O desenvolvimento na vida
intrauterina: El desarrollo de la vida intrauterina: una política de salud preventiva |
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Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento Humano, UFRGS Porto Alegre, Rio Grande do Sul |
Pablo de Godoy Menezes (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste estudo é apresentar aos leitores uma visão geral do desenvolvimento ao longo do período gestacional até o nascimento. Buscando interagir os fatores que influenciam esse feto para um desenvolvimento pleno e saudável, ainda propor alternativas para uma política de saúde preventiva. Unitermos: Desenvolvimento. Vida intrauterina. Política de saúde preventiva. Padrões motores.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O desenvolvimento infantil é um processo que se inicia na vida intrauterina e abarca aspectos como a maturação neurológica, o crescimento físico (SACCANI, 2009). Durante o período gestacional alguns cuidados para o bom desenvolvimento do feto são importantes e algumas prevenções devem ser tomadas para um bom desenvolvimento global, e esses serão os aspectos que tentarei elucidar dentro desta resenha.
O desenvolvimento ao longo do período intrauterino merece grande destaque e atenção, uma vez que, nesse curto período de formação do feto diversas questões importantes podem ser desencadeadas. Sendo essa uma fase crucial para o desenvolvimento, conhecer alguns fatores que influenciam o seu bom desenvolvimento se faz muito importante, pois o processo de maturação neurológica da criança ocorre desde o período embrionário e continua após o nascimento, podendo ser retardado ou acelerado por influência de fatores negativos ou positivos durante a gestação (ARAÚJO, 2002).
Cuidados pré-natais: prevenção para uma vida saudável
Muitas pesquisas vêm demonstrando alguns fatores de grande consenso sobre o período que transcorre após a concepção e sua influência no desenvolvimento fetal. Podemos dividir este período em três estágios, o primeiro chamado de estágio germinal de desenvolvimento, apresenta uma duração de aproximadamente duas semanas, é nele que ocorre a divisão da célula inicial e a movimentação desta pela trompa de falópio até se alojar na parede do útero. O segundo estágio de desenvolvimento, o estágio embrionário, é caracterizado pelo rápido crescimento e diferenciação dos principais sistemas e órgãos do corpo e o desenvolvimento de várias estruturas que apóiam o desenvolvimento fetal (placenta). Este estágio se estende, aproximadamente, da segunda até a oitava ou décima segunda semana de gestação. Chegamos no terceiro estágio de desenvolvimento chamado de estágio fetal, este período é considerado o momento que ocorrem, basicamente, o crescimento rápido, as mudanças na forma do corpo e o aprimoramento de todos os sistemas e órgãos (PAYNE & ISAACS, 2007).
Estes períodos são importantes para entendermos as fases sensíveis das influências externas no desenvolvimento futuro dos bebês, sabe-se que o uso de medicamentos em determinados períodos podem causar danos graves para o feto, como os tão citados casos com a talidomida, aonde o uso durante os três primeiros meses de gestação causa a má formação das extremidades (focomelia) ou até mesmo ausência das extremidades (amelia) (SALDANHA, 1994), conquanto podemos ressaltar que medicamentos podem ser fundamentais para um melhor desenvolvimento do feto, como o caso do uso de corticoterapia para amadurecimento do pulmão fetal entre as 24a e 34a semanas de gestação, no caso de risco de parto prematuro (OSORIO-DE-CASTRO et al., 2004).
Com o estudo do desenvolvimento humano, diversos fatores foram apresentados como influentes no desenvolvimento, tanto no período pré quanto pós natal e advindos de fatores internos e/ou externos. Podemos destacar nos fatores internos a influência genéticas e as condições maternais do ambiente pré-natal, sendo os outros fatores desconhecidos (HALPERN & FIGUEIRAS 2004). Quando voltamos a atenção para os fatores externos, pode parecer lógico que alguns deles possam prejudicar o feto, mas ainda assim aparecem com freqüência como: a má alimentação, o álcool, o tabagismo e as drogas, pois diferente do que se pensava algumas décadas atrás a placenta não é um organismo impenetrável, estando o feto exposto a certas substâncias que podem vir a penetrá-la e causando reações negativas como deformidades físicas e disfunções comportamentais (GABBARD, 2008) sendo esses fatores chamados de teratogênicos.
O cuidado com a saúde pré-natal deveria ser incentivado e criado uma política de saúde pública obrigatória do governo, essa medida seria de fundamental importância para melhorar as condições de vida futura desde feto. O paradoxo francês é um exemplo interessante para ilustrar o cuidado com a mãe no período da gravidez como fundamental para a melhora da saúde do futuro adulto. Na França a alimentação tem um rico consumo de gorduras saturadas, porém existe um índice de problemas cardíacos populacional muito menor quando comparados com países com o mesmo consumo dessas substâncias, porém algumas explicações podem ser levadas em consideração, o consumo de azeite de oliva e vinho tinto é uma delas, mas o que Nathanielsz (2002) ressalta é que a mais de um século existe um programa para cuidados de mulheres grávidas e este seria responsável por gerações futuras poderem gozar a vida com maior qualidade de vida, os nove meses do período intrauterino são fundamentais para uma vida longa e com uma qualidade de vida superior a outras populações com os mesmos hábitos alimentares durante sua vida pós-uterina.
Quando falamos das precauções pré-natais muitos fatores são amplamente discutidos, todavia temos que ressaltar um cuidado que pode passar desapercebido para os pais, contudo já é fruto de alguns estudos que ressaltam o sono como um fator determinante de grande relevância para um bom desenvolvimento fetal e preventivo de distúrbios pós parto (PESONEN et al., 2009). Estudos em crianças sugerem que a falta de sono e distúrbios do sono estão associados com a obesidade, sintomas de depressão, déficit de atenção, hiperatividade e função neurocomportamental pobre. Um estudo desenvolvido por Leitner e colaboradores (2002) verificaram a relação de crianças com baixo crescimento pré-natal e distúrbios do sono verificando o que inicialmente os pesquisadores aventaram, crianças com retardo do crescimento intrauterino tendem a ter um sono mais pobre de qualidade quando comparado com seus grupos controle pareados por idade e ainda um cansaço diurno maior, conforme relatado por seus pais. Com todos esses fatores é importante frisar que o sono da mãe e os cuidados com o estresse diário e pressão durante o trabalho são fatores que devem ser evitados para proporcionar a este feto um sono que revigore e possa gerar um desenvolvimento com maior qualidade.
Conclusões
Com todas as evidências acima mencionadas e tantas outras o governo deveria investir em uma política pública forte de prevenção para gestantes. Acompanhando esse curto período de nove meses de gestação com maior atenção, estaremos evitando que em longo prazo outros problemas maiores sejam tão fortemente observados. Criar uma política de perpetuar saúde desde sua raiz principal, a gestação, parece ser uma medida simples, todavia, pouco observamos na direção desta solução.
Referências bibliográficas
ARAÚJO, M. G. M. (2002). Avaliação Clínico-neurológica de recém-nascidos subnutridos e normais e seus desenvolvimento. Rio de Janeiro: Editora Atheneu, 2002.
GABBARD, C. (2008). Lifelong motor development. 5th edition Pearson.
HALPERN, R., & FIGUEIRAS, A. C. (2004). Influências ambientais na saúde mental da criança. Jornal de Pediatria, 80(2), 104-110.
LEITNER, Y., BLOCH, A. M., SADEH, A., NEUDERFER, O., TIKOTZKY, L., & HAREL, S. (2002). Sleep-wake patterns in children with intrauterine growth retardation. Journal of child neurology, 17(12), 872-876.
NATHANIELSZ, Peter W. (2002). A vida do bebê no útero. Ediouro Publicações, 2002.
OSORIO-DE-CASTRO, C. G. S., PAUMGARTTEN, F. J. R. e SILVER, L. D.. (2004). O uso de medicamentos na gravidez. Ciência & Saúde Coletiva 9.4: 987-96.
PAYNE, V. G.; ISAACS, L. D. (2007). Desenvolvimento motor humano. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007
PESONEN, A. K., RÄIKKÖNEN, K., MATTHEWS, K., HEINONEN, K., PAAVONEN, J. E., LAHTI, J., STRANDBERG, T. (2009). Prenatal origins of poor sleep in children. Sleep, 32(8), 1086.
SACCANI, R. (2009). Validação da Alberta Infant Motor Scale para aplicação no Brasil: análise do desenvolvimento motor e fatores de risco para o atraso em crianças de 0 a 18 meses. [Dissertação]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2009.
SALDANHA, P. H. (1994). A tragédia da Talidomida e o advento da teratologia experimental. Revista Brasileira de Genética, 17(4), 449-64.
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