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Efeitos da senescência no deslocamento de massa e equilíbrio estático

Efectos del envejecimiento sobre el desplazamiento de la masa y el equilibrio estático

Effects of aging on the mass shift and static balance

 

*UNIFAFIBE – Centro Universitário – Bebedouro, SP

**Claretiano – Centro Universitário – Batatais, SP

(Brasil)

Maria Joelma Cardoso*

mjoelmacardoso@hotmail.com

Luana Carolina Salim*

luana_salim@hotmail.com

Bruno Ferreira*

brunof22@me.com

Edson Donizetti Verri**

edverri@gmail.com

Gabriel Pádua da Silva*

gabriel_padua@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          As mudanças que caracterizam a senescência são observadas em todos os indivíduos, sendo que os mecanismos biológicos desencadeantes desde processo ainda permanecem em grande parte desconhecidos. Os problemas posturais nos idosos não estão relacionados somente a distúrbios estruturais de origem musculoesquelética, sendo que as alterações neurológicas que acontecem no envelhecimento tem uma grande contribuição para a diminuição do desempenho motor e na postura no idoso. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da senescência com relação ao equilíbrio e deslocamento de massa. Foram selecionados para este estudo 18 indivíduos do sexo feminino, com faixa etária entre 46 e 75 anos, oriundos da comunidade de Bebedouro e região. Foram divididos em dois grupos: Para o grupo 1 (G1) 13 indivíduos, com faixa etária entre 46 à 60 anos e para o grupo 2 (G2) 05 indivíduos com faixa etária entre 61 à 75 anos. Estes foram submetidos a análise pela escala de Berg utilizada para avaliar o equilíbrio estático dos idosos e a biofotogrametria computadorizada, para analisar o deslocamento de massa corporal. Os dados foram analisados estatisticamente pelo programa SPSS (19.0), (teste t p< 0,05). Nos resultados da biofotogrametria para assimetria no plano frontal (APF), pode-se observar uma média para G1 de 6,69 ± 5,45 e G2 de 5,92 ± 2,80 (p> 0,05). Na assimetria do plano sagital foi observado uma média para G1 de 37,93 ± 8,93 e G2 de 33,92 ± 7,15 (p> 0,05). Na escala de Berg, pode-se observar para G1 uma média de 53,84 ± 2,82 e para G2 uma média de 52,00 ± 1,58 (p> 0,05), demonstrando que pela compreensão dos valores nominais da escala ambos apresentam um controle de equilíbrio satisfatório. Conclui-se que a assimetria no plano frontal e sagital foi maior no G1, possivelmente relacionada com distúrbios hormonais nesta faixa etária. No equilíbrio estático foi observado maiores comprometimentos de G2, possivelmente relacionada a alterações anatomo-funcionais proveniente da senescência, porem as estatisticas não foram significativas.

          Unitermos: Envelhecimento. Biofotogrametria computadorizada. Escala de Berg. Deslocamento de massa. Equilíbrio estático.

 

Abstract

          The changes that characterize senescence are observed in all subjects, and the biological mechanisms from triggering process are still largely unknown. The postural problems in the elderly are not only related to structural disorders of musculoskeletal origin, and the neurological changes that occur in aging have a major contribution to the reduction of motor performance and posture in the elderly. The aim of this study was to evaluate the effects of senescence in relation to balance and mass displacement. Were selected for this study, 18 females, aged between 46 and 75 years, from the Bebedouro community and region. They were divided into two groups: In group 1 (G1) 13 individuals, aged between 46 to 60 years and for group 2 (G2) 05 individuals aged between 61 to 75 years. These were analyzed by Berg scale used to evaluate the static balance of the elderly and photogrammetry computed to analyze the displacement of body mass. Data were statistically analyzed by SPSS (19.0) (test t p <0.05). The results of photogrammetry for asymmetry in the frontal plane (AFP), it can be seen for an average of G1 6.69 ± 5.45 and G2 5.92 ± 2.80 (p> 0.05). The asymmetry in sagittal plane was observed in G1 for an average of 37.93 ± 8.93 and G2 of 33.92 ± 7.15 (p> 0.05). In Berg scale, it can be seen G1 to an average of 53.84 ± 2.82 and G2 for an average of 52.00 ± 1.58 (p <0.05), demonstrating that by understanding the nominal values ​​of scale both have a satisfactory balance control. It is concluded that the asymmetry in the frontal and sagittal plane was greater in G1, possibly related to hormonal disorders in this age group. In static balance was observed large commitments in G2, possibly related to changes from the anatomo-functional senescence.

          Keywords: Aging. Biophotogrammetry computed. Berg balance Scale. Mass displacement. Static balance.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O processo de envelhecimento envolve vários aspectos, entre os quais se destaca principalmente o aparecimento de doenças crônicas degenerativas. As mudanças que caracterizam a senescência são observadas em todos os indivíduos, sendo que os mecanismos biológicos desencadeantes deste processo ainda permanecem em grande parte desconhecidos. Sendo assim, acredita-se que o envelhecimento seja um processo dinâmico e progressivo, caracterizado por alterações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que possam determinar maior vulnerabilidade do processo de senescência (REBELATTO ; MORELLI, 2004).

    A maioria das instituições que cuidam da saúde física, psicológica e social do idoso adotam um critério cronológico para a diferenciação entre indivíduo adulto e idoso. Este limite é definido como sendo 65 anos para os indivíduos dos países desenvolvidos e 60 anos para os habitantes de países em desenvolvimento. Os estudos científicos também se utilizam deste mesmo critério cronológico para definir a idade biológica (FREITAS et al., 2002).

    A Organização Mundial de Saúde (OMS) fornece a classificação gerontológica como sendo (VICENTE, 2007):

  1. Idade juvenil: dos 15 aos 30 anos, 

  2. Idade madura: dos 31 aos 45 anos, 

  3. Idade de mudança ou envelhecimento: dos 46 aos 60 anos, 

  4. Idade do homem mais velho: dos 61 aos 75 anos,

  5. Idade do homem velho: dos 76 aos 90 anos, 

  6. Idade do homem muito velho: acima dos 90 anos.

    Chandler (2002), define o controle postural como uma manutenção do centro de gravidade sobre a base de sustentação durante situações estáticas e dinâmicas. A capacidade do corpo de responder as translações do centro de gravidade, tanto voluntariamente quanto involuntariamente devem acontecer de forma eficaz. Para a manutenção do equilíbrio são fornecidos dados primordiais pelos sistemas: visual, vestibular e somatossensorial, e essas informações são algo redundante no controle do equilíbrio. Segundo Silva (2007) o estímulo sensorial pode ficar comprometido, por consequência do envelhecimento ou processos patológicos aos quais os idosos tem uma maior tendência. Quando o centro de gravidade é deslocado, o Sistema Nervoso Central (SNC) recebe as informações sensoriais, baseado nestas é estabelecida uma resposta postural, reajustando o centro de massa para a base de sustentação do corpo (MONCUR, 2002).

    Devido ao quadro funcional progressivo de alterações nos sistemas corporais, atualmente dispõe-se de ferramentas generalistas que auxiliam na formulação de um senso crítico e de caráter comprobatório de alterações funcionais e estruturais proveniente do processo de senescência e senilidade (PAPALEO NETTO, 2002). Dentre elas pode-se destacar a biofotogrametria computadorizada, composta por procedimentos de natureza essencialmente óptica, no qual as medidas são realizadas segundo indicadores indiretos obtidos por meio de imagens, com o objetivo de medir os parâmetros funcionais estáticos e dinâmicos (DÖHNERT; TOMASI, 2008). Iunes et al., (2005), demonstraram em seus estudos que a biofotogrametria computadorizada vem sendo utilizada para facilitar o trabalho de profissionais da área da saúde visto que, tal método consiste em aplicações da fotogrametria a curta distância, geralmente para extrair medidas das formas e dimensões do corpo humano. Esta avaliação permite a identificação de alterações posturais provenientes de anormalidades motoras, nutricionais e do sistema nervoso. Dentre as vantagens temos o baixo custo do sistema de imagem e fotointerpretação, a alta precisão e reprodutibilidade dos resultados (MIRANDA et al. 2009).

    A Escala de Equilíbrio de Berg, é um instrumento confiável e tem sido muito utilizada para avaliar o equilíbrio dos idosos da terceira idade acima dos 60 anos. Esta Escala tem o intuito de analisar o desempenho funcional do equilíbrio, baseada em 14 itens relacionados as atividades do cotidiano, sendo que por meio destes, são avaliados a postura, incluindo o estável e o antecipatório, requerendo diferentes forças, equilíbrio dinâmico e flexibilidade (LAJOIE; GALLAGHER, 2004).

    Desta forma a viabilidade diagnóstica deste estudo é altamente justificada, como método diagnóstico comprobatórios dos déficits funcionais relacionados à equilíbrio estático e deslocamento de centro de massa. Todas estas viabilidades foram determinadas por ferramentas que apresentam um alto potencial de investigação clínica e científica.

Materiais e métodos

    Esta pesquisa foi de caráter laboratorial e clínico, servindo como método de investigação de possíveis comprometimentos funcionais advindos do processo de envelhecimento. Esta pesquisa contemplou a avaliação por meio da biofotogrametria, e escala de Berg da integridade funcional do deslocamento de massa e equilíbrio estático, respectivamente. Todos os procedimentos foram realizados nas dependências da Clínica Escola do Centro Universitário UNIFAFIBE. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário UNIFAFIBE (Processo n° 82343). Previamente a coleta de dados, todos os indivíduos foram esclarecidos dos procedimentos da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e autorização de imagem.

    Foram selecionados para este estudo 18 indivíduos do sexo feminino, com faixa etária entre 46 e 75 anos, oriundos da comunidade de Bebedouro e região. Estes foram divididos em dois grupos: Para o grupo 1 (G1) foram selecionados 13 indivíduos, com faixa etária entre 46 à 60 anos e para o grupo 2 (G2) foram selecionados 05 indivíduos com faixa etária entre 61 à 75 anos. Tendo por determinantes cronológicos de idade as referenciais de (VICENTE, 2007), os indivíduos foram recrutados da comunidade de Bebedouro e região. Para os grupos G1 e G2 foram selecionados indivíduos que não apresentavam nenhum quadro de comprometimento funcional e neurológico previamente diagnosticado por exames clínicos.

    Os indivíduos foram submetidos a uma avaliação do deslocamento de massa, por meio dos padrões de uma avaliação biofotogramétrica. Esta avaliação foi realizada com o indivíduo em trajes leves, tendo por critérios de padronização das imagens, os indivíduos posicionados sobre uma plataforma de nivelamento tridimensional à frente de um simetrógrafo com dimensões de 200 x 100 cm e de 10 cm de quadrangular. Previamente ao posicionamento todo um critério de nivelamento parede-solo foi realizado. Uma câmera da marca Sony com 14.1 megapixels foi posicionada a um tripé com uma distância de 3 metros entre a lente focal da câmera ao centro corporal do indivíduo. Esta distância foi demarcada ao solo com fita crepe, sendo outra medida de padronização a altura do tripé, que permaneceu sendo de 0,90 cm. A obtenção das imagens foi realizada por um único avaliador, sem zoom e em três planos de delimitação: Anterior, Lateral e Posterior.

    Foram demarcados pontos passivos 25 mm de acordo com o protocolo SAPO, nas seguintes estruturas corporais, servindo como base para análise do deslocamento de massa: Glabela, Trago auricular direito e esquerdo, Mento, Acrômio direito e esquerdo, Manúbrio do esterno, Epicôndilo lateral direito e esquerdo, Ponto médio entre o processo estilóide do rádio e a cabeça da ulna direita e esquerda, espinha ilíaca ântero-superior direita e esquerda, trocânter maior do fêmur direito e esquerdo, Linha articular do joelho direito e esquerdo, Ponto medial da patela direita e esquerda, Tuberosidade da tíbia direita e esquerda, Maléolo lateral e medial direito e esquerdo, Ponto entre a cabeça do 2° e o 3° metatarso direito e esquerdo, C7, T1, T3, T5, T7, T9, T11, T12, L1, L3, L4, L5, S1, Espinha ilíaca pôstero-superior direita e esquerda, Ponto sobre a linha média da perna direita e esquerda, Ponto sobre o tendão de Aquiles direito e esquerdo, Calcâneo direito e esquerdo, Intersecção entre a margem medial e a espinha da escápula direita e esquerda e Ângulo inferior da escápula direita e esquerda (Figura 1).

Figura 1. Posicionamentos dos indivíduos durante a coleta de dados do deslocamento de massa corporal, por meio da biofotogrametria computadorizada

    A Escala de Berg é um instrumento validado, de avaliação funcional do equilíbrio, composta de 14 tarefas com cinco itens cada e pontuação de 0-4 para cada tarefa: 0 é incapaz de realizar a tarefa e 4 realiza a tarefa independente. O escore total varia de 0-56 pontos. Quanto menor for à pontuação maior é o risco para quedas; quanto maior, melhor o desempenho (GAZZOLA et al. 2004; CHRISTOFOLETT et al. 2006). A escala de Berg foi adaptada para aplicação no Brasil apresentando em cada item escores de 0-4 e um tempo determinada para cada item.

    Como critério de inclusão deste estudo, foram incluídos indivíduos que estavam enquadrados na idade de 46 a 75 anos, não apresentavam comprometimentos posturais ou de equilíbrio decorrente à processos patológicos ou de trauma, não apresentavam comprometimento mentais ou cognitivos que não permitia a compreensão das etapas avaliativas do estudo. Como critério de exclusão, indivíduos que não apresentavam idade enquadrada na faixa etária e que apresentavam comprometimentos posturais e de equilíbrio decorrente a processos patológicos e de traumatismo e ou em casos de problemas cognitivos e mental previamente observado.

    Para análise do deslocamento de massa, foi viabilizada a utilização do software SAPO, Julho-2007, onde foi determinado o pareamento das imagens em quatros vistas de delimitação (Anterior, Lateral direito e esquerdo e Posterior) com o protocolo pré-estabelecido do sistema. Ao final o software disponibilizará dois valores quantitativos de projeção anterior e lateral do corpo.

    Ao final os dados foram analisados estatisticamente pelo programa SPSS (19.0), (teste t p< 0,05), por meio da comparação intergrupos.

    Para análise do equilibrio, foi viabilizada a utilização de uma cadeira, uma escada com dois degraus, uma fita metrica.

    Os indivíduos tiveram seu anonimato preservado, pelo uso de números para sua identificação, também não foi feito nenhum procedimento que trouxessem qualquer risco à vida ou saúde dos voluntários da pesquisa. Alguns desconfortos poderiam ser apresentados durante a avaliação do deslocamento de massa, devido à disposição dos marcadores passivos sobre a pele dos voluntários, fixadas por um esparadrapo, no entanto a conduta aplicada foi totalmente indolor e não promoveu riscos à saúde e a integridade física do indivíduo da pesquisa.

    Durante a avaliação do equilíbrio poderia haver risco de queda por desequilíbrio no momento da execução de alguns itens do teste, no entanto foi preconizado que um avaliador acompanhe o paciente durante á realização das condutas clínicas, servindo como um suporte para possíveis desequilíbrios.

    Os benefícios, considerando os efeitos da senescência e as alterações que ocorrem, buscaram com este estudo, contribuir para o enriquecimento da literatura sobre o tema, e assim, propiciar meios para minimizar tais alterações. Já o benefício para os indivíduos foi à detecção da presença de alterações posturais e equilíbrio que poderiam afetar negativamente a sua qualidade de vida, servindo como um suporte às condutas clínicas destes pacientes de acordo com suas limitações funcionais.

Resultados

    Nos resultados da biofotogrametria para assimetria no plano frontal (APF), pode-se observar uma média para G1 de 6,69 ± 5,45 e G2 de 5,92 ± 2,80 (p> 0,05). Na assimetria do plano sagital foi observada uma média para G1 de 37,93 ± 8,93 e G2 de 33,92 ± 7,15 (p> 0,05) (Tabela 1, Gráfico 1).

Tabela 1. Médias, desvio-padrão e valores estatísticos da Biofotogrametria computadorizada 

para G1 (46- 60 anos) e G2 (61-75 anos) nas assimentrias no plano frontal e sagital (APF, APS)

 

Gráfico 1. Médias, desvio-padrão da Biofotogrametria computadorizada para G1 (46- 60 anos) e G2 (61-75 anos) nas assimentrias no plano frontal e sagital (APF, APS)

    Na escala de Berg, pode-se observar para G1 uma média de 53,84± 2,82 e para G2 uma média de 52,00 ± 1,58 (p> 0,05), demonstrando que pela compreensão dos valores nominais da escala ambos apresentam um controle de equilíbrio satisfatório (Tabela 2, Gráfico 2).

Tabela 2. Médias, desvio-padrão e valores estatísticos da Escala Berg para G1 (46- 60 anos) e G2 (61-75 anos)

 

Gráfico 2. Médias, desvio-padrão da Escala de Berg para G1 (46- 60 anos) e G2 (61-75 anos)

Discussão

    A biofotogrametria é um método eficiente no diagnóstico das alterações posturais, determinada pelos eixos angulares e viabilizada por meio de padrões de anormalidades funcionais, estáticas e corporais de forma geral (IUNES et al, 2005). Para o presente estudo sua utilização é plenamente justificada, permitindo o diagnóstico de comprometimentos do centro de massa durante diferentes fases da senescência. Em conjunto com a técnica de Biofotogrametria computadorizada, foi utilizada a escala de Berg, que possibilita uma melhor visualização dos comprometimentos de equilíbrio dos idosos, sendo um método eficaz de acompanhamento e observação destas alterações. Tendo em vista o quadro evolutivo de comprometimento nas rotinas de atividades de vida diária, o idoso apresenta grande propensão em desenvolver limitações referentes ao equilíbrio estático e no desempenho funcional das atividades do cotidiano (SILVA et al, 2007).

    Os resultados do presente estudo demonstraram na avaliação do deslocamento de massa que o grupo de menor idade, ou seja, G1 apresentou maiores comprometimentos de suporte do equilíbrio, porem não significativa. De acordo com Wise (2002), o período de grandes mudanças hormonais da mulher ocorre na faixa etária de 40 a 50 anos, tendo grandes manifestações sistêmicas e funcionais neste período. De acordo com o estudo, é fácil identificar que os comprometimentos no deslocamento de massa de G1, mesmo não significativo, possivelmente estejam relacionados com o controle endócrino destas mulheres durante esta fase de vida, evidenciando a importância das ferramentas deste estudo no diagnóstico precoce de tais comprometimentos.

    Daubney; Culham (1999) demonstraram em seu estudo que o processo de reabilitação do equilíbrio do idoso, depende principalmente de todo controle sistêmico funcionando de maneira integral. Segundo o próprio autor o equilíbrio estável depende das manifestações de poucas variações do centro de gravidade voluntária e involuntária, além da eficácia do sistema visual, vestibular e somato-sensorial. As descrições do autor corroboram com o presente estudo. A identificação dos níveis quantitativos de deslocamento de massa durante o envelhecimento é fundamental para os profissionais de saúde durante a tomada de decisão clínica, contribuindo de forma positiva no aperfeiçoamento das condutas que serão empregadas aos pacientes.

    Segundo Aikawa et al (2006) o controle de centro de massa, depende de inputs sensoriais múltiplos, qualquer falha em um dos sistemas envolvidos pode causar desequilíbrio postural e, consequentemente, quedas. O próprio autor determina que este fato provavelmente, é um dos mecanismos responsáveis pelo aumento da incidência de queda em idosos, podendo haver um declínio na capacidade de detectar e controlar a oscilação para frente e para trás do corpo. O presente estudo está de acordo com os dados apresentados pelo autor, tendo em vista que o processo de comprometimento funcional proveniente pela senescência ou propriamente pelo processo de senilidade do idoso contribui para que este comece a ter comprometimentos nos níveis de força muscular, controle motor e coordenação motora. Estas características podem ser observadas pelo estudo de Bemben; McCalip (1999), tendo em vista que o autor propõe dentre os tipos de força dinâmica, é sugerido que a potência muscular é especialmente afetada pelo processo de envelhecimento, tendo um importante papel em situação de queda iminente, uma vez que o estabelecimento do equilíbrio normalmente depende da rápida ação da musculatura de membros inferiores. A fraqueza nos membros inferiores é comum nos idosos e tem sido identificada como a segunda maior causa de quedas (SHEPHARD, 1997).

    A escala de equilíbrio de Berg demonstrou que os idosos do G2, apresentaram maiores comprometimentos de equilíbrio, porem não significativas tendo em vista que devido a faixa etária de 61 a 75 anos, este período, segundo Fleck; Kraemer (1999) é um período onde tem maiores envolvimentos de perda de força muscular e comprometimentos funcionais no idoso. É evidente que o processo de alteração neuromuscular é gradualmente envolvido durante as fases de envelhecimento, no entanto, segundo De Jong et al (1999), o processo de reabilitação assume um papel importante no controle destas manifestações clínicas, contribuindo na minimização dos riscos de queda no idoso.

    No presente estudo ficou evidente a importância da avaliação precoce de equilíbrio e deslocamento de massa no idoso. Este tipo de investigação contribui para as orientações dos idosos durante a rotina diária básica e instrumental, minimizando os processos de danos frequentes nos idosos. Além da orientação ao idoso, a conscientização dos familiares e cuidadores são fundamentais na proposição destes cuidados.

Conclusão

    Com base nos resultados da pesquisa, pode-se concluir que os indivíduos do G1 de 46 a 60 anos, apresentaram maiores comprometimentos quanto à simetria de deslocamento de massa corporal, comprovada pela Biofotogrametria Computadorizada. Este fato possivelmente esteja associado com alterações no controle endócrino, devido haver nesta fase a prevalência de manifestações de alterações sistêmicas nas mulheres. No entanto, a analise postural estática, utilizando a escala de Berg, demonstra que G2 de 61 a 75 anos apresentaram maiores comprometimentos de equilíbrio, confirmando as manifestações clássicas de alterações anatomo-funcionais do idoso em todo processo de senescência. O presente estudo contribui para determinar duas classificações de alterações no idoso, o deslocamento de massa e o equilíbrio estático. Os resultados contribuem para visualização de algumas alterações provenientes da senilidade do idoso, no entanto o aprofundamento da temática abordada é fundamental para estudos futuros.

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