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A atividade circense como conteúdo nas 

aulas de Educação Física na perspectiva crítica

La actividad circense como contenido de las clases de Educación Física en una perspectiva crítica

 

*Graduando em Educação Física

**Professor orientador Mestre em Educação

Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC

Unidade Acadêmica de Humanidades Ciências e Educação

Departamento de Educação Física

Criciúma, Santa Catarina

Caroline Joaquim de Jesus*

Rômulo Luiz da Graça**

fofa_carol_@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente artigo é de natureza bibliográfica, tem como finalidade, compreender a inserção da temática circense como conteúdo de Ensino de Educação Física Escolar numa perspectiva crítica. E também com objetivo conhecer a cultura circense e sua historia e a origem de seus elementos, interpretar as atividades circenses como elementos da cultura corporal de movimento e propor atividades circenses para aulas de Educação Física, com vistas, a realizar aulas numa concepção crítica. Conclui-se que o circo ao longo dos anos vem passado por mudanças ultrapassando as lonas de circo e chegando ao ambiente escolar. E assim atividade circense fazendo parte cultura corporal também pode ser inserida no contexto escolar nas aulas de educação física, e por a escassez de materiais para as práticas desse conteúdo na maioria das escolas, as atividades circenses podem ser adaptadas é só haver criatividade, força de vontade e persistência do professor. Por falta de bibliográfica sobre atividade circense no âmbito escolar numa concepção crítica, optamos por propor a atividade circense numa proposta crítica para auxiliar o ensino da educação física escolar.

          Unitermos: Atividade circense. Concepção crítica. Circo. Educação Física escolar. Cultura corporal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 189, Febrero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Diante da experiência no estágio supervisionado em Educação Física, acredito ser de fundamental importância um maior entendimento e investigação sobre a temática circense, pois ela faz parte do patrimônio cultural e da manifestação da cultura corporal e que assim, devemos apropriar-nos destes saberes em nossas aulas, pois o circo propicia aos alunos condições de compreender a arte circense em suas vidas da forma em que lhe for adequada seja desfrutado dos conhecimentos adquiridos com as práticas, seja se apropriando assim de valores da cultura.

    É também no processo de ensino aprendizagem das atividades circenses que os alunos desenvolvem aspectos pessoais como a sensibilidade na expressão corporal, cooperação, o desenvolvimento da criatividade e além de despertar um grande fascínio, motivação e interesse por parte das crianças.

    Até o momento nenhum Trabalho de Conclusão de Curso - TCC abordou está temática em nossa Universidade, é como o estudo do conhecimento na Educação Física é importante nas praticas pedagógicas escolares, tem na área do conhecimento que é denominado cultura corporal, os conteúdos jogo, dança, lutas, ginástica, esporte; e a atividade circense com um patrimônio histórico cultural produzido pela humanidade contempla os conteúdos da cultura corporal.

    Com isso pretendemos compreender as possibilidades de inserção dessa temática nas aulas, a partir das concepções críticas de Educação física que são crítica superadora e crítica emancipatória.

    Portanto a Educação Crítica tem como objetivo auxiliar no entendimento dos alunos sobre a sociedade, diante da realidade social em que estão inseridos, com auxílio do ensino através da linguagem, para promover uma emancipação dos indivíduos, buscando transformá-la segundo seus interesses de classe.

    Com isso o tema deste trabalho é: A atividade circense como conteúdo nas aulas de Educação Física na perspectiva crítica. O problema foi estipulado a partir da seguinte pergunta: Quais as possibilidades de inserção da temática circense como conteúdo de Ensino de Educação Física Escolar numa perspectiva crítica? As questões que nortearão este trabalho são: A temática circense pode ser entendida como elemento da cultura corporal de movimento? Como tematizar as atividades circenses nas aulas de Educação Física numa concepção crítica? Quais os aspectos da contextualização histórica da cultura circense?

    De acordo com tema escolhido e levando em consideração o problema definimos como objetivo geral: Compreender a inserção da temática circense como conteúdo de Ensino de Educação Física Escolar numa perspectiva crítica. A partir do objetivo geral estabelecemos os seguintes objetivos específicos:

  • Conhecer a cultura circense e sua historia e a origem de seus elementos.

  • Interpretar as atividades circenses como elementos da cultura corporal de movimento.

  • Propor atividades circenses para aulas de Educação Física, com vistas, a realizar aulas numa concepção crítica.

Metodologia

    Sabemos que a pesquisa é de fundamental importância, pois é um processo de investigação que requer métodos e técnicas necessárias à compreensão e à transformação da realidade.

    Assim, é a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo, para produzir o conhecimento científico. Há muitas formas de classificar os tipos de pesquisa. A classificação apresentada neste estudo leva em conta três critérios diferentes: o critério da abordagem, o critério do nível e o critério dos procedimentos utilizados na coleta de dados.

    A classificação dessa pesquisa, quanto à abordagem, determina que ela seja uma pesquisa do tipo qualitativa, pois segundo Leonel e Motta (2007, p.110) “o principal objetivo da pesquisa qualitativa é o de conhecer as percepções dos sujeitos pesquisados acerca da situação-problema, objeto da investigação.”

    A classificação dessa pesquisa quanto ao nível determina que ela seja uma pesquisa do tipo exploratória, pois, segundo Hert e Leonel (2005, p.67):

    A pesquisa exploratória caracteriza-se por proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo [...]. Os problemas da pesquisa exploratória geralmente não apresentam relações entre variáveis. O pesquisador apenas constata e estuda a freqüência de uma variável. É um tipo de pesquisa bastante flexível e pode assumir caráter de pesquisa bibliográfica, documental, estudos de casos, etc.

    A classificação dessa pesquisa, quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados, determina que ela seja uma pesquisa do tipo bibliográfica.

    Conforme Silva (2001), este procedimento de pesquisa permite obter referenciais teóricos para a construção da pesquisa através de materiais publicados em livros, revistas, redes eletrônicas e materiais científicos acessíveis ao público em geral. Por terem sido realizadas as etapas acima citadas, e analisando as principais contribuições teóricas sobre o tema esta pesquisa classifica-se como bibliográfica.

O circo e sua história

    O termo circo não tem nenhuma definição é nem origem definida alguns referenciais apontam que surgiu na Roma antiga com os locais em formato circular onde aconteciam espetáculos públicos, envolvendo corrida de carruagens e cavalos, duelo entre homens e animais, combates entre gladiadores e desfiles de soldados vitoriosos nas batalhas. (SILVA; ISIDORO, 2008)

    O circo esta na nossa sociedade há vários anos é vem sendo desenvolvido nos mais diferentes povos. Segundo COSTA; TIAEN, SAMBUGARI, (2008, p. 202) as artes circenses surgiram há milhares de anos, na antiguidade há aproximadamente 3000 anos, o contorcionismo, acrobacias, equilibrismo hoje itens das artes circenses, eram utilizados com outros intuitos e objetivos, como preparação de guerreiro, prática festivas, rituais religiosos dentre outros.

    Segundo Torres (1998) o Circo é uma atividade corporal secular com difícil precisão da origem, mas que provavelmente o primeiro artista circense tenha sido um Homem da caverna, que um dia de caça farta, voltou à sua caverna dando pulos de felicidades e despertou com sua alegria, o riso de seus companheiros.

    As artes circenses têm suas possíveis raízes nos hipódromos da Grécia antiga e no Império Egípcio, onde os espetáculos tinham o objetivo de saudar os generais vitoriosos, com desfile de animais exóticos e soldados conduzidos escravos, que faziam apresentações de barras e argolas. Os primeiros desenhos de equilibristas e contorcionistas estão gravados em pirâmides egípcias, com na tumba de Beni Hassan, onde o malabarismo era utilizado com parte de rituais (SILVA; ARAÚJO; GONÇALVES apud TORRES, 1998).

    O circo foi construído do que para alguns autores se denomina “circo família”, sendo fruto de uma produção e desenvolvimento cultural, passando de geração em geração.

    Foi entre os séculos XVII E XIX que o circo se organizou com entidade própria, não esquecendo que muito desse saber do circo tem sido elaborado há milhares de anos. A partir desse período o circo se intitulou circo moderno ou tradicional, destacando em espaços fixos e teatros, com estruturas militares (BORTOLETO; DUPRAT, 2007).

    O “circo tradicional” e centrado nas dinastias familiares, fato este responsável pela sua também denominação de circo-família. A transmissão do conhecimento ocorre oralmente, sendo que as práticas circenses são consideradas como um patrimônio que somente pode ser ensinado aos membros das famílias. Os espetáculos privilegiam a utilização de animais e números artísticos arriscados (SILVA; ISIDORO, 2008, p. 85).

    O circo como modelo tradicional acaba sofrendo transformações quando alguns familiares largam a arte circense para mudar de vida, partindo para centros urbanos. Com essa decisão por parte de algumas famílias, se origina uma maior demanda de publico para conhecer o circo. Para conseguir solucionar esse problema foi criadas escolas de circo, para repassar o conhecimento, com isso o modelo tradicional foi transformado em modelo clássico.

    Com as mudanças no contexto sócio-politico-econômico no século XX, e a grande demanda de instituição de ensino, surgiram um novo modelo o circo contemporâneo, que apresentava espetáculos privilegiando a figura humana, abandonando uso dos animais. Para Silva; Araújo; Gonçalves “o circo contemporâneo são companhias sem lonas e arquibancadas, que se apresentam em teatros, praças públicas ou casas de espetáculos, preocupando-se com a estética e plástica dos espetáculos”.

    Desta forma entendo que o circo se inicia com uma manifestação que era conhecida só entre familiares, e após esse conhecimento ser transmitido surge às escolas, com intuito de formar artistas, e logo em seguida o circo passa a ser destacar na estética do corpo e deixando de lado os animais. E a partir disso ele se torna um espetáculo do povo, se expandindo no mundo inteiro nas condições educativas e recreativas.

As artes circenses na educação física escolar

    A Educação física defende a motricidade através de seus conteúdos construídos historicamente. Voltando para a Educação Física escolar ao qual é o objeto de estudo, Daólio (2003) diz que a educação Física escolar se apresenta numa perspectiva cultural, e á partir deste referencial que a consideramos a como uma parcela da cultura corporal, ou seja: ela se constitui numa área de conhecimento que estuda e atua sobre um conjunto de práticas ligadas ao corpo e ao movimento, criadas e efetivadas pelo homem ao longo de sua história. (AGUIAR; BELLUMAT)

    Todas estas artes que fazem parte da cultura, a escola sendo um lugar de transmissão, reprodução e produção de saberes e conhecimento da mesma, e as atividades circenses fazendo parte do patrimônio cultural da humanidade, pois ela varia suas concepções e práticas pedagógicas e também os conteúdos para serem trabalhados na escola.

    E necessário considerar a escola como um ambiente onde o aluno tenha a possibilidade de aprender, vivenciar a “saborear”, ao máximo, experiências cognitivas e motoras que sejam uma base para sua formação e possibilitem a diversificação e a significação do conhecimento tratado neste local.

    Para tanto, o conhecimento de ensino tocam a experiência social da humanidade no que tange a conhecimento e modos de ação, constituindo-se, conseqüentemente, como meios pelos quais os alunos assimilam e adquirem novas capacidades: motoras, afetivas e cognitivas.

    Assim, as atividades circenses dentre os temas (conteúdos) da cultura corporal expressam um sentido/significado onde se interpenetram, dialeticamente, a intencionalidade/objetivos do homem e as intenções/objetivos da sociedade e, além disso, visa aprender a expressão corporal como linguagem (SOARES et al., 1992 apud SIMÕES; GOMES; OLIVEIRA, 2008, p. 16).

    Nestas linhas falamos da importância das atividades circenses como conteúdo da educação física escolar e dos aspectos a elas relacionados, enfatizando o que tange as aulas e o desenvolvimento desta prática.

    Além de ressaltar a importância do modo como as Atividades Circenses devem ser tratadas, é se destaca o que diz respeito à produção cultural dos alunos, que para chegar a essa produção, primeiro é desenvolvida uma maneira crítica de entender as questões que podem ser buscada por esse tipo de atividade. (CARAMÊS; KRUG; TELLES; SILVA, 2012)

    O conteúdo circense proporciona uma variedade de aplicação muito grande (FERREIRA, 2006). O professor, somente com tema circo, pode realizar atividades que envolvam equilíbrio, expressão corporal, flexibilidade, coordenação motora, entre outros, auxiliando no desenvolvimento integral do aluno. Além de poder trabalhar todas essas capacidades individuais, ele pode deixar a competição um pouco de lado e motivar a cooperação entre os alunos. (CHIQUETTO; FERREIRA, 2008)

Proposta pedagógica crítica

    Segundo Netto (2006 apud IORA E SOUZA, 2011), as propostas críticas vêm a quase duas décadas sendo debatidas. As mesmas apresentam maneiras distintas em relação aos conteúdos da Educação Física, que nos ajuda em um grande campo para debates, epistemológicos, didático e social. Em síntese vemos as grandes contribuições que as proposta críticos podem ter, além disso, as mesmas vêm sendo formuladas em busca de estar subsidiando as necessidades da Educação Física, enquanto disciplina escolar.

    Segundo Darido (2003), em busca de estar rompendo o modelo hegemônico de esporte, surgem novas propostas no decorrer de várias discussões em torno da Educação Física. Na década de 80 elabora-se um pressuposto teórico, com base críticas, a partir do marxismo.

    O autor Kunz (apud DARIDO, 2003), notoriamente defende o ensino crítico, pois somente dessa forma será possível os alunos terem um entendimento sobre as formas da sociedade, e os problemas sociais existentes. A Educação Crítica tem como propósito ajudar os alunos a terem uma visão verdadeira da sociedade, em que estão inseridos, com auxílio do ensino através da linguagem, para promover uma emancipação dos indivíduos.

    De acordo com Oliveira (2001), a pedagogia histórico-crítica tem com principal fundamento o conhecimento/conteúdo do processo de escolarização. A partir da valorização desse conhecimento histórico acumulado, viabiliza estar construindo novas idéias sobre a Educação, em busca de tornar as pessoas mais críticas.

    Conforme relata o autor, a educação e a sociedade devem caminhar juntas, pois as escolas sofrem de alguma forma influencias pela sociedade capitalista em que vivemos. Da mesma forma, que também podemos, através de uma educação dialética, influenciar a sociedade, ajudando em uma transformação da sociedade da qual os direitos serão iguais para todos.

    Dentro da concepção crítica a duas tendências que surgiram com mais força nas últimas décadas, são a proposta Crítica Superadora (COLETIVOS DE AUTORES, 1992) e a proposta Crítica Emancipatória (KUNZ, 2006).

    Crítica emancipatória: A pedagogia crítico-emancipatória deve estar vinculada a didática comunicativa, pois ela deverá fundamentar a função do esclarecimento e da prevalência racional de todo agir educacional. Devemos pressupor que a educação é sempre um processo onde se desenvolvem “as ações comunicativas”. O aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser capacitado para sua participação na vida social, cultural e esportiva, o que significa não somente a aquisição de uma capacidade de ação funcional, mas capacidade de conhecer, reconhecer e problematizar sentidos e significados nesta vida, pela reflexão crítica. (KUNZ, 2006, p.31)

    A constituição do processo de ensino pelas três categorias, trabalho, interação e linguagem devem conduzir ao desenvolvimento da competência objetiva, social e comunicativa. (KUNZ, 2006)

    Crítica superadora: A pedagogia Crítico-Superadora, é uma pedagogia emergente que busca responder a determinados interesses de classe. Nessa perspectiva de entendimento essa reflexão tem algumas características específicas: é “diagnóstica, judicativa e teleológica”. (SOUZA, apud COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.25).

    A Educação Física no âmbito escolar, “tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, capoeira, dança, ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal”. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 50).

    As aulas devem ser organizadas em três fases: na primeira fase, os conteúdos e objetivos são discutidos com os alunos, buscando a melhor forma destes se organizarem para a execução das atividades propostas.

Resultados

    Nessa revisão de literatura foi observado, que a aproximação com o universo circense representa ao aluno um leque de possibilidades, fazendo com ele tenha oportunidade de desenvolver manifestação da criatividade, da expressão corporal, de formas distintas daquela presente no seu cotidiano.

    As atividades circenses como componente da cultural corporal oferece ao aluno além do desenvolvimento da criatividade, da expressão corporal e cooperação um grande interesse, fascino motivação, prazer e alegria, pois nesse universo não se distingui o certo do errado.

    Para ser desenvolvida a prática circense no ambiente escolar a uma escassez de referências bibliográficas, fazendo com que este estudo seja direcionado para ajudar os profissionais que optem para trabalhar esse conteúdo numa concepção crítica.

    Sugerimos então, atividades circenses para aulas de Educação Física sob o olhar das concepções críticas.

Aula 1. Concepção crítica superadora

    Na tendência superadora o professor ao planejar suas aulas tem que seguir os princípios curriculares do tratado do conhecimento que são eles: a relevância social de um conteúdo é um princípio curricular importantíssimo para o processo de seleção dos conteúdos, com isso busca-se compreender o sentido e significado para a reflexão pedagógica. Ele está vinculado à explicação da realidade social concreta ligando aos determinantes históricos. A contemporaneidade do conteúdo visa deixar o aluno inteirado com tudo que há de mais moderno no mundo, informando-os dos acontecimentos nacionais e internacionais. Os conteúdos chamados clássicos são aqueles que muito ou pouco modernos são importantíssimos e não se pode deixar de ser trabalhado. Outro princípio curricular é a adequação aos conteúdos as possibilidades sócio cognoscitivas que é a competência para adequação dos conteúdos a capacidade cognitiva e a prática social do aluno (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Para a seleção de conteúdos é necessário organizá-lo e sistematizá-lo, para tal devem ser levados em consideração o princípio do confronto e contraposição de saberes: o compartilhamento de significados do conhecimento científico e do conhecimento popular (senso comum) é fundamental para que através da reflexão pedagógica o aluno possa ultrapassar o senso comum buscando formas mais elaboradas de pensamento. O princípio da simultaneidade dos conteúdos enquanto dados da realidade: o conhecimento tratado de forma simultânea, mantendo a relação que eles têm entre si visando o entendimento da realidade. Nesse sentido o aluno vai aprender de forma espiralada, ou seja, compreender as diferentes formas de organização das referencias do pensamento buscando ampliá-las, nesse sentido um conhecimento para o aluno não terá fim, ele será ampliado à medida que seu entendimento, que sua interpretação sobre o conteúdo aumentará, remetendo assim ao princípio da provisoriedade do conhecimento, ou seja, entendimento de um conteúdo nunca é permanente ele vai se alterando de acordo com o amadurecimento da reflexão pedagógica do aluno.

    Nos ciclos os conteúdos são tratados de forma simultânea constituindo-se referências que vão se ampliando de forma espiralada no pensamento do aluno. Os ciclos não se organizam por etapas, podendo então o aluno lidar com diferentes ciclos ao mesmo tempo, dependendo do conteúdo que esteja sendo trabalhado. (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    Objetivo com essa aula compreender/entender a temática, aprendendo técnicas simples de movimento presentes nos espetáculo com equilíbrio de objetos. Interagir e construir coletivamente novas possibilidades com as atividades circenses.

    A atividade de equilíbrio, na primeira fase da aula o professor faz a conversação com os alunos sobre forma de se exercitar para descobrir as possibilidades que cada um tem de executar o equilíbrio, o professor preparar junto com os alunos matérias que pode ser usado para ser equilibrado e que eles podem se equilibrar. Nessa fase e que o Coletivos de autores (1992) mostra que é “onde os conteúdos e objetivos são discutido com os alunos, buscando as melhores formas de estes se organizarem para execução das atividades propostas”.

    Na segunda fase da aula, propor aos alunos a prática com os materiais, questionando eles qual material e mais difícil de equilibrar e os mais fácil, quais os movimentos que se pode ser feitos, qual material que pode ser feito equilíbrios em duplas. Nesse momento e onde se leva o maior tempo, aonde se desenvolve apreensão do conhecimento do aluno.

    A terceira fase da aula, execução dos equilíbrios que pode ser feito em dupla, mostrando os vários equilíbrios possíveis. Utilizar a escrita ou desenho para relatar os movimentos de equilíbrio que eles mais se identificaram. Com essa atividade pode se ter uma discussão com aluno quanto ao desafio da superação com a lei da gravidade que eles apresentam. Na ultima parte da aula aonde acontece as conclusões e avaliações do desenvolvimento das aulas e levanta as perspectivas das próxima aulas.

    Material: Claves, bastões, antipodismo, perna-de-pau, corda, rolo americano (rola-rola).

Aula 2. Concepção crítica emancipatória

    No planejamento de uma aula na tendência crítica emancipatória o professor precisa levar em consideração as três fases do processo de ensino pelas três categorias trabalho, interação e linguagem, através disso desenvolver as três competências objetiva, social e comunicativa.

    Objetivo dessa aula, ampliar o conhecimento dos alunos a respeito da temática, conhecer e aprender técnicas simples de movimento presentes nos espetáculo com a manipulação de objetos. Interagir e construir coletivamente novas possibilidades com as atividades circenses.

    A atividade de malabares, aula se inicia perguntando aos alunos se eles sabem o que malabares. Se eles conhece perguntar quais? Se não mostra para eles algumas figuras que mostre. Após esse momento deixar que os alunos possam tocar-nos matérias, deixar que eles explorem e experimentem o objeto com a mão. Esse momento da aula e o que o Autor Kunz chama de “a forma direta “transcender limites”, no sentido de manipulação direta da realidade pelo simples explorar e experimentar possibilidades e propriedades dos objetos, bem como as próprias possibilidades e capacidades e, ainda vivenciar possibilidades comunicativas, descobrir e experimentar relações sócias emocionais novas.” Depois que eles experimentarem o objeto o professor deve propor algumas técnicas de movimentação dos malabares, em dupla ou individual. Após as experimentações perguntarei a eles quais as dificuldades encontradas? Como foi experimentação com os novos materiais é se eles conseguiram fazer com todos? Se todos estão conseguindo participar? Se eles conhece outros matérias que pode ser feitos malabares. Essa fase é a de “possibilidades de transcendências de limites pela imagem pelo esquematismo, pela apresentação verbal de situações de movimentos e do jogo em que o aluno reflexivamente deverá acompanhar executar e propor soluções.” A última fase da aula é de possibilitar ao aluno criação de uma nova maneira de fazer a atividades. Que de acordo com Kunz é “a forma criativa ou inventiva de uma ‘transcendências de limites’, em que a partir das duas formas anterior da representação de um saber, ao aluno se torna capaz de, “definida uma situação”, criar/inventar movimentos e jogo com sentido para aquela situação."

    Nessa tendência a forma de ensinar pela transcendência de limites deve atuar sobre o aluno da seguinte forma:

  • a participação do aluno de forma bem sucedida deve ocorrer pela própria experiência manipulativa;

  • o aprendizado do aluno deve ser exposto por ele de forma clara, seja manifestado através da linguagem verbal ou pela linguagem dos movimentos;

  • o aluno deve aprender a importância do questionar sobre suas descobertas, entendendo assim o significado cultural e buscando aprender cada dia mais.

    Material: bolas, claves, diabolô, caixas, bastões, swing.

Conclusão

    Para as considerações finais é necessário relembrar o objetivo proposto inicialmente neste artigo. A principal meta era compreender a inserção da temática circense como conteúdo de Ensino de Educação Física Escolar numa perspectiva crítica.

    Pode ser percebido que arte circense se inicia com uma manifestação que era conhecida só entre familiares é era passado oralmente pelas famílias tradicionais, e após esse conhecimento ser transmitido surge às escolas, com intuito de formar artistas é se tornando acessível a todos que gostaria de conhecer, e logo em seguida o circo passa a ser destacar na estética do corpo e deixando de lado os animais. E a partir disso ele se torna um espetáculo do povo, se expandindo no mundo inteiro nas condições educativas e recreativas.

    No contexto escolar atual as atividades circenses não fazem parte das maiorias das escolas, mais esse conteúdo é importante para as aulas de educação física, pois proporciona ao aluno um contato com a cultura corporal existente no circo, é desperta no aluno sua criatividade, aguçando sua imaginação, trabalhando também a cooperação, a expressão corporal, trazendo motivação e prazer ao aluno.

    Para inserir esse conteúdo no hábito escolar os professores podem se deparar com algumas barreiras, pois esse conteúdo algo novo para as crianças, e os materiais para as práticas desse conteúdo na maioria das escolas não tem, mais a atividade circense pode ser adaptada de varias formas, é só haver criatividade, força de vontade e persistência do professor.

    Esta pesquisa, além de ajudar no estudo e acrescentar aplicação deste conteúdo, também pode auxiliar para que outros conteúdos que faça parte da cultura corporal que não são possibilitados possam ser desenvolvidos na prática pedagógica.

    Ao final sugiro que atividade circense seja desenvolvida nas aulas de educação física numa concepção crítica, pois entendo que com essas concepções será possível os alunos terem um entendimento sobre as formas da sociedade, e os problemas sociais existentes, portanto a Educação Crítica tem como propósito ajudar os alunos a terem uma visão verdadeira da sociedade, em que estão inseridos, com auxílio do ensino através da linguagem, para promover uma emancipação dos indivíduos.

Referências

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  • CARAMÊS, Aline S.; KRUG, Hugo N.; TELLES, Cassiano; SILVA, Daiane O. Atividades circenses no âmbito escolar enquanto manifestação de ludicidade e lazer. Revista Motrivivência, n. 39, p. 177-185, Dez, 2012.

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  • DARIDO, Suraya Cristina. Educação física na escola: questões e reflexões / Suraya Cristina Darido. – [reimpr.]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

  • DIAS, Lara C. A arte circense no ensino infantil: Reflexões sobre uma proposta. Trabalho de conclusão de curso (Graduação) – Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2009.

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  • OLIVEIRA, Cristina Borges de. Aproximações exploratórias sobre educação, educação física e sociedade: adversidades de um currículo. Pensar a Prática, Goiânia, GO, v.4, p.99-114, jun. 2001

  • SILVA, Edna Lúcia. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3ª ed. rev. atual. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância da UFSC, 2001.121p.

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