Fundamentos praticados pelo central durante o jogo de voleibol Fundamentos ejecutados por el central durante el partido de voleibol Skills practices by center blocker during the volleyball match |
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Mestre em Ciência da Motricidade Humana pela UCB do RJ (Brasil) |
Nelson Kautzner Marques Junior |
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Resumo O volume de treino de uma equipe de voleibol precisa ser controlado em todas as etapas da periodização. Objetivo: Foi estabelecer a quantidade de vezes que os fundamentos são praticados pelo central durante o jogo de voleibol. Método: Foram gravados 40 sets usando o vídeo cassete Semp Toshiba VC-X680 e uma televisão CCE. O número de sets para o estudo foi baseado no modelo de disputa da Olimpíada de 2004 e 2008. Depois esses sets foram utilizados na contagem dos fundamentos do central com uso de um scout. Resultados: A Anova one way e post hoc Scheffé identificaram diferença significante (p≤0,05) entre os fundamentos. O bloqueio foi o fundamento mais praticado com 203,88 ± 34,63. A Anova one way não identificou diferença significativa (p>0,05) entre as atividades realizadas pelo central. Conclusão: O número de fundamentos do central é uma referência para o treinador prescrever o treino técnico e o treino situacional para esse atleta. Unitermos: Voleibol. Jogo. Esporte.
Abstract The volume of training of a volleyball team needs to have control of the phases of the periodization. Objective: The objective of the study was determines the skills practices by center blocker male volleyball during volleyball match. Method: Forty sets were recorded by video record Semp Toshiba VC-X680 and television CCE. The numbers of sets for the study was equal the model of championship of the Olympic Games of 2004 and 2008. After, this sets were calculates the skills of the center blocker with scout. Results: One way Anova and the post hoc Scheffé were significant (p≤0,05) of the skills. The blocker was the skill with more numbers of actions, 203,88 ± 34,63. One way Anova was insignificant (p≥0,05) of the actions of the center blocker. Conclusion: The number of skills of the center blocker player is a reference for the coach prescribes the technical training and the situation training for the center blocker player Keywords: Volleyball. Game. Sport.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O volume de treino de uma equipe de voleibol precisa ser controlado em todas as etapas da periodização1. O volume costuma ser mensurado através de cálculos matemáticos para o treinador poder prescrever o valor adequado ao atleta. Geralmente numa planilha de treino é quantificado o número de treino e de descanso efetuado pelos voleibolistas, e também, são contados os tipos de sessões durante a temporada. Outro volume que o treino do voleibol costuma mensurar com precisão, são as sessões da preparação física (musculação, salto em profundidade, etc.).
Porém, para o técnico estabelecer o volume da sessão técnica ou do treino situacional é pouco mais difícil. Marques Junior2 informou que é necessária a quantificação dos fundamentos por posição com o intuito de ser prescrito para cada jogador. Entretanto, quando são consultadas referências sobre a quantidade de fundamentos do central, durante a partida, a literatura do voleibol fornece poucas investigações sobre esse tema3,4, prejudicando o técnico em estruturar o volume das sessões com bola.
Baseado no princípio da especificidade, o volume de treino da sessão técnica e situacional precisa se adequar ao modelo de campeonato. Competições com poucos jogos o professor merece utilizar na sessão a quantidade de fundamentos de todas as partidas. Enquanto que disputas longas de diversas partidas o técnico merece prescrever o volume dos fundamentos de acordo com a fase da disputa. Mas como fazer isto? As referências voleibol não fornecem estes dados5,6. Através desta pesquisa o técnico do voleibol vai saber o volume de fundamentos praticados pelo jogador de meio de rede do voleibol de alto nível masculino, estando baseado em um modelo de campeonato. Então, o objetivo do estudo foi estabelecer a quantidade de vezes que os fundamentos são praticados pelo central durante o jogo de voleibol.
Método
Nesse estudo foi utilizada uma pesquisa quantitativa para identificar os fundamentos praticados pelo central. Para determinar a amostra, foram gravados 40 sets de diversos jogos para serem contados os fundamentos praticados pelo central do voleibol de alto nível masculino.
A escolha dos 40 sets esteve conforme o número máximo de sets que uma seleção de voleibol poderia jogar até chegar às finais do 1º ou do 3º lugar da Olimpíada de 2004 e 2008. O modelo de disputa dos Jogos Olímpicos foi da seguinte maneira:
Fase Classificatória do Grupo A ou B: São realizados 5 jogos de no máximo 5 sets, total de 25 sets. As melhores seleções se classificam para as quartas de final.
Quartas de final: 1 jogo com no máximo 5 sets. Os vencedores competem na semifinal.
Semifinal: Os vencedores em 1 jogo de no máximo 5 sets disputam a medalha de ouro e os perdedores a de bronze.
Final: Acontece o oitavo jogo com no máximo 5 sets, dando um total de 40 sets.
Os sets utilizados no estudo para quantificar os fundamentos são expostos na tabela 1.
Tabela 1. Sets utilizados no estudo
Campeonato |
Confronto Estudado |
Set |
Etapa |
Tempo da gravação |
Mundial de 98 (n = 1) |
Brasil x Itália |
5º |
Semifinal |
8` 33`` |
Copa do Mundo do Japão 99 (n = 6) |
Brasil x Estados Unidos Brasil x Itália Brasil x Cuba |
1º e 3º 1º e 2º 2º e 3º |
Classificatória Classificatória Classificatória |
19` 05`` / 10` 05`` 13` 36`` / 14` 08`` 16` 03`` / 18` 07`` |
Campeonato Italiano de 00 (n = 1) |
Sisley x Asystel |
3º |
Final |
20` 50`` |
Olimpíada de 00 (n = 6) |
Rússia x Cuba Brasil x Argentina Itália x Argentina Rússia x Iugoslávia |
3º e 5º 1º 2º e 3º 2º |
Quartas de final Quartas de final 3º lugar Final |
17` 47`` / 12` 16` 42`` 16` 06`` / 17` 17`` 12` 35`` |
Copa América de 01 (n = 4) |
Brasil x Cuba Argentina x Estados Unidos Cuba x Estados Unidos Argentina x Cuba |
5º 1º 3º 5º |
Classificatória Classificatória Classificatória Semifinal |
20` 08`` 20` 04`` 18` 51`` 13` 31`` |
Liga Mundial de 02 (n = 6) |
Polônia x Brasil Brasil x Argentina Portugal x Brasil Rússia x Itália Brasil x Iugoslávia Itália x Iugoslávia |
3º 4º 3º 3º 2º 2º |
Classificatória Classificatória Classificatória Semifinal Semifinal 3º lugar |
23` 21` 28`` 12` 33`` 18` 03`` 17` 24` 51`` |
Mundial de 02 (n = 6) |
Argentina x Austrália Itália x Croácia Polônia x Itália Japão x Iugoslávia Cuba x Holanda |
2º 1º 4º e 5º 2º 2º |
Classificatória Classificatória Classificatória Classificatória Classificatória |
21` 52`` 15` 33`` 19` 04`` / 11` 19`` 17` 24`` 17` 45`` |
Campeonato Paulista de 02 (n = 2) |
Suzano x Johnson Guarulhos Palmeiras x Suzano |
2º 2º |
Classificatória Classificatória |
22` 12`` 20` 56`` |
Jugos Abertos do Interior de São Paulo de 02 (n = 2) |
Guarulhos Palmeiras x Araraquara Suzano x Mogi das Cuzes |
1º 1º |
3º lugar Final |
20` 27`` 21` 35`` |
Liga Mundial de 03 (n = 3) |
Brasil x Itália Brasil x Sérvia e Montenegro |
2º 2º e 5º |
Classificatória Final |
24` 54`` 19` 25`` / 21` 13`` |
Olimpíada de 04 (n = 1) |
Itália x Argentina |
4º |
Quartas de final |
25` 43`` |
Campeonato Italiano de 04 (n = 2) |
Casa Modena x Ferrara Maxicono Parma x Sisley |
1º 2º |
Semifinal Semifinal |
18` 41`` 17` 33`` |
Foi utilizado para gravar os jogos e contar os fundamentos do central um vídeo cassete Semp Toshiba VC-X680, uma televisão CCE de 30 polegadas, um controle remoto do vídeo com duas pilhas Eveready e 10 fitas de vídeo JVC T-120. Também foi usado 160 scouts para mensurar os fundamentos do bloqueador, uma prancheta Rinoceronte, uma lapiseira Compactor 0,7 mm, grafite 2b Faber Castell, uma borracha Mercur Desenho Clean e uma cadeira de escritório.
Na coleta de dados o pesquisador ficou sentado numa distância de 75 cm da televisão. Para o professor sempre permanecer na metragem exata foi fixado uma durex azul escuro no solo com intuito de avisar o adequado afastamento do televisor. No decorrer da contagem dos fundamentos do central o scout esteve apoiado numa prancheta e através da lapiseira eram marcadas as ações no instrumento de coleta de dados. Quando ocorria um engano na determinação do fundamento realizado era apagado o sinal inadequado do scout. Imediatamente era visto novamente a imagem para perfeito risco no scout. Além do uso do rebobinar, quando necessário o autor utilizou outros efeitos especiais (stop, pause, avançar, câmera lenta ou quadro a quadro) para adequada contagem dos fundamentos. O scout é apresentado a seguir:
Quadro 1. Scout das ações esportivas do central.
Atleta: ................... Jogo: .................. Set: ......... Disputa: ........................................... Etapa: .................................
Fita: .............. Placar: .................. Tempo da Gravação: ..................................
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Saque em suspensão |
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Escore Bruto do Saque em suspensão |
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Saque tipo tênis |
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Escore Bruto da Corrida |
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Passe de toque de frente para a bola |
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Passe de manchete de frente para a bola |
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Passe de manchete com rotação do tronco |
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Passe de manchete de costas |
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Escore Bruto do Passe |
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Levantamento de toque direcionado para frente |
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Levantamento de toque direcionado para o lado |
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Levantamento de toque direcionado para trás |
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Levantamento de manchete de frente para a bola |
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Levantamento de manchete com rotação do tronco |
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Levantamento de manchete de costas |
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Escore Bruto do Levantamento |
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Central com o corpo direcionado para frente, corta para frente |
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Central com o corpo direcionado para frente, faz a largada na frente |
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Central com o corpo direcionado para frente, empurra a bola para o centro da quadra |
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Central com o corpo em direção à diagonal, direciona a cortada para diagonal |
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Central com o corpo em direção à diagonal, faz a largada na diagonal |
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Central com o corpo em direção à diagonal, empurra a bola para a diagonal |
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Central com o corpo direcionado para frente, muda esta posição para diagonal e corta na diagonal |
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Central com o corpo direcionado para frente, muda esta posição para diagonal e faz a largada na diagonal |
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Central com o corpo direcionado para frente, muda esta posição para diagonal e empurra a bola para diagonal |
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Central com o corpo direcionado para diagonal, muda esta posição para frente e corta na frente |
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Central com o corpo direcionado para diagonal, muda esta posição para frente e faz a largada na frente |
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Central com o corpo direcionado para diagonal, muda esta posição para frente e empurra a bola para frente |
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Central com o corpo direcionado para diagonal, muda esta posição para outra diagonal e corta na diagonal |
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Central com o corpo direcionado para diagonal, muda esta posição para outra diagonal e faz a largada na diagonal |
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Central com o corpo direcionado para diagonal, muda esta posição para outra diagonal e empurra a bola na diagonal |
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Central com o corpo direcionado para diagonal, corta na outra diagonal |
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Central com o corpo direcionado para frente, corta na diagonal |
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Outras ações |
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Escore Bruto da Cortada |
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Finta na rede |
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Escore Bruto da Finta |
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Bloqueio simples com balanceio dos membros superiores |
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Bloqueio duplo com balanceio dos membros superiores |
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Bloqueio triplo com balanceio dos membros superiores |
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Bloqueio simples com balanceio dos membros superiores e praticando a passada frontal |
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Bloqueio simples com balanceio dos membros superiores e praticando a passada lateral |
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Bloqueio duplo com balanceio dos membros superiores e praticando a passada frontal |
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Bloqueio duplo com balanceio dos membros superiores e praticando a passada lateral |
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Bloqueio triplo com balanceio dos membros superiores e praticando a passada frontal |
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Bloqueio triplo com balanceio dos membros superiores e praticando a passada lateral |
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Bloqueio simples com as mãos saindo na altura do peitoral |
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Bloqueio duplo com as mãos saindo na altura do peitoral |
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Bloqueio triplo com as mãos saindo na altura do peitoral |
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Bloqueio simples com as mãos saindo na altura do peitoral e praticando a passada frontal |
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Bloqueio simples com as mãos saindo na altura do peitoral e praticando a passada lateral |
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Bloqueio duplo com as mãos saindo na altura do peitoral e praticando a passada frontal |
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Bloqueio duplo com as mãos saindo na altura do peitoral e praticando a passada lateral |
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Bloqueio triplo com as mãos saindo na altura do peitoral e praticando a passada frontal |
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Bloqueio triplo com as mãos saindo na altura do peitoral e praticando a passada lateral |
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Escore Bruto do Bloqueio |
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Deslocamento lateral para realizar a defesa |
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Deslocamento frontal para realizar a defesa |
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Deslocamento para trás para realizar a defesa |
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Escore Bruto do Deslocamento defensivo |
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Defesa de manchete de frente para a bola |
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Defesa de manchete com rotação do tronco |
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Defesa de toque de frente para a bola |
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Defesa de mergulho (peixinho) com um dos braços |
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Defesa de mergulho (peixinho) com manchete |
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Defesa com um dos braços |
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Escore Bruto da Defesa |
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Cobertura de bloqueio |
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Escore Bruto da Cobertura de bloqueio |
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(O original tem 52,7 cm de comprimento por 17,8 cm de largura)
Os sets selecionados para a pesquisa do central estudado teve a mesma função tática e específica. Atuava no bloqueio, no ataque na rede, na finta na rede, no saque e na defesa. Em cada set um central era escolhido para o pesquisador contar os fundamentos, no caso de substituição em quadra por outro central, era quantificado o número de fundamentos do substituto.
Cada equipe de voleibol possui dois centrais, dando um total de quatro. Com o intuito de não perder nenhuma ação de cada central o mesmo set foi visto quatro vezes para serem mensurados os fundamentos de cada meio de rede. Os 40 sets foram vistos quatro vezes dando um total de 160 observações para recolher as ações desses jogadores. Outro cuidado tomado foi possuir sets de várias épocas e de diferentes campeonatos porque uma quantificação heterogênea sofreria menos influência da tática da equipe nos números dos fundamentos dos centrais, gerando em maior precisão nas ações desempenhadas por esse jogador.
Os resultados foram apresentados pela média, desvio padrão, total e percentual. A diferença da quantidade de cada fundamento do central foi calculada usando a Anova one way com resultados aceitos com nível de significância de p≤0,05. O teste posterior de Scheffé determinou a diferença das médias aceitando um nível de significância de p≤0,05. Todos os dados estatísticos foram calculados conforme os procedimentos do SPSS 12.0 para Windows.
Resultados
A tabela 2 apresenta a estatística descritiva da quantidade de fundamentos do central em 8 jogos.
Tabela 2. Média e desvio padrão de fundamentos dos quatro centrais
Foi calculada a diferença da média dos fundamentos dos centrais porque o uso dessa estatística inferencial permite ao técnico dar mais atenção a certos fundamentos e outros menos, durante o treino técnico e/ou do treino situacional. A Anova one way revelou diferença significativa (p≤0,05) entre os fundamentos, F = 141,91. O teste posterior de Scheffé apresentou a diferença significativa (p≤0,05) entre algumas médias dos fundamentos dos centrais. A tabela 3 expõe a diferença das médias.
Tabela 3. Diferença entre as médias dos fundamentos dos quatro centrais
A figura 1 mostra o total e o percentual dos fundamentos realizados pelos quatro centrais.
Figura 1. Total e percentual dos fundamentos realizados pelos centrais (n = 4)
A tabela 4 mostra a estatística descritiva das atividades realizadas pelos centrais em 8 jogos.
Tabela 4. Média e desvio padrão das atividades dos quatro centrais
Conhecer a diferença da média das atividades do central do voleibol masculino é importante para o técnico poder dosar os valores dessas ações durante o treinamento. Essas idéias seguiram as recomendações de Marques Junior7, as atividades que acontecem mais precisam de ênfase no treino e cautela na prescrição porque geram mais contusões no voleibolista.
Os fundamentos com salto são onde ocorrem mais contusões no voleibol, em seguida acontece na ação defensiva e por último nas outras ações. O técnico que possui esses valores como referência pode estruturar a sessão da seguinte maneira: 2ª feira treino situacional e jogo – ocorre muito salto e bastante defesa, 3ª feira treino de saque tênis, seguido de passe e levantamento – a sessão não possui salto e defesa, 4ª e 5ª feira descanso, 6ª feira jogo amistoso – alta exigência de todas as atividades do voleibol. Sabendo da importância de estabelecer a diferença das atividades do central durante o jogo, foi utilizada a Anova one way que não apresentou diferença significativa (p>0,05) nas atividades praticadas pelos centrais, F = 3,27.
A figura 2 mostra o total e o percentual das atividades praticadas pelos quatro centrais.
Figura 2. Total e percentual das atividades realizadas pelos centrais (n = 4)
Nas tabelas e figuras anteriores foram apresentados resultados de quatro centrais do voleibol masculino. Esses valores estiveram de acordo com o modelo de campeonato dos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008, aconteceram 8 jogos e cada um com 5 sets, dando um total de 40 sets. Esses 40 sets é o máximo que pode ser jogado na Olimpíada de 2004 e 2008. Para o técnico utilizar o resultado dessa pesquisa para prescrever o treino técnico e/ou o treino situacional, indica-se a figura 3 porque é mostrada a média de fundamentos em 8 jogos de um central do voleibol na quadra. A seguir são expostos os fundamentos:
Figura 3. Média de fundamentos praticados pelo central em 8 jogos
Discussão e conclusão
Quantificar os fundamentos do central com scout exige muita atenção para determinar o fundamento realizado. Porém, com o tempo de uso desse equipamento o pesquisador chega próximo da perfeição. Entretanto, o scout apresenta limitações na contagem dos fundamentos, mas nada invalida o uso desse instrumento, sendo bem aceito na literatura8.
Esta pesquisa esteve de acordo com a literatura2, o maior número de atividades efetuadas pelo central foram os saltos, 77%. Consultando Arruda e Hespanhol9, a elevação do centro de gravidade do central são os maiores esforços desse atleta no jogo. Então parece que a inclusão do líbero foi importante porque esse atleta faz uma atividade intensa na rede e costuma ser substituído quando vai para a defesa pelo especialista nesta tarefa, podendo descansar dos diversos saltos.
Também foi evidenciado neste estudo que dois fundamentos o central não é designado para efetuar, mas no jogo acaba praticando. O primeiro é o passe, acontece quando o saque é curto e o central está recuando para fazer a futura cortada ou finta na rede, vindo a bola em sua direção, obrigando a realizar a recepção. O segundo é o levantamento, acontece porque o distribuidor não pode chegar à bola ou fez o primeiro toque, como o central se encontra perto da bola ele faz essa tarefa.
Nesta pesquisa o teste posterior de Scheffé mostrou que o bloqueio teve diferença significativa (p≤0,05) em relação a todos os outros fundamentos. Cada central faz por partida uma média de 50,96 bloqueios em 8 jogos. Os resultados estiveram de acordo com a literatura, o fundamento mais praticado pelo central é o bloqueio10,11, contudo, os valores dos bloqueios diferiu do estudo de Rocha e Barbanti12, em 12 jogos aconteceu 34±5,62 bloqueios, talvez isso tenha acontecido por causa do número de partidas.
Em 8 jogos, cada central fez 12,18 cortada. Esses resultados foram similares ao do estudo de Santos et alli13, aconteceu 12 ataques. Quando o número de jogos é superior ao do estudo, os resultados de ataques diferem ao dessa pesquisa14.
Os demais fundamentos (saque, defesa, passe, levantamento, etc.) não foram encontradas nenhuma referência sobre o central para confrontar com esse estudo.
Em conclusão, o número de fundamentos do central é uma referência para o treinador prescrever o treino técnico e o treino situacional para esse atleta. Merecendo ênfase na prescrição do treinamento do bloqueio, da cortada, da finta e do saque. Porém, indica-se que o central também treine em menor quantidade os demais fundamentos.
Referências
Simões R et alii (2009). Efeitos do treinamento neuromuscular na aptidão cardiorrespiratória e composição corporal de atletas de voleibol do sexo feminino. Rev Bras Med Esporte 15(4):295-8.
Marques Junior N (2009). Fundamentos praticados pelo defensor durante o jogo de voleibol na areia. Conexões 7(1):61-76.
Anadaki Junior et alii (2010). Análise do rodízio no número de saltos de bloqueio durante a Superliga de voleibol 2007/2008. Lecturas: Educ Fís Deportes 14(140):1-4. http://www.efdeportes.com/efd140/analise-do-rodizio-no-numero-de-saltos-de-bloqueio.htm
Haiachi M et alii (2008). Análise das ações de salto na fase final da Liga Mundial de voleibol 2005. Lecturas: Educ Fís Deportes 13(126):1-6. http://www.efdeportes.com/efd126/acoes-de-salto-na-fase-final-da-liga-mundial-de-voleibol.htm
Marques Junior N (2011). Predição da pontuação do atacante de ponta do voleibol masculino. Educ Fís Rev 5(3):1-11.
Ramos M et alii (2009). Avaliação do desenvolvimento das habilidades técnico-táticas em equipes de voleibol infantil masculino. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 11(2):181-9.
Marques Junior N (2003). Lesões no voleibol e o treinamento técnico. Rev Min Educ Fís 11(1):67-75.
Tavares F (2006). Analisar o jogo nos esportes coletivos para melhorar a performance. Uma necessidade para o processo de treino. In: Rose Junior D (Org.). Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. p. 60-7.
Arruda M, Hespanhol J (2008). Fisiologia do voleibol. São Paulo: Phorte, 2008.
Viscovi J, Dunning L (2004). A comparison of positional jumping characteristics of NCAA division I college women`s volleyball teams: a follow-up study. Int J Volleyball Rev 7(1):10-6.
Bertorello, A. (2008). Cantidad, tipo e intermitencia de los saltos en el voleibol masculino. Lecturas: Educ Fís Deportes 13(121):1-7. http://www.efdeportes.com/efd121/cantidad-tipo-e-intermitencia-de-los-saltos-en-el-voleibol-masculino.htm
Rocha M, Barbanti V (2007). Análise das ações de saltos de ataque, bloqueio e levantamento no voleibol feminino. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 9(3):284-90.
Santos S et alii (2007). Fatores que interferem nas lesões de atletas amadores de voleibol. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 9(2):189-95.
Rocha C, Barbanti V (2004). Uma análise dos fatores que influenciam o ataque no voleibol masculino de alto nível. Rev Bras Educ Fís Esp 18(4):303-14.
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