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Recomendações nutricionais no rugby

Recomendaciones nutricionales en el rugby

 

*Aluna do curso de Nutrição na Universidade Presbiteriana Mackenzie

**Professora do curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie

e do Centro Universitário São Camilo

(Brasil)

Ana Caroline Salazar Lopes*

Patrícia Yumi Uemura Paiva*

uemurapatricia@gmail.com

Profª Dra. Marcia Nacif**

marcianacif@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          No rugby há uma elevada ocorrência de colisões e corridas de alta intensidade, necessitando que os jogadores tenham características distintas apropriadas de resistência, força muscular, velocidade, flexibilidade, agilidade, habilidades próprias e potência aeróbia máxima. A alimentação adequada e a avaliação antropométrica dos atletas de rugby, são essenciais para o desempenho, para determinar a posição no jogo e para que os atletas suportem a carga física em períodos de treinos e competições. Este artigo aborda alguns dos aspectos essenciais sobre as recomendações nutricionais específicas do rugby.

          Unitermos: Rugby. Recomendações nutricionais. Macronutrientes.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução ao rugby

    O rugby originou-se na Inglaterra no ano de 1890, e tornou-se profissional em 1995. Atualmente, este esporte é praticado mundialmente, e faz parte do Comitê Internacional de Rugby (PERRELLA et al, 2005; BOLIANI, 2012). No Brasil, essa modalidade teve início em 1925, particularmente em Pirituba (SP), segundo a Confederação Brasileira de Rugby (2010). Em 6 de outubro de 1963, foi fundada a União de Rugby do Brasil, com sede em São Paulo (SP). A Associação Brasileira de Rugby foi fundada em 20 de Dezembro de 1972 substituindo a União de Rugby do Brasil, e sendo reconhecida pelo Conselho Nacional de Desportos (CND) (FERRACINE et al, 2011).

    Esta modalidade esportiva é realizada em dois tempos de 40 minutos, possuindo um intervalo de 10 minutos. Não há interrupções, sendo que durante os 80 minutos de partida, a bola fica em jogo por 30 minutos (em média) e o tempo restante é constituído por conversões, contusões, bola fora de jogo e tiros de pênalti (PERRELLA et al, 2005). O juiz pode delegar acréscimos ao tempo caso ocorra algum incidente na partida (BOLIANI, 2012).

    Segundo Ferranti (2011), cada time é composto por 15 jogadores, sendo estes divididos em grupos que desempenham duas funções distintas. Os Backs atuam na função de marcar pontos no campo adversário, que requer velocidade e potência muscular. Já os Forwards são considerados os defensores da equipe, com atributos principais de estrutura corporal e força.

    O objetivo do jogo é chutar a bola pelo campo até chegar ao gol, chamado de ingoal, marcando o maior número de pontos (BOLIANI, 2012).

    No rugby há uma elevada ocorrência de colisões e corridas de alta intensidade, necessitando que os jogadores tenham características distintas apropriadas de resistência, força muscular, velocidade, flexibilidade, agilidade, habilidades próprias e potência aeróbia máxima (PERRELLA et al, 2005).

    Dentro deste contexto, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica sobre as recomendações nutricionais para o rugby.

2.     Recomendações nutricionais no rugby

2.1.     Recomendações gerais

    A alimentação adequada e a avaliação antropométrica dos atletas de rugby, são essenciais para o desempenho, para determinar a posição no jogo e para que estes atletas suportem a carga física em períodos de treinos e competições. O planejamento dietético e a suplementação individualizada devem estar adequados quanto ao conteúdo de energia proveniente de macro e micronutrientes de acordo com as necessidades individuais dos atletas, já que a ingestão equilibrada de nutrientes possui uma forte relação com o rendimento (CABRAL et al, 2006; OLIVEIRA; MARINS, 2008; PRADO et al, 2006).

    Em uma partida de rugby, os atletas podem gastar cerca de 800 calorias (kcal). O alto gasto energético está relacionado ao maior dinamismo do jogo, à maior massa corporal dos jogadores, e ao maior nível de contato físico associado às disputas pela posse de bola (COUTTS; REABURN, 2003).

    Uma alimentação correta deve garantir que antes do treino de rugby haja energia suficiente para a primeira etapa de treinamento, promovendo bom desempenho e evitando a utilização de proteínas musculares como fonte de energia (catabolismo protéico). De 2 a 3 horas antes é necessária uma refeição completa que contenha todos os macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos). Deve-se evitar 1 hora antes dos treinos, alimentos ricos em fibras e gorduras, pois permanecem um maior tempo no estômago. Os carboidratos são digeridos mais rapidamente, assim evitando a sensação de desconforto gástrico. Com menos de 30 minutos antes do treino, podem ser utilizados suplementos a base de carboidrato com pouca proteína e gordura (LISSONI, 2011; SBME, 2009).

    Segundo Lissoni (2011), durante o treino, o fornecimento de energia deve continuar sendo proveniente de carboidratos. Após o treino, a alimentação deve prosseguir durante a primeira meia hora e nas duas horas seguintes. Deve-se evitar, nos primeiros 30 minutos, fibras e gorduras para acelerar a chegada de glicose nas células. Em seguida, na próxima hora, realizar uma refeição completa, com carboidratos, gorduras e proteínas.

    Os principais objetivos do plano nutricional para atletas de rugby são: recuperar o organismo após um jogo e prepará-lo para o próximo; potencializar a atividade muscular; melhorar a porcentagem de gordura corporal, fazendo com que a resistência e a velocidade aumentem; melhorar a obtenção de energia necessária ao esporte; melhorar a agilidade; manter a hidratação; preparar o corpo para situações específicas, como explosão, força e finalização (D’AVILA, 2011).

2.2.     Recomendações de macronutrientes

    Nas atividades de média e alta intensidade como o rugby, em que é necessário velocidade, força, explosão e agilidade, a principal fonte de energia é o carboidrato, principalmente as reservas de glicogênio muscular (LISSONI, 2011).

    Para jogadores de rugby, o consumo de carboidratos deve representar de 60 a 70% do valor calórico total diário (VET), atendendo perfeitamente à demanda de um treinamento desportivo. Em treinos intensos, acima de 60 minutos, recomenda-se até 10g/kg de peso/dia de carboidratos para que ocorra adequada recuperação do glicogênio muscular e aumento da massa muscular (BIESEK et al, 2010).

    As melhores opções são: frutas, frutas secas ou suco de frutas, gel de carboidrato ou bebida esportiva (600 a 1000 ml/ hora), que contêm água, eletrólitos e carboidratos (maltodextrina e frutose). Estudos demonstram que o período entre 30 e 60 minutos após o término do treino é o momento ideal para a reposição de proteínas e carboidratos (MAUGHAN; BURKE 2002; TIRAPEGUI, 2005; ROSSI; NACIF, 2009). Recomenda-se a ingestão de carboidratos simples, de alto índice glicêmico (bebidas esportivas, gel de carboidratos, sachê de mel, biscoito salgado ou doce sem recheio, frutas mais doces e suplementos que contenham carboidratos e um pouco de proteína), correspondente a 0,7 e 1,5g/kg de peso no período de 4 horas, já que favorece a ressíntese e armazenamento de glicogênio muscular de forma mais rápida (LISSONI, 2009; GOFORTH et al, 2003, SBME, 2009).

    Segundo Lissoni (2011), a gordura passa a ser a responsável pela energia adicional quando a concentração de glicogênio muscular diminui, por isso quanto mais longo o treino, mais gordura será utilizada.

    Quanto às recomendações diárias de lipídios, os atletas de rugby necessitam de 1g/kg de peso corporal, e a parcela de ácidos graxos essenciais deve ser de 8 a 10g/dia. Para estes atletas a recomendação corresponde a 30% do valor calórico total da dieta, sendo este dividido em 10% de gorduras saturadas, 10% de monoinsaturados e 10% de poliinsaturados (SBME, 2009).

    De acordo com Panza et al. (2007), quando há a perda da força muscular e, conseqüentemente, diminuição do desempenho físico, recomenda-se a ingestão de proteínas, pois estas além de contribuírem para a síntese protéica, ajudam na recuperação muscular. A necessidade diária de proteínas para os atletas de rugby é de 1,4 a 1,7g de proteína/kg de peso corporal/dia, ou seja, de 12 a 15% do VET.

2.3.     Micronutrientes

    Os minerais e as vitaminas ajudam em processos celulares relacionados ao metabolismo energético; reparação, contração, e crescimento muscular; resposta imune e defesa. Por sua vez, tanto a atividade física intensa como o treinamento, podem acarretar alterações no metabolismo, na distribuição e na excreção de vitaminas e minerais (LUKASKI, 2004).

    Os valores de micronutrientes mais importantes para atletas de rugby foram estabelecidos da seguinte forma: 200mg/dia de vitamina C e 15mg/dia de vitamina E; 900mcg/dia de vitamina A; 11mg/dia de zinco; 1300mg/dia de cálcio; e 15mg/dia de ferro (BERNARDOT, 2006; FERRANTI, 2011).

3.     Reposição hídrica

    Em uma partida de rugby, os jogadores produzem um aumento significante na temperatura corporal e grandes quantidades de líquidos e eletrólitos (sódio, potássio e cloro) são perdidos pelo suor. Os níveis altos de estresse térmico durante a atividade física podem causar desidratação, fadiga muscular e desconforto, prejudicando o desempenho físico, as respostas fisiológicas, e de fato produzir riscos à saúde (MEIR et al, 2003).

    Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2009), é recomendado que o atleta desta modalidade esportiva beba cerca 250 a 500ml de água duas horas antes do exercício para garantir que o indivíduo inicie o exercício bem hidratado. Durante o exercício a ingestão deve ser iniciada logo nos primeiros 15 minutos e continuar bebendo a cada 15 a 20 minutos. O volume a ser ingerido geralmente é entre 500 e 2000 ml/hora, variando conforme as taxas de sudorese. Se a atividade durar mais de uma hora deve-se repor carboidrato na quantidade de 30 a 60g e sódio na quantidade de 0,5 a 0,7g. Deve-se continuar ingerindo líquidos após o exercício para repor as perdas adicionais de água pela diurese e sudorese.

    De acordo com Bergeron et al. (2006), a ingestão de água parece não ser a melhor alternativa de consumo líquido, mas sim bebidas esportivas. Os repositores hidroeletrolíticos que possuem alguns eletrólitos em sua composição, como o potássio, cloro e sódio, também são importantes para a hidratação do atleta de rugby. Se o líquido ingerido possuir carboidratos, essa melhora é mais significativa, especialmente em exercícios físicos prolongados com sudorese intensa (AOI et al, 2006). Estas bebidas devem estar em temperatura em torno de 15 a 22ºC e apresentar um sabor de acordo com a preferência do indivíduo, promovendo a palatabilidade e aceitação (SBME, 2009).

4.     Conclusão

    A alimentação com o fornecimento adequado de nutrientes é essencial na formação, reparação e reconstituição de tecidos corporais, mantendo a integridade funcional e estrutural do organismo. Além disso, possibilita ao jogador de rugby melhores respostas aos estímulos do treinamento e um rendimento mais eficiente, além de minimizar os desgastes físicos e fisiológicos decorrentes da prática esportiva.

    Portanto, como cada atleta de rugby necessita de características apropriadas de resistência, força muscular, velocidade, flexibilidade, agilidade e habilidades próprias, um acompanhamento nutricional individualizado é de grande importância para um melhor desempenho e recuperação dos jogadores.

Referências bibliográficas

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