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Uma revisão bibliográfica sobre abordagens metodológicas da Educação Física. Como ministrar aulas de Educação Física no ensino fundamental

Una revisión bibliográfica sobre abordajes metodológicos de la Educación Física.
Cómo gestionar las clases de Educación Física en la escuela primaria

 

*Discente do Curso de Educação Física

do Centro Universitário La Salle, Unilasalle, matriculado

na disciplina de Trabalho de Conclusão II, 2013/2, sob

a orientação da Prof. M.ª Juliana Ludwig Justo

**Docente do Curso de Educação Física, Mestre em Educação

pelo Centro Universitário La Salle, Unilasalle

Pedro Buchrieser Flores*

pedrobuchrieserflores@yahoo.com.br

Juliana Ludwig Justo**

jujusto@unilasalle.edu.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Devido a crescente preocupação com qualidade das aulas de Educação Física e seu importante papel na formação integral do aluno, visto que se destacam os problemas presentes no cotidiano escolar e bem como a dificuldade de ação pedagógica dos professores em atingir sua finalidade como disciplina na escola que conduziram essa Revisão Bibliográfica, cujo titulo é Abordagens Metodológicas da Educação Física Escolar, com objetivo de identificar as abordagens que devem ser as mais adequadas para o período de Escolarização do Ensino Fundamental. Observamos após as leituras onde apontam que as abordagens renovadoras buscam ultrapassar as abordagens tradicionais de rendimento e aptidão física, pois elas não atendem as mutações que a sociedade busca de emancipação democrática do conhecimento no sentido de formação crítica e reflexiva e de desenvolvimento da autonomia do aluno.

          Unitermos: Educação Física escolar. Abordagens pedagógicas da Educação Física.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Devido a crescente preocupação com qualidade das aulas de Educação Física Escolar e a confirmação de Oliveira (2010), que as aulas desta disciplina nas escolas devem ser consideradas de muita importância e isso deve ser atribuído ao fato de promover o desenvolvimento integral do aluno, a socialização, a vida saudável, espírito de equipe, prática de esportes, dentre outros (OLIVEIRA et al, 2010).

    Esta preocupação se acentua quando nos inteiramos dos fatos de que a desvalorização da disciplina se dá, seja pelos baixos salários, aulas pouco atrativas, profissionais desmotivados e uma crescente concorrência dos aparelhos eletrônicos dentre os jovens que afastam cada vez mais os jovens das brincadeiras diversificadas e os jogos tradicionais que se tornam por eles ultrapassados.

    Não obstante encontramos a confirmação nas palavras de Freitas (2006) quando afirma

    É consensual a afirmação de que a formação de que dispõem os professores hoje no Brasil não contribui significativamente para que seus alunos se desenvolvam como pessoas, tenham sucesso nas aprendizagens escolares e, principalmente, participem como cidadãos detentores de direitos e deveres na chamada sociedade do conhecimento (FREITAS et al, 2006 apud. FALKENBACH, 2008).

    Esta necessidade de se reinventar uma Educação Física de qualidade diante dessa crescente desvalorização que a Educação de forma geral tem passado que motivou a pesquisar e revisar neste presente estudo as abordagens metodológicas da Educação Física Escolar, ou seja, como ministrar aulas de Educação Física no Ensino Fundamental, visando, contudo um maior conhecimento e melhor preparo que se espera de um bom professor.

    O objetivo desta revisão bibliográfica é identificar as abordagens metodológicas mais adequadas para serem ministradas no período de escolarização do Ensino Fundamental e, portanto desta forma contribuir para que o profissional de Educação Física Escolar possa refletir sobre suas tendências e inclinações definidas pelas suas convicções ideológicas que por sua vez configuram a sua prática pedagógica em relação ao que se espera na comunidade escolar do professor nesta etapa de escolarização.

    No âmbito escolar existem diferentes abordagens sobre Educação Física e sua finalidade como disciplina, contudo, destacam-se os problemas presentes no cotidiano escolar, observado através da dificuldade da ação pedagógica dos professores na escola.

Metodologia

    Foi feita uma Revisão Bibliográfica selecionando 8 artigos embasados em teses, livros, revistas e os desdobramentos dos autores disponíveis na base de dados do Scielo e Google Acadêmico, que trouxeram contribuições no esclarecimento e entendimento das Abordagens Metodológicas da Educação Física entre os anos de 2008 e 2012. Os descritores utilizados foram: Educação Física Escolar; Abordagens Pedagógicas da Educação Física, Metodologia da Educação Física Escolar. Conforme Severino (2004), a Revisão é uma Pesquisa Bibliográfica com a finalidade desvendar, recolher e analisar as contribuições culturais e cientificas sobre um tema. Foram feitos resumo e mapas conceituais utilizando o software Cmap Tools, versão 5.03. Ao executarmos este trabalho, confrontamos o que cada autor disse, a favor ou contra nossas hipóteses e, a partir desta atividade dialógica, formulamos nossa própria opinião a respeito do assunto pesquisado (CERVO; BERVIAN, 2002 apud SEVERINO, 2004).

Abordagens metodológicas da Educação Física escolar

    Para nos situarmos neste estudo procuramos entender a trajetória das abordagens que, segundo Correia (2011) em seus estudos, a Educação Física Escolar a partir das décadas de 80 e 90 do século passado pode observar a elaboração de diferentes perspectivas de analise e/ou abordagens de ensino, a partir de múltiplas matrizes teóricas ou epistemológicas (CORREIA, 2011).

    Já Fernandes nos traz as contribuições de Darido (2003), na busca de romper com os moldes tradicionais, surgem várias abordagens, algumas com enfoque mais psicológico, outras com o enfoque mais sociológico e político e também biológico, como a Saúde Renovada. Porém afirma que mesmo com um numero relevante de propostas, ainda é nítido a dificuldade de encontrar meios para que os discursos acadêmicos cheguem até a escola e assim consigam atingir o centro da discussão que é o ensino e a formação do aluno (DARIDO, 2003 apud FERNANDES, 2008).

Teorias não propositivas

    As teorias não propositivas são assim denominadas por Cas­tellani Filho (2009) porque não apresentam uma metodologia de ensino da Educação Física. São chamadas de abordagens (CAS­TELLANI FILHO, 2009, apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008). São elas:

Abordagem "Cultural"

    Principal Teórico desta abordagem é Jocimar Daolio. Compreende a Educação Física como parte da cultura humana um conjunto de práticas ligadas ao corpo e ao movimento criado ao longo da história e essa cultura é trabalhada na forma de ginásticas, lutas, danças e esportes. Para isso o professor deve trabalhar o respeito a diversas culturas que formarão o corpo que expressa elementos da sociedade que faz parte (DAOLIO, 1995 apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

Abordagem Fenomenológica

    Principal Teórico desta abordagem é Silvino Santini e Wagner Wey Moreira, os autores afirmam que se trata do estudo das essências do indivíduo e sua relação com o meio, tempo e objetos. Tem foco no movimentar-se, tomada de decisão e autonomia. Práticas lúdicas, cooperação e socialização com colegas. Diagnosticar, recriar e solucionar a partir dos fatos (MARLEAU-PONTY apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

Abordagem “Sociológica"

    Segundo Palafox e Nazari (2007) e Castellani Filho (1999) afirmam que o principal teórico referente a essa abordagem é Mauro Betti, autor da obra “Educação Física e Sociedade”. Têm como objetivo introduzir o aluno no universo cultural das Atividades Físicas de modo a prepará-lo para usufruir delas pela vida toda. Tem o esporte e o jogo como conteúdo principal, o Vôlei, o basquete, a dança e ginástica visando o cidadão futuro que vai partilhar, produzir, reproduzir e transformar as formas sem restringir-se ao fazer mecânico, mas, incorporar atitudes, habilidades conhecimentos que levem os valores da cultura esportiva. (PALAFOX E NAZARI, 2007 et al, apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

Abordagem da Saúde Renovada

    Essa abordagem chamada assim pelos autores Guedes (1997) & Nahas (1992), no entanto considerada “mais propositiva” segundo Fernandes (2008). É uma Educação Física voltada para a saúde, conhecimentos práticos e teóricos de Atividade Física, Aptidão Física e para o aluno entender os benefícios advindos da prática motora, utiliza os testes antropométricos e seus subsídios para verificarem sua saúde (GUEDES E NAHAS apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

Abordagem baseadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais

    Fernandes (2008) em sua pesquisa nos trás essa abordagem como uma opção metodológica que valoriza as experiências anteriores dos alunos. A interação professor-aluno e aluno-aluno progressivamente o aluno passa a dirigir as situações criando a autonomia em vários campos de atuação, utiliza a Cultura Corporal do Movimento em busca da autonomia, a considerar a possibilidade de criação do próprio aluno de seu conhecimento e seu próprio discurso conceitual, atitudinal e procedimental. (BRASIL, 1997, apud. FERNANDES, 2008).

Abordagem baseada na Visão Humanista

    A abordagem Humanista descrita por Oliveira (1985) tem enfoque na valorização do ser como um todo, respeitando os limites dos alunos e sua formação integral. Nesta práxis considera-se também o potencial criativo dos aprendizes, sua individualidade, considera o jogo como estratégia de ensino, exercícios naturais que surgem espontaneamente e a liberdade do aprendiz (OLIVEIRA, 1985).

    Sobre isto, é interessante entendermos o que diz Marco Antonio Moreira (1999):

    A filosofia humanista vê o ser que aprende, primordialmente, como pessoa. O importante é a autorealização da pessoa, seu crescimento pessoal. O aprendiz é visto como um todo – sentimentos, pensamentos e ações – não só intelecto (MOREIRA, 2009 p. 15).

Teorias propositivas

    Segundo o autor Castellani Filho (2009) a teoria propositiva é dita assim por possuírem uma metodologia de ensino e são chamadas de concepções (CAS­TELLANI FILHO 2009 apud. BARBIERI; PORELLI E MELLO, 2008).

Concepção Desenvolvimentista

    A concepção desenvolvimentista tem como principal referencial teórico Go Tani. De acordo com esse autor as aulas de Educação Física devem proporcionar para os alunos pleno Desenvolvimento Motor até os 12 anos de idade, desenvolvendo as habilidades básicas, proporcionar Condicionamento Físico adequado, desenvolvimento afetivo-social e cognitivo do aprendiz. (TANI, 1998 apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

    O autor Go Tani (1988), afirma que todo comportamento humano pertence a um dos três domínios: Domínio Cognitivo, Domínio Afetivo-Social e Domínio Motor, sendo que a maioria dos comportamentos existe a participação dos três domínios portanto o professor precisa compreender suas características de Crescimento, Desenvolvimento e Aprendizagem. Visto que a não observância delas, conduz a conteúdos inapropriados (TANI, 1998, apud. FERNANDES, 2008).

Concepção Construtivista

    A concepção construtivista tem como principal teórico João Batista Freire. De acordo essa concepção a Educação Física deve contribuir com o Desenvolvimento Motor dos alunos. Os jogos e brincadeiras que estimulam a cognição, motricidade e utilização de materiais alternativos são conteúdos privilegiados nas aulas de Educação Física pautadas nessa concepção metodológica. Palafox e Nazari (2007) destacam como conteúdo básico trabalhar inicialmente a cultura do próprio aluno de modo a tornar o conhecimento significativo (PALAFOX E NAZARI, 2007 apud. BARBIERI; PORELLI E MELLO, 2008).

    Como foco afirma ter além da Motricidade Humana, a Educação do Símbolo e Educação dos Sentidos. Conteúdos principais como: brincadeiras populares, jogo simbólico e jogo de regras. Com finalidade de construir o conhecimento através do resgate do que o aluno já conhece para a solução de problemas (VALDANHA NETTO, 2006 apud. BARBIERI; PORELLI E MELLO, 2008).

Concepção de Educação Física “Plural”

    Os principais autores dessa concepção são Jocimar Daolio e Tarcísio Mauro Vago e originou-se da abordagem “Cultural”. Para Daolio (1996) a proposta de Educação Física Plural tem como condição que as aulas atinjam todos os alunos, sem discriminação dos menos hábeis, ou das meninas, dos gordinhos, baixinhos ou mais lentos (DAOLIO, 1996, apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

    Essa concepção parte do pressuposto que os alunos são diferentes recusando o binômio igualdade/desigualdade para compará-los, afirma que isso vem acontecendo com as aulas mistas, onde o professor lida com as diferenças entre meninos e meninas. Visa proporcionar a sistematização e reconstrução do conhecimento pelos alunos proporcionando oportunidades motoras, explorando sua capacidade de movimentar-se, permitindo que o aluno descubra expressões corporais e domine seu corpo (DAOLIO, 1996, apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

Concepções de “Aulas Abertas”

    A concepção de metodologia de ensino denominada “Aulas abertas” tem como idealizador Reiner Hildebrandt e de acordo com Hirai e Cardoso (2006) aponta para aulas orientadas no processo de problematização e comunicação. O professor deixa de ser o papel central nas aulas de Educação Física, sendo o ensino orientado ao aluno (HIRAI E CARDOSO, 2006 apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

    Já Mezzaroba, Coelho e Cardoso (2007), chamam essa concepção de método de “aulas abertas” às experiências, com as principais características: 1 - Ação simultânea do professor e aluno no processo de aprendizagem. 2 - O esporte é determinado como uma peça modificável. 3 - O modo de transferir conhecimentos deve deixar espaço para um jogo de ações, permitindo que o aluno aja autonomamente, visando o desenvolvimento de sua criatividade, cooperação e comunicação. 4 - O aluno é sujeito de seu processo de aprendizagem (MEZZAROBA; COELHO E CARDOSO, 2007 apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

Concepção Crítica-Emancipatória

    Tem seu principal autor Eleonor Kunz, e tem o foco na aprendizagem das modalidades esportivas, contribuindo para a formação do aluno, e usa o movimento e os jogos para desenvolver função social e política que é inerente a toda ação pedagógica. Visa considerar os fatores individuais, biológicos, sociais, históricos, culturais que envolvem e determina a relação do aluno com a prática de Educação Física. De acordo com Kunz (1996) a Educação Física deverá permitir que a linguagem e a comunicação desenvolvam-se para além dos esportes, práticas esportivas, levando para conhecimentos de ordem política, social, econômica, cultural e relacionado à saúde (KUNZ, 1996 apud BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

    Já Fernandez (2008) afirma em sua pesquisa que essa é uma abordagem que enfatiza a libertação das falsas ilusões impostas pela coerção ditadas pelo consumismo. Intenciona libertar-se do velho papel do professor e do sistema escolar que deve desenvolver competências de autorreflexão (KUNZ, 1994 FERNANDES, 2008).

Teorias propositivas sistematizadas

    Segundo Castellani Filho (2009) as teorias propositivas sistematizadas são chamadas de perspectivas: Perspectiva de Aptidão Física e Perspectiva Crítico Superadora (CAS­TELLANI FILHO 2009, apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

    Já segundo Fernandes (2008), essa metodologia chama-se Abordagem Sistêmica. Conforme aponta Betti (1991), o ensino nessa perspectiva é formal e baseado no comando, com a finalidade do resultado, competição, onde a resolução dos conflitos se dá por meio externo de controle, regras rígidas e a vitória é o objetivo central. Afirma o autor que esse discurso já deveria ter sido superado por não ser o que o corpo escolar busca. E questiona sobre essa a prática ainda estar presente atualmente na Educação Física Escolar e se ela desenvolve autonomia dos alunos (BETTI 1991 apud. FERNANDES, 2008).

Perspectiva da Aptidão Física

    Essa perspectiva tem como principal teórico Vitor Matsudo fundamentada nas ciências biológicas, de grande importância para o estabelecimento e manutenção da sociedade capitalista. Para a formação de um homem forte, ágil e empreendedor, adaptado aos mecanismos exigidos por esse sistema. Tem o esporte como conteúdo principal sendo o volei, basquete, futebol e handebol privilegiados (PALAFOX; NAZARI, 2007; SOARES; TAFFAREL; VARJAL ET AL. 1992; MELLO, 2009 apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

    O autor esclarece em uma tabela os principais pontos da metodologia de ensino e objetivo da Educação Física Escolar na perspectiva de Aptidão Física.

Tabela 1. Principais pontos da metodologia de ensino e objetivo da Educação Física Escolar na perspectiva da Aptidão Física

Perspectiva Crítico-Superadora

    A perspectiva Crítico-Superadora foi explicitada no ano de 1992 com a publicação do livro “Metodologia de Ensino de Educação Física” escrito por Soares, Taffarel, Varjal, Bracht, Castellani filho e Escobar, grupo conhecido como “Coletivo de Autores”. Suas raízes teóricas são a perspectiva materialista-histórica de Karl Marx e entende a Educação Física como prática pedagógica escolar, determinadas por atividades expressivas corporais como: Jogo, esporte, dança, ginástica, estas são chamadas de Cultura Corporal (SOARES, TAFFAREL; VARJAL et al. 1992, apud. BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

    Essa perspectiva tem três características de reflexão pedagógica: é Diagnóstica, pois constata e lê os diagnósticos da realidade. Judicativa, pois julga essa constatação de acordo com os interesses do Projeto Pedagógico. E é Teológica, pois tem um objetivo específico. O conhecimento deve ser tratado desde sua origem, permitindo que o ser se entenda com sujeito histórico capaz de inferir na sociedade (PALAFOX; NAZARI, 2007; SOARES; TAFFAREL; VARJAL et al. 1992; MELLO, 2009 apud BARBIERI; PORELLI e MELLO, 2008).

    A seguir estão apresentados os principais pontos metodológicos propostos, bem como o objetivo norteador de uma aula pautada nessa perspectiva.

Tabela 2. Principais pontos da metodologia de ensino e objetivo da Educação Física na perspectiva Critico-Superadora

Discussão e considerações finais

    No que se refere a abordagens e autonomia Fernandes (2008) identifica que algumas abordagens concordam com a autonomia como finalidade de ensino na Educação Física Escolar, a partir do Ensino Fundamental.

    Segundo a pesquisa de Fernandes (2008), os autores cada um com sua linha de pensar e tratar das abordagens mesmo com diferenças entre as propostas, em comum todas elas buscam superar as pedagogias tradicionais fundamentadas no tecnicismo e no rendimento. Este autor confirma a presença até hoje das metodologias tradicionais predominando nas escolas brasileiras, ao encontro de Resende (1995) em suas ideologias, quando afirma que as tendências renovadoras relacionadas ao movimento de críticas ao ensino vigente enfrentam a predominância das teorias tradicionais de alto rendimento neste contexto profissional (RESENDE, 1995, apud. FERNANDES, 2008).

    Este autor ainda contesta as idéias de Crum (1993) quando afirma que as ideologias ideais são a Biologicistas: Centradas na formação do corpo. E ideologias Pedagogicistas: Que tem caráter de recreio supervisionado e entretenimento (CRUM, 1993 apud. FERNANDES, 2008).

    O autor Fernandes (2008) confirma que essas metodologias não levarão o aluno ao conhecimento real dos conteúdos da Educação Física, não permitindo uma apreciação crítica das manifestações corporais (FERNANDES, 2008).

    Sobre isto, é interessante entendermos o que diz Oliveira, Galdino e Nassar (2008):

    Dentro das aulas de Educação Física Escolar no ensino Fundamental, duas situações podem atrapalhar a boa formação dos alunos: a repetição dos conteúdos ano após ano, e a especialização precoce. Isso acontece por intermédio das aulas livres ou através de aulas mecanicistas, baseadas em quatro modalidades esportivas coletivas, sendo que os alunos desta faixa etária deveriam estar descobrindo o corpo com suas ações naturais e, ao contrário, acabam pulando fases importantes (OLIVEIRA; GALDINO E NASSAR, 2008 p. 27).

    Conforme afirma Daolio (1995), a concepção de corpo estritamente “Naturalizante” e “Biologizante” – “Corpo Matéria Prima” – não é mais sustentável diante das mutações da sociedade que busca um processo amplo de emancipação democrática e subsidiada por uma analise sociocultural mais criteriosa proposta no termo “Corpo Cidadão” (DAOLIO, 1995 apud. CORREIA, 2012).

    Apesar de alguns estudos apontarem para um aprendizado mais rápido pelo método tecnicista, ele exclui os menos habilidosos e mais fracos, ao contrário do que defende a Concepção de Educação Física “Plural”, sendo ideal também para o Ensino Fundamental que as aulas sejam direcionadas para a inclusão, ou mesmo na Concepção de “Aulas Abertas”, onde o professor deixa de ter o papel central nas aulas, ambas contribuem para a autonomia, pois ele deixa de ser mero coadjuvante e passa a ser autor de seu próprio conhecimento.

    Segundo os autores Almeida, Valentini e Berleze (2009), destacam a importância e a responsabilidade do professor de Educação Física compreender as dificuldades e necessidades das crianças e jovens durante o planejamento e execução das Atividades Físicas; desenvolver atividades desafiadoras e significativas; utilizar rotineiramente estratégias adequadas de encorajamento e feedback; promover a auto-superação evitando situações de humilhação ou de excessiva comparação (ALMEIDA; VALENTINI E BERLEZE, 2009).

    Conforme afirma Darido (2005) o professor deve usar estratégias que permitam trabalhar a autonomia dos alunos, como permitir que escolham os times, participem da construção dos materiais, modificação das regras, participação das discussões e reflexões nas aulas (DARIDO, 2005 et al. apud. FERNANDES, 2008).

    Conforme Antunes e Gebran (2010) os avanços da área, a abordagem dada ao conhecimento e a grande importância das propostas pedagógicas na valorização do aluno como um ser humano inserido em uma sociedade (dotado de cultura); inclui, também, o respeito ao desenvolvimento da criança (as características de cada fase de desenvolvimento, cognitivo, motor, considerando o contexto em que vive e seus conhecimentos anteriores, o movimento corporal (jogo, esporte, dança, ginástica, luta) inserido no universo da criança, o conteúdo como uma forma de comunicação com o mundo, a cooperação para repensar a competição e a melhoria da qualidade de vida que pode ser proporcionada pela Educação Física (ANTUNES e GEBRAN, 2010).

    Sobre isto, é interessante entendermos o que diz Perrenoud (2002):

    Uma nova proposta pensada como um “elixir” que solucionará todas as dificuldades e lacunas do processo de ensino-aprendizagem presente na prática docente, a nosso ver, está fadado ao fracasso, já que existe a necessidade de interação entre as novas idéias com a prática, considerar as experiências dos docentes, bem como todo o conhecimento até então produzido (PERRENOUD, 2002 apud. ANTUNES e GEBRAN, 2010, p. 129).

    Portanto não há dúvidas que o professor deve aplicar as abordagens renovadoras buscando o conjunto de sua fundamentação teórica na busca pela qualidade das aulas, pois elas se agregam em seus conhecimentos e estimula dentro das possibilidades o ser crítico e reflexivo, participativo e autônomo. Foi observado que é importante que as aulas percam seu caráter de rendimento apenas, onde os mais fracos são excluídos e os mais fortes são especializados precocemente, deixando o aluno vulnerável a lesões e desistências. Para que o aluno desenvolva suas habilidades básicas e descubra seu corpo, precisa encontrar um ambiente favorável e flexível, acolhedor e diferente da rigidez militar, sem esquecer a inclusão de alunos com deficiências físicas que contribuem com valores humanos e a cooperação de todos. Contudo isso se fundamenta de forma indiscutível a permanência da Educação Física no currículo escolar para que o professor seja um verdadeiro agente transformador educando em conjunto com a comunidade e as famílias dos alunos.

Referências bibliográficas

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