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O conhecimento dança e a educação física
em uma proposta crítico superadora

El conocimiento baile y Educación Física en una propuesta crítico superadora

 

*Acadêmico do curso de licenciatura em Educação Física

da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Criciúma, Santa Catarina

**Licenciado em Educação Física e Doutor em Educação

pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade

do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Criciúma, Santa Catarina

Luiz Fernando Mendonça Grathwohl*

louiz_fmg@hotmail.com

Dr. Vidalcir Ortigara**

vdo@unesc.net

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo é analisar na literatura que aborda a dança na educação o que as obras apresentam sobre a relação entre dança e Educação Física, quais elementos constitutivos da dança são apontados como conhecimento a ser ensinado. Tomamos como foco as propostas de abordagem da dança na escola sugeridas por Coletivo de Autores (1992), Saraiva (1996), Kunz (1998, 2004), Soares et al (1998) e Bregolato (2000). Percebemos um esforço dos autores em sistematizar o conteúdo dança para as aulas de Educação Física, no intuito de ampliar o acesso dos alunos a esse conhecimento. Porém há ênfase na improvisação, no resgatar da cultura local e desenvolvimento da musicalidade em detrimento dos aspectos técnicos da dança.

          Unitermos: Escola-Dança. Conhecimento-Dança. Educação Física-Cultura Corporal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente trabalho tem como tema a dança. Surgiu das preocupações percebidas no âmbito da escola, durante a realização dos estágios obrigatórios na rede estadual e municipal de ensino da cidade de Criciúma-SC. Neles abordamos a dança como um conteúdo no trato do conhecimento da Cultura Corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Percebemos que os professores ficam receosos em abordar o conteúdo dança nas suas aulas, em vista de uma ausência de conhecimento sobre a mesma.

    No Brasil observamos que no desenvolvimento dos estudos em Educação Física e suas discussões sobre o conhecimento estruturaram-se as tendências pedagógicas, das liberais até as chamadas progressistas (GHIRALDELLI, 1988). Na década de 1990 o Coletivo de Autores (1992) sistematizou uma proposta que denominou de Crítico-Superadora. Referenciada na teoria do materialismo histórico e dialético, considera como objeto de estudo da Educação Física a Cultura Corporal que tematiza práticas corporais como jogos, esporte, ginástica, luta e dança. Compreende o professor de Educação Física com um educador comprometido com um projeto político pedagógico que emerge da necessidade de emancipação, de uma reflexão pedagógica do aluno, levando-o a pensar a realidade compreendendo os conflitos de interesses das classes sociais.

    Os passos que intermediam a primeira leitura da realidade, como se apresenta aos olhos do aluno, com a segunda leitura, em que ele próprio reformula seu entendimento sobre ela, são os de: constatar, interpretar, compreender e explicar. (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 87)

    Portanto os conteúdos têm que ser tratados de forma a viabilizar a leitura da realidade, estabelecendo laços concretos com o projeto político de mudanças sociais. “O aprofundamento sobre a realidade através da problematização de conteúdos desperta no aluno curiosidade e motivação, o que pode incentivar uma atitude científica” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 63).

    Os autores enfatizam a necessidade de ampliar as discussões em relação à proposição inicial, principalmente em relação ao conhecimento que deve ser abordado no contexto escolar. Kunz (2006), ao expor as propostas metodológicas que despontavam no início da década de 1990, questiona a obra do Coletivo de Autores ao ressaltar que a mesma não consegue deixar claro qual o conhecimento a ser abordado. Sendo a obra uma proposta, concordamos da necessidade de aprofundar questões que, embora passados mais de vinte anos, ainda necessitam ser explicitadas. Temos que discutir o que é o conhecimento da Cultura Corporal na Educação Física que os autores, nos limites da proposição da obra1, apontam como atividades expressivas corporais que devem ser tematizadas nas aulas de Educação Física escolar, como os jogos, a ginástica, o esporte, as lutas, a capoeira e a dança. Mas, o que é o conhecimento de cada uma dessas atividades da Cultura Corporal?

    Nosso trabalho busca contribuir com esse debate, tomando a dança como foco. Buscamos na literatura que aborda a dança na educação o que tais obras apresentam na relação entre dança e Educação Física, quais elementos constitutivos da dança são apontados como conhecimento a ser ensinado.

    Buscamos explicitar a proposta que a literatura da área expõe como conhecimento da dança a ser tematizado nas aulas de Educação Física. Dentre as disciplinas e conteúdos trabalhados durante o curso de graduação nos identificamos com a dança em seus variáveis meios de ensino. No processo de formação questionávamo-nos em relação à metodologia de ensino da dança, o que os autores indicavam? Qual didática está presente nos livros de abordagem crítica? O que esses propõem como conhecimento da dança a ser apropriado pelos alunos do ensino básico? O objetivo das aulas que ministramos nos estágios obrigatórios foi desenvolver os fundamentos da dança, ritmo e espaço, vivenciando e compreendendo melhor a dança dentro da disciplina de Educação Física. Procuramos com que os alunos se identificassem como seres históricos e que refletissem sobre a realidade social.

    Tendo como foco a análise de literatura e produção do conhecimento, nossa busca se iniciou por artigos relacionados com a dança na Educação Física que nos dessem referências para as nossas aulas, buscando meios para iniciar a pesquisa. Tendo como base o Coletivo de Autores (1992), buscamos na literatura disponível na biblioteca da Universidade do Extremo Sul Catarinense obras que apresentam propostas didático-metodológicas para o ensino da dança nas aulas de Educação Física. Podemos nos perguntar por que livros e não artigos como citado anteriormente? Levamos em consideração o livro, pois os professores de Educação Física das escolas, quando pesquisam, tomam como referência os livros e não os artigos, pois é um material em que acreditam encontrar “sugestões” práticas para as suas aulas. Percebemos que os livros têm a preocupação em descrever didaticamente os processos educativos, orientar as práticas, principalmente os chamados livros didáticos.

    Nossa pesquisa chegou às seguintes obras: Metodologia de Ensino de Educação Física, do Coletivo de Autores (1992), Didática da Educação Física 1 e 2, organizados por Elenor Kunz (1998; 2004), Transformação didático-pedagógica do esporte, de Elenor Kunz (2006), Improvisação da Dança, de Soares et al (1998), Diretrizes Curriculares para a Educação Física no Ensino Fundamental e na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis/SC (1996), nesta obra em especial o texto Educação Física e Coeducação de Saraiva-Kunz; e Cultura Corporal da dança, de Bregolato (2000).

    Dentro das leituras efetuadas, tirando elementos principais da dança, elaboramos a fundamentação teórica relativa às tendências progressistas da Educação Física ao ensinar a dança nas aulas no ensino regular.

Dança em uma perspectiva Crítica

    A Educação Física é uma disciplina que abrange diferentes formas da Cultura Corporal, que se expressa nas práticas corporais tais como os jogos, lutas, esportes, ginástica e a dança que constituem os seus conteúdos. (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Com base no Coletivo de Autores (1992), tomando a dança como conteúdo da Cultura Corporal, podemos estabelecer que ela está, ou deveria estar, presente em todos os ciclos de escolarização, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Seus temas devem ser tratados simultaneamente, de forma espiralada, a partir dos dados da realidade, até interpretá-los, compreendê-los e explicá-los. Utilizar os modelos dos ciclos exige que os situemos em relação aos anos escolares. Esta abordagem busca construir condições para que o sistema de seriação, ou etapista, seja superado. Para isso os autores indicam os seguintes ciclos: 1º) ciclo de organização da identidade dos dados da realidade; 2º) ciclo de iniciação à sistematização do conhecimento; 3º) ciclo de ampliação da sistematização do conhecimento; e 4º) ciclo de aprofundamento da sistematização do conhecimento.

    No primeiro ciclo, da Educação Infantil ao 4° ano do Ensino fundamental, na dança enfoca-se a organização da identificação da realidade com danças de livre interpretação de músicas diferentes, para relacionar-se com o universo musical e a interpretação. No ciclo de iniciação à sistematização do conhecimento, do 5° ao 7° ano do Ensino Fundamental, temos a dança como interpretação técnica de representar temas da cultura nacional e internacional, relacionado com a realidade social dos alunos e da comunidade. No ciclo de ampliação da sistematização do conhecimento, do 8° ao 9° ano do Ensino Fundamental, com a dança técnica procura-se desenvolver a expressividade ou mímicas, com temas que atendam às necessidades e interesses dos alunos, criados ou não por eles mesmos. No ciclo de aprofundamento da sistematização do conhecimento, nos três anos do Ensino Médio, tematiza-se o conhecimento aprofundado científico/técnico/artístico da dança e da expressão corporal em geral.

    A partir dessa fundamentação tomamos como referência a dança como uma expressão representativa de diversos aspectos da vida do homem, como linguagem social na qual estão imbricadas a transmissão de sentimentos, costumes, hábitos e a tematização da religiosidade (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Segundo Soares et al (1998), o movimento do dançar compreende uma mudança com o tempo, já que a mesma muda de forma e de sentidos durante cada época, pensando nela como um agente transformador, por meio de gestos-movimentos que demonstram o modo de viver dos povos. Na Educação Física a cultura de um povo representa, analisa e compreende gestos cotidianos que são utilizados pelas pessoas e incorporados na dança.

    Acreditamos que por meio da dança resgata-se a questão da cultura enquanto objeto da educação. Segundo o Coletivo de Autores (1992, p.83), “Faz-se necessário o regate da cultura brasileira no mundo da dança através da tematização das origens culturais, sejam do índio, do branco ou do negro, como forma de despertar a identidade social do aluno no projeto de cidadania.” Para Soares et al (1998, p.19), “a dança possibilita a compreensão/preservação das práticas culturais de movimento dos povos, tendo em vista uma forma de auto afirmação de quem fomos e do que somos”. Segundo Bregolato (2000), o aluno ao praticar e conhecer as danças indígenas conhece os sentidos que explicam sua criação e os significados de suas expressões, colaborando de forma marcante para a valorização e perpetuação da cultura da raça, que é a “raiz” humana brasileira.

    Nossas experiências no cotidiano escolar nos permitiram perceber as barreiras em ministrar esses conteúdos diante da realidade escolar, tomando a dança como um conteúdo no trato do conhecimento da Cultura Corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

    A dança é um dos conhecimentos específicos da Cultura Corporal que muitas vezes é negada, principalmente, aos filhos dos trabalhadores. Fiamoncini e Saraiva (1998) observam que a dança vem sendo negada nas escolas devido ao conjunto das práticas culturais hegemônicas. Ou seja, ela não se faz parte do saber a ser desenvolvido, nem na escola da elite, nem na escola do povo. A dança tem sido considerada desnecessária porque, não abarca com racionalidade do saber necessário à produção na sociedade industrial e, por outro lado, a instrumentalização do fazer necessário a ser mão-de-obra barata nessa mesma sociedade. Isto do ponto de vista dos que estão a determinar o que é e para quem é a escola, no sistema social.

    As autoras apontam como conteúdos as danças folclóricas e culturas nativas, danças de salão e de espetáculo, técnicas corporais básicas e a criatividade. Também alertam que a aprendizagem da dança na Educação Física depende das condições das escolas (infraestrutura), do fim com que a dança é trabalhada na escola e fora dela e o tempo disponível para enfatizar essa aprendizagem na estrutura do ensino. Para as autoras devemos compreender que o conhecimento sobre as danças que fazem parte da nossa cultura é mais importante que o conhecimento a respeito de danças importadas.

    Kunz (1994) enfatiza que a caracterização para a dança e seus movimentos é a busca do prazer e da alegria, proporcionados pelos movimentos ritmados e compassados, o desenvolver de diferentes formas criativas com funções mímicas e pantomímicas. O Coletivo de Autores (1992) afirma que essa expressão corporal deva se desenvolver por meio de experiências em que se iniciam a interpretação, sendo elas espontâneas ou livres, que considere o corpo como forma de comunicação. As escolas podem oferecer outras práticas referentes à dança como mímica ou pantomima, para desenvolver a expressão comunicativa dos alunos. Saraiva-Kunz (1996) enfatiza que a dança, por meio dos conteúdos e processos da improvisação, é um caminho viável na medida em que se desvia dos processos de aprendizagem rígidos e puramente técnicos, que o esporte na sua forma tradicional comporta.

    Saraiva e Fiamoncini (1998) também afirmam que para um movimento com ritmo se realizar, existem dois elementos que são imprescindíveis: o espaço e a música. A junção de estes elementos no dançar faz com que a dança se torne um fenômeno de expressão e vivência.Kunz (2004, p. 38), ao discutir a possibilidade didática da música, do movimento e do ritmo para o “conhecimento de si”, destaca que a música, além dos estímulos biofisológicos provocados pela dança,

    (...) evoca diferentes sentimentos nas pessoas, umas se deixam estimular mais para a realização de movimentos, outras preferem a solidão e a paz, alguns preferem apenas acompanhar o ritmo com os pés e as mãos e assim por diante. Por isso só, já se pode perceber a importância sobre o humor, a vontade e a sociabilidade que evoca a música e, assim, fornece ao educador importantes elementos para dirigir um processo de autoconhecimento.

    Em relação ao desenvolvimento técnico, o Coletivo de Autores (1992) sugere os fundamentos ritmo, espaço e energia. Esses são tematizados seguindo os conteúdos expressivos: ações da vida diária; estado afetivo; sensações corporais; mundo do trabalho; da escola; seres e fenômenos do mundo animal, vegetal e mineral e os problemas sócio-políticos atuais. Esses temas serão introduzidos tomando os ciclos de escolarização como referência.

    Percebemos que o uso da técnica na dança é importante como qualquer fundamento de outra prática corporal. Porém a abordagem desse elemento deve ir além da perspectiva do aperfeiçoamento da realização dos movimentos, gestões e expressões. A tematização da improvisação, das mímicas, da musicalidade permite ao professor abranger a cultura que rodeia a realidade social dos alunos, da qual efetivamente participa. Porém, são poucas as obras que efetivamente apresentam a tematização dos elementos técnicos, o que pode transparecer a contraposição entre a abordagem crítica e a tematização da técnica, o que não é corrente com a perspectiva crítico-superadora. Parece-nos necessário continuar os debates em torno das práticas corporais da Cultura Corporal, no intuito de constituir um corpus de conhecimentos a serem tematizados na Educação Física escolar.

Conclusão

    Esta breve revisão permite observar que há um esforço em sistematizar o conteúdo dança para as aulas de Educação Física, no intuito de ampliar o acesso dos alunos a esse conhecimento. Quanto às propostas concordamos, até certo ponto, com os autores, aqui denominado críticos, no que propõem para o ensino da dança, focando a questão das improvisações, experimentações, musicalidades, mímicas, pantomima. Também com a abordagem da dança como elemento da cultura corporal. Verificamos que o movimento é o principal substrato da Dança, relativos a conhecer outras culturas, criações e variações e movimentos técnicos para o dançar dentro do contexto escolar e toda a sua sistematização por meio dos ciclos escolares, pois é por meio da cultura corporal que enfatizamos a construção do conhecimento. Vale lembrar, entretanto, que a criança deve experimentar, porém esse experimentar tem significado em qualquer contexto social de que participamos. O importante é que ele seja contextualizado, pois o homem é organizado socialmente através de símbolos, na medida em que toda técnica é um ato simbólico que tem eficiência social. Se não for contextualizada, a Educação Física volta a ser pura atividade física, muitas vezes sem clareza do que expressa do contexto social em que vivem as crianças e os adultos.

    Durante todo o estudo analisado percebemos que a dança, como qualquer outro conteúdo, é de fato importante no processo escolar e que seu aprendizado tem significados a partir da cultura corporal. Percebemos o quanto os autores defendem a questão da improvisação, de resgatar a cultura local, a musicalidade, alguns defendem os gestos técnicos, questões folclóricas como linguagem social que permite a transmissão de sentimentos, emoções, hábitos e questões de historicidade. Dentro desse contexto percebemos que o gesto técnico tem importância para o aprendizado da dança, como a questão do ritmo, espaço, tempo, tensão e energia (COLETIVO DE AUTORES,1992; BREGOLATO, 2000). Só que esse embasamento não tem continuidade didaticamente para enfatizar tal conhecimento técnico em nossas aulas, ou seja, nossa pesquisa analisou dentro da abordagem crítica, várias metodologias para o ensino da dança, mas em relação ao conhecimento técnico sentimos a necessidade de ter um aprofundamento metodológico e didático, no qual autores busquem em suas obras enfatizar propostas de ensino para que os professores busquem o conhecimento técnico, objetivando o aprendizado da mesma em seus respectivos meios, da dança no contexto escolar.

    Queremos explicitar que essa criticidade não venha a impor questões de que os alunos tendem a conhecer os gestos técnicos por conhecer. Segundo o Coletivo de Autores (1992), as técnicas devem ser compreendidas como instrumentos necessários – seja de um jogo, de uma série de ginástica, de passos de uma dança –os quais durante a execução o que prevalece na consciência do executante é o resultado que essas técnicas têm para o sucesso do jogo. Mas que venham a conhecer cada movimento sem exigir níveis de execução de alta qualidade técnica, na qual desenvolvam abordagens diferenciadas a partir não do gesto técnico, mas dos fundamentos e modalidades que possuem para constituir o conhecimento, o conteúdo, na qual esse ensino da técnica pressuponha ultrapassar a sua realização prática imediata.

    Dessa forma, os conteúdos não perdem a visão de totalidade. Apresenta ainda as tensões vividas pelas sociedades de classe normalmente desassistidas na qual se encontram hoje. Para o Coletivo de Autores (1992), na proposta dos ciclos, observa-se a intenção de diminuir essas desigualdades, na qual cabe à escola formar cidadãos críticos, conscientes da realidade social em que vivem, para que possam nela intervir na direção dos seus interesses de classe.

    Concluímos que, especificamente no espaço da Educação Física, podemos desenvolver em relação à dança e outras práticas corporais, segundo as orientações do Coletivo de Autores (1992), abordagens diferenciadas para a tematização desses conteúdos, a partir não do gesto técnico, mas dos significados que os fundamentos e modalidades possuem, a fim de que os alunos se apropriem do conhecimento mais profundo sobre a dança, envolvendo histórico e relações que venham a explicitar as relações e os interesses dos alunos. O conteúdo dança permite ainda confrontar e respeitar os níveis de desenvolvimento motor dos alunos, o que lhe confere uma análise mais ampliada, como na escolha dos gêneros musicais.

    Acreditamos ser possível o ensino da dança em uma tendência progressista, apesar de percebermos a questão do gesto técnico e a falta do mesmo nos materiais didáticos para o ensino da mesma para o trabalho do professor dentro dessa organização curricular. Para tanto, porém, é necessário o apoio institucional, a conquista diária da classe, das melhorias almejadas para todos, e a certeza interior de poder contribuir na formação de homens e mulheres mais críticos e, conseqüentemente, de um mundo melhor.

Nota

  1. Lembramos que a obra foi produzida como parte da Coleção Magistério 2º Grau na série Formação do Professor. Na apresentação da obra os autores se referem a ela como “uma nova síntese provisória” que buscou explicitar os avanços em relação ao documento tomado como referência produzido em 1988, “bem como o grau de radicalidade alcançado no trato da matéria em apreço, na perspectiva por nós batizada posteriormente de Crítico-Superadora” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 10).

Referências

  • BREGOLATO, Roseli A. Cultura corporal da dança. São Paulo: Ícone, 2000.

  • COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo: Cortez, 1992.

  • GHIRALDELLI, Paulo. Educação Física Progressista: a pedagogia Crítico-Social dos conteúdos e a Educação Física Brasileira. São Paulo: Loyola, 1988.

  • KUNZ, Elenor. Didática da Educação Física. Ijuí: UNIJUÍ, 1998.

  • ______. Práticas Didáticas para um “Conhecimento de Si” de Crianças e Jovens na Educação Física. In. KUNZ, Elenor (Org.). Didática da Educação Física 2. 2 ed. Ijuí: UNIJUÍ, 2004.

  • ______. Transformação didática do esporte. 7 ed. Ijuí: UNIJUÍ, 2006.

  • SARAIVA-KUNZ, Maria do Carmo. Educação Física e Coeducação. In. Diretrizes Curriculares para a Educação Física no Ensino Fundamental e na Educação Infantil da Rede Municipal de Florianópolis/SC. Florianópolis: NEPEF/UFSC-SMC, 1996.

  • SOARES, Andresa. Improvisação e dança: conteúdos para a dança na Educação Física. Florianópolis: UFSC, 1998.

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