A influência de baixos níveis de motivação em atletas de handebol do interior de São Paulo La influencia de los bajos niveles de motivación en jugadores de balonmano del interior de Sao Paulo |
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*Bacharel em Educação Física com Especialização em Psicologia do Esporte **Professor Livre Docente e Coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte (LEPESPE) UNESP, Rio Claro (Brasil) |
Thayz Carina Sousa de Figueiredo* Afonso Antonio Machado** |
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Resumo O estudo da motivação é importante principalmente na compreensão da sua influência sobre o desempenho esportivo e o bem-estar dos atletas. Ela pode ser caracterizada por fatores pessoais (motivação intrínseca) e ambientais (motivação extrínseca). No caso de estar desmotivado, um esportista não desempenhará ou desempenhará mal sua tarefa. Por essas razões este estudo analisou a influência de baixos níveis de motivação na percepção de desempenho de atletas de handebol do interior de São Paulo, buscando também descobrir quais são os fatores que levam a baixos níveis de motivação. Participaram da pesquisa 22 atletas de handebol masculino da categoria adulto, ambas disputando na Liga de Handebol do Estado de São Paulo de 2010. Os atletas responderam um questionário que contou com afirmações com relação à prática do handebol. Para cada uma das questões foi utilizada uma escala Likert de cinco pontos no qual o participante indicava, em uma graduação, o quanto concordava com cada proposição. Os dados foram analisados descritivamente. Foram encontrados resultados que corroboram com a literatura, com relação aos fatores que desencadeiam baixos níveis de motivação, que estão também entre as causas do abandono esportivo. Porém, os resultados obtidos sugerem que os atletas pesquisados, mesmo os que se mostraram desmotivados, não apresentaram, em sua maioria, propensão a parar de praticar handebol, mostrando que falta de motivação pode estar presentes entre atletas, não necessariamente desencadeando o abandono do esporte. Unitermos: Motivação. Handebol. Técnico.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Na Psicologia moderna, o termo motivação é utilizado para indicar a intensidade do esforço e a direção do comportamento humano, que designa a finalidade deste comportamento, e porque as pessoas se orientam a um ou outro objetivo. Sem a motivação não conseguiríamos dirigir e prosseguir em nossas ações, o que nos tornaria seres apáticos.
Na atividade física e no esporte, a motivação é produto de um conjunto de variáveis sociais, ambientais e individuais que determina a eleição de uma modalidade física ou esportiva e a intensidade da prática dessa modalidade, que determinará o rendimento (ESCARTÍ e CERVELLÓ, 1994 apud HERNANDEZ, 2004)
Magill (1984) relaciona o termo motivação à palavra motivo, e cada motivo apresentará uma força distinta, devido à diferença de personalidade entre cada indivíduo (RODRIGUES, 1991 apud MACHADO, 1997). Essa diferença fará com que um indivíduo se sinta mais motivado do que outro, diante de uma mesma situação.
Os motivos podem ser classificados de acordo com sua fonte. Alguns motivos são originários de fontes externas e da tarefa, incluindo as diversas recompensas manifestas ou latentes, como o elogio e as demonstrações de sucesso, os presentes e o dinheiro. Outras fontes de motivação podem ser resultado da estrutura psicológica do indivíduo e de suas necessidades pessoais de sucesso, sociabilidade e reconhecimento, bem como aquelas que parecem derivar de características da própria tarefa, tais como a novidade e a complexidade da experiência mental ou motora com a qual o indivíduo se defronta (CRATTY, 1984).
No esporte e na atividade física a motivação tem forte relevância, tanto quando se questiona rendimento, na influência no bem-estar dos atletas, quanto quando se fala em aderência e abandono (MORENO, 2005). Sem a motivação, um esportista não desempenhará ou desempenhará mal sua tarefa.
Numa visão ampla, o termo motivação denota fatores e processos que levam as pessoas à ação ou à inércia em situações diversas (CRATTY, 1984). A essa inércia, chamamos “estado de apatia”. No estado de apatia, intervém reações como apatia mental, estado de mau humor, aversão à competição, descontentamento e intensidade diminuída de percepção, pensamento e concentração (SAMULSKI, 2002).
O estado de apatia também pode ser considerado estado de falta de motivação. As causas dessa falta de motivação no esporte estão relacionadas, principalmente, às dificuldades de relacionamento com o técnico, monotonia dos treinamentos, falta de habilidades esportivas, pequena participação nas competições, decepção das expectativas iniciais com os resultados finais obtidos, ausência ou reduzida vida pessoal fora do esporte, falta de apoio de familiares e amigos, sentimento de isolamento diante da equipe técnica, carência de reforços positivos pelos resultados conseguidos, estresse competitivo, falta de diversão, esgotamento, falta de companheirismo, excessivo tempo de dedicação e lesões. Esses mesmos motivos podem levar ao abandono do esporte.
A ocorrência do abandono das atividades esportivas por parte dos jovens já é um fenômeno estudado por alguns pesquisadores. O estudo e o conhecimento das principais motivações que levam os jovens a abandonarem o esporte é uma necessidade para evitar que tal problema cresça ainda mais entre eles.
Como maneira de se evitar esse abandono à prática esportiva, deve-se buscar estratégias motivacionais, sobretudo por parte dos técnicos, pois se observa que todas essas causas estão diretamente relacionadas com o processo motivacional do treinamento desportivo. Singer (1984) afirma que indivíduos que se tornam mais satisfeitos com suas experiências esportivas provavelmente vão continuar praticando.
Tutko e Richards (1984) reiteram que, provavelmente, o papel mais importante que um técnico desempenha é o de motivador. Sua personalidade, convicção, fins e técnicas de motivação são o principal para o desenvolvimento das atitudes de seus jogadores e o para o grau de sucesso que estes alcançarão.
Em síntese, o entusiasmo, a paixão, o estímulo, o suporte emocional e a orientação para vencer os desafios e os obstáculos de forma efetiva, combinados com o estilo de comunicação e a compatibilidade psicológica do treinador com seus atletas, têm uma correlação significativa com o rendimento desportivo e fazem com que os atletas tenham uma alta ou baixa motivação para o rendimento. Além do mais, estas condutas dos técnicos influem no desenvolvimento da coesão grupal e esta, por sua vez, determina a percepção da eficiência coletiva e de satisfação dos atletas.
Objetivo
Este estudo pretende analisar se há interferência de falta de motivação na percepção de desempenho de atletas da categoria adulto de handebol, buscando também descobrir os fatores que levam a baixos níveis de motivação no esporte.
Espera-se descobrir também quais os maiores fatores que ocasionam esses baixos níveis.
Materiais e métodos
Participantes
Participaram da pesquisa atletas de handebol masculino da categoria adulto, de duas equipes do interior de São Paulo, denominadas neste estudo como equipe 1 e equipe 2. Ambas disputando na Liga de Handebol do Estado de São Paulo. Sendo a equipe de 2 mais experiente em relação a equipe 1 muito nova, participando pela primeira vez do campeonato.
A amostra foi composta por 22 atletas, dos quais, 45% faziam parte da equipe 1 (n=10) e 55% da equipe 2 (n=12).
A média de idade dos atletas foi de 23,3±4,85 anos, com amplitude de 16 a 34, sendo a equipe 2 predominantemente mais velha que a 1.
Os atletas começaram a treinar handebol em média aos 14,31 anos, onde a equipe de 1 predominantemente começou a treinar mais cedo que a equipe de 2; e a quantidade de horas dedicadas aos treinos era em média, de 4,5 horas por semana.
Instrumento
Baseado nos estudos citados anteriormente usou-se uma adaptação de um instrumento criado por Dias e Teixeira (2007), com o intuito de explorar descritivamente os possíveis fatores que levem a baixos níveis de motivação, que podem acarretam no abandono do esporte, e intenção de abandono.
Além de solicitar informações a respeito da idade do atleta, equipe, idade em que começou a treinar, e número de horas que treina por semana, o questionário contou com 20 afirmações relativas a pensamentos e sentimentos em relação à prática do handebol. Para cada uma das questões foi utilizada uma escala Likert de cinco pontos no qual o participante indicava, numa graduação, o quanto concordava com cada proposição.
Os 20 itens foram agrupados em sete categorias: a) Baixo desempenho percebido; b) Reações negativas ao baixo desempenho; c) Cobranças externas; d) Falta de incentivo ou apoio; e) Interferência do handebol em outros interesses/Outros; f) Reações negativas ao treinamento; g) Pensamentos de abandono.
Procedimentos
Os questionários foram aplicados após jogo da Liga de Handebol do Estado de São Paulo, no qual as duas equipes foram adversárias.
Resultados e discussão
Como já citado anteriormente, os 20 itens do questionário utilizado foram agrupados em sete categorias:
Os itens relativos a baixo desempenho percebido foram os seguintes:
“Meu desempenho no handebol está abaixo do que espero para mim mesmo”;
“Não tenho conseguido alcançar as metas que me proponho no handebol”;
“Em competições eu não consigo ter o mesmo desempenho que nos treinos”.
Os itens relativos a reações negativas ao baixo desempenho foram:
“Quando não tenho bons resultados fico muito chateado comigo”
“Não admito que meu desempenho esteja abaixo do melhor que eu possa fazer”
“Eu estou menos preocupado com os meus resultados no handebol do que eu costumava estar”
Cobranças externas:
“Meu treinador me cobra resultados que eu não sei se posso atingir”
“Sinto que não estou correspondendo ao que os outros esperam de mim em relação ao handebol”
Falta de incentivo ou apoio:
“Não recebo incentivo do meu treinador nos treinamentos”
“Sinto que não sou tão valorizado pelo meu treinador quanto meus colegas”
Interferência do handebol em outros interesses/Outros:
“Eu não tenho metas claras em relação ao handebol”
“Tive ou tenho uma lesão que prejudicou ou prejudica meu desempenho no handebol”
“Queria fazer outras coisas que me interessam que não o handebol”
Reações negativas ao treinamento:
“Sinto-me sem vontade de ir para o treino”
“Não estou mais sentindo prazer em treinar”
“Não me sinto entrosado com os meus companheiros de treino”
“Sinto-me muito cansado fisicamente com os treinamentos”
“Sinto que os treinos estão rotineiros e cansativos”
Os itens relativos a pensamentos de abandono foram os seguintes:
“Eu penso em abandonar o handebol”;
“Pergunto-me se vale a pena continuar jogando handebol”.
Isto posto, pode-se discutir acerca das categorias, separadamente.
Na categoria a) baixo desempenho percebido, pode-se perceber que houve respostas heterogêneas em ambas as equipes, e que não houve uma porcentagem predominante de atletas que considerassem as afirmativas totalmente falsas ou totalmente verdadeiras, para todas as perguntas. O que nos leva a questão da individualidade biológica.
É preciso saber que a individualidade biológica influencia no processo de treinamento. O treinamento deve ser o mais individualizado possível às características do atleta e baseado nas suas avaliações individuais para que possa alcançar suas potencialidades máximas.
O que se sugere é que caso o trabalho seja realizado em equipes, é recomendado que seja formados grupos os mais homogêneos possíveis para que todos possam ter um aumento de desempenho similar e otimizado. (AZEVEDO et al, 2007).
Na categoria b) reações negativas ao baixo desempenho, foram encontradas respostas mais direcionadas.
A maior parte dos atletas tem reações negativas ao baixo desempenho. A equipe 2 mostrou-se mais exigente, no caso de não admitir que o desempenho esteja abaixo de seu melhor, mas em ambas as equipes os atletas sentem-se aborrecidos quando não têm bons resultados.
Segundo Serpa (2003), o aborrecimento é um sentimento que os jovens vivenciam quando seus objetivos são repetidamente frustrados.
Samulski (1995) acrescenta que em casos de fracasso, podem surgir reações de frustração como: agressão (direta e indireta), fixação (estado de apatia de movimento), evitação (substituição ou término da atividade).
Pode-se dizer que a maioria dos atletas participantes desse estudo não mudaram significantemente o seu nível de preocupação com os resultados no handebol. Apenas uma pequena porcentagem deles considera-se menos preocupado do que costumava estar. Uma hipótese de Dias e Teixeira (2007) é a de que atletas que já estão pensando em abandonar a prática esportiva deixam de investir no esporte, e por isso, estão menos preocupados com os resultados.
Porém, é importante lembrar que os motivos podem mudar durante a vida do atleta. Um atleta jovem pode ser mais motivado a buscar resultados, no inicio de sua carreira, pela premiação e, com o tempo, após ele ter conseguido uma estabilidade como atleta, ou até mesmo financeira, ele procurará ou sentirá outro tipo de estímulo, como ser motivado a jogar para melhorar o seu próprio recorde (CRATTY, 1984)
As categorias c) cobranças externas e d) falta de incentivo ou apoio podem ser discutidas concomitantemente, pois ambas fazem considerações sobre o técnico.
A maior parte dos atletas, nas duas equipes, acredita que os resultados cobrados por seus técnicos sejam atingíveis. Porém 36,6% não sabem se esses resultados cobrados estão a seu alcance.
De acordo com a literatura, a pressão exercida por pessoas significativas, como o técnico, pode levar ao abandono do esporte. (GOULD et al, 1996; KNIJNIK et al, 2001)
Em contrapartida, nenhum dos atletas da equipe 2 sente que não está correspondendo as expectativas de outros, com relação ao handebol, contra 30% dos atletas da equipe 1; mesmo que, nas duas equipes, as respostas tenham sido bastante equilibradas em cada valor, na escala.
Da mesma forma, poucos foram os atletas que afirmaram não receber incentivo do técnico, mesmo que na equipe 1 essa porcentagem tenha sido relativamente mais alta que na equipe 2.
A maior parte dos atletas da equipe 1 optou pela opção intermediaria na escala, revelando que, talvez, nem sejam incentivados e nem o contrário.
Esse mesmo resultado foi obtido com relação a sentir-se menos valorizado que os colegas. Em ambas as equipes, o resultado revela que somente a minoria acredita não sentir-se valorizado pelo técnico. Segundo Dias e Teixeira (2007), este é um dado bastante interessante, sobre o qual a equipe técnica deve estar atenta, pois pode vir a ser um motivo para que os atletas, sentindo-se sem apoio, abandonem o esporte.
Roxburgh (1996, apud DOBRANSKY e MACHADO, 2007) sugere que cada atleta deve ser considerado um indivíduo e tratado de forma correspondente. Alguns necessitam de um impulso, outros um apoio. É crucial que o técnico descubra a chave para cada atleta, seus motivos, ambições e personalidade.
Um bom técnico necessita também considerar o nível de habilidade do atleta, para fazer cobranças de acordo com o que este pode realizar, bem como suas características individuais, seu temperamento, a idade e nível de experiência.
Na categoria e) Interferência do handebol em outros interesses/Outros foi obtido nas duas equipes que a maioria absoluta dos atletas encontra-se com metas claras, ou relativamente claras em relação ao handebol. Somente uma pequena porcentagem dos atletas da equipe 1 acredita que a afirmativa possa ser relativamente verdadeira a seu respeito.
A importância de o atleta ter metas claras foi um fator citado na pesquisa de Gould et al. (1996). Ter metas faz com que o atleta sinta-se motivado na medida em que há um objetivo a ser atingido. Assim, o atleta empenha-se para a realização deste objetivo, possivelmente tornando-se mais capaz de enfrentar as adversidades que possam surgir.
Já na questão das lesões, pode-se notar que as respostas foram consideradas falsas e verdadeiras numa proporção parecida. Não se sabe, porém, se os atletas que consideraram a afirmativa falsa nunca tiveram lesões, ou se têm, ou já tiveram, mas que estas não prejudicaram de forma alguma o desempenho no handebol.
Segundo Serpa (2003) as lesões encontram-se entre os acontecimentos mais frustrantes e traumatizantes da participação desportiva, pois significam uma interrupção abrupta de um percurso rumo a uma meta na qual se investe significativamente.
Ainda na categoria e) foram encontrados resultados que mostram que as equipes não gostariam de fazer outras coisas que não o handebol. Nenhum dos atletas considerou a afirmativa verdadeira ou parcialmente verdadeira.
Esse resultado confronta com os estudos encontrados na literatura que colocam que o interesse pelo esporte tende a decrescer a medida que os atletas se tornam mais velhos, pois outros fatores despertariam seu interesse, como profissão, por exemplo, fazendo com que o esporte recue na sua escala de valores. (GOULD et al, 1996; VIEIRA, 1999)
A categoria f) mostrou resultados interessantes, nos quais grande parte dos atletas não sentem reações negativas ao treinamento, porém é preciso ficar atento à porcentagem que sente.
36,6% dos atletas, em ambas as equipes, consideraram a afirmativa “Sinto-me sem vontade de ir para o treino” totalmente correspondente ao modo como se sentem, pensam ou agem, mas somente atletas da equipe 1 afirmaram não sentir mais prazer em treinar. O que é um dado interessante, posto que, de acordo com a literatura, atletas que não sentem vontade de treinar, provavelmente não estão mais sentindo prazer nesta atividade (GOULD et al, 1996).
Quanto menos prazer o atleta sente em treinar, mais pensamentos de abandono ele apresenta. Esse dado deixa claro que o prazer na realização da atividade é muito importante (DIAS e TEIXEIRA, 2007).
No caso de sentir-se cansado fisicamente, ou achar que os treinos estão rotineiros e cansativos, os atletas da equipe 2, em sua maioria, discordam dessas afirmativas, contra 50% de atletas da equipe 1 que concordam com elas.
Posto isto, pode-se dizer que a carga de treinos na equipe 2 não é tão pesada a ponto de estafar os atletas, e supõe-se que haja maior dinamismo que nos treinos da equipe 1.
Também na equipe de 2 pode-se observar que os atletas são mais entrosados. O entrosamento é uma característica bastante importante nas equipes. Grande parte de equipes vencedoras, são em excelência bem entrosadas.
Na categoria g) com itens relativos a pensamentos de abandono, obteve-se como resultado que a maioria absoluta dos atletas não pensa em abandonar o handebol, porém 40% dos atletas da equipe 1 considera parcialmente verdadeira a afirmativa “Pergunto-me se vale a pena continuar jogando handebol”.
O que novamente nos leva a um dado interessante, já que é esperado que quem se questiona se vale a pena continuar na prática esportiva, provavelmente já considerou abandoná-la. (GOULD et al., 1996)
Os resultados obtidos em um todo, sugerem que os atletas pesquisados, mesmo os que apresentaram pensamentos de desmotivação, não apresentaram, em sua maioria, propensão a parar de praticar handebol, pelo menos no momento em que foi feito o estudo.
Ao contrário, o item “Eu penso em abandonar o handebol” foi o que menos obteve respostas afirmativas, em todo o estudo. O que nos leva a pensar que estes atletas encontram, de uma maneira ou de outra, algum tipo de motivação, seja intrínseca ou extrínseca, na prática deste esporte.
O que pode ser bem observado, foi que a equipe 2 é muito mais bem preparada psicologicamente que equipe 1. E que a equipe 1 encontra seus maiores índices de falta de motivação relacionados direta ou indiretamente ao técnico.
Vale ressaltar também que os itens que mais tiveram respostas consideradas verdadeiras estão relacionados a fatores internos, pessoais (“Quando não tenho bons resultados no handebol fico muito chateado comigo”, “Não admito que meu desempenho esteja abaixo do melhor que eu possa fazer”) e não os relativos a fatores externos como cobranças ou lesões, por exemplo.
Conclusão
Este estudo mostrou que falta de motivação e pensamentos de abandono do esporte podem estar presentes entre atletas, em maior ou menor grau. Ainda que não se intensifiquem a ponto de resultar em um abandono, eles fazem parte da experiência esportiva dos jovens e se associam a outras dificuldades específicas. Cabe ao psicólogo do esporte e ao técnico estarem atentos e sensíveis a estas dificuldades, não apenas para prevenir o abandono, mas principalmente para manter e/ou promover a motivação e o desenvolvimento dos atletas.
Contudo, é preciso considerar algumas limitações deste trabalho. Dado que não foi encontrado nenhum instrumento brasileiro que avaliasse a falta de motivação e o abandono no esporte, foi necessário adaptar um instrumento para esta pesquisa, com o qual não foi possível realizar estudos de validade.
Cabe ressaltar também que estes resultados não são generalizáveis para qualquer contexto de prática de handebol, uma vez que a amostra é muito pequena e restrita a apenas duas equipes, do interior do estado de São Paulo.
Referências bibliográficas
AZEVEDO,
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