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Análise do tempo de reação em praticantes
de surf da cidade de Fortaleza

Análisis del tiempo de reacción en practicantes de surf de la ciudad de Fortaleza

 

Graduando em Educação Física

pela Universidade Federal do Ceará

(Brasil)

Abraham Lincoln de Paula Rodrigues

Rodrigo do Vale dos Santos

Seigo Myrray Farias Marques

Bruno Sérgio Moreira de Araújo

lincoln7777@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Tempo de reação é o intervalo de tempo que decorre entre apresentação de um estímulo não antecipado até o início da resposta da pessoa. O tempo de reação também representa o tempo que um indivíduo leva para tomar decisões e iniciar ações, portanto, representa uma medida do indicador da velocidade de processamento de informação, sendo assim, é uma das medidas mais importantes da performance humana em muitas situações. Este estudo teve como objetivo analisar o tempo de reação em praticantes de surf da cidade de Fortaleza. Foram analisados 3 jovens do sexo masculino e com faixa etária entre 16 e 17 anos e tempo de prática superior a 1 ano na modalidade. Foi aplicado um questionário com 3 perguntas, duas sobre as características gerais do entrevistado (idade e sexo), e, uma sobre o tempo de prática da modalidade. Além do questionário, foi calculado o tempo de reação dos voluntários. Para o cálculo do TR, foi usado um jogo on-line chamado “Sheep Reaction”. No final do teste foram dados os resultados e a média. Para o estudo, foram consideradas distrações que podiam levar o participante a não se concentrar ao máximo do teste. Por isso, levamos em conta os três melhores tempos de cada indivíduo (T1, T2 e T3), e a média de seu TR (TM). O TR mais alto entre os praticantes de surf foi 0,233. Enquanto o mais baixo foi de 0,166 ms. A média do TR dos praticantes surf é 0,207 ms. A realização do estudo nos permitiu perceber que o TR de cada indivíduo está correlacionado com vários fatores, genética, concentração, tempo de prática na modalidade, etc. Ficou evidenciado que quanto maior o tempo de prática, menor será o TR. E, quanto menor o TR, melhor será a capacidade cognitiva e motora do indivíduo, visto que o TR está intimamente ligado as duas. Conclui-se deste modo, que a atividade física é tão importante para o melhoramento do TR quanto um melhor TR é importante para uma melhor performance em alto nível.

          Unitermos: Tempo de reação. Surf. Performance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    De acordo com Schmidt e Wrisberg (2001), TR é o intervalo de tempo que decorre entre apresentação de um estímulo não antecipado até o início da resposta da pessoa. O tempo de reação também representa o tempo que um indivíduo leva para tomar decisões e iniciar ações, portanto, representa uma medida do indicador da velocidade de processamento de informação, sendo assim, é uma das medidas mais importantes da performance humana em várias situações. O TR pode inclusive ser utilizado como medida de indicador da velocidade de processamento da informação. Logo, o início do TR se dá no processamento da informação e, o fim, ocorre quando o movimento é iniciado.

    Sabe-se que a prática da atividade física é essencial para obtenção e manutenção da qualidade de vida nas pessoas. Inúmeros são os benefícios e melhorias fisiológicas, psicológicas e sociais em indivíduos que adotam a atividade física com acompanhamento profissional. Este estudo teve como objetivo analisar o tempo de reação em praticantes de surf da cidade de Fortaleza.

2.     Metodologia

    O desenvolvimento do trabalho será de natureza empírica e descritiva, pois tratará da face fatual da realidade, apresentando e descrevendo o tempo de reação em atletas de diferentes modalidades. O estudo será realizado de maneira transversal, através de uma pesquisa de maneira passiva, pois a informação será produzida em um único momento, utilizando instrumentos de coleta de dados estruturados e uma análise estatística, através de um estudo observado.

    Foram analisados 3 jovens do sexo masculino com faixa etária entre 16 e 17 anos e com tempo de prática superior a 1 ano na modalidade. A coleta de dados foi realizada em locais distintos da cidade de Fortaleza. Foi aplicado um questionário com 3 perguntas, duas sobre as características gerais do entrevistado (idade e sexo), e, uma sobre a característica da prática do esporte, ou seja, o tempo de prática da modalidade desportiva. Através de uma conversa formal, esclarecemos aos participantes a natureza da pesquisa, que não haverá cobrança de taxas ou pagamentos pela participação no questionário e os dados coletados terão fins acadêmicos, sendo assim, mantidas em sigilo a identidade dos entrevistados.

    Além do questionário, calculou-se o tempo de reação dos voluntários. Para a realização deste cálculo, foi utilizado um jogo on-line chamado “Sheep Reaction”, o jogo funciona da seguinte forma: Há um rebanho de ovelhas do lado esquerdo da tela do computador, elas tem o objetivo de tentar passar para o lado direito, o voluntário terá que impedir que elas façam essa ação. As ovelhas estão sempre fazendo algum tipo de movimento para confundir o participante. Elas podem sair de qualquer parte do rebanho, seja na parte inferior, medial, ou superior da tela.

    O participante teve que “clicar” em cima da imagem de um dardo tranqüilizante que fica na parte central-inferior da tela quando alguma ovelha tentar deixar o rebanho. Ao clicar, será gravado um tempo, que é seu tempo de reação (TR). 5 ovelhas tentam deixar o rebanho, a idéia é que o participante “clique” na imagem o mais rápido possível, enquanto as ovelhas estiverem na execução do movimento. Todavia, há uma penalidade de 3 segundos se o participante “clicar” na imagem do tranqüilizante se nenhuma das ovelhas estiver executando a ação, de passar para o outro lado, isso ocorre como tentativa de evitar a antecipação.

    No final do teste foram apresentados os resultados e a média. Para o estudo, foram consideradas distrações que podiam levar o participante a não se concentrar ao máximo do teste. Por isso, levamos em conta os 3 melhores tempos de cada indivíduo (T1, T2 e T3), e a média de seu TR (TM).

3.     Referencial teórico

3.1.     Tempo de reação

    De acordo com Schmidt e Wrisberg (2001), TR é o intervalo de tempo que decorre entre apresentação de um estímulo não antecipado até o início da resposta da pessoa. O TR também representa o tempo que um indivíduo leva para tomar uma decisão e iniciar a ação, desta forma, representa uma medida do indicador da velocidade de processamento de informação, sendo assim, é uma das medidas mais importantes da performance humana em diversas situações.

    Segundo Magill (1998) o TR indica o tempo que um indivíduo leva para iniciar um determinado movimento, é o intervalo de tempo entre um estímulo e o início de uma resposta de movimento e não inclui o movimento em sim, só o tempo antes do início.

    Werneck (2000) afirma que o TR compreende-se aquele tempo que decorre desde que a apresentação de um sinal até o início de uma reação Quanto às fontes de estímulo podem ser: som, luz, calor, frio, contato com objetos, propriocepção, etc. Nos esportes, podemos citar alguns exemplos de fontes de estímulo. São eles, o estímulo sonoro na largada da natação ou na corrida de fundo do atletismo. Já um estímulo visual ocorre no tiro ao prato (skeet e fossa).

    Ilustrando o processo do TR, temos o ser humano no meio, o estímulo e a resposta nas extremidades:

Estímulo → Ser Humano → Resposta

    Ressaltando-se que o ser humano identifica o estímulo, seleciona a resposta e, a programa, em seguida então se inicia a resposta e o TR chega termina.

3.1.1.     Número de alternativas Estímulo-Resposta

    Pode-se Subdividir o TR em TR simples e, TR de escolha. O TR simples é o intervalo de tempo entre a apresentação do estímulo não antecipado ao início da resposta. Já o TR de escolha é o intervalo entre a apresentação de um dos vários estímulos possíveis não antecipados e, o começo de uma das várias respostas possíveis a esse estímulo. Quanto maior o número de alternativas, maior será o TR. Segundo Hick (1952) existe uma relação estável entre o número de alternativas de estimulo-resposta e tempo de reação de escolha de maneira linear. A Lei de Hick demonstra esta afirmação, segundo ela, à medida que o número de alternativas estímulo – resposta aumenta, o TR de escolha também aumenta.

    Schmidt e Wrisberg (2001), afirmam que ainda existe mais uma subdivisão de TR, que seria o TR de discriminação, ele representaria o intervalo de tempo entre a apresentação de um dos vários estímulos possíveis não antecipados e o começo de apenas uma resposta possível.

3.1.2.     Compatibilidade Estímulo-Resposta (E-R)

    É o grau com que a relação entre um estímulo e uma resposta exigida é compatível. Quanto maior for essa compatibilidade E-R, mais rápido será o TR de escolha. Isso pode estar ligado ao processamento mais rápido no estágio de seleção da resposta, pois ligações mais naturais entre estímulos e respostas compatíveis levam a uma seleção da resposta mais veloz, e, portanto um TR mais rápido. (FERRAZ, 1992)

    Segundo Lameira (2009) as tarefas de Compatibilidade Estímulo-Resposta refletem como as características de um estímulo são processadas pelo cérebro e acabam influenciando a seleção de uma resposta motora

3.1.3.     Quantidade de prática

    Um fator que pode alterar o TR é a quantidade de prática. Essa relação se dá da seguinte forma, quanto maior a quantidade de prática, menor o TR de escolha. À medida que essa prática vai aumentando, a proporção de aumento em TR vai ficando diminuindo, mesmo com o aumento do número de E-R. Um indivíduo experiente pode superar várias adversidades, até a desvantagem da baixa compatibilidade E-R (FERRAZ, 1992).

3.2.     Antecipação

    Alguns indivíduos que tem um atraso considerável na tomada de decisão acabam se antecipando. Segundo Ferraz (1992):

    “Tipicamente, um indivíduo altamente habilidoso prediz o que irá acontecer no ambiente e quando isto irá acontecer, sendo, portanto, capaz de realizar atividades de processamento de informação antecipadamente. Executantes novatos, quando lhes é dada informação ou dicas antecipadamente sobre as características de um estímulo que esta para acontecer, reduzem seu tempo de reação.”

    Existem dois tipos de antecipação, a antecipação espacial e a antecipação temporal. Na antecipação espacial, o indivíduo é capaz de antever o que irá acontecer. Já na antecipação temporal, o indivíduo é capaz de antever o momento de um evento em uma determinada situação. Uma das vantagens da antecipação é que o executante pode prever as ações dos oponentes, isso requer muito conhecimento sobre as regularidades dos eventos. Entretanto, há os custos que são as penalidades de regras. Até as ações mais simples necessitam de mais ou menos 40 ms para serem interrompidas.

3.2.1.     Estratégia contra a antecipação

    Diante disso, algumas estratégias contra a antecipação foram planejadas. Uma delas é a randomização, também chamada de aleatoriedade. A partir dessa estratégia, o indivíduo realiza movimentos que são imprevisíveis dificultando com que o adversário possa antecipá-lo. Outra estratégia utilizada é a chamada falsa antecipação, onde o indivíduo atrai o adversário a uma antecipação que possa ser usada contra ele. Um exemplo claro de antecipação no esporte é a realizada pelos goleiros de futebol nas cobranças de penalidades, pois, eles se antecipam ao estímulo, nesse caso o chute. Utilizando como exemplo as penalidades do futebol, encontramos ainda dois exemplos de estratégias contra a antecipação, a paradinha e a cavadinha.

4.     Resultados e discussão

Tabela 1. TR dos praticantes de Surfe

    Os praticantes de surf entrevistados também tinham idades muito próximas. Todavia, há uma diferença considerável no tempo de prática como podemos observar na tabela 1. Tomando como base a Tabela 1 percebemos que o TR mais alto entre os praticantes de surf foi 0,233, enquanto o mais baixo foi de 0,166 ms. A média do TR dos praticantes surf é 0,207 ms.

    Não foi encontrada diferença significativa de TR entre os praticantes da modalidade, muito embora o praticante 1 tivesse um tempo de prática bem superior aos demais. Segundo Vaghetti, Roesler e Andrade (2007), durante uma disputa de surf, os competidores são julgados em relação a sua habilidade de realizar manobrar, as quais envolvem a utilização do TR e velocidades de movimento, aliadas a capacidade física apurada para conseguir executar as manobras nas sessões mais difíceis e enfrentar as mudanças na formação das ondas.

    Vaghetti, Roesler e Andrade (2007) perceberam em seu estudo com surfistas profissionais, amadores e praticantes que os menores valores de tempo de reação simples foram encontrados entre os atletas profissionais, ou seja, os indivíduos mais habilidosos na prática do esporte. Os autores observaram em seu estudos uma etapa do campeonato profissional de surf, e verificaram que os atletas com menor TR venceram a disputa. No campeonato mundial profissional masculino, o menor TRS auditivo foi o do atleta vencedor da etapa, já no campeonato brasileiro profissional masculino, o menor tempo de reação simples visual foi o do atleta vencedor da competição. Em relação ao campeonato brasileiro profissional feminino, as três primeiras colocações foram ocupadas pelos três menores tempos de reação simples auditivo, respectivamente.

    Portanto, pode-se perceber a relação entre o TR e a performance na modalidade, ambos revelaram-se estar intimamente ligados um ao outro. O tempo de reação simples pode ser utilizado para avaliar o nível de concentração dos atletas em determinado momento da competição, o que acaba por interferir diretamente na sua performance e no seu resultado final.

5.     Conclusão

    O objetivo do estudo foi analisar o tempo de reação de praticantes de surfe. Para isso, identificamos o tempo de reação de alguns praticantes da modalidade e analisamos os dados obtidos. A realização do estudo nos permitiu perceber que o TR de cada indivíduo está correlacionado com vários fatores, genética, concentração, tempo de prática na modalidade, etc. Ficou evidenciado que quanto maior o tempo de prática, menor será o TR. E, quanto menor o TR, melhor será a capacidade cognitiva e motora do indivíduo, visto que o TR está intimamente ligado as duas. Conclui-se deste modo, que a atividade física é importante para o melhoramento do TR, e que o TR é importante para uma melhor performance no alto rendimento, refletindo-se em melhores resultados.

Referências

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