Atividade física em gestantes Actividad física en embarazadas |
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*Orientadora Universidade Federal do Paraná (Brasil) |
Carlos Eduardo de Oliveira Laiza Aparecida Duarte Lunaterra Albuquerque Maria Luisa Zardo Pegoraro Maria Gisele dos Santos* |
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Resumo O presente trabalho tem por objetivo apresentar as condições em que as gestantes devem praticar atividade física. Sabemos a importância da prática física na vida de qualquer um e durante o período gestacional não é diferente, porém, essa condição especial de saúde exige alguns cuidados. Serão apresentados, baseados na literatura, os benefícios da atividade física, os cuidados e contraindicações e como deve ser estruturado o treino ou a aula, para o bem-estar na gestante e do bebê. Unitermos: Atividade física. Gestantes.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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1. Introdução
A prática de atividade física é um dos meios para se manter uma vida saudável. E as mulheres, embora pratiquem atividade física relativamente menos que os homens, estão cada vez mais nas academias. E como deve ser a prática durante a gestação?
Durante as décadas, a prescrição de exercícios físicos para gestantes sempre foi vista como perigosa, onde as mulheres eram aconselhadas a reduzirem suas atividades e interromperem, até mesmo, o trabalho ocupacional, principalmente no último trimestre de gestação, com uma das possíveis o risco de parto prematuro (ARTAL et al, 1999). Foi só em meados da década de 90 que o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) reconheceu que a prática física na gestação deve ser desenvolvida, porém a gestante deve apresentar condições apropriadas para a prática, bem como os profissionais devem ser capacitados.
2. Revisão de literatura
É preciso lembrar que a gravidez acarreta em mudanças físicas no corpo da mulher. Garshasbi (2005) e Bennell (2001) apontam que mulheres grávidas apresentam um risco aumentado de queixas musculoesqueléticas, principalmente lombalgia. A mudança do centro de gravidade, a rotação anterior da pelve, o aumento da lordose lombar e o aumento da elasticidade ligamentar são os principais responsáveis pelos sintomas.
Para que a gestante possa praticar uma atividade física que seja um benefício para a sua saúde e, ao mesmo tempo, não prejudique a saúde do bebê é necessário orientação de profissionais capacitados, bem como passar por um exame médico para ver se há alguma contraindicação.
Como ainda não existem recomendações padronizadas para a prática de gestantes, o American College of Obstetricians and Gynecologists recomendou que a atividade tenha como característica exercícios de intensidade regular e moderada, levando em consideração o período gestacional, com atividades centradas na saúde da gestante e que seja levado em conta o nível de atividade física anterior à gravidez e na demonstração de interesse e necessidade da mesma (BATISTA et al, 2003). As modalidades mais indicadas são o ciclismo, o jogging e os esportes aquáticos.
A carga deve ser adaptada de acordo com a capacidade fisiológica da gestante e a mudança de intensidade de acordo com sua capacidade física. Devem ser evitados exercícios anaeróbicos e aeróbicos de alta intensidade. De acordo com McArdle, Katch e Katch (2003) a intensidade do exercício pode ser estabelecida pela taxa de esforço percebido (TEP).
As preocupações com a intensidade residem no fato de que exercícios de alta intensidade podem acarretar em riscos para o feto, como hipóxia e também riscos de trauma abdominal e hipertermia na gestante. Esses fatores podem levar a estresse fetal, restrição de crescimento intrauterino, prematuridade e má formação do feto. A temperatura do corpo da gestante não pode se elevar para mais de 39ºC e a hidratação é imprescindível. Também há evidencias de que exercícios moderados ao longo da gestação possa aumentar o peso do bebê, enquanto que exercícios intensos e com grandes freqüências, mantidos por longos períodos da gravidez, podem resultar em crianças com baixo peso.
O cuidado com a freqüência cardíaca também é necessária, não podendo exceder 140 bpm. A ação hormonal do sistema nervoso simpático pode desviar o fluxo sanguíneo do útero e órgão viscerais para os músculos esqueléticos, representando um perigo para o fluxo sanguíneo placentário. Cossenza e Carvalho (1999) sugerem a formatação básica da aula para a gestante com duração máxima de 60 minutos e intensidade de 55% com base na freqüência cardíaca máxima. Quanto à freqüência semanal, deve ser de três vezes por semana para iniciantes e de quatro a cinco para alunas com passado de atividade física.
Exercícios aquáticos são os mais adequados por acarretar num menor impacto para a mãe, porém a piscina não pode ultrapassar os 32ºC.
O exercício físico ajuda a reduzir o inchaço, melhorar a circulação sanguínea, amplia o equilíbrio muscular, alivio nos desconfortos intestinais (incluindo a obstipação), diminui câimbras nas pernas, fortalece a musculatura abdominal e facilita na recuperação pós-parto, reduz o estresse cardiovascular, previne algias nas regiões da coluna vertebral, melhora a imagem corporal, além de ajudar a prevenir o diabetes gestacional.
Robert e Robergs (2002) afirmam que durante a gestação o exercício oferece para a mãe benefícios como: melhor sensibilidade à insulina, melhor controle da gordura corporal, interações psicossociais, diminuição da probabilidade de riscos durante o parto e eventual facilitação do trabalho de parto, favorecendo o parto normal. McArdle, Katch e Katch (2003) afirmam que o exercício físico é importante na gestação como forma de manter a aptidão cardiorrespiratória, a massa muscular e o aumento de peso recomendado pelo médico.
Sabe-se que a atividade cardiovascular durante a gestação se eleva comparada ao período não gestacional. No entanto, com a prática regular de exercícios físicos, reduz-se esse estresse cardiovascular, o que se reflete, especialmente, em freqüências cardíacas mais baixas, maior volume sanguíneo em circulação, maior capacidade de oxigenação, menor pressão arterial, prevenção de tromboses e varizes (HARTMANN e BUNG, 1999). Além disso, os efeitos se estendem a aspectos emocionais, tornando as mamães mais autoconfiantes, elevando o nível de autoestima e maior satisfação na prática física.
2.1. Cuidados e contraindicações
Assim como existem os benefícios, há sempre o outro lado da moeda. E nessa condição em que a mulher se encontra, alguns cuidados devem ser tomados.
O exercício, quando não praticado sob supervisão, pode gerar alguns malefícios para a mãe, como hipoglicemia, hipertermia e lesões musculoesqueléticas. Os exercícios devem ser praticados ao ar livre ou em locais bem ventilados, sempre tomando cuidado com a hidratação constante. Alguns sintomas para a interrupção do exercício são: dor, sangramento, falta de ar, tontura, batimento cardíaco irregular, fraqueza, taquicardia, dor na coluna ou região púbica e dificuldade para andar (COSSENZA e CARVALHO, 1999).
O exercício regular é contraindicado em alguns casos. As contraindicações absolutas são: miocardiopatia ativa, insuficiência cardíaca congestiva, cardiopatia reumática (classe II ou mais), tromboflebite, embolia pulmonar recente, doença infecciosa aguda, risco de trabalho de parto prematuro, incompetência cervical, gestações múltiplas, hemorragia uterina, bolsa rota, crescimento intra-uterino retardado ou macrossomia, isoimunização grave, doença hipertensiva grave, sem assistência pré-natal e suspeita de sofrimento fetal. As contraindicações relativas (onde é necessário acompanhamento médico) são: hipertensão arterial, anemia e outra hematopatias, doença de tireóide, diabetes mellitos, apresentações pélvicas no último trimestre, obesidade excessiva ou baixo peso extremo e história de estilo de vida sedentário.
Com base em pesquisas na área de exercício e gravidez, o Sports Medicine Austrália elaborou as seguintes recomendações:
Em grávidas já ativas, manter os exercícios aeróbicos em intensidade moderada durante a gravidez;
Evitar treinos em freqüência cardíaca acima de 140 bpm. Exercitar-se três a quatro vezes por semana por 20 a 30 minutos. Em atletas é possível exercitar-se em intensidade mais alta com segurança;
Os exercícios resistidos também devem ser moderados. Evitar as contrações isométricas máximas;
Evitar exercícios na posição supina;
Evitar exercícios em ambientes quentes e piscinas muito aquecidas;
Desde que se consuma uma quantidade adequada de calorias, exercício e amamentação são compatíveis;
Interromper imediatamente a prática esportiva se surgirem sintomas como dor abdominal, cólicas, sangramento vaginal, tontura, náusea ou vômito, palpitações e distúrbios visuais;
Não existe nenhum tipo específico de exercício que deva ser recomendado durante a gravidez. A grávida que já se exercita deve manter a prática da mesma atividade física que executava antes da gravidez, desde que os cuidados acima sejam respeitados.
Conclusão
O período gestacional é uma etapa especial na vida da mulher. É uma época de preparação para receber uma nova vida, que será muito amada. E o cuidado da futura mamãe não pode se restringir apenas ao bebê, mas também é importante o cuidado consigo mesma, seja pela saúde para o corpo, seja para o bem estar emocional, conseqüências que o exercício pode trazer. Como vimos, baseado na literatura, é possível sim praticar exercícios durante a gestação, mas o cuidado e supervisão médica são necessários e imprescindíveis.
Referências bibliográficas
Lima, F. R. Gravidez e Exercício. Rev Bras Reumatol, v. 45, n. 3, p. 188-90, mai./jun., 2005.
Rodrigues, V.D.; da Silva, A. G.; Câmara, C. S.; Lages, R. J.; Ávila, W. R. M. Prática de exercício físico na gestação. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 13 - N° 126 - Noviembre de 2008. http://www.efdeportes.com/efd126/pratica-de-exercicio-fisico-na-gestacao.htm
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