Responsividade da medida de
independência funcional Cumplimiento de la medida de independencia funcional en pacientes con lesión de la médula espinal Responsiveness of functional independence measure in patients with spinal cord injury |
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*Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo (UPF), RS. **Mestranda em Envelhecimento Humano pela Universidade de Passo Fundo (UPF) Pós-graduada em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, UNIOESTE e em Terapia Manual pelo Centro de Ensino Superior de Maringá, CESUMAR, PR. Fisioterapeuta pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Rua ***Docente do Programa de Envelhecimento Humano – PPGEH da Universidade de Passo Fundo, UPF. Doutora em Ciências da Saúde/Cardiologia pelo Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologia |
Fernanda Subtil de Oliveira* Tayse Perin Della Pasqua* Sheila Cristina Cecagno Zanini** Camila Pereira Leguisamo*** (Brasil) |
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Resumo A lesão medular é uma condição incapacitante que pode levar a graves acometimentos funcionais, sendo a Escala de medida de independência funcional (MIF) um importante instrumento utilizado para a avaliação das incapacidades destes indivíduos. Objetivo: Realizar uma revisão na literatura sobre a responsividade da MIF em pacientes com lesão medular. Metodologia: Para a realização desse estudo foi adotado o método de revisão literária de bibliografias em língua portuguesa e inglesa. Essa metodologia foi desenvolvida através de pesquisa manual de artigos científicos disponíveis em bases de dados, LILACS e SciELO. Resultados e discussão: Dos 11 artigos utilizados no presente estudo, 100% consideraram uma boa responsividade para a MIF, no que diz respeito ao período pré e pós reabilitação do paciente com lesão medular. Cabe ressaltar que, em pacientes que já estavam em processo de reabilitação, os valores da MIF foram superiores comparados aos que não realizavam intervenção. Conclusão: A utilização da MIF foi considerada, como um bom instrumento para avaliar a evolução do indivíduo com lesão medular. Unitermos: Doenças da medula espinal. Qualidade de vida. Assistência à saúde. Atividades cotidianas.
Abstract Spinal cord injury is a disabling condition that can lead to severe functional affections, and the Scale of the Functional Independence Measure (FIM) an important instrument for the assessment of disabilities these individuals. Aim: To review the literature on the responsiveness of the Functional Independence Measure scale (FIM) in patients with spinal cord injury. Method: To conduct this study adopted the method of literature review of bibliographies in Portuguese and English. This methodology was developed through manual search of scientific articles available in databases, LILACS and SciELO. Results: From the 11 articles used in the research, 100% were considered to have a good responsiveness to FIM, within the period prior and post rehabilitation of patients with spinal cord injury. Emphasizing that, in patients who were already undergoing rehabilitation, the FIM values were higher compared to those who didn’t perform intervention. Conclusions: The use of the Functional Independence Measure scale was considered, a good instrument to assess the progress of individual with spinal cord injury. Keywords: Spinal cord diseases. Quality of life. Comprehensive health care. Activities of daily living.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A lesão da medula espinhal é uma condição incapacitante, levando a acometimentos físicos, psíquicos e sociais. É decorrente de um trauma ou de uma doença afetando funções motoras, sensitivas e autônomas. Suas principais causas são a perda parcial ou total dos movimentos voluntários e da sensibilidade, alterações nos sistemas urinário, intestinal, respiratório, circulatório e reprodutivo. (LIANZA et al, 2001).
O processo de reabilitação dependerá da gravidade da lesão, podendo dessa forma, interferir na qualidade de vida dos indivíduos, que na grande parte dos casos não leva a cura, mas auxilia na adaptação a nova vida do indivíduo. (LIANZA et al, 2001).
Na lesão medular a pessoa necessita reaprender desde as coisas mais simples como, vestir-se, alimentar-se, banhar-se, até as mais complexas, como subir e descer escadas. Periodicamente, esses pacientes devem ser reavaliados a fim de ver se o programa de reabilitação promoveu alguma evolução. Para tanto, são encontradas na literatura algumas escalas que verificam a responsividade frente à reabilitação proposta para pacientes neurológicos.
A Escala de medida de independência funcional (MIF) é um instrumento multidisciplinar, composto por um conjunto de itens de rápida aplicação. Foi projetada para avaliar a incapacidade de pacientes com restrições funcionais (GRANGER et al, 1986). A MIF é composta por 18 itens que medem o grau de incapacidade e a quantidade de cuidados que serão necessários para o paciente realizar atividades motoras e cognitivas de vida diária. Esses itens avaliam atividades de autocuidado, transferências ou mobilidade, locomoção, controle esfincteriano, comunicação e cognição social. Cada uma dessas atividades recebe um escore que vai de 1, dependência total a 7 uma independência completa, com uma pontuação total que varia de 18 a 126 (GRANGER et al, 1986).
Segundo Silva et al (2012), uma das vantagens da utilização da MIF é a possibilidade de traçar metas e objetivos no momento da admissão do paciente no programa de reabilitação, e a modificação deles de acordo com sua evolução e participação efetiva dentro do programa até o momento de sua alta. Silva et al. (2012) afirma que, a MIF é usada para quantificar o ganho efetivo dentro do programa de reabilitação para reinseri-lo o mais rápido possível no ambiente familiar e social.
Neste contexto, o presente estudo tem por objetivo revisar na literatura qual a responsividade da escala de medida de independência funcional em pacientes com lesão medular.
Metodologia
Realizou-se um estudo de revisão de literatura, na qual foram consultados artigos indexados em diferentes bases de dados como LILACS e SciELO, partindo dos descritores que caracterizavam o tema como: traumatismo de medula espinal e escala de medida de independência funcional. As buscas foram realizadas de forma manual. Foram incluídos artigos em língua inglesa e portuguesa e estudos que abordavam a MIF e lesão medular. Uma vez realizada a busca, foram excluídos os artigos que tratavam de avaliação da lesão medular associada à outra escala ou que não relatavam o tema MIF. Desta forma, foram analisados 26 artigos dos quais 11 preencheram os critérios de inclusão deste estudo, permitindo a fundamentação teórica e problemática do assunto pesquisado.
Resultados e discussão
A avaliação funcional permite o acompanhamento da evolução do paciente em seu processo de reabilitação, permitindo o refinamento das intervenções terapêuticas e a verificação da velocidade de ganhos (RIBERTO et al, 2005).
Para descrever o impacto da lesão medular em um indivíduo, monitorar e avaliar os resultados da reabilitação é necessário adotar medidas padronizadas para avaliação de suas necessidades referente às atividades da vida diária. Dessa forma, a MIF foi utilizada a fim de traçar metas para o programa de reabilitação e avaliar o paciente antes e durante esse processo, procurando analisar a evolução do mesmo (RABEH; CALIRI, 2010). Pode-se dizer que, a responsividade é a capacidade de um instrumento de medir mudanças em um período de tempo preestabelecido (HUSTED et al, 2000).
Nos estudos que avaliaram a responsividade da escala MIF na lesão medular, o intervalo de tempo transcorrido entre a admissão, alta e reavaliação pós- alta variou amplamente e nem sempre foi descrito (BARBETTA; ASSIS, 2008).
Cafer et al (2005) e Rabeh e Caliri (2010) mostram que, a assistência de reabilitação oferecida nos primeiros meses pós-lesão é fundamental para a monitoração, tratamento e prevenção das complicações que podem levar a morbidades. O atraso para iniciar essas ações pode influenciar negativamente a sua independência funcional.
O achado supracitado vem ao encontro do estudo também feito por Rabeh e Caliri (2010), que com a utilização da MIF mostrou que pacientes em um período de até 12 meses pós-lesão, apresentaram maior dependência funcional quando comparados a pacientes com um tempo pós-lesão acima de 13 meses.
O estudo de Barbetta e Assis (2008) mostra que, indivíduos submetidos a um programa de reabilitação apresentaram evolução na classificação da MIF, à data de admissão e alta, demostrando uma melhora em 88% dos pacientes diante da independência funcional. Após um ano à lesão, 54% dos pacientes apresentaram melhoras nos valores obtidos pela MIF, verificando-se uma regressão funcional em 13% dos casos, mas segundo o autor, isso pode ter ocorrido devido à interrupção do tratamento (ANDRADE; GONÇALVES, 2007).
Acrescentando esta idéia, no seu estudo, Silva et al (2012) mostra que a utilização da MIF como instrumento de avaliação para a reabilitação da pessoa com lesão medular consegue analisar quais os domínios da independência funcional mudam com um programa de reabilitação.
A versão brasileira da MIF é um instrumento válido, pois pacientes com maior comprometimento motor apresentaram valores menores da independência funcional nos itens da sua escala motora. A MIF é um instrumento sensível aos ganhos funcionais desenvolvido em um programa de reabilitação ambulatorial (RIBERTO et al, 2004; RIBERTO et al, 2001).
Percebe-se a importância da reavaliação dos pacientes, pois com o passar do tempo e o aumento da idade, pacientes com lesão medular vão desenvolvendo perdas funcionais maiores e mais agressivas que podem levar a comorbidades irreversíveis, afetando ainda mais a qualidade de vida.
Conclusão
A utilização da MIF como um instrumento para avaliar a reabilitação do indivíduo com lesão medular apresentou bons resultados quanto à responsividade. Entre os estudos analisados, foi possível observar um consenso dos autores quanto a esses resultados, mostrando que, a avaliação durante a reabilitação permite analisar a evolução do paciente. Reconhece-se que são necessários outros estudos mais detalhados em relação à responsividade.
Referências bibliográficas
ANDRADE, M. J.; GONÇALVES, S. Lesão Medular Traumática: recuperação neurológica e funcional. Revista Acta Médica Portuguesa, Lisboa, v. 20, p. 401 - 406, 2007.
BARBETTA, D. C.; ASSIS, M. R. Reprodutibilidade, validade e responsividade da escala de Medida Independência Funcional (MIF) na lesão medular: revisão de literatura. Revista Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 15, n. 3, p. 176-181, 2008.
CAFER, C. R. et al. Diagnósticos de enfermagem e proposta de intervenções para pacientes com lesão medular. Revista Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 18, n. 4, p. 347-53, 2005.
GRANGER, C. V. et al. Advances in functional assessment for medical rehabilitation. Topics in Geriatric Rehabilitation, v. 1, n, 3, p. 59-74, 1986.
HUSTED, J. A. et al. Methods for assessing responsiveness: a critical review and recommendations. Journal of Clinic Epidemiology, v. 53, n. 5, p. 459-468, 2000.
LIANZA, S. et al. A lesão medular. In: Lianza S. (Org.). Medicina de Reabilitação. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, p. 299-322, 2001.
RABEH S. A. N, CALIRI M. H. L. Capacidade funcional em indivíduos com lesão de medula espinhal. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 23, n. 3, p. 321-73, 2010.
RIBERTO M. et al. Independência Funcional de pacientes com lesão medular. Revista Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 12, n. 2, p. 61-66, 2005.
RIBERTO M. et al. Reprodutibilidade da versão brasileira da Medida de Independência Funcional. Revista Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 45-52, 2001.
RIBERTO M. et al. Validação da Versão Brasileira da Medida de Independência Funcional. Revista Acta Fisiátrica, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 72- 76, 2004.
SILVA, G. A. et al. Avaliação Funcional de Pessoas com Lesão Medular: Utilização da Escala de Independência Funcional - MIF. Revista Texto e Contexto, Florianópolis, v. 21, n. 4, p. 929-36, 2012.
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