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Efeitos de um programa de natação sobre a 

flexibilidade de crianças com idades entre 8 e 15 anos

Efectos de un programa de natación sobre la flexibilidad de niños de 8 a 15 años

 

*Graduado em Educação Física - Bacharelado – FACIMED – Cacoal, RO

**Mestre em Ciências da Saúde – UnB – Brasília, DF

(Brasil)

João Carlos Raasch*

Nelson Soares de Melo*

Kleber Farinazo Borges**

professorkleber@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A flexibilidade é um componente importante da aptidão física, ela auxilia na melhora do condicionamento e, como intervém sobre a mobilidade articular, facilita a aquisição de técnicas esportivas. O objetivo deste estudo foi efetuar uma pesquisa de campo para comparar a flexibilidade de indivíduos praticantes e não praticantes de natação. A amostra foi composta por indivíduos de ambos os sexos sendo 31 indivíduos praticantes de natação e 31 não praticantes. Para caracterização da flexibilidade foi utilizado o banco de Wells e para comparação dos resultados foi utilizado o protocolo descrito por Gorla (1997). A média geral do índice de flexibilidade se apresentou em 27,9 ± 5,76 cm, sendo que o menor índice de flexibilidade se apresentou em 15,2 cm e o maior índice se apresentou em 43,4 cm. Verificou-se que o nível de flexibilidade é maior nos indivíduos praticantes de natação podendo, portanto considerar a modalidade como propiciadora dessa valência física.

          Unitermos: Flexibilidade. Natação. Crianças.

 

Abstract

          Flexibility is an important component of physical fitness, it helps in the improvement of conditioning and, as a statement on joint mobility, facilitates the acquisition of technical sports. The aim of this study was to perform a field research to compare the flexibility of athletes and non-practicing swimming. The sample was composed of individuals of both sexes and 31 subjects engaged in swimming and 31 non-practitioners. To characterize the flexibility we used the database for Wells and comparison of results, the protocol described by Gorla (1997). The overall mean flexibility index was presented in 27.9 ± 5.76 cm, and the lowest of flexibility presented by 15.2 cm and the highest rate is presented on 43.4 cm. If found that the level of flexibility is greater in individuals practicing swimming can therefore be considered as a modality that nurtures physical valence.

          Keywords: Flexibility. Swimming. Children.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    A flexibilidade é definida como a amplitude de um dado movimento articular ou de um grupo de músculos e/ou articulações, quando solicitados na realização de movimentos. Os índices de flexibilidade resultam da elasticidade dos músculos, associada à mobilidade das articulações. Estas se mantêm estáveis devido aos ligamentos, aos tendões e às cápsulas existentes nas respectivas estruturas, compostas principalmente por tecidos conectivos elásticos. Se todos esses tecidos conectivos e o tecido muscular apresentarem bom estado de elasticidade, consequentemente conseguiremos elevados índices de flexibilidade (GUEDES & GUEDES, 1995).

    Segundo Alter (1999), a flexibilidade torna-se específica para determinados grupos de esporte tanto quanto a uma determinada articulação, em determinado lado e uma determinada velocidade. Porém dentro dos grupos de esportes existem padrões particulares de flexibilidade os quais estão relacionados aos movimentos articulares realizados em cada modalidade esportiva. “Essas articulações que demandam flexibilidade são características de determinado esporte de cada subgrupo dentro de um esporte”.

    Grau (2003) realizou um teste de flexibilidade em dois amigos professores de natação e ótimos nadadores. Segundo o mesmo os pesquisados possuíam uma excelente flexibilidade nos ombros, nos movimentos simples de antepulsão (braço para cima e na vertical) e retropulsão (braço para baixo e para trás). Porém, ao tensionar os músculos propulsores do nado crawl sem provocar algum tipo de compensação, tornou-se possível constatar que, para manter a mesma amplitude de ombro, de antepulsão e de retropulsão, havia uma diminuição da amplitude do movimento expiratório no nível do tórax, ou uma rotação do cotovelo, ou mesmo um desarranjo dos gestos da mão. Com isso o autor concluiu que seria necessário orientar os alongamentos objetivando os seguintes resultados: a cadeia do membro superior, para melhorar a amplitude da propulsão; o retorno aéreo da mão; a amplitude do movimento respiratório; a amplitude dos movimentos das extremidades.

    Corroborando com essas observações, Araújo (1999) comparou atletas de diversas modalidades entre si e com não atletas, evidenciando que os praticantes de natação encontravam-se entre os mais flexíveis.

    Segundo Achour Junior (2002), flexibilidade é a capacidade motora originada pela genética e pelo meio ambiente, sendo este último o que diz respeito aos exercícios e ao estilo de vida. É descrita pela maior medida possível de movimento de um grupo músculo-articular, sem que provoque lesões.

    Pesquisas têm mostrado que vários esportes requerem o desenvolvimento de padrões de flexibilidade específicos para alcançar sucesso na modalidade escolhida, entre estas modalidades esportivas está a natação. Sendo assim, o treinamento da flexibilidade deve ser prescrito e aplicado de acordo com a modalidade praticada (ALTER; 1999).

    A influência da flexibilidade no esporte e no desempenho atlético depende diretamente do esporte e da posição. Por exemplo, um grau elevado de flexibilidade é necessário para ser bem sucedido na ginástica e na natação, ao mesmo tempo em que graus diferentes de flexibilidade são exigidos para as diferentes posições no futebol e baseball. (BLUM & BEAUDOIN apud LOPES & GODOY, 2005)

    Segundo Farinatti (2000) a especificidade da modalidade praticada incide diretamente no grau de flexibilidade obtido pelo praticante.

    Para Alter (1999), a flexibilidade pode reduzir os tempos da natação através do aumento da velocidade do nadador. “Essa melhora é realizada aumentando-se a distância ou amplitude na qual a força é aplicada”. Lewin apud Alter (1999), identificou cinco partes principais do corpo que merecem especial atenção no desenvolvimento da flexibilidade para intensificar a natação, que são: os tornozelos, os quadris, coluna vertebral, ombros e joelhos.

    Möller, Oberg & Gillquist (1985) investigaram o efeito de uma única sessão de treinamento de futebol sobre a flexibilidade das articulações do quadril, joelho e tornozelo, onde verificaram uma redução significativa que perdurou até 24 horas. Numa outra perspectiva, Ekstrand & Gillquist (1982) e Oberg et al. (1984) compararam a mobilidade articular de jogadores de diversas posições, chegando à conclusão de que não havia associação significativa. Em todos os casos, porém, a comparação com grupos controle revelou que existiria um declínio progressivo da flexibilidade com a prática continuada do futebol. Esses resultados foram confirmados mais recentemente por McHugh et al. (1993), propondo que jogadores de futebol de mais de 30 anos exibiriam perfis inferiores de flexibilidade estática de tronco, quadril e membros inferiores, quando comparados com jogadores mais jovens.

    Em 1976, com os Jogos Olímpicos de Montreal, a atenção dos pesquisadores foi despertada novamente pela natação, devido aos resultados alcançados pelas nadadoras da então República Democrática Alemã. Métodos sofisticados de medida e avaliação de nadadores foram desenvolvidos, objetivando discriminar potencialidades e orientar o praticante segundo suas características fisiológicas e antropométricas (MARINO, 1984). A flexibilidade, invariavelmente, toma parte nesses instrumentos (COLMAN et al. 1989).

    Conforme exposto verificamos que a flexibilidade influencia diretamente na mobilidade em algumas modalidades esportivas e em maior ocorrência na natação. Desta forma esse estudo tem o objetivo de comparar a flexibilidade de indivíduos praticantes e não praticantes de natação.

2.     Materiais e métodos

    O presente estudo se caracteriza como sendo uma Pesquisa de Campo, utilizando o método descritivo transversal com abordagem tipo quali-quantitativa.

    A amostra foi composta por indivíduos de ambos os sexos sendo 31 indivíduos praticantes de natação e 31 não praticantes. A amostra se deu por conveniência que segundo Crespo (1998) é formada por sujeitos facilmente acessíveis, que estão presentes num determinado local e momento preciso.

    Como materiais foram utilizados o banco de Wells que consiste em uma caixa de madeira especialmente construída apresentando dimensões de 30,5 x 30,5 centímetros, tendo a parte superior plana com 56,5 centímetros de comprimento. Para efeito de comodidade se utilizou também um Colchonete, dimensões de 1,00 x 60x 3,0cm, marca DEMEX, sem que oferecesse, contudo, influência sobre o resultado.

    A coleta de dados dos indivíduos praticantes de natação ocorreu em uma competição regional observando para critério de inclusão, além da classificação da idade na faixa etária pertinente a pesquisa, a autorização dos responsáveis legais com assinatura do respectivo termo de consentimento livre e esclarecido. A coleta dos dados dos não praticantes de natação ocorreu em um estabelecimento público de ensino que dispunha de quatro turmas com faixa etária pertinente as exigências da pesquisa que nos dias pré-estabelecido para avaliação foram avaliados todos aqueles que compareceram com a autorização dos pais respectivamente assinadas.

    Foi aplicado nos mesmos o Teste de “Sentar e Alcançar” Banco de Wells, onde foi observado a medida linear dos participantes e comparado com o Protocolo de Wells & Dillon (1952) e a Tabela de Gorla (1997). Carnaval (2000) descreve os procedimentos do teste de Wells:

    “Consiste em medir a distância, em centímetro, que os pontos dactylion ficam em relação ao ponto zero, situado ao nível de região plantar, estando o indivíduo sentado no chão, com os joelhos estendidos. Os valores serão positivos quando o testado, ao flexionar o tronco, conseguir ultrapassar o nível de a região plantar; negativos, caso o contrário”.

    Os dados coletados foram preparados no programa Microsoft Office Excel 2007 e posteriormente processados no programa BIOESTAT 5.0 utilizando como parâmetros comparativos os valores referenciados por Gorla (1997) que seguem no quadro abaixo.

Quadro de comparação

3.     Resultados

    A amostra apresentou a média de idade em 11,1 ± 1,9 anos, sendo que a média de idade verificada separadamente por grupo (treinados e não treinados) foi de 11,1 ± 2,1 anos para treinados e 11 ± 1,7 anos para não treinados. Considerando a amostra por faixa etária se obteve o resultado descrito na tabela 1.

Tabela 1. Quantidade de indivíduos por faixa etária

    A média geral do índice de flexibilidade se apresentou em 27,9 ± 5,76 cm, sendo que o menor índice de flexibilidade se apresentou em 15,2 cm e o maior índice se apresentou em 43,4 cm. A flexibilidade considerada por grupo (treinados e não treinados) está representada na tabela 2.

Tabela 2. Flexibilidade de praticantes e não praticantes de natação

    Quando classificada a flexibilidade, conforme protocolo, se observa quanto aos indivíduos praticantes de natação, que a única classificação observada foi excelente, já quanto aos indivíduos não treinados se observa o maior índice na classificação excelente (71%), sendo ainda observada mais duas classificações respectivamente, a classificação bom (16,1%) e a classificação médio (12,9%). Não se observaram as demais classificações (fraco e regular).

4.     Discussão

    Observa-se que a idade tanto do grupo de praticantes quanto do grupo não praticantes se apresentou com a média muito próxima dando a entender que a amostra é bem homogênea. Já quanto ao objetivo do estudo propriamente dito, verifica-se de forma geral que a média de flexibilidade obtida esta classificada em excelente, porém abaixo da média obtida no estudo de Guarnieri (2006), que observou valor próximo de 34,5 cm para a média.

    Considerando as amostras separadamente se observa que a média obtida no grupo praticante de natação é bem mais expressiva que a do grupo não praticante confirmando as observações feitas por Araujo (1999) e Grau (2003) acerca da flexibilidade ser maior em indivíduos treinados.

    Vale ressaltar que o menor índice observado no grupo principal (praticantes de natação) se classifica em excelente, não apresentando, portanto, menor classificação que esta. Já no grupo não praticante se observou, além da classificação excelente, as classificações médio e bom e, contudo, se observa uma diferença de aproximadamente sete centímetros entre as médias do grupo de praticantes e não praticantes que pode ser traduzido como resultado positivo da pratica regular de natação.

    Observando todos os resultados, se verifica uma corroboração com a literatura que afirma o aumento de flexibilidade com a pratica de natação.

5.     Conclusão

    A partir dos resultados apresentados, conclui-se que a modalidade estudada proporciona o aumento da flexibilidade dos praticantes, contudo é necessário um estudo mais específico para identificar os fatores proporcionadores dessa flexibilidade visto não ser esse o escopo principal desse estudo.

    O estudo confirma também as considerações da literatura acerca da proporção da flexibilidade através da natação, porém deixa vaga a questão da influência real da modalidade em relação a outras modalidades que também são caracterizadas pela literatura como proporcionadoras da valência física. Com isso sugere-se a execução de um estudo comparativo entre diferentes modalidades visando à caracterização da proporção da flexibilidade em cada uma.

    Seria interessante também avaliar de forma contínua a população de praticantes, para melhor caracterizar o índice de flexibilidade.

Referencias

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