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O exercício físico como mecanismo hipotensor da pressão arterial

El ejercicio físico como mecanismo hipotensor de la presión arterial

 

Graduado em Educação Física

Graduado em Fisioterapia

Especialista em Musculação e Fisiologia do Exercício

Leonardo Ismerio Giesta

leonardogiesta@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Os exercícios físicos promovem diversos benefícios à saúde, por isso são objetos constantes de pesquisas e discussões, o que então vem corroborar com a relevância do presente estudo, onde serão abordados de forma sucinta os efeitos de controle e manutenção de baixos valores da pressão arterial, tendo como base os exercícios físicos, onde após uma revisão de literatura ficou claramente evidenciado que os mesmos têm sim direta ação na manutenção dos baixos níveis pressóricos, em homens e mulheres pertencentes tanto ao grupo de indivíduos normotensos quanto ao grupo dos hipertensos onde há verdadeira preocupação por parte dos órgãos da saúde visto o elevado índice de óbitos que vem a ocorrer por deficiência ou falha no sistema cardiovascular, onde a hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a principal responsável por esses números.

          Unitermos: Exercícios físicos. Pressão arterial. Hipotensão.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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I.     Introdução

    A cada batimento cardíaco um novo jato de sangue é impulsionado até as artérias, que tem grande capacidade de distensão o que faz com que o fluxo de sangue não ocorra somente no momento da sístole e continue chegando aos vasos e tecidos mesmo no momento da diástole cardíaca. Em jovens e adultos os pulsos máximos da pressão sistólica é de 120 mm Hg e no ponto dito como mais baixo, chamado de pressão diastólica esse valor é de 80 mm Hg (GUYTON, 1996).

    A pressão arterial é definida como o produto do débito cardíaco pela resistência periférica total, uma vez que a pressão arterial recebe influencia tanto pela força exercida pelo sangue contra a parede dos vasos, como a resistência por elas impostas a passagem do fluxo sanguíneo. Quando os valores da pressão arterial estão acima de valores de 140 m Hg e 90 mm hg em níveis sistólicos e diastólicos respectivamente, tem-se segundo a sociedade brasileira de cardiologia um diagnostico de hipertensão arterial (CUNHA et al, 2006).

    A hipertensão arterial, pode ser entendida por uma patologia que resulta na elevação da pressão das moléculas que compõe o sangue sobre os vasos sanguíneos. A pressão arterial, quando acima dos níveis normais resulta num aumento do trabalho realizado pelo coração, o que pode culminar em uma hipertrofia cardíaca esquerda, que é reconhecidamente, um dos principais fatores de risco de morte súbita, infarto do miocárdio e falha cardíaca. Tornando o coração mais vulnerável às lesões isquêmicas e à redução do debito cardíaco (BOZI, 2008).

    No Brasil, os elevados índices da taxa de mortalidade tem como grande precursores os comprometimentos cardiovasculares, que representam um total de 32,6% das causas de morte no país, no qual a elevação de pressão arterial é o principal fator de risco para tais comprometimentos. O que nos faz evidenciar que mesmos em indivíduos normotensos é necessário que se tente manter o mais baixo possível os níveis da pressão arterial, para tal tem sido recomendada a prática de atividades físicas como uma alternativa ao tratamento farmacológico (MOTA et al, 2008).

    Ainda sobre a hipertensão arterial, a mesma representa uma das maiores causas de danos ao sistema cardiovascular, atingindo cerca de 15% a 20% da população brasileira adulta, porém apresenta também considerável incidência em crianças e adolescentes (MONTEIRO e FILHO, 2004).

    O sedentarismo, também representa alto risco à “saúde” do sistema cardiovascular, pois já se sabe que indivíduos que apresentam um baixo nível de condicionamento físico estão mais suscetíveis a apresentarem uma elevação nos níveis da pressão arterial. Porém alguns estudos revelam que medidas simples podem ser tomadas afim de que se evitem os riscos que uma vida sedentária pode trazer ao sistema cardiovascular (MONTEIRO e FILHO, 2004).

    Existem estudos que comprovam que ao realizar uma atividade física regularmente, verifica-se uma diminuição da pressão arterial por um determinado período de tempo, fenômeno esse ao qual damos o nome Hipotensão pós-exercício (MONTEIRO e FILHO, 2004).

II.     Metodologia

    O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura acerca da Hipotesão arterial pós-exercício (HPE), para que juntamente com outros trabalhos existentes sobre o assunto, possam servir de embasamento teórico aos profissionais da área de saúde para que seja possível tentar amenizar os alarmantes números de indivíduos acometidos pela hipertensão arterial crônica e o uso indiscriminado de fármacos para contê-la.

III.     Discussão

    Desde o inicio da década de 80 tem se notado que o exercício físico tem ação sobre a pressão arterial, notando-se uma diminuição tanto na pressão sistólica quanto na pressão diastólica, essa diminuição ocorre em medições pré-exercício ou mesmo em indivíduos que foram submetidos a uma medição de controle em um dia sem exercícios físicos, por isso o exercício físico tem sido comumente recomendado como um agente na redução da pressão arterial, objetivando assim diminuir o uso constante de medicamentos farmacológicos, e para ratificar o que os estudos têm relatado, observa-se uma é significativa diminuição da pressão arterial, tanto em indivíduos normotensos, quanto em indivíduos hipertensos, sendo que no segundo grupo é notada uma diminuição mais significativa da pressão arterial, essa diminuição pode ser notada mesmo após uma única sessão de exercício, sendo também notado que a diminuição da pressão arterial depende diretamente da duração do exercício, porém independe de sua intensidade. Cabendo ainda ressaltar que quanto à ação dos exercícios físicos como agente hipotensor não há qualquer distinção entre ambos os sexos quanto aos efeitos evidenciados (FORJAZ e NEGRÃO, 1999).

    O exercício físico é uma atividade realizada de forma sistemática com repetições sistemáticas com movimentos realizados de forma orientada, que como consequência acarreta num maior consumo de oxigênio devido a um aumento na solicitação muscular. O exercício físico resulta numa serie de respostas fisiológicas, em especial no sistema cardiovascular. Os ajustes fisiológicos são realizados através das chamadas demandas metabólicas, que através das vias aferentes chegam ao tronco cerebral até a formação reticular bulbar onde estão situados os neurônios reguladores centrais (MONTEIRO e FILHO, 2004).

    Os exercícios físicos podem ter seus efeitos classificados em agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Os efeitos classificados como agudos são os que tem seus efeitos associados diretamente com a sessão de exercícios, os exercícios agudos imediatos são os que tem seus efeitos evidenciados durante o período péri e pós imediato ao exercício, com características como aumento da sudorese, elevação da frequência cardíaca e ventilatória. Os efeitos tidos como agudos tardios vem evidenciar-se, após 24h a 48h da realização dos mesmos e tem como principal característica uma discreta diminuição nos níveis pressóricos especialmente nos hipertensos. Como resultados dos efeitos crônicos do exercício físico, também chamados de adaptações, pois o individuo é constantemente exposto a pratica de exercícios, podemos avaliar as seguintes características: a bradicardia de repouso, a hipertrofia muscular, hipertrofia cardíaca esquerda fisiológica, um aumento no VO2 máx (consumo máximo de oxigênio), além da capacidade de favorecer a angiogênese, ocasionando um maior fluxo sanguíneo para os músculos esqueléticos e cardíaco (MONTEIRO e FILHO, 2004).

    A fim de se encontrar uma resposta para explicar o efeito hipotensor que o exercício provoca tanto em indivíduos normotensos quanto em indivíduos hipertensos tem surgido inúmeras pesquisas para que então se possa de forma mais fiel à realidade evidenciá-las, porém alguns autores já atribuem a queda da pressão arterial em indivíduos hipertensos às alterações humorais relacionadas à produção de uma substância vasoativa como o peptídeo natriurético atrial e uma melhora nos níveis de sensibilidade à insulina além de uma redução da noradrenalina plasmática, o que sugere uma redução da atividade nervosa simpática (MONTEIRO e FILHO, 2004).

    Ainda sobre os exercícios físicos, os estudos de Forjaz et al demonstraram que a grandeza e a duração da queda nos níveis pressóricos decorrente do exercício físico tem relação direta com a duração do exercício, onde um exercício dinâmico com duração de 45 minutos provoca queda da pressão arterial de forma mais significativa e duradoura do que exercícios realizados durante apenas 25 minutos. Como a duração dos exercícios é fator preditor determinante da intensidade das respostas neurais e hormonais durante o tempo de sua execução, espera-se também que as respostas cardiovasculares também sejam influenciadas pelo mesmo fator (FORJAZ et al, 1998).

    Já se sabe que os exercícios físicos, desencadeiam alguns fatores, como redução na atividade nervosa simpática, o que resulta numa queda do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. De acordo com alguns estudos, que tem sido feitos para tentar explicar o efeito redutor que o exercício físico promove sobre a pressão arterial em indivíduos normotensos e, principalmente em indivíduos hipertensos, sendo a redução da pressão diastólica em repouso pós-treinamento físico a mais estudada. Os mecanismos, que afetam a queda da pressão arterial pós-treinamento estão relacionados a fatores hemodinâmicos, humorais e neurais.

    A nível hemodinâmico, verificou-se em indivíduos hipertensos, que a redução da pressão arterial devido a pratica do exercício físico dá-se devido a uma queda do débito cardíaco, que está associada ao decréscimo na freqüência cardíaca, uma vez que não se observa nenhuma alteração no volume sistólico (LIZARDO e SIMÕES, 2005).

    Uma outra alternativa para tentar explicar a redução na pressão arterial pós – exercício, seria uma queda na resistência vascular sistêmica, o que consequentemente, levaria a uma queda da pressão arterial (LIZARDO e SIMÕES, 2005).

    Pode-se então atribuir uma redução de nível significativo dos níveis pressóricos, a prática de um exercício físico de baixa intensidade (aproximadamente 50% do VO2 Máx). O exercício físico de baixa intensidade, causa redução na pressão arterial porque promove uma redução no débito cardíaco, o que pode ser explicado pela diminuição na frequência cardíaca de repouso, e uma diminuição do tônus simpático no coração, em função de menor intensificação simpática e, maior retirada vagal (LIZARDO e SIMÕES, 2005).

    Recentemente, verificou-se ainda, que a diminuição do tônus simpático no coração em hipertensos, pode acontecer, devido a uma melhora nos controles do barorreflexo e cardiopulmonar. Ficou evidenciado que, após um período de treinamento físico em hipertensos, o controle do barorreflexo para a bradicardia e para a taquicardia estava significativamente aumentadas. O treinamento físico, melhorou também o controle do reflexo cardiopulmonar. Então foi possível perceber que, se tanto os pressorreceptores arteriais, como os receptores cardiopulmonares exercem uma modulação tônica sobre a atividade nervosa simpática, pode-se verificar que a atenuação do tônus simpático no coração, na presença de hipertensão seja provocada por uma certa melhora nos controles dos reflexos arterial e cardiopulmonar (MONTEIRO e FILHO, 2004).

    É recomendado pela Sociedade Brasileira da Cardiologia que indivíduos hipertensos iniciem programas de exercício físico regular, desde que antes da prática dos mesmos seja realizada prévia avaliação clínica. Os exercícios devem ser moderados, de três a seis vezes por semana, em sessões de 30 a 60 minutos de duração realizados com frequência cardíaca entre 60% e 80% da máxima, ou entre 50% e 70% do VO2 Máx (MONTEIRO e FILHO, 2004).

IV.     Conclusão

    Após o exposto no presente estudo, pode-se então concluir que o exercício físico tem sim efeitos benéficos, que podem ser aproveitados no tratamento inicial de um indivíduo hipertenso, para que possamos atenuar ou abolir o uso de medicamentos farmacológicos para tratar a hipertensão, porém esses exercícios devem ocorrer de forma frequente e orientada por profissional afim de que possa ser garantido ao individuo somente os efeitos esperados em níveis de queda pressórica. Em indivíduos sedentários e hipertensos, reduções clinicamente significativas na pressão arterial, podem ser conseguidas com um aumento singelo na atividade física, acima dos níveis dos sedentários, além de que o volume do exercício requerido para reduzir a pressão arterial, pode ser relativamente pequeno, por estar evidenciado em estudos anteriores que as quedas obtidas na pressão arterial pouco tem relação com a intensidade dos exercícios, mas sim com a sua duração. Portanto conclui-se que é possível que seja alcançado mesmo em indivíduos sedentários e destreinados uma significativa melhora nos níveis da pressão arterial, cabendo ainda ressaltar que não foi encontrada qualquer diferença entre ambos os sexos quanto os efeitos hipotensores ao exercício.

Referências bibliográficas

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