Introdução às Teorias da Geografia dos Esportes: um esboço inicial Introducción a las Teorías de la Geografía de los Deportes: un esbozo inicial |
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Mestrando em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina (Brasil) |
Bruno Frank |
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Resumo Este artigo visa contribuir à dimensão espacial das atividades esportivas, traçando um esboço da aproximação que esta realiza da Geografia. Traz como contribuição os aspectos mais comuns da temática, tais como metodologias de análise, delineando um caminho a partir da teoria da Formação Econômica e Social, com base em SANTOS (1988, 2009) e em teorias econômicas de localidade central p.ex. Procurou-se desta forma, traçar um paralelo entre os principais autores e abordagens no estudo de Geografia e Esportes. Unitermos: Geografia. Localidades centrais. Esporte. Formação econômica e social.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 188, Enero de 2014. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Neste artigo, o leitor compreenderá melhor a natureza geográfica do esporte, mais especificamente na produção do espaço relacionado à prática das diversas modalidades. É possível investigar formas atuais e pretéritas das práticas esportivas. Tomando como referência as formas dos equipamentos urbanos1 e infraestruturas ligadas à prática desportiva. Formas organizacionais que refletem lógicas de (re)produção no espaço.
A Geografia dos esportes preocupa-se com o estudo das atividades esportivas e sua distribuição espacial pelo território. E como todo fenômeno social, apresenta padrões de difusão e institucionalização, suas formas manifestas no espaço são testemunhas oculares das variações verificadas no interior do processo de desenvolvimento regional, compreendendo a singularidade de cada local a partir de um panorama geral presente na sociedade em seus momentos históricos.
Mesmo a despeito de sua representatividade, existe notadamente uma carência do estudo das praças esportivas dentro da Geografia. Compreender a dinâmica por trás desses elementos no espaço geográfico é refazer leituras da própria Geografia. A centralidade exercida pelas praças esportivas é vital não só para a captação de atletas como para o bem estar geral das comunidades.
Constata-se a ausência de pesquisas sobre esporte e geografia no Brasil, em parte pelo esforço do grupo do professor Gilmar Mascarenhas da UFRJ. Grande parte da produção acadêmica sobre a temática advém da contribuição de economistas, que retratam o espaço como funções de variáveis de distância ou e em termos mercadológicos (AHLFELDT e FEDDERSEN, 2009; SIEGFRIED e ZIMBALIST 2000) e não como formas derivadas de momentos distintos e com diferentes finalidades na paisagem urbana como sugerem as leituras humanizadas do espaço habitado (CLAVAL 2007; SANTOS 2009).
Um exemplo do abandono da Geografia em estudos desta natureza é o levantamento acerca da produção científica envolvendo ciências humanas e futebol no Brasil (GIGLIO e SPAGGIARI 2010) que ressalta que embora fértil, sobretudo na área de Educação Física e Ciências Sociais (23,31% e 19,38%, respectivamente), verifica-se, entretanto, sua quase nulidade no que tange à geografia somando um total de apenas três teses relacionadas ao assunto (até 2009), perfazendo ínfimos 0,84% do total de produções. (idem, p.309).
Com escassa bibliografia, o tema esporte e geografia, tem recebido em geral pouca atenção das demais áreas do conhecimento. Porém é cada vez mais importante considerar o espaço como categoria de análise, e um enfoque geográfico serviria para o enriquecimento dos estudos do esporte no país.
Importância da temática
John Bale (2003), precursor dos estudos da geografia dos esportes, assim tratava a questão urbana na prática esportiva:
O esporte que emergiu a partir de suas origens populares, possuía uma série de efeitos na paisagem. Tanto em algumas áreas centrais da cidade, como em alguns subúrbios, é justo considerar o esporte como um fator dominante na influência sobre a forma e o caráter da paisagem. Em intervalos cada vez mais regulares vemos fluxos maciços de torcedores mudarem as paisagens de nossas cidades. (p.159, tradução livre)
As formas urbanas podem ser lidas como representativas da pujança e desenvolvimento das cidades2. A própria evolução tipológica dos estádios representa diferentes momentos vividos no seio da sociedade em que se sustentam. A variação arquitetônica destes edifícios possui significados de rupturas, de momentos específicos de seus regimes ou de características de seu povo (CERETO, 2003).
Um recente estudo acerca do legado urbano da copa do mundo de 2010 na África do Sul demonstrou que os impactos econômicos e organizacionais no espaço urbano das cidades que receberiam o evento esportivo foram muito controversos, e que a despeito dos pesados investimentos realizados, a contribuição esteve muito aquém das expectativas tanto econômicas quanto sociais.
Os munícipios possuem uma demanda por espaços de lazer (ARANHA-SILVA 2003), onde encontramos nas práticas esportivas uma forma de convívio sócioespacial, sendo o planejamento de suas formas e localizações de profundo interesse para a harmonia, levando em consideração tanto as externalidades positivas quanto as negativas, sendo crucial o estudo da malha urbana e de suas condicionantes para a edificação de construções desta natureza. A organização espacial destes objetos possui grande impacto na dinâmica interna das cidades, principalmente quando alocados em áreas centrais da cidade e com forte demanda em seus eventos.
Principais autores e teorias na Geografia dos Esportes
Consideraram-se como fundamentais, que tenham contribuído direta ou indiretamente com esta temática, os seguintes autores: Richard Giulianotti (2002) Paul Claval (2007), John Bale (2003), Milton Santos (1988,2009) e Gilmar Mascarenhas de Jesus (1999b, 2000, 2001b).
Richard Giulianotti tem enorme importância, embora atendo a uma modalidade esportiva em particular, o futebol, apresenta diversos apontamentos de enorme utilidade para quase todas as modalidades. Em sua obra “Sociologia do Futebol” (2002) aborda o microcosmo das relações humanas movidas pelo esporte e sua importância enquanto fenômeno de enorme centralidade cultural (GIULIANOTTI 2002 p.8). Vertendo o “esporte das multidões” como uma temática acadêmica, retrata questões como as rivalidades, identidades, hierarquias administrativas, torcidas, globalização do futebol e impactos nos clubes de base local, o estudo panóptico dos estádios de futebol, o papel da mídia na disseminação de comportamentos associados ao esporte, e por fim discute a respeito das abordagens acadêmicas freqüentemente utilizadas no estudo do esporte em geral. Sua obra tem sido utilizada como referencial teórico dentro de grande parte das pesquisas, sejam elas de natureza geográfica ou não.
Paul Claval em sua obra “A Geografia Cultural” (2007) volta-se com o papel da cultura para a geografia, retomando autores clássicos como Ratzel e Sauer. Em sua obra, retratam os períodos de evolução da geografia cultural, a relação entre a cultura e a sociedade, aborda o papel da disseminação dos conhecimentos assim como as diferentes metodologias de análise do papel da inovação no espaço geográfico que são retomadas a partir das obras do geógrafo sueco Torsten Hagërstrand. Trata-se de um importante compêndio destinado aos estudos da geografia cultural.
Em “Sports Geography” (2003) John Bale insere o esporte nos estudos geográficos, visando a analise dos fenômenos esportivos, trabalha com a aplicação de conceitos consagrados na ciência abordando questões a respeito do espaço e lugar, da difusão geográfica, dos impactos econômicos, da geografia cultural e da relação entre as comunidades e a prática esportiva. Partindo das idéias de W. Christaller contribui com um modelo de “teoria da localidade esportiva”. É considerado como um dos mais importantes trabalhos dentro da geografia dos esportes (MASCARENHAS, 1999a, p.56).
Milton Santos forneceu importante aporte teórico para a geografia brasileira, suas obras revolucionaram a geografia brasileira a partir de suas discussões epistemológicas e construções teóricas pautadas por uma visão humanizada e dialética do espaço.
Em “Metamorfoses do espaço Habitado” (1988), Santos trabalha a questão dos períodos históricos na compreensão das dinâmicas sócioespaciais ocorridas no espaço e balizada pelas mudanças culturais através das atividades humanas inscritas ao longo do tempo, suscita também a questão da necessidade de uma visão holística no trato das mudanças ocorridas no espaço habitado, fazendo uso dos significados que representam a expansão urbana, as hierarquias entre as cidades assim como da incorporação do natural e da transformação do tempo pela técnica.
Em “A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e emoção” (2009), Milton Santos já em sua maturidade intelectual, traz uma epistemologia de análise calcada na dialética, estabelece ligações entre a técnica e a incorporação humana no espaço. Como bem afirma Elias (2002) esta é uma “obra síntese” de suas postulações anteriores acerca da natureza do espaço colocando-o entre as principais referências do corpo epistemológico da Geografia brasileira.
Gilmar Mascarenhas de Jesus faz uma interpretação dos fenômenos associados ao esporte, com ênfase no futebol, através da ótica Miltoniana e buscas compreende-los a partir de sua construção histórica. São três importantes artigos, com especial destaque para o estudo da distribuição das modalidades esportivas a partir de uma leitura do espaço.
O primeiro intitulado “A Geografia dos Esportes: uma introdução” (1999b) retrata a relação entre esportes e geografia como uma novidade, onde chama atenção para as postulações de John Bale (2003), na época ainda muito incomum aos estudos geográficos em nível geral, traz uma reflexão acerca da gênese e dos significados dos esportes modernos, sugerindo ao final do artigo alguns nexos e possibilidades de investigação, na qual destaca o papel dos equipamentos esportivos que alteram a dinâmica urbana com destaque para o golfe e seu caráter monocultor.
O segundo, intitulado “A Dimensão espacial dos esportes” (2000), nele Mascarenhas apresenta um panorama das principais discussões ocorridas no Quarto Congresso de História do Esporte na Europa da qual concatenou parte das discussões ali realizadas a fim de contribuir a uma interpretação dos fenômenos esportivos em sua dimensão espacial, ressaltando os trabalhos cujo eixo girava em torno da temática “sociedade” da qual, embora não abordassem especificamente a questão espacial, suscitavam-na, principalmente quando relacionadas à capacidade da prática esportiva possui de produzir novas formas espaciais e alterar a paisagem e o uso do território nas mais diferentes escalas (Idem, ibidem).
Em “Considerações teórico-metodológicas sobre a difusão espacial do futebol” (Idem, 2001b) debate as formas pelas quais o futebol, enquanto inovação percorre até se tornar prática oficial. Discute a importância das teorias difusionistas, e o papel dos agentes carregadores de inovação, sugerindo trilhas de observação de tal modalidade esportiva.
A base teórica para o trabalho proposto sustenta-se nas postulações do geógrafo Milton Santos acerca de Totalidade e espaço (CRUZ 2003; SANTOS, 1982, 2009), para a espacialização das informações obtidas, o aporte teórico das teorias de difusão geográfica (CLAVAL 2007), da Teoria das localidades centrais (CORRÊA 2000; Idem, ibidem) e da concepção teórica da Teoria das localidades esportivas.
Entende-se por localidades centrais lugares que se distinguem em relação aos demais, e mantêm com estes interações por meio de fluxos, constituindo as centralidades. Como destaca Corrêa (2000, p.37, adaptado) a teoria das localidades centrais: “(...) aborda a organização espacial desses lugares, organização que inclui a hierarquia entre eles.” Sendo assim, os equipamentos urbanos ligados à prática do futebol são exemplos desta centralidade em escala urbana. Segundo MASCARENHAS (1999b):
Tais objetos, além de se apresentarem freqüentemente como paisagem durável (decorrente do grande investimento necessário para edificação) e ampla visibilidade (decorrente do porte físico), podem ainda constituir importante centralidade física e simbólica no interior do espaço urbano. (...) Os grandes estádios, por exemplo, são planejados de forma a facilitar o grande afluxo de espectadores em dias de importantes eventos, quando o longo silêncio das estruturas de concreto armado cede lugar ao delírio da multidão. (p.52, adaptado)
Com base neste conceito, e amparado pelas formulações de Bale (2003, p.58), a teoria das localidades esportivas que vem a ser concebido como um modelo normativo, ou seja, desde que sejam assumidas “certas suposições embutidas” (Idem, ibidem). Resume-se basicamente a cinco aspectos:
A principal função de uma localidade esportiva é a de abastecer hinterlândias adjacentes de produtos relacionados ao esporte. Sendo assim, tendem a se localizar próximos a seus mercados.
Quanto maior o número de esportes fornecidos, maior será a sua ordem dentro das localidades esportivas.
Localidades que ocupem escalas mais baixas fornecem infraestruturas esportivas que são utilizadas por pequenas áreas de captação; a população pioneira necessária para tornar o esporte viável é pequena.
Localidades que ocupam escalas maiores estão em menor número são mais espaçadas e possuem uma população pioneira muito maior.
Uma hierarquia entre as localidades esportivas existe de maneira a tornar o mais eficiente possível o arranjo de oportunidades para (a) consumidores que visam minimizar suas viagens a fim de obter o esporte que desejam e (b) produtores do esporte que necessitam de uma demanda mínima a fim de sobreviverem.
Acerca das teorias de difusão das inovações, têm-se, de acordo com Claval (2007), dois tipos principais de difusão: a hierárquica e a de próximo em próximo catalogadas nos trabalhos clássico do sueco Torsten Hagërstrand. De acordo com Lima (2004) apud GIRON e AMORIN, (2007) a difusão segundo este autor:
(...) revela-se como um fenômeno de propagação social das atividades produtivas ou de outras transformações que ocorrem no espaço e no tempo. Neste processo de difusão deve existir “um centro emissor”, a região-pólo ou uma cidade, e “um centro receptor”, ou seja, a periferia. Porém, essa periferia deverá ser capaz de absorver o produto dessa difusão. (p.76)
Para melhor tratamento espacial destas informações, é interessante atentar para algumas das recomendações de MASCARENHAS (2001b) para o uso de teorias de difusão na geografia dos esportes. Desta feita, consideram-se relevantes os seguintes momentos: a) primeiros contatos diretos com o futebol; b) o primeiro duelo informal; c) a formação e oficialização do primeiro clube de futebol nativo; d) a escolha e conquista de lugar específico e apropriado para a prática; e) a formação de novos clubes, permitindo o surgimento de rivalidades locais e nova motivação para a prática destes esportes; f) a criação da primeira liga e conseqüentemente a realização do primeiro campeonato local; g) a edificação das primeiras construções dedicadas à determinada pratica esportiva, facilitando o processo de captação de valores e a participação em certames extra locais, como no caso das praças esportivas, ginásios, estádios ou centros de treinamento especializado. (adaptado de idem, ibidem).
Produção e reprodução de novos significados
As mudanças decorrentes do esporte, enquanto prática social redefinem as estruturas de ocupação dentro das cidades e no campo, como se apropriam dos espaços rurais, enquanto determinadas modalidades manifestam-se através de estruturas produzidas no campo, desde os clássicos terrões presentes nas fazendas até estruturas de apoio presentes no turismo rural, como quadras de tênis ou campos de golfe. Assim como os chamados esportes de aventura como o Rapel, Trekking ou o rafting que redefinem os contornos do campo em uma nova dinâmica espacial extraída de tendências contemporâneas e que se apresentam cada vez mais como uma nova forma de especialização funcional destes espaços.
O esporte e a produção do espaço urbano
A partir da visão do espaço em sua totalidade, Milton Santos (1988, 2009) partindo da Formação Econômica e Social (FES) deriva um método que compreende as transformações sociais feitas pelos homens no espaço.
Desta feita, o autor elencou quatro categorias básicas de análise espacial a qual tomaremos como norte: a forma, que representa o aspecto visível, exterior, de um objeto; a função, que implica um papel a ser desempenhado pelo objeto criado; a estrutura, referente à como os objetos estão organizados, no sentido de inter-relacionamento entre eles; e o processo que é definido como uma ação que se realiza continuamente, visando um resultado qualquer e que implica tempo e mudança. A importância de tal abordagem é considerada por CRUZ (2003, p.5) a partir de três características centrais:
(...) existe uma descontinuidade no desenvolvimento histórico; a formação econômica e social, por sua vez, expressa a unidade e a totalidade da infraestrutura e da superestrutura (esfera econômica, social, política e cultural); e, no entanto não existe uma determinação especifica das variações da existência histórica (adaptado).
O quadro a seguir descreve a presença do futebol no meio urbano por meio destas quatro categorias de análise espacial em Milton Santos:
Quadro 1. As quatro categorias de análise espacial segundo Milton Santos (2009), aplicadas aos equipamentos urbanos destinados ao esporte
Desta feita, como nos dizeres de Milton Santos (1982 p.13): “as formas espaciais seriam uma linguagem dos modos de produção. Daí, na sua determinação geográfica, serem eles seletivos, reforçando dessa maneira a especificidade dos lugares”. Torna-se viável aplicar-se tal leitura tanto aos equipamentos urbanos quanto ao fenômeno em si, uma vez que se configuram como formas-conteúdo dotadas de historicidade e funcionalidade própria.
Conclusão
A Geografia não pode mais furtar-se ao debate do papel do esporte na construção do espaço. Neste artigo exemplificamos a produção do espaço através da Formação Sócioespacial, existem, porém, uma variedade de abordagens e escalas, assim como variações em cada categoria geográficas tais como espaço, lugar, paisagem e território.
Entendemos também que a conexão temporal é um aspecto central na definição destes espaços, e que o esporte reincorpora o espírito de um período histórico. Conformando-se assim a ascensão e decadência dos lugares, a (re)localização das atividades e a transformação das estruturas físicas e simbólicas.
Notas
Entendam-se equipamentos urbanos como: “todos os bens púbicos ou privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados.”, conforme definição oficial dada pela ABNT NBR 9284 de 1986.
Como exemplificado por BALE (2003 p.109-110) a construção de um estádio representa para muitas cidades modernas uma mudança de escala, ilustrando o caso da edificação do estádio de Baseball dos Dodgers em Los Angeles, que marca a transição da cidade de um centro regional para metrópole nacional a partir da publicidade. Caso semelhante à atenção drenada aos mega eventos esportivos que se seguiram no Rio De Janeiro desde os jogos Pan-americanos de 2007 (SANCHÉZ e BIENENSTEIN, 2007).
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