probióticos y prebióticos

Functional foods: probiotics and prebiotics

 

*Graduandos em Farmácia pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, FIPMoc

**Mestre em Tecnologia de Alimentos pelo Centro Universitário de Belo Horizonte, UNI-BH

Docente das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros, FIPMoc

(Brasil)

Ronilson Ferreira Freitas*

Rayssa Pinheiro Câmara*

Michelly Cristina Mendes Carvalho*

Thiago Natan Viana Batista*

Rafael Márcio Santos Souza**

ronnypharmacia@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Os alimentos funcionais, principalmente os prebióticos e os probióticos representam grande área de estudo em todo o mundo e um mercado altamente promissor, o que tem movimentado de maneira significativa a economia de diversos países, nesta perspectiva o presente artigo teve como objetivo realizar um estudo de levantamento bibliográfico dos alimentos funcionais, particularmente os probióticos e prebióticos, destacando sua importância e função para a saúde humana, bem como a sua classificação e os métodos para sua determinação. Para alcançar os objetivos propostos nesse trabalho, foi realizados uma pesquisa com procedimentos bibliográficos, exploratórios e de natureza qualitativa. Foram utilizados como fonte de dados, artigos originais e de revisão, no período de 1990 a 2011, bem como livros da área de ciências dos alimentos referentes ao tema proposto. Estudos enfatizam que vários são os efeitos dos probióticos e prebióticos na promoção de um organismo saudável. Conclui-se através deste levantamento bibliográfico, que os probióticos e prebióticos apresentam uma vasta participação no organismo humana, favorecendo de maneira geral o equilíbrio da microbiota, deixando conseqüentemente o organismo humano saudável.

          Unitermos: Alimentos funcionais. Prebiótico. Probiótico.

 

Abstract

          Functional foods, especially prebiotics and probiotics represent large area of study around the world and a highly promising market, which has moved significantly to the economy of many countries, this perspective the present paper aims to conduct a study of literature of functional foods, particularly probiotics and prebiotics, highlighting its importance and function to human health as well as their classification and methods for its determination. To achieve the proposed objectives in this study was conducted a survey of bibliographic procedures, exploratory and qualitative in nature. Were used as a source of data, original and review articles in the period 1990-2011, as well as books in the field of food science concerning the proposed topic. Studies emphasize that there are several effects of probiotics and prebiotics in promoting a healthy body. It is concluded through this literature, probiotics and prebiotics have a wide participation in the human body, generally favoring the balance of microflora, thus leaving the human body healthy.

          Keywords: Functional Foods. Prebiotic. Probiotic.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Nos últimos tempos, a preocupação com relação à alimentação tem mudado de forma acentuada, e a nutrição continua desempenhando um papel importante no fornecimento de nutrientes, mas o conceito de alimentos funcionais faz com que essa ciência se associe à medicina e ganhe dimensão extra no século XXI, abrangendo inclusive a ciências farmacêuticas e a engenharia de alimentos (HAULY; FUCHS; PRUDENCIO-FERREIRA, 2005).

    Os alimentos funcionais foram introduzidos primeiramente no Japão na década de 80, com isso, pode-se observar um crescente interesse nos alimentos que apresentam componentes ou substâncias funcionais, ou seja, aqueles que ajudam ou modulam o sistema fisiológico do organismo de modo a promover a saúde. Os alimentos funcionais representam grande área de estudo em todo o mundo e um mercado altamente promissor, o que tem movimentado de maneira significativa a economia de diversos países (GALLINA et al., 2011).

    Neste contexto, com o aumento da demanda e consumo de alimentos funcionais, recentemente a legislação brasileira atualizou a lista de alegações de propriedade funcional, que aprova o consumo dos alimentos com propriedades funcionais e ou de saúde, onde constam substâncias (nutrientes ou não nutrientes) de diferentes espécies de microrganismos probióticos e prebióticos (GALLINA et al., 2011; STEFE; ALVES; RIBEIRO, 2008).

    O termo "probiótico" é de origem grega e significa "para a vida", e inicialmente foi proposto para descrever compostos ou extratos de tecidos capazes de estimular o crescimento microbiano. Posteriormente, Parker definiu probiótico como relativo a organismos e substâncias que contribuem para o equilíbrio microbiano intestinal, essa definição era pouco satisfatória, uma vez que a palavra "substância" poderia incluir suplementos, tais como antibióticos. Atualmente, de acordo a Legislação Brasileira, probiótico é definido como suplemento alimentar microbiano vivo que afeta de maneira benéfica o organismo para melhorar no seu balanço microbiano (STEFE; ALVES; RIBEIRO, 2008).

    Por outro lado, os prebióticos são componentes alimentares, que quando ingeridas, não são digeríveis e absorvidos no intestino delgado (HAULY; FUCHS; PRUDENCIO-FERREIRA, 2005) e, ao atingirem o cólon, estimulam seletivamente uma bactéria ou grupo de bactérias da microbiota (por exemplo, bifidobactérias), proporcionando efeito benéfico à saúde do hospedeiro (SANZ et al., 2004).

    Atualmente, é possível observar na literatura que os probióticos e prebióticos apresentam fundamentação teórica lógica quanto ao seu mecanismo de ação, e que estudo clínicos confirma sua eficácia e a sua grande utilidade em vários campos da saúde humana, que vão desde as infecções, alergias, inflamações até doenças mais complexas, como as neoplasias (MORAIS; JACOB, 2004).

    Do ponto de vista científico, é inquestionável que os probióticos e prebióticos constituem um fascinante campo de investigação e estudo, tendo o tubo digestivo, mais especificamente a microbiota intestinal, como ponto central para sua ação, considerando, ainda, que o trato gastrintestinal pode ser o local de início de vários processos imunológicos e inflamatórios, entretanto, é importante destacar que, potencialmente, os probióticos podem determinar efeitos sistêmicos, ou seja, ultrapassar os limites do trato gastrintestinal (FUSTER; GONZÁLEZ-MOLERO, 2007; MORAIS; JACOB, 2004; REIG; ANESTO, 2002).

    Nesta perspectiva, o presente artigo teve como objetivo realizar um estudo de levantamento bibliográfico dos alimentos funcionais, particularmente os probióticos e prebióticos, destacando sua importância e função para a saúde humana, bem como a sua classificação e os métodos para sua determinação.

Metodologia

    Para alcançar os objetivos propostos nesse trabalho, foi realizados uma pesquisa com procedimentos bibliográficos, exploratórios e de natureza qualitativa. A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a de materiais já elaborados, constituídos principalmente de livros e artigos científicos. Esse tipo de pesquisa é indicado a fim de proporcionar melhor visão do problema e torná-lo mais específico, possibilitando a construção de hipóteses e assumindo um caráter de estudo exploratório, visando conhecer os fatos e fenômenos relacionados ao tema. Na pesquisa qualitativa, o pesquisador é considerado um instrumento de coleta de dados, e sua principal característica é o conteúdo interpretativo.

    Foram utilizados como fonte de dados, artigos originais e de revisão, no período de 1990 a 2011, bem como livros da área de ciências dos alimentos referentes ao tema proposto. Os artigos e livros foram utilizados sob a ótica da disciplina de Enzimologia Técnica de Fermentação (Bromatologia), no intuito de observar a importância dessa disciplina para a construção do conhecimento profissional a respeito da importância dos alimentos. A seleção de artigos foi definida pelo seguinte modelo: artigos em português e/ou inglês que discutiam estudo sobre os alimentos funcionais - probióticos e prebióticos, que relatavam a sua importância clínica, seu mecanismo de ação, além daqueles artigos que descreviam a classificação destes alimentos e os métodos de identificação na indústria de alimentos.

Desenvolvimento

Flora gastrointestinal

    A relevância da composição e da função da flora gastrointestinal (GI) foi negligenciada durante muito tempo. A flora GI, ou microbiota GI, de um adulto consiste em mais de 1.000 espécies (SAAD, 2006).

    Microbiota se refere a uma população de organismos microscópicos que habitam um órgão do corpo ou uma parte do corpo de uma pessoa. Microbioma humano se refere a uma única população inteira de microrganismos, e os seus elementos genéticos completos, que habitam o corpo de um indivíduo. Um adulto possui um trilhão de bactérias no intestino, ou seja, 10 a 100 vezes mais bactérias do que suas próprias células humanas. Porém, no nascimento, o trato GI é estéril. A presença de bactérias no intestino é obrigatória para o desenvolvimento de diversas funções do trato GI. Se os animais viverem em um ambiente estéril, o movimento de peristalse não se desenvolve adequadamente (SAAD, 2006).

    Em condições normais, inúmeras espécies de bactérias estão presentes no intestino, a maioria delas anaeróbias estritas. Essa composição torna o intestino capaz de responder a possíveis variações anatômicas e físico-químicas (LEE; MORR; SEO, 1990). A microbiota intestinal exerce influência considerável sobre uma série de reações bioquímicas do hospedeiro. Paralelamente, quando em equilíbrio, impede que microrganismos potencialmente patogênicos nela presentes exerçam seus efeitos patogênicos. Por outro lado, o desequilíbrio dessa microbiota pode resultar na proliferação de patógenos, com conseqüente infecção bacteriana (MORAL; MORENO-ALIAGA; MARTÍNEZ-HERNÁNDEZ, 2003).

    Em outras palavras, na ausência de flora intestinal, a função motora do intestino é comprometida. As bactérias são necessárias para o desenvolvimento do tecido linfóide associado ao intestino. Muitas vezes, se ignora o fato de que o intestino contém 60-70% de todas as células imunológicas que um ser humano possui (SAAD, 2006).

Importância clínica e função dos probióticos e prebióticos

    Estudos enfatizam que vários são os efeitos dos probióticos na promoção de um organismo saudável, dentre estes é possível destacar: redução do ph intestinal; estimulação do peristaltismo intestinal, prevenindo a constipação; diminuição da incidência, duração e gravidade de doenças gástrica e intestinais com ingestão diária de 109 a 10¹¹ ufc/ml de bactérias láticas (CHARTERIS et al., 1998).

    Estes microrganismos estão interligados à preservação da integridade intestinal e atenuação dos efeitos de outras doenças intestinais, como a diarréia infantil induzida por rotavírus, a diarréia associada ao uso de antibióticos (diarréia nosocomial), a doença intestinal inflamatória e a colite; além de reduzirem a gravidade da hepatopatia alcoólica experimental; e inibir a colonização gástrica com Heliobacter pylori que é associado a gastrite, ulcera péptica e câncer gástrico (Ensaio clinico recente, em 60 pacientes com doença intestinal inflamatória, indicou que a ingestão diária de 400 ml de uma bebida com 5x107 UFC/ml de L.plantarum reduziu a dor e a flatulência em 4 semanas); combate o crescimento de células cancerígenas no intestino, bexiga e estomago; inibe metástases pulmonares; promove a digestão da lactose – produção da enzima Beta-D- galactodidade, auxiliando a quebra da lactose no intestino (Ação de fundamental importância no caso de indivíduos com intolerância à lactose) (DESHPANDE; RAO; PATOLE, 2007; CHARTERIS et al., 1998).

    Os microrganismos probióticos também possuem ação anticarcinogênica no cólon através da redução ou supressão da atividade de enzimas fecais, como a betaglicuronidase, a nitrorredutase e a azorredutase, provenientes do metabolismo da microbiota intestinal, que catalisam a conversão de compostos pró-carcinogênicos a carcinogênicos; e estimulam o sistema imune através do contato no intestino delgado, com a Placa de Peyer, primeira barreira imunológica do organismo, cercada de vilosidades e preenchidas por células imunológicas, que possuem capacidade de reconhecimento das bactérias benéficas e maléficas, permitindo assim a entrada do probiótico e seu estimulo na ação das células imunológicas, que entram nos canais linfáticos (rede de defesa imunológica distribuída por todo o organismo), desencadeando ativação dos macrófagos e aumento da atividade das células destruidoras naturais (NK- natural killer). Estes efeitos ocorrem sem desencadear uma resposta inflamatória prejudicial (GOMES; MALCATA, 1999; NICOLLI et al., 2003).

    O probióticos são de grande importância para a melhora da digestibilidade através do aumento da biodisponibilidade de proteínas, carboidratos e lipídeos, por meio da hidrólise enzimática; além de melhorar a flora intestinal diminuindo a presença de bactérias patogênicas, por meio da competição por receptores intestinais para adesão (exclusão competitiva), competição por nutrientes, produção de compostos antimicrobianos (bacteriocinas), ação esta que diminui alterações como: a alergia alimentar, o eczema atópico, doenças inflamatórias intestinais e artrite; elevação do fornecimento de vitaminas do complexo B pela fermentação de produtos lácteos, que levam a produção destes complexos vitamínicos; redução da amônia e de outros compostos tóxicos; redução dos níveis de colesterol total, colesterol LDL e de triglicérides, através da inibição da síntese de colesterol hepático e ou da redistribuição do colesterol do plasma para o fígado em conseqüência dos ácidos graxos de cadeia curta resultantes da fermentação realizada pelos probióticos nos prebióticos; e diminuição de casos de doenças infecciosas no trato respiratório, com a diminuição significativa da ocorrência de bactérias patogênicas presentes na microflora nasal (VAN LOO et al., 2004; CHARTERIS et al., 1998; GOMES; MALCATA, 1999; NICOLLI et al., 2003).

    Para garantir um efeito continuo, assim como os prebióticos, os probióticos devem ser consumidos diariamente, com doses de 100g de produto alimentício contendo 109 ufc de microrganismos probióticos (1011 ufc/ml de produto), com alterações favoráveis na composição da microbiota intestinal a partir de 15 dias (SAAD, 2006).

    Os prebióticos também apresentam funções importantes no organismo humano, dentre os efeitos dos prebióticos na promoção de um organismo saudável é possível destacar: efeito anticariogênico, atuando na prevenção de cáries, além de reduzir de forma significativa os riscos de obesidade e diabetes insulinodependente; além de prevenir a diarréia patogênica e endógena (SAAD, 2006; CHARTERIS et al., 1998).

    Estudos tem demonstrado que os prebióticos reduzem os metabolitos tóxicos e das enzimas patogênicas; protegem a função hepática; reduzem a função hepática e controle da pressão arterial, conseqüentemente reduz os riscos de arteriosclerose cardiovascular, especialmente associada com a hipertrigliceridemia e resistência à insulina, relacionadas com dietas hipercalóricas (PEIXOTO; SILVA, 2008).

    Os prebióticos também previnem fadiga e cãibras, devido ao alto conteúdo de potássio; são responsáveis pela modulação na composição da microbiota intestinal, com o aumento da predominância de bifidobactérias e Lactobacílos, através do fornecimento de substrato para essas bactérias; aumento da motilidade intestinal, em conseqüência do aumento da hiperplasia da mucosa e a um aumento da espessura da parede, tanto do intestino delgado quanto do ceco, acompanhado de um aumento do fluxo sanguíneo; redução dos riscos de osteoporose, através do aumento da biodisponibilidade de cálcio, densidade e massa ósseas – por meio da transferência desse mineral do intestino delgado para o grosso e do aumento na transferência de água para esse local, permitindo assim que o cálcio se torne mais solúvel ou da hidrolise do complexo cálcio-fitato, por ação de fitases bacterianas liberadoras de cálcio; e são responsáveis pelo fortalecimento da resposta do sistema imunológico (PEIXOTO; SILVA, 2008; CHARTERIS et al., 1998; GOMES; MALCATA, 1999; NICOLLI et al., 2003).

    Segundo Damião (2006) e Saad (2006) para garantirem um efeito contínuo, os prebióticos devem ser ingeridos diariamente, na dose de 5 a 20 g de inulina e/ou oligofrutose, pois cessada a ingestão, o perfil bacteriano retorna ao padrão que havia antes da ingestão dos mesmos.

Mecanismo de ação dos probióticos e prebióticos

    Os mecanismos exatos pelos quais os probióticos agem não estão completamente estabelecidos, mas presume-se que sua ação esteja relacionada à modulação da microbiota intestinal, além da melhora da barreira da mucosa intestinal, impedindo a passagem dos antígenos para a corrente sanguínea. A modulação direta do sistema imunológico pode ser secundária à indução de citocinas anti-inflamatórias ou pelo aumento da produção de IgA secretora (SOUZA et al., 2010).

    Já os prebióticos da mesma forma que os probióticos, supostamente agem modulando a resposta imunológica, mas as evidências a respeito são bem mais modestas. Pelo fato de serem substâncias não-digeríveis, a ação dos prebióticos se dá por meio da estimulação do crescimento ou atividade das bactérias intestinais. A promoção do “efeito bifidogênico” relacionado à ação das bifidobactérias levaria a efeito semelhante ao descrito para os probióticos. Estudos em animais demonstram ação estimuladora dos prebióticos sobre a diferenciação dos Th0 em Th1, na redução significativa dos níveis de IgE total, na modulação da resposta imunológica e na prevenção das doenças alérgicas. Em humanos, há evidências recentes de que o acréscimo de prebióticos às fórmulas infantis induz à produção de imunoglobulinas responsáveis pela modulação da tolerância oral em crianças com alto risco para o desenvolvimento de doenças alérgicas e reduz o risco do aparecimento de manifestações alérgicas (SOUZA et al., 2010).

Classificação dos probióticos e prebióticos

    Em um intestino adulto saudável, a microflora predominante se compõe de microorganismos promotores da saúde, em sua maioria pertencente aos gêneros Bifidobacterium e Lactobacillus (RAIZEL et al., 2011), entretanto, estudos tem descrito a Escherichia, Enterococcus e Bacillus como probióticos. O fungo Saccaromyces boulardii também tem sido considerado como probiótico. Outros microorganismos freqüentemente adicionados à alimentação infantil, tais como Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus não são considerados probióticos, pois não preenchem os critérios utilizados para classificar os microrganismos como probióticos (MORAIS; JACOB, 2004). Esses gêneros estão presentes principalmente em iogurtes, produtos lácteos fermentados e suplementos alimentares (RAIZEL et al., 2011). A seleção de microrganismos probióticos tem como base os seguintes critérios: resistência ao ambiente ácido estomacal, à bile e às enzimas pancreáticas; adesão às células da mucosa intestinal; capacidade de colonização; produção de substâncias antimicrobianas contra as bactérias patogênicas e ausência de translocação. Entre os probióticos, dois grupos microbianos foram particularmente estudados em termos experimentais e clínicos e são comercializados: as bactérias láticas e as leveduras (STEFE; ALVES; RIBEIRO, 2008).

    Em relação à quantidade adequada para exercer efeito benéfico, tem sido recomendada a dose de 5 bilhões de unidades formadoras de colônias (UFC) por dia (5x109 UFC/ dia), por pelo menos 5 dias. Embora essa seja a dose preconizada, os estudos que avaliam efeitos terapêuticos apresentam doses variáveis de 106 a 109 UFC12. (CHARTERIS et al., 1998; AKALIN; FENDERYA; AKBULUT, 2004).

Tabela 1. Exemplos de microrganismos comumente descritos como possuidores de características probióticas

    Além da introdução de bactérias vivas ao cólon, através da suplementação dietética, há outro modo de aumentar o número de bactérias benéficas, como espécies de Bifidobacterium e Lactobacillus, na microbiota intestinal, é o uso de prebióticos, que são constituídos essencialmente por carboidratos de tamanhos diferentes, desde composição mono, dissacarídeos, oligossacarídeos, até grandes polissacarídeos. São encontrados na cebola, chicória, alho, alcachofra, cereais, aspargos, raízes de almeirão, beterraba, banana, trigo e tomate, podem estar presentes no mel e açúcar mascavo, em tubérculos, como o yacon e em bulbos (RAIZEL et al., 2011).

    Os prebióticos são classificados em solúveis, insolúveis ou mistas, podendo ser fermentáveis ou não. As fibras de maior importância utilizadas como prebióticos, de acordo com a nova definição de fibras que defende a inclusão de carboidratos não-digeríveis, são a inulina e o frutooligossacarídeos (FOS) ou simplesmente oligofrutose, formado a partir da hidrólise da inulina pela enzima inulase. Ambos são denominados frutanos, fibras insolúveis e fermentáveis, não degradada pela α-amilase e por outras enzimas hidroliticas, como sacarase, a maltase e a isomaltase, na parte superior do trato intestinal (RAIZEL et al., 2011).

    Para que um ingrediente (ou grupo de substâncias) possa ser definido como tal, deve cumprir os seguintes requisitos: ser de origem vegetal; formar parte de um conjunto heterogêneo de moléculas complexas; não ser digerida por enzimas digestivas, nem absorvido na porção superior do trato gastrointestinal; ser seletivamente fermentado por uma colônia de bactérias potencialmente benéficas ao cólon, alterando para uma composição da microbiota mais saudável e ser osmoticamente ativo (RAIZEL et al., 2011).

Custo, segurança e efeitos adversos dos probióticos e prebióticos

    O custos dos probióticos e prebióticos também deve ser considerado (VENUGOPALAN; SHRINER; WONG-BERINGER, 2010), visto que estes alimentos apresentam inúmeros benefícios para o organismo humano (BESSELINK et al., 2008), principalmente em casos de diarréia, evitando assim um tempo maior de hospitalização para pacientes que são acometidos por diversas infecções, inclusive por diarréias, oferecendo um benefício socioeconômico para a toda sociedade (PEREZ et al., 2007).

    Os probióticos e prebióticos são geralmente reconhecidos como seguros, e são raros os casos de efeitos colaterais no atendimento ambulatorial. Estudos epidemiológicos de larga escala em países onde o uso de probióticos e prebióticos é endêmico apresentam baixos índices de infecção sistêmica em adultos, entre 0,05 e 0,40% (TAYLOR; DUNSTAN; PRESCOTT, 2007).

    A concentração de probióticos no alimento varia bastante e não há padrões de referência para níveis de bactérias necessárias para o iogurte e outros produtos fermentáveis. Recomenda-se aos profissionais da saúde prudência ao aconselhar a incorporação destes produtos gradualmente na dieta até atingir esse níveis recomendados em um período de 2 a 3 semanas (BESSELINK et al., 2008; RAIZEL et al., 2011). O nível de consumo aconselhado é de 109 a 1010 organismos diários, o que equivale a um litro de leite de acidófilos formulado ao nível de 2 x 106 unidade formadora de colônia (ufc)/mL (RAIZEL et al., 2011). Alguns indivíduos podem vivenciar um pouco dos efeitos colaterais relacionados à ingestão dos probióticos devido à morte dos patógenos no ambiente intestinal, visto que estes liberam produtos celulares tóxicos, reação chamada de “die-off reaction”. Nesses casos, deve-se persistir no uso dos probióticos para que haja melhora dos sintomas. Percebe-se um aumento discreto na produção de gases, desconforto abdominal e até mesmo diarréia, que se resolve com o tempo (ROBERFROID, 2002).

    A recomendação dietética para o efeito benéfico dos prebióticos é de 18 a 20 g/dia. As doses de ingestão diária de FOS devem ser bem observadas a fim de evitar desconfortos intestinais (RAIZEL et al., 2011). A gravidade deste tipo de sintoma está associada com a ingestão de 20 a 30 gramas por dia de FOS. Testes padrões de toxicidade, conduzidos com frutanos do tipo inulina em doses bastante superiores as recomendadas, não detectaram evidências de toxicidade, carcinogenicidade ou genotoxicidade (ROBERFROID, 2002). Quantidades excessivas de prebióticos podem resultar em diarréia, flatulência, cólicas, inchaço e distensão abdominal, estado este reversível com a interrupção da ingestão. Entretanto, a dose de intolerância é bastante alta, permitindo uma faixa de dose terapêutica bastante ampla (RAIZEL et al., 2011; PASSOS; PARK, 2003).

Conclusão

    Conclui-se através deste levantamento bibliográfico, que os probióticos e prebióticos apresentam uma vasta participação no organismo humana, favorecendo de maneira geral o equilíbrio da microbiota, deixando conseqüentemente o organismo humano saudável, além de serem de grande importância no combate a inúmeras enfermidades, sendo de grande importância na área clinica a inclusão de alimentos funcionais fontes destes nutrientes na alimentação diária, o que favorecerá também uma melhora na qualidade de vida para toda a população.

    É importante salientar ainda, que os efeitos, e a importância da utilização de alimentos funcionais, entre eles os probióticos e prebióticos é bem descrito na literatura, vários foram os estudos realizados no mundo inteiro entre os estudiosos, entretanto, este é um assunto que não está escasso e apresenta lacunas do conhecimento que permite novos estudos e pesquisas.

Referências

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