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A percepção de idosos institucionalizados em relação à família

La percepción de las personas mayores institucionalizadas en relación a la familia

 

*Graduada em Enfermagem pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas, Funorte

**Pós-Graduando em Didática e Metodologia do Ensino Superior. Graduado

em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes

***Mestrando em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros

****Mestre em Ciências da Saúde. Especialista em Geriatria e Gerontologia. Graduada

em Enfermagem pela Universidade Estadual de Montes Claros

*****Especialista em Didática e Metodologia do Ensino Superior. Graduada

em Enfermagem pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas

(Brasil)

Lylian Aparecida Pereira Zuba*

Risomar de Deus Ferreira*

Emerson Ribeiro Lima**

Henrique Andrade Barbosa***

Mariza Alves Barbosa Teles****

Maria Geralda Leite*****

emrlima86@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos grandes desafios. A institucionalização pode representar muito mais do que uma simples mudança de ambiente físico na vida dos idosos. O presente artigo trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva e teve por objetivo conhecer a percepção dos idosos institucionalizados em relação a sua família. Os sujeitos da pesquisa foram 10 idosos, com idade entre 60 a 82 anos, residentes em uma Instituição de Longa Permanência para idosos (ILPI), no município de Montes Claros, MG/Brasil. Os instrumentos para coleta de dados foram um questionário estruturado para caracterizar os idosos em relação à idade, escolaridade, renda, estado civil, procedência e tempo de institucionalização, e a técnica de grupo focal, através de um roteiro com quatro perguntas norteadoras sobre o tema. A coleta de dados ocorreu no período de novembro de 2012. Durante a coleta de dados os pesquisadores tiveram o auxílio de um MP3. Os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo Temática e do Interacionismo Simbólico. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Funorte.Os idosos destacaram a falta de condições, físicas, sociais e psicológicas. Referiram a família como elemento fundamental em suas vidas, no entanto demonstraram satisfação em estarem residindo na instituição. Em relação aos sentimentos vivenciados pelos idosos devido ao distanciamento dos familiares, destacam-se a saudade e a preocupação com o bem estar dos familiares, mas classificam a instituição asilar como sua família.

          Unitermos: Idoso. Institucionalização. Família.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A população idosa é a que mais cresce atualmente no Brasil e no Mundo (PASCOAL, 2007). De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil está entre os dez primeiros países do mundo que possuem maior população com idade igual ou superior a 60 anos (BRASIL, 2007). Segundo Jorge et al. (2008), em 1980, os idosos brasileiros correspondiam a 6,1% dos habitantes, já no censo de 1991 passaram a representar 7,3% da população, no censo de 2000, 8,6%, e em 2005, os idosos chegaram a representar 10% dos habitantes (CAMARANO, 2008). Espera-se que em 2050 haja dois bilhões de idosos. A população de 80 anos ou mais é a que mais cresce e poderá passar dos atuais 11% para 19% em 2050 (ROSA et al., 2003).

    O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um dos grandes desafios, pois, as pessoas da terceira idade são, geralmente, ignoradas como recurso, quando, na realidade constituem um grupo importante para as estruturas da nossa sociedade (CASSIANO et al., 2005).

    Embora a família seja a responsável por oferecer a maioria dos cuidados aos idosos, é importante destacar que a estrutura familiar tem sofrido mudanças significativas, predominando hoje famílias pequenas em lugar das tradicionais e extensas, favorecendo o surgimento de novos tipos de arranjos familiares, corroborando significativamente para o processo de envelhecimento da população (SANTOS, 2003).

    Leme et al. (2002) destacam que a importância da família começa desde a infância, fase em que há a proteção, o carinho e a educação. Continua com o apoio em diversos momentos da vida, na formação, no equilíbrio afetivo e no desenvolvimento físico e social. Dentro da família a pessoa é vista por ser ela mesma, independente da utilidade econômica, política ou social, ela é única, sem máscaras, na sua intimidade, faz parte da família sempre. O idoso é visto como o principal membro da comunidade familiar, pois ele representa uma história de vida, a biografia.

    Entretanto nem toda família tem uma estrutura pronta para receber um idoso fragilizado, nem todos têm uma família extensa; às vezes encontram-se idosos que vivem sozinhos, pois não tem a quem procurar, ou não tiveram filhos, ou estão brigados há anos com a família, ou todos já se foram de sua vida.

    A falta ou escassez de opções disponíveis para que as famílias mantenham seus idosos em casa tem sido um dos motivos da procura por (ILPI) em nosso país (CORDEIRO, 2002). E, considerando a escassez de preparos adequados, essas famílias não terão habilidades para cuidarem de seus familiares idosos, e possuem comumente formação limitada para assistirem às demandas específicas de cuidado, o que as tornariam incapazes de exercer o papel de cuidador. Assim a procura por instituições de longa permanência tende a aumentar, uma vez que esses aspectos contribuem para que novas formas de atenção e cuidado devam ser proporcionadas aos idosos (FILHO, 2000).

    As Instituições de Longa Permanência para Idosos assumem a responsabilidade de cuidar quando o idoso perde seus vínculos com sua rede social e familiar, dando suporte ou assistindo suas necessidades com a finalidade de melhorar sua saúde e sua qualidade de vida (BRASIL, 2003).

    A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que os países podem custear o envelhecimento se os governos, as organizações internacionais e a sociedade civil implementarem políticas e programas de envelhecimento ativo à desvalorização e ao isolamento do indivíduo. Esse período passa a representar os momentos finais das vidas dessas pessoas idosas, principalmente quando são internadas em instituições que utilizam o modelo meramente assistencial (BRASIL, 2005).

    No entanto Minas Gerais (2006) enfatiza que instituições asilares devem manter um criterioso cuidado ao idoso, possibilitando sempre a manutenção de sua capacidade funcional, capacidade essa que é definida como a manutenção plena das habilidades físicas e mentais desenvolvidas ao longo da vida, necessárias e suficientes para uma vida com independência e autonomia. É o grau de preservação da capacidade de realizar as Atividades Básicas de Vida Diária – ABVDs ou autocuidado e o grau de capacidade para desempenhar Atividades Instrumentais de Vida Diária – AIVDs

    Porém quando o idoso tem que ir para uma instituição de longa permanência ele se sente desvalorizado, ignorado e excluído. O idoso vive um sentimento de não pertencer ao grupo, sente-se solitário.

    Segundo Pereira (2008), a solidão é “o estado de quem se sente só’’, provoca um vazio interno que pode estar presente no ser humano, nas diferentes fases da vida, e tende a ser mais freqüente com o envelhecimento”.

    A respeito da importância da família para o idoso institucionalizado, Oliveira et al. (2006) defendem que mesmo estando dentro de uma instituição asilar, o ambiente familiar é crucial para o indivíduo idoso, uma vez que o vínculo familiar possibilita aos idosos manterem-se próximos ao seu meio natural, preservando assim sua identidade e valores.

    Diante desse contexto, a presente pesquisa buscou conhecer a percepção dos idosos institucionalizados em relação a sua família.

Materiais e métodos

    A presente pesquisa tem caráter qualitativo e descritivo. Segundo Oliveira (2002), a pesquisa qualitativa é interessante pela facilidade de compreender e classificar processos dinâmicos experimentados por grupos sociais, apresentar contribuições no processo de mudança, criação ou formação de opiniões de determinado grupo e permitir em maior grau de profundidade a interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos indivíduos.

    Os sujeitos da pesquisa foram 10 idosos, residentes na Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) Asilo são Vicente de Paulo, no município de Montes Claros, MG/Brasil. A ILPI, trata-se de uma instituição mista (filantrópica e sem fins lucrativos), fundada em 15/04/1904, e que atualmente possui 114 idosos institucionalizados. Para a seleção dos participantes foram utilizados os seguintes critérios: Possuir idade igual ou superior a 60 anos, ser de ambos os sexos, apresentar capacidades cognitiva e auditiva preservadas, residir há pelo menos 1 ano na instituição onde foi realizada a pesquisa, poder se deslocar até o local de realização da pesquisa, concordar participar livre e espontaneamente da pesquisa, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE .Os critérios de exclusão foram idosos acamados e idosos que não possuíam vínculo familiar.

    Os instrumentos para coleta de dados foram um questionário estruturado para caracterizar os idosos em relação à idade, escolaridade, renda, estado civil e tempo de institucionalização, e a técnica de Grupo Focal (GF) através de um roteiro com quatro perguntas norteadoras sobre o tema. A essência do GF consiste justamente na interação entre os sujeitos e o pesquisador, e objetiva colher dados a partir da discussão focada em tópicos específicos e diretivos (LEVORLINO; PELICIONI, 2001). Minayo (2007) afirma que o GF difere da entrevista individual, pois aquele se baseia na interação entre as pessoas para obtenção dos dados, e o pesquisador tem papel de moderar a discussão e tornar o ambiente favorável a essa. Quanto ao número de participantes do GF, Trad (2009) relata que esse varia de 6 a 15, sendo encontrada nos estudos uma média de 10 participantes por grupo. Nesta pesquisa o GF foi constituído por 10 pessoas e teve duração aproximadamente de duas horas.

    A coleta das informações ocorreu no período de novembro 2012, através de agendamento prévio com a instituição, e os pesquisadores tiveram o auxílio de um MP3, para gravar com fidelidade os discursos. O término da coleta das informações ocorreu pelo critério de saturação teórica que, segundo Minayo (2007) consiste no conhecimento e compreensão dos dados pelo pesquisador, e havendo a repetição de dados colhidos, pode assim ser encerrada a coleta.

    Foram utilizados o Interacionismo Simbólico e a técnica de Análise de Conteúdo Temática para análise das informações fornecidas pelo grupo focal. O Interacionismo Simbólico concentra-se, justamente, nos processos de interação social que ocorrem entre indivíduos ou grupos. É uma perspectiva teórica voltada para o estudo sistemático do comportamento social humano (CARVALHO, BORGES, REGO, 2010).

    Para Minayo (2007) a análise de conteúdo consiste em descobrir os núcleos de sentidos que compõem a comunicação cuja presença signifique algo para o objetivo analítico que se tem em mente.

    Os participantes foram identificados através de nomes de flores: tulipa, girassol, margarida e assim sucessivamente, preservando assim a confidencialidade das informações.

    Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) das Faculdades Unidas do Norte de Minas – FUNORTE, com o Parecer Consubstanciado nº 137151. Os sujeitos envolvidos foram informados dos objetivos do estudo e assinaram voluntariamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A aplicação dos instrumentos de coleta dos dados foi efetivada seguindo as orientações da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996).

Resultados e discussão

Caracterização dos idosos

    Os participantes desta pesquisa foram 10 idosos, com idade variando entre 60 a 82 anos, sendo 3 com idade entre 60 a 64 anos, 2 entre 65 a 69 anos, 3 entre 70 a 75 anos, e 2 entre 76 a 82 anos. Em relação ao estado civil, 4 idosos são divorciados, 2 viúvos e 4 solteiros. No que se refere á religião, 8 idosos são católicos e 2 evangélicos. A análise dos resultados permitiu a construção de três categorias: motivos da institucionalização das pessoas Idosas, o significado de “Família” para idosos institucionalizados e os sentimentos de idosos acerca da Ausência Familiar.

Motivos da institucionalização das pessoas idosas

    “Com o crescimento da população idosa e dependente de cuidados especiais, se tornam cada vez mais necessárias as instituições destinadas a prestar assistência a essa população” (MARTINS et al., 2007, p. 4). A institucionalização do idoso pode ser influenciada por diversos fatores. Segundo Marcon et al. (2009), a principal causa que leva a institucionalização do idoso é a insegurança da fa­mília por considerar a presença da pessoa idosa uma so­brecarga. No entanto, a institucionalização também pode ser uma opção do idoso, pois para Espitia e Martins (2006), a ausência de um cuidador leva as famílias e/ou idoso a uma busca constante de cuidadores externos.

    Eu num podia ficar em casa, porque eu morava sozinha, então vim morar aqui, eu pedi, foi eu, da minha espontânea vontade [...] (Margarida)

    [...] Estou aqui porque gosto daqui e necessitei de ficar aqui, precisava de ajuda prá fazer as coisas. (Azaléia)

    Eu já fui três vezes morar com minha filha [...] Gosto muito dela, dos meus netinhos, mas prefiro ficar aqui. Ela trata muito bem, ate demais, eu acho que incomodo, as vezes passo mal a noite , meus netos acordam e falam: mamãe não vou a aula hoje, estou passando mal,aquilo pra mim é triste (chora) eu não gosto de incomodar as pessoas. (Amarílis)

    Eu era sozinha, doente, não podia (pausa) não tinha ninguém para tratar de mim, dependia dos outros prá fazer as coisa prá mim. Então eu pedi para vim para cá. (Acácia)

    [...] eu vim pra cá, eu não virava na cama, eu não abria essa mão (mão direita). O asilo pra mim foi um pai, uma mãe que encontrei depois de veia. (Tulipa)

    Ferretti (2004) destaca que, o morar só, ter suporte social precário, baixa renda, doenças crônico-degenerativas e suas seqüelas, hospitalizações recentes e dependência para realizar as atividades de vida diária são fatores determinantes para o idoso escolher a institucionalização.

    Diante dos discursos dos idosos, percebe-se que a condição de morar sozinha, e a dependência de outras pessoas na realização das tarefas constituem-se como os principais fatores para institucionalização dos idosos. No entanto, os idosos enfatizaram que a escolha para a institucionalização foi deles próprios. Martins et al. (2007), também em uma pesquisa com idosos institucionalizados encontraram muitos relatos de idosos que foram para as ILPI por vontade própria, porque não queriam atrapalhar a vida dos filhos e se sentiam muito mal em morarem numa casa que não era a deles.

O significado de “Família” para idosos institucionalizados

    A família é compreendida segundo os diversos espaços de socialização. Para muitos idosos, ela configura-se na rede social de apoio com a mais importante e a mais utilizada, principalmente nos momentos de dificuldade (ESPITIA e MARTINS, 2006).

    Segundo Marcon et al. (2009), a família propicia os aportes afetivos necessários ao desenvolvimento de seus componentes, tornando-se um espaço indispensável para a sobrevivência e proteção dos idosos e espaço privilegiado para absorção dos valores éticos e humanitários e aprofundamento dos laços de solidariedade.

    Apesar de alguns idosos não possuírem família, todos expressaram a importância desta no contexto de vida de cada ser humano. O termo família aparece nas falas como algo positivo e fundamental:

    Significa tudo, tem um grande significado, minha família são unidos graças a Deus, minha família é grande, eu amo toda a minha família (pausa) família é tudo pra gente né? (Margarida)

    Família é coisa mais importante que Deus dexó pra nós no mundo, os filhos os neto né? que pena que um dia ela vai né? (Girassol).

    Família é tudo, mesmo depois que morre, ou vai embora, continua sendo importante pra gente que ama a família.(Copo de leite)

    Minha família é quem me trata bem. Minha família hoje são uma família que morei com eles 20 anos, me tratou também muito bem, me trata ate hoje (Tulipa).

    Alguns idosos ainda revelam que a família (parentes consangüíneos) é algo sagrado e muito importante para as suas vidas, no entanto, outros idosos acreditam que a família não se constitui apenas de familiares consangüíneos, mas sim, de qualquer pessoa, ou grupo em que se estabelece uma relação de convívio mútuo. Como afirma Biasoli (2009), os idosos geralmente vêem a família como um grupo que apresenta uma organização complexa e está inserido em um contexto social mais amplo, com o qual mantém constante interação e que é constituído de pessoas lhe são importantes e lhe oferecem apoio, e não apenas pessoas que compartilham parentesco.

    Segundo Rissardo et al. (2011), esse conceito ampliado de família faz com que alguns idosos vejam a institucionalização não como algo que remete à solidão e abandono, mas sim, como a possibilidade de constituir uma grande família.

    Estou gostando muito daqui Porque aqui é um lugar ideal pra gente que é sozinha, que não tem companhia pra ficar, porque aqui é bom de ficar, aqui é bom e eu gosto daqui, adoro aqui, gosto do pessoal que trabalha, dos funcionários, gosto de todo mundo de todos ele, eu gosto graças a Deus. Aqui é minha nova família (Amarílis).

    Aqui num tem solidão não, porque tem muita gente pra cunvesá, e igual uma família mesmo (Girassol).

    A família é o lar que agente vive né? O asilo são meu pai e minha Mãe (pausa), a minha família agora (Orquídea).

    Percebe-se que alguns idosos transferem a valor de família para a ILPI, pois é aí que eles recebem atenção, cuidado e amor. Hoje, para eles a família tem relação com vivências constantes, e a ILPI se tornou pai, mãe e irmãos.

Os sentimentos de idosos acerca da Ausência Familiar

    A institucionalização leva ao distanciamento do idoso com os familiares, pois, na maioria das vezes, a convivência com os mesmos se dá em alguns dias da semana, ou em alguns dias do mês ou em espaços temporais mais dilatados (MARTINS, et al., 2007). E em alguns casos como afirmam Rissardo et al. (2011), os familiares não retornam para visitar o idoso. Dessa forma, a necessidade de afetividade se manifesta significativamente na vida diária dos idosos, expressando mais uma vez que a família deve estar presente nesta etapa, para prestar o suporte necessário (MARTINS, et al., 2007; MARCON, et al., 2006).

    Queria ligar para eles, para saber noticia e falar para vim aqui me fazer visita. Demora muito vim aqui (pausa) tenho família em São Paulo, irmão, irmãs, sobrinhos esparramados por ai (pausa) fico preocupada para saber deles. (Tulipa)

    Eu vivo como se vive, com muita saudade [...] queria saber deles, eles faz falta (Azaléia)

    É ruim ficar fora da família, sábado, domingo, bom é passear na casa dos irmãos, os sobrinhos, amigos na rua (risos), aqui é meio feio, tamo preso, não da para sair, também, temos que contentar do jeito que tá. (Girassol)

    [...] Entreguei nas mãos de Deus [...] sinto muita falta. (Gérbera)

    Os discursos dos idosos deixam transparecer preocupação em relação os familiares distantes. Os sentimentos descritos como saudades e falta expressam a necessidade de mais cuidado, atenção, amor e afeto por parte dos familiares. Nesse sentido, “o apoio emocional é fundamental para a saúde mental desses idosos, porém se sabe que nos tempos atuais, por diversos motivos, nem sempre a família pode estar presente na vida do idoso na forma que eles desejam (RISSARDO et al., 2011, p. 687).

    Portanto, é necessário compreender as circunstâncias que levaram a essa situação mediante a avaliação das forças e das fragilidades da família, pois isto pode expandir o conhecimento relacionado ao processo de cuidado do idoso institucionalizado e melhorar a avaliação das necessidades do idoso referentes à relação familiar (RISSARDO et al., 2011).

Considerações finais

    Os resultados deste estudo possibilitaram identificar o motivo da institucionalização dos idosos, a percepção dos idosos institucionalizadas acerca da família, e como a ausência dos familiares tem se repercutido nas vidas dos idosos. No que se refere ao motivo da institucionalização, os idosos destacam a falta de condições, físicas, sociais e psicológicas inerentes ao processo de envelhecimento.

    Quanto à percepção dos idosos institucionalizados sobre a família, eles consideraram a família de fundamental importância em suas vidas, no entanto demonstraram satisfação em estarem residindo na instituição, a ponto de classificarem a instituição asilar com sua família. Em relação os sentimentos vivenciados pelos idosos devido ao distanciamento dos familiares destacam-se a saudade, e a preocupação com o bem estar dos familiares.

    Através dos resultados deste estudo espera-se fornecer subsídios aos profissionais de saúde para planejarem e programarem uma assistência diferenciada aos idosos em ILPI e às suas famílias, podendo esses profissionais articularem formas de melhoria da qualidade de vida do idoso dentro da instituição e em relação aos laços familiares.

    Espera-se também contribuir para que os profissionais que atuam na área da gerontogeriatria em ILPI forneçam cuidado eficiente, que abranjam todas as necessidades dos idosos residentes nessas instituições.

    Recomenda-se que este tipo de pesquisa seja desenvolvido em outras instituições de longa permanência para idosos, a fim de se poder visualizar outras realidades e outros contextos.

Referências

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