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A evolução das táticas no futebol

La evolución de las tácticas en el fútbol

 

*Aluno do curso de Educação Física Bacharelado ULBRA Carazinho

**Orientadora. Mestre e doutoranda em Educação

Coordenadora dos cursos de Educação Física da ULBRA Carazinho, RS

(Brasil)

Francys Claudio da Silveira Grando*

rs.francys_dasilveira@hotmail.com

Patrícia Carlesso Marcelino**

carlesso_patricia@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem a pretensão de apresentar as principais evoluções nos esquemas táticos no futebol. Os principais fatores que contribuíram para a evolução dos sistemas foram: as mudanças nas regras do impedimento e as dimensões do campo. Com a evolução do futebol, os treinadores fizeram o mesmo, inovando, inventando novas formações para confundir a equipe adversária. Além disso, percebeu-se que a principal mudança foi que os esquemas foram ficando cada vez mais defensivos. Em 1860 se atacava com oito jogadores, isso foi modificando-se, até chegar aos dias atuais, onde a grande maioria das equipes possui no máximo três atacantes. Isso quer dizer, que hoje em dia, prevalece o futebol de resultados e não mais o futebol arte. No decorrer do tempo, foram sendo inventadas novas formações, com o intuito de confundir a equipe adversária defensiva e ofensivamente, ou seja, para cada circunstancia de jogo, utilizam-se táticas diferentes.

          Unitermos: Evolução. Esporte. Futebol. Táticas.

 

Resumen

          Este estudio tiene la intención de presentar los principales avances en los esquemas tácticos fútbol. Los principales factores que contribuyeron a la evolución de los sistemas fueron: cambios en las reglas de fuera de juego y las dimensiones del campo. Con la evolución del fútbol, los entrenadores hicieron lo mismo, innovar, inventar nuevas formaciones para confundir al equipo contrario. Por otra parte, se observó que el principal cambio fue que los planteos eran cada vez más defensivos. En 1860 se atacaba con ocho jugadores lo que se fue modificando, hasta el día de hoy, donde la inmensa mayoría de los equipos tienen un máximo de tres atacantes. Esto significa que hoy en día prevalecen los resultados en el fútbol y no más el fútbol-arte. Con el tiempo, se están inventando nuevas formaciones, con el fin de confundir al equipo rival defensivamente y ofensivamente, es decir, para cada circunstancia juego, se utilizan diferentes tácticas.

          Palabras clave: Evolución. Fútbol. Tácticas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Este ensaio de revisão de literatura teve como principal objetivo, verificar a evolução das táticas no futebol, uma ferramenta a qual se considera importantíssima, capaz de decidir uma partida e até mesmo um campeonato. Utilizou-se como base de pesquisa a evolução do esporte de 1860 a 2002, com o objetivo de verificar a evolução das formações e desenvolvimento técnico e tático.

    Segundo Santos Filho (2002 p. 33) o técnico deverá analisar os mais diversos esquemas táticos, conhecer as capacidades individuais dos seus atletas, para poder aplicar o sistema de jogo mais adequado, sempre com o objetivo de um melhor rendimento para sua equipe.

2.     A evolução das táticas do futebol

    Esquemas táticos são formas, táticas de jogo, as quais o treinador arma, para desestruturar a equipe adversária. Tanto ofensiva como defensivamente, essas formações são de extrema valia para a beleza do futebol. Dessa forma vários esquemas foram estudados, e se conseguiu entender um pouco mais sobre futebol.

    Para Melo (2000 p. 11) o sistema não deve ser mudado constantemente pelo treinador, e sim táticas diferentes que devem ser usadas em função de cada adversário.

    Os principais fatores que contribuíram para a evolução dos sistemas foram: as mudanças nas regras do impedimento e as dimensões do campo.

    Para que um sistema obtenha êxito é necessário que ele seja fácil de ser assimilado pelos jogadores, pois deve haver um equilíbrio entre o ataque e a defesa, com uma distribuição correta para que haja jogadores suficientes para construir um ataque e um bom número de atletas para ter uma defesa sólida.

    O campo, de acordo com Melo (2000) pode ser dividido em zonas durante uma partida: zona defensiva, zona de construção e zona ofensiva.

  • Zona defensiva: este espaço se caracteriza por uma marcação mais forte e por uma constante cobertura. Quando não estão com a posse de bola, os jogadores tem a função de interceptar, antecipar e tomar a bola dos adversários. Quando adquirirem a posse de bola, devem tentar começar o ataque rapidamente, se isso não é possível, seguram a bola com segurança até conseguir iniciar a construção de uma jogada ofensiva.

  • Zona de construção: esta zona esta situada no meio-campo, e é a área responsável pela criação de jogadas, é o setor mais criativo do time, onde a construção de jogadas é feita através de combinações coletivas. Neste setor é onde o jogo pode ser controlado mantendo a posse de bola as chances de obter sucesso durante a partida, são grandes. No ponto de vista defensivo, é onde se deve fazer uma marcação forte e principalmente ocupar os espaços do campo, procurando dificultar as ações ofensivas da equipe adversária.

  • Zona ofensiva: nessa zona do campo é onde se deve usar a rapidez, a surpresa, a improvisação com deslocamentos rápidos, dribles, tabelas, entre outros. É a parte do campo que está sempre procurando o gol. Porém para que o sistema funcione de maneira perfeita, quando a posse de bola é perdida, é importante que os jogadores ofensivos façam a ocupação de espaços para que a saída de bola dos adversários seja dificultado.

    Por volta de 1860 já se contavam 11 jogadores, sendo um goleiro, e os demais distribuídos como: um back (defensor), um half (meio-campista) e oito forwards (atacantes). Isso formava um 1-1-8, já que alguns estudiosos já não contavam o goleiro para definir o esquema. Alguns anos após, em 1870, já se jogava com um dos atacantes mais recuados, numa primeira evolução, visando reforçar o meio-campo e conseqüentemente a defesa, na busca de um melhor equilíbrio entre os setores, com o objetivo de melhores resultados. Passou-se então, ao 1-2-7. (LEAL, 2001 p. 38)

    Mesmo assim, segundo o autor, continuava o desequilíbrio entre o sistema defensivo e ofensivo. A busca de soluções chegou a outro passo: o 2-2-6, onde o time era distribuído em campo com dois defensores, dois meio-campistas e seis atacantes. Em 1883, técnicos e jogadores experimentaram uma formação “Piramidal”, que contava com dois defensores, três meio-campistas e cinco atacantes, o que formava o sistema 2-3-5. A primeira equipe a utilizar esse sistema foi a Universidade de Cambridge.

    Alcançado pela primeira vez o equilíbrio entre atacantes e defensores (5-5), sem perda da ofensividade que agrada a todos, aprimorado nos anos subseqüentes, o Sistema Clássico, pela sua consistência, teve vida longa, sendo substituído, apenas depois de 14 de junho de 1925, portanto, quarenta e dois anos após, e tão somente porque o International Board (Órgão que regulamenta as regras do Futebol) achou por bem alterar a regra no que se referia ao jogador impedido de jogar (em off-side), que, até então, definia como de 3 (três) o número de defensores que, colocados entre o atacante e a linha de fundo, no momento do passe, dava ao atacante condição de jogo.

    Com o aperfeiçoamento do estratagema de fazer que, antes do passe, um dos defensores se adiantasse (às vezes para marcar o centroavante adversário), deixando vários atacantes impedidos de jogar e ficando ainda um zagueiro e um goleiro, para em última instância, tentar salvar o gol, muitos ataques se perdiam, menos gols aconteciam e caiu o interesse pelo jogo. A solução encontrada veio na diminuição de 3 (três) para 2 (dois) no número de quaisquer defensores entre o atacante e a linha de fundo no momento do passe. A coordenação para a movimentação de avançarem simultaneamente os 2 (dois) zagueiros era mais difícil e, no erro, sobravam 5 (cinco) atacantes a frente da baliza e do guarda-arco, em condições legais (LEAL, 2001 p. 40).

    Em 1925, Sir Hebert Chapman, inglês, treinador do Arsenal, foi o inventor do sistema conhecido como W-M, onde se tinha três defensores com dois jogadores mais a frente, porém antes do meio-campo e dois jogadores depois do meio-campo e mais três atacantes (LEAL, 2001, p.40).

3.     Os sete principais esquemas táticos

    Em 1958, ano em que o Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo a formação tática era composta por quatro defensores, dois meio-campistas e quatro atacantes, o que se desenhava um 4-2-4, com dois pontas avançados. Esse sistema segundo Santos Filho (2002, p. 37), apresenta vantagens e desvantagens, tais como:

  • Vantagens: por ser um sistema com quatro atacantes com dois pontas avançados pelas pontas, se bem treinado, pode resgatar um pouco do poder ofensivo do nosso futebol. Pode também, se bem executado, desarticular, bons sistemas defensivos se não forem bem treinados. Poderá ser utilizado nos momentos iniciais de uma partida para confundir a marcação adversária, e após conseguir uma vantagem no placar, voltar a um sistema mais defensivo.

  • Desvantagens: por ter poucos jogados no setor de meio-campo, pode dificultar a ligação entre esse setor e o ataque. Por deixar espaços no meio-campo, pode facilitar a armação de jogadas da equipe adversária, já que esta terá mais jogadores no meio- campo.

Figura 01. Esquema Tático 4-2-4

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

    Para Leal, (2001 p. 47) em 1962, inicia-se o esquema com quatro jogadores na defesa, três jogadores no meio- campo e três atacantes, sendo dois pontas e um mais centralizado, o que se desenha um 4-3-3, sistema muito utilizado até os dias de hoje. Como cita Santos Filho, (2002, p. 39), essa formação apresenta vantagens e desvantagens, tais como:

  • Vantagens: quando bem executada, facilita a armação de jogadas, já que a equipe fica bem compactada ofensiva e defensivamente, além de dificultar a armação de jogadas da equipe adversária. Por ter três atacantes facilita a distribuição de jogadas pelos meio-campistas, já que tem três atacantes para acionar.

  • Desvantagens: requer grande movimentação e jogadores hábeis principalmente do meio pra frente, que tenham facilidade em marcar e atacar o mesmo tempo, o que é fator chave para o sucesso do esquema. Outro fator importante é o preparo físico, o que dificulta ainda mais no início da temporada, onde os jogadores não atingiram ainda o pico do seu preparo físico.

Figura 02. Esquema Tático 4-3-3 (4-1-2-3)

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013).

 

Figura 03. Esquema Tático 4-3-3 (4-2-1-3)

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

    Segundo Leal, (2001 p. 48) a Inglaterra conquistou o título mundial, usando um novo sistema com quatro defensores, quatro jogadores no meio-campo e mais dois atacantes, o que caracteriza outro esquema muito utilizado nos dias atuais, o 4-4-2. Santos Filho, (2002, p. 41) encontra vantagens e desvantagens nesse esquema, tais como:

  • Vantagens: pode ser utilizado com várias variações táticas, o que pode confundir a marcação adversária. Favorece o bloqueio defensivo e do meio-campo e se a equipe possuir atacantes rápidos, facilita os contra-ataques. Por ter vários jogadores no meio-campo, ajuda os zagueiros, já que estes poderão cuidar mais das sobras de bola.

  • Desvantagens: limita as possibilidades ofensivas, já que os atacantes sempre terão inferioridade numérica em relação aos defensores, além de exigirem muito no aspecto físico dos atletas de meio- campo, pois estes deverão marcar e atacar.

Figura 04. Esquema Tático 4-4-2

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

 

Figura 05. Esquema Tático 4-4-2 (4-1-3-2)

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

 

Figura 06. Esquema Tático 4-4-2 (4-2-2-2)

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

 

Figura 07. Esquema Tático 4-4-2 (4-3-1-2)

Fonte:Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

    Conforme cita Leal, (2001, p. 53) entre a década de 80 e 90 surge um novo esquema tático, o 3-5-2. Essa formação composta com três zagueiros sendo um líbero, ou seja, joga a frente da defesa, as vezes como um zagueiro e as vezes como um volante. Cinco jogadores no meio-campo e dois atacantes. Esse sistema foi utilizado por Luiz Felipe Scolari na conquista da Copa do Mundo de 2002 pela seleção brasileira. Segundo Santos Filho (2002, p. 43) existem vantagens e desvantagens nessa formação, tais como:

  • Vantagens: se a equipe conseguir a vantagem no placar e ser inferior tecnicamente, por ter vários jogadores no meio-campo, facilita os desrames de bola e a rápida saída para os contra-ataques. Dificulta a armação de jogadas da equipe adversária, já que o meio campo é composto por vários jogadores.

  • Desvantagens: facilita a saída de bola dos adversários e se caso a equipe está em desvantagem no marcador, dificulta as conclusões a gol. Já que possui um número limitado de atacantes. Esse sistema por ser de característica defensiva, pode tirar a beleza do jogo, ou seja, prejudicar sua essência.

Figura 08. Esquema Tático 3-5-2

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

    Para Melo, (2000, p. 33) em 1998 no mundial da França, a Noruega apresenta um novo esquema tático, o 4-5-1. Uma formação composta por quatro defensores, cinco jogadores no meio campo e apenas um atacante. Esse sistema apresenta vantagens e desvantagens, tais como:

  • Vantagens: quando perdem a posse de bola, os jogadores do meio campo congestionam o setor, o que dificulta a saída de bola adversária e faz com que a equipe faça ligações diretas ao ataque, e isso facilita a recuperação da bola.

  • Desvantagens: por ter apenas um atacante, isso dificulta os meio campistas, pois tem poucas opções para distribuir as jogadas. Por ser um esquema mais defensivo, se a equipe está perdendo, dificulta as ações ofensivas para buscar a vitória.

Figura 09. Esquema Tático 4-5-1

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

 

Figura 10. Esquema Tático 4-5-1 (4-1-4-1)

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

 

Figura 11. Esquema Tático 4-5-1 (4-4-1-1)

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

    O esquema 3-6-1 é uma formação pouco utilizada nos dias atuais. Geralmente quando se precisa segurar o resultado ou povoar o meio campo.

    No lado ofensivo, ambos os meias e os laterais sobem ao ataque, um volante fecha o meio-campo e o outro fica de sobra na intermediária. No lado defensivo, os laterais e os volantes voltam, e os meias ficam na intermediária do seu clube.

  • Vantagens: ganhar o meio-campo, tendo vários jogadores para segurar a posse de bola. Com o resultado favorável, o time adversário tem pouco espaço para conseguir seu gol.

  • Desvantagens: por possuir poucos atacantes, o time fica com poucos jogadores para atacar. Tendo o resultado adverso, teoricamente a equipe pode encontrar dificuldades para buscar o resultado favorável.

Figura 12. Esquema Tático 3-6-1

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

    O esquema 3-4-3 também é pouco utilizado atualmente. A exemplo da formação 3-6-1 é mais defensivo, apesar de ter três atacantes possui três zagueiros, o que ajuda a proteger a defesa.

    A sua primeira aparição foi na Copa do Mundo de 1962, na sua defesa existe um líbero que faz a cobertura das jogadas, nos lados do meio-campo, um ala defensivo, e um ponta. Além de três atacantes, sendo dois pontas e um centroavante.

  • Vantagens: por ser um esquema com três atacantes e três zagueiros, teoricamente a equipe consegue um equilíbrio entre defesa e ataque.

  • Desvantagens: possui poucos atletas no meio-campo, sendo que dos quatro 2 são alas, e isso pode dificultar a criação de jogadas ofensivas.

Figura 13. Esquema Tático 3-4-3

Fonte: Designer Lucas Augusto Rosseto (2013)

4.     Considerações finais

    Conclui-se com o presente estudo, que teve diversas evoluções táticas de 1860 até 2002. Com a evolução do futebol, os treinadores fizeram o mesmo, inovando, inventando novas formações para confundir a equipe adversária. Além disso, percebeu-se que a principal mudança foi que os esquemas foram ficando cada vez mais defensivos. Em 1860 se atacava com oito jogadores, isso foi caindo, até chegar aos dias atuais, onde a grande maioria das equipes possui no máximo três atacantes. Isso quer dizer, que hoje em dia, prevalece o futebol de resultados e não mais o futebol arte.

    No decorrer do tempo, foram sendo inventadas novas formações, com o intuito de confundir a equipe adversária defensiva e ofensivamente, ou seja, para cada circunstancia de jogo, utilizam-se táticas diferentes.

    Portanto, a partir dessa revisão de literatura pode-se adquirir novos conhecimentos sobre as mais diversas formações táticas, observando as vantagens e desvantagens de cada uma delas.

Referências

  • GOMES, Antonio Carlos. SOUZA, Juvenilson Gomes de. Futebol: treinamento desportivo de alto rendimento. Porto Alegre: Artmed, 2008.

  • LEAL, Julio Cesar. Futebol: Arte e Ofício. Rio de Janeiro: 2º edição: Sprint, 2001.

  • MELO, Rogério Silva de. Sistemas e táticas para futebol. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.

  • SANTOS FILHO, José Laudier Antunes dos. Manual do futebol. São Paulo: Phorte Editora, 2002.

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