efdeportes.com

Musculação: fatores motivacionais em pessoas acima de 55 anos

Musculación: factores motivacionales en personas mayores de 55 años

Bodybuilder: motivational factors in people over 55 years

 

*Professor de Educação Física pela Faculdade São Francisco de Barreiras, BA

**Professor de Educação Física pela Universidade Federal de Santa Maria, RS

Mestrado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina, SC

Professor de Educação Física da Faculdade São Francisco de Barreiras, BA

(Brasil)

Ascânio Sousa Santos*

satuanoted@hotmail.com

Julio Francisco Kleinpaul**

juliofk@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Atualmente, a busca pela prática de exercícios físicos por parte de indivíduos de meia e terceira idade vem crescendo significativamente. Este estudo objetivou identificar quais os fatores motivacionais que influenciam na adesão e permanência de um indivíduo com idade superior aos 55 anos em um programa de treinamento de musculação. Para a realização do mesmo foi aplicado um questionário composto por cinco perguntas objetivas, em 26 indivíduos, sendo 14 do gênero masculino e 12 do feminino, de uma academia da cidade de Barreiras-BA. Os resultados apontam para adesão a prática os motivos: indicação médica (27%); influência de familiares/amigos (11,5%); busca por qualidade de vida (50%); estética (7,5%) e melhoria da autoestima (4%), também foi observado que não houve adesão pelo fator ocupação do tempo livre. Para a permanência na prática, os motivos foram: manutenção da saúde (66%); estética/autoestima (7,5%); indicação médica (11,5%); qualidade do atendimento (15%), não houve relato de permanência pelo fator amizades ou qualquer outro motivo. Com esses dados conclui-se que com maior acesso à informação e à participação ativa em atividades físicas, o indivíduo que está adentrando ou já está na terceira idade vem se tornando mais ativo e tendo melhores condições de vida e saúde, na busca de um estilo de vida positivo, desfrutando ao máximo os ganhos advindos do exercício físico.

          Unitermos: Musculação. Terceira idade. Motivação. Promoção da saúde.

 

Abstract

          Currently, the search for physical exercise by individuals of middle and old age is growing significantly. This study aimed to identify the motivational factors that influence adherence and persistence of an individual aged over 55 years in a program of weight training. To achieve the same a questionnaire was composed of five objective questions in 26 subjects, 14 were male and 12 females of an academy by city Barreiras-BA. The results indicate adherence to practical reasons: medical indication (27%); influence of family / friends (11.5%); pursuit of quality of life (50%), aesthetic (7.5%) and improving self-esteem (4%) was also observed that there was no compliance by the factor of their free time. To stay in practice, the reasons were: health maintenance (66%); aesthetic/self-esteem (7.5%); medical indication (11.5%), quality of care (15%), there was no report of permanence by factor friendships or any other reason. With these data it is concluded that with greater access to information and active participation in physical activities, the individual who is entering or is already in old age is becoming more active and have better living conditions and health, in search of a style positive life, enjoying the most of the gains from exercise.

          Keywords: Bodybuilding. Elderly. Motivation. Health promotion.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A expectativa de vida mundial aumenta a cada ano com o avanço médico. Os freqüentes investimentos da medicina em pesquisas que remetem a qualidade de vida na meia e maior idade influenciaram esse crescimento. Fato que serve de alerta para os profissionais da área de Educação física, estes que irão trabalhar com esse público ajudando na prevenção de doenças e promoção de saúde (DOMENICO; SCHUTZ, 2009).

    Diante da estatística divulgada pelo Guia Brasileiro da Terceira Idade (1999) apontando que o Brasil atingirá cerca de 34 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade no ano de 2025 e, portanto possuirá a sexta população mais idosa do mundo e ainda registrando que, atualmente, o país conta com mais de 13 milhões de idosos, o que representa 8,6% da população (FENALTI; SCHWARTZ, 2003), entra em questão estilo e qualidade de vida, que dentro do conceito de saúde, engloba a prática de Atividades físicas regulares, entre outros bons hábitos para viver melhor.

    Nahas (2003) nos alerta que a previsão em torno do ano de 2020 é de que o número de pessoas com mais de 60 anos seja equivalente ao número de jovens. Isto acaba por despertar um grande interesse pela qualidade de vida das pessoas desta faixa etária por parte de pesquisadores, governantes, empresários e profissionais liberais, pois diante deste cenário etário que se coloca para nossa sociedade é necessário pensar como trabalhar esta questão, para que possamos inserir o sujeito idoso nesse processo, garantindo a ele qualidade de vida.

    O envelhecimento é freqüentemente explicado como sendo um processo que se direciona para a perda progressiva da adaptabilidade fisiológica (SHARKEY, 1987), levando o organismo a uma capacidade cada vez menor de manter sua homeostase, tornando-se mais vulnerável (FARINATTI, 2002). Conseqüentemente diminuindo a aptidão desse indivíduo para desempenhar atividades normais do dia a dia, surgindo dessa forma, uma das grandes preocupações do indivíduo quando está ficando idoso, que é o quanto ele necessita de terceiros.

    Como conseqüência da divulgação desses estudos, as pessoas estão se preocupando mais com os males causados com o envelhecimento associados ao sedentarismo. Dessa forma, indivíduos considerados de meia idade estão procurando as academias de musculação para que através da atividade física possam manter ou até mesmo melhorar suas condições físicas (SANTARÉM, 1996).

    Atualmente, a musculação é uma atividade física muito indicada para indivíduos que ingressam à terceira idade. Para Santarém (1996), nos dias atuais a musculação ocupa um lugar de destaque entre os métodos de treinamento físico mais populares existentes em todo o mundo. Sabe-se que o treinamento com pesos é muito eficaz na prevenção e tratamento de doenças como a osteoporose, obesidade, hipertensão arterial e diabetes, e tem como objetivo aumentar a massa muscular, à densidade óssea, aperfeiçoando o desempenho relacionado à força, melhorando as condições funcionais do aluno, fazendo com que ele realize os esforços da vida diária com mais segurança, disposição, facilidade e sem a dependência de terceiros (DOMENICO; SCHUTZ, 2009).

    É de extrema importância que os profissionais de educação física possuam conhecimento aprofundado sobre o assunto, já que são eles que irão prescrever programas de treinamentos para esse público (MONTEIRO, 1998). Para que esses programas de musculação sejam aplicados com eficácia em indivíduos que estão adentrando a terceira idade, é necessário que os profissionais e proprietários das academias conheçam as características dessa população.

    Pollock e Wilmore (1993) afirmam que os exercícios físicos devem se constituir num objetivo para toda a vida e, conseqüentemente, a motivação apropriada representa um fator crítico para a comunidade na participação de um programa.

    Com base no conceito de envelhecimento e na importância da musculação na melhoria do estilo de vida desses indivíduos, originou-se a necessidade deste estudo, buscando saber o que motiva os indivíduos com faixa etária acima dos 55 anos a procurarem essa modalidade de exercício físico.

Metodologia

Sujeitos da pesquisa

    Inicialmente todos os alunos de uma academia de musculação da cidade de Barreiras-BA com idade acima de 55 anos foram convidados a participar. Foram coletados dados de 26 indivíduos de ambos os gêneros (14 homens e 12 mulheres).

Descrição da coleta e da análise dos dados

    De posse da aprovação pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CAAE: 13700413.9.0000.5026), o convite foi feito individualmente no momento em que o indivíduo chegava à academia. Nesse momento foram explicados os objetivos e as prerrogativas éticas e legais da pesquisa bem como a apresentação do TCLE. Aqueles que concordaram em assinar o TCLE foram conduzidos a uma sala reservada para a aplicação de um questionário composto de cinco questões objetivas, para o qual receberam instruções prévias. Dado que os sujeitos do estudo são seres humanos foi obedecido ao previsto na resolução 196/96 do Ministério da Saúde do Brasil, sendo cumpridos os princípios éticos contidos na declaração de Helsinque, além do atendimento a legislação vigente. Todos os participantes receberam uma cópia do termo, após a sua assinatura.

    Foi garantido aos participantes o sigilo das informações, a voluntariedade da participação e a possibilidade de interromper o preenchimento do instrumento a qualquer momento, sem nenhum ônus ou prejuízo aos mesmos.

    Para análise dos dados fora utilizada a estatística descritiva (freqüência absoluta e relativa).

Critérios para inclusão dos sujeitos

  • Ter 55 anos ou mais;

  • Estar devidamente matriculado na academia;

  • Estar ativo em um programa de musculação no mínimo há seis meses;

  • Assinar o TCLE.

Resultados e discussão

    Este estudo objetivou identificar quais os fatores motivacionais que influenciam na adesão e permanência de indivíduos com idade superior aos 55 anos em um programa de treinamento de musculação.

    O primeiro questionamento foi em relação ao tempo de prática por parte do indivíduo na modalidade em questão. 38,5% disseram ter começado a menos de um ano, 27% responderam que já malham entre um e cinco anos, 23% que tem mais de cinco anos que malham e 11,5% que praticam a musculação desde a juventude.

    Dessa forma podemos observar que a maioria dos voluntários começou a praticar a musculação a menos de um ano, como ilustra o Gráfico 1 a seguir:

Gráfico 1. Tempo de prática de musculação

    Quanto aos fatores motivacionais para a adesão a prática da musculação, foi constatado o seguinte: 27% atribui a indicação médica, 11,5% a influência de familiares ou amigos, 7,5% a estética, 4% a melhora da autoestima e 50% dos voluntários atribuíram a busca por qualidade de vida. Nenhum dos indivíduos avaliados alegou a ocupação do tempo livre como fator motivador para prática da musculação.

    Zawadski e Vagetti (2007) apontam os seguintes motivos que levam as idosas a praticarem musculação: manutenção da saúde como primeira opção (42%); em seguida, indicação médica (25%) e fazer amigos (25%), enquanto qualidade de vida (4%) e autoestima (4%) foram relatadas como as que menos influenciaram. Estes resultados concordam parcialmente com os encontrados no presente estudo, sendo que o índice que mais diferiu entre os dois estudos foi o fator qualidade de vida e o que mais se assemelhou foi a indicação médica.

    Como pode ser observado no Gráfico 2 a seguir, os principais fatores apontados pelos pesquisados para a adesão a prática de musculação foram a busca por qualidade de vida e melhoria do estado de saúde, concordando com os resultados encontrados em estudos de outros autores (DOMINICO; SHUTZ, 2009; GOMES; ZAZÁ, 2009; SANTOS; KNIJNIK, 2006).

Gráfico 2. Motivação para a adesão à prática da musculação

    De posse do fator de adesão a prática da musculação, foi questionado o que os mantêm praticando a modalidade em questão (Gráfico 3). Encontrou-se os seguintes resultados: 66% alegaram a manutenção da saúde como principal fator, 7,5% estética ou autoestima, 11,2% indicação médica, 15% qualidade do atendimento. Observou-se não haver indivíduos que permanecem na prática da musculação por amizades ou quaisquer outros motivos.

    De acordo com o estudo de Domenico e Schutz (2009) os motivos apontados para a permanência na atividade foram: manutenção da saúde (28%); autoestima/estética (16%); amizades (26%); bem-estar (22%) e indicação médica (8%). Apesar de apresentar índices diferentes do presente estudo, ambos apontaram como principal fator de permanência na prática de atividade física a manutenção da saúde.

Gráfico 3. Motivação para a permanência do indivíduo na prática da musculação

    Pode-se perceber através desses dados a preocupação das pessoas que estão adentrando a terceira idade com a sua saúde em primeiro lugar. A maioria dos autores estudados assinala a importância que esses indivíduos atribuem a sua saúde, preocupados em buscar uma vida com qualidade (DOMENICO; SHUTZ, 2009; GOMES; ZAZÁ, 2009; TEIXEIRA et al., 2009; SANTOS; KNIJNIK, 2006; ZAWADSKI; VAGETTI, 2007).

    A cerca do grau de satisfação quanto aos resultados adquiridos com a prática da musculação (Gráfico 4) os resultados foram os seguintes: 69% dos voluntários estão plenamente satisfeitos, 27% estão parcialmente satisfeitos, 4% estão razoavelmente satisfeitos, constatou-se também que dentre os voluntários não há indivíduos pouco satisfeitos ou insatisfeitos com os ganhos, dados que se assemelham aos obtidos por Schaeffer (2012) em seu estudo.

Gráfico 4. Grau de satisfação quanto aos resultados adquiridos com a prática da musculação até então

    Exercícios devidamente prescritos e orientados desempenham importante papel na prevenção, conservação e recuperação da capacidade funcional dos indivíduos, repercutindo positivamente em sua saúde. Estes não farão parar o processo de envelhecimento, mas, poderão retardar o aparecimento de complicações, interferindo positivamente no seu bem estar (NEIMAN, 1999).

    Kleinpaul et al. (2008) concluíram ainda que algumas evidências sugerem que o envolvimento em exercícios regulares também pode fornecer vários benefícios psicológicos relacionados à preservação da função cognitiva, alívio dos sintomas de depressão e comportamento, e uma melhora no conceito de controle pessoal e auto-eficácia.

Conclusão

    Conclui-se que os fatores de adesão coincidem na totalidade com os de permanência. No primeiro momento constatou-se que o maior fator de adesão é a busca por qualidade de vida e o de permanência a manutenção da saúde, caracterizando predominantemente motivos intrínsecos para a prática do exercício físico.

    Com maior acesso à informação e à participação ativa em atividades físicas, o indivíduo que está adentrando ou já está na terceira idade vem se tornando mais ativo e tendo melhores condições de vida e saúde, na busca de um estilo de vida positivo, desfrutando ao máximo os ganhos advindos do exercício físico.

Referências

  • DOMENICO, L.; SCHUTZ, G. R. Motivação em idosos praticantes de musculação. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v.13, n. 130, p. 1-1, 2009. http://www.efdeportes.com/efd130/motivacao-em-idosos-praticantes-de-musculacao.htm

  • FARINATTI, P. T. V. Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocástico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.8, n. 4, p. 129-132, 2002.

  • FENALTI, R. C. S.; SCHWARTZ, G. M. Universidade Aberta á Terceira Idade e a Perspectiva de Ressignificação do Lazer. Revista Paulista de Educação Física. v.17, n.2, p.131-41, 2003.

  • GOMES, K. V.; ZAZÁ, D. C. Motivos de adesão de atividades físicas em idosas. Revista brasileira de atividade física e saúde, v. 14 n. 2, p. 132-138, 2009.

  • KLEINPAUL, J. F.; LEMOS, L. F. C.; MANN, L.; KLEINPAUL, J. T.; DARONCO, L. S. E. Exercício físico: mais saúde para o idoso. Uma revisão. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, v. 13, n. 123, p. 1-1, 2008. http://www.efdeportes.com/efd123/exercicio-fisico-mais-saude-para-o-idoso-uma-revisao.htm

  • MONTEIRO, W. Personal Trainning na musculação. Rio de Janeiro, Sprint, 1998.

  • NAHAS, M. V. Atividades física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3 ed. Londrina, 2003.

  • NEIMAN, D. C. Exercícios e Saúde como prevenir doenças usando o exercício como seu medicamento. São Paulo: Manole, 1999.

  • POLLOCK, M. L.; WILMORE, J. H. Exercícios na saúde e na doença. 2 ed., Rio de Janeiro: Madsi, 1993.

  • SANTARÉM, J. M. Musculação e qualidade de vida. Apostila 1996.

  • SANTOS, S. C.; KNIJINK, J. D. Motivos de adesão à pratica de atividade física na vida adulta intermediaria I. Revista Mackenzie de educação física e esporte. v. 5, n. 1, p. 23-34, 2006.

  • SCHAEFFER, L. V. Fatores que podem interferir na permanência das pessoas em uma academia de Barreiras-BA. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) – Faculdade São Francisco de Barreiras, Barreiras, 2012.

  • SHARKEY, B. J. Functional vs chronologic age. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 19, n. 2, p.174-178, 1987.

  • TEIXEIRA, C. S;. LEMOS, L. C.; MANN, L.; ROSSI, A. G. Hidroginástica para idosos: qual o motivo da escolha? Salusvita, v. 28, n. 2, p. 183-191, 2009.

  • ZAWADSKI, A. B. R.; VAGETTI, G. C. Motivos que levam idosas a freqüentarem as salas de musculação. Espírito Santo do Pinhal, SP. Movimento e Percepção, v.7, n.10, p. 45-60, 2007.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 187 | Buenos Aires, Diciembre de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados