Esporte e propaganda política nos festejos do Sesquicentenário da Independência do Brasil (1972): notas preliminares de um estudo El deporte y propaganda política
en los festejos del Sesquicentenario de la Independencia de Brasil (1972): |
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Mestre em Educação Física Graduando em História Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) |
Bruno Duarte Rei (Brasil) |
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Resumo Neste texto, discute-se notas preliminares de uma pesquisa que visa analisar o uso do esporte como propaganda política no âmbito das comemorações oficiais do Sesquicentenário da Independência do Brasil, ocorridas entre abril e setembro de 1972. Debate-se, mais exatamente, questões relacionadas à possibilidade de investigação da utilização propagandística do esporte, no âmbito dos festejos em questão, tendo como objetivo legitimar simbolicamente a ditadura militar brasileira, através da reafirmação de elementos identitários nacionais e, consequentemente, do reforço de características de um imaginário social otimista sobre o país. Unitermos: Esporte. Propaganda política. Ditadura militar. Sesquicentenário da Independência do Brasil.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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I
Por meio deste texto, pretendemos apresentar notas preliminares de uma investigação que objetiva analisar o uso do esporte como propaganda política no âmbito das comemorações oficiais do Sesquicentenário da Independência do Brasil. Como é sabido, em 1972, o governo brasileiro lançou mão de um conjunto de iniciativas para celebrar essa efeméride. Era um ano conturbado, marcado, entre outros aspectos, pelo fracasso inicial no combate à guerrilha comandada pelo Partido Comunista do Brasil, na região do Araguaia; assim como pela atuação do senador norte-americano John Tunney, que propunha a suspensão de ajuda militar ao Brasil enquanto perdurassem as acusações relativas às práticas de tortura ocorridas nesse país. Diante desse cenário, a ditadura militar tentava, através de diversas estratégias publicitárias sofisticadas, projetar no cenário nacional e internacional imagens de que o Brasil era um país grandioso, rico, exuberante e, sobretudo, predestinado ao sucesso (SKIDMORE, 2004). As festividades dos 150 anos da Independência brasileira, como demonstram Cerri (1999), Almeida (2009) e Cordeiro (2012), foram utilizadas como uma das tentativas de reafirmação desse imaginário social otimista.
As celebrações do Sesquicentenário da Independência nacional, assim como as do Centenário, são objetos de estudo ainda pouco explorados no campo da História. Após um levantamento bibliográfico realizado para a construção da presente proposta de pesquisa, constatamos que, com exceção dos já referidos trabalhos elaborados por Cerri (1999), Almeida (2009) e Cordeiro (2012), não existem outros estudos que abordam especificamente esse tema. Além dessas três referências, também observamos algumas poucas publicações que tratam de aspectos pontuais relativos aos festejos em questão, mas que, no entanto, não definem esses eventos comemorativos como objetos centrais de suas análises. Como exemplo, podemos citar o livro de Fico (1997), que, ao examinar a propaganda política produzida pela ditadura militar (1969-1977), apreciou um episódio particular das comemorações dos 150 anos do “Grito do Ipiranga”: a missa solene realizada na Catedral da Sé, em 7 de setembro de 1972.
Entre outros objetos de pesquisa, o que escapou aos poucos estudiosos do tema em evidência foram os eventos esportivos que compuseram as festividades do 150º aniversário da Independência brasileira: uma série de competições nacionais e internacionais de grande amplitude, que ocorreram em todas as regiões do país, entre abril e setembro de 1972. Estamos desenvolvendo – através de uma consulta ao “Fundo da Comissão Executiva Central do Sesquicentenário da Independência do Brasil”, disponível no Arquivo Nacional (RJ) – um catálogo de todos os certames esportivos atrelados a esses festejos. Até agora, foram detectadas 56 competições, entre as quais podemos destacar: a “Corrida de Integração Nacional”, a “Corrida Rústica Duque de Caxias”, as “Olimpíadas do Exército”, os “Jogos Colegiais Brasileiros”, os “Jogos Estudantis Brasileiros”, os “Jogos Universitários Brasileiros”, a “Taça Internacional Independência de Futebol”, o “Torneio Internacional Independência de Hóquei sobre Patins”, o “Torneio Internacional Independência de Automobilismo”, as “500 milhas de Interlagos”, o “Rally da Independência”, o “Torneio Internacional ABC de Atletismo”, o “Festival Nacional de Desportos”, o “I Sarau Internacional de Ginástica Moderna” etc.
Dos diversos eventos esportivos vinculados às celebrações dos 150 anos do “grito do Ipiranga”, apenas a “Taça Internacional Independência de Futebol”1 recebeu olhares um pouco mais detidos por parte de historiadores. Até o momento, apenas três pesquisadores investigaram esse torneio futebolístico. O primeiro a apreciar esse objeto de estudo foi Agostino (2002). No livro intitulado “Vencer ou morrer: futebol, geopolítica e identidade nacional”, o autor analisa possíveis relações estabelecidas entre futebol e política, considerando um recorte temporal que vai da segunda metade do século XIX até a contemporaneidade. Ao longo da obra, o futebol é examinado, de um modo geral, como um instrumento de propaganda ideológica utilizado por regimes das mais diversas colorações políticas, como por exemplo: o nazi-fascismo, o socialismo, as ditaduras militares latino-americanas etc. Quando se refere à ditadura militar brasileira, Agostino (2002) discute, entre outros aspectos, a exploração propagandística da conquista da “Taça Internacional Independência de Futebol”.
Em termos gerais, o autor procura demonstrar que o uso publicitário do ganho da “Taça Internacional Independência de Futebol”, assim como o da “Taça Jules Rimet”2, teve como objetivo associar o sucesso da seleção brasileira de futebol ao mandato presidencial de Emílio Garrastazu Médici. Agostino (2002) sustenta que, dessa maneira, a ditadura militar buscava obter uma capitalização política do êxito atingido nos gramados, tendo em vista, sobretudo, o alcance de um maior apoio por parte de segmentos populares da sociedade. Embora as considerações feitas pelo autor sejam pertinentes e dignas de análise, observamos que ele não elaborou uma apreciação pormenorizada do objeto de pesquisa em questão. Nos parece que isso ocorreu em função do próprio escopo de seu livro, que, ao invés de focar o desenvolvimento de um estudo mais específico, privilegia o estabelecimento de um panorama geral das relações entre futebol e política instituídas em um recorte espaço-temporal bastante amplo.
Almeida (2009), outro historiador que estudou a “Taça Internacional Independência de Futebol”, se propôs a preencher algumas lacunas deixadas por Agostino (2002). Tal esforço é parte da tese de doutorado denominada “O regime militar em festa: a comemoração do Sesquicentenário da Independência brasileira (1972)”,3 que tem como objetivo compreender de que modo as celebrações em evidência foram utilizadas de forma propagandística pela ditadura militar. No terceiro capítulo do trabalho, o autor desenvolve uma análise que, em síntese, busca investigar possíveis relações firmadas entre a “Taça Internacional Independência de Futebol” e a conjuntura mais ampla das festividades dos 150 anos da Independência nacional. Dentro dessa perspectiva, Almeida (2009) defende que a função central desse torneio futebolístico foi contribuir para a criação de uma atmosfera favorável à formação de um sentimento de patriotismo, influenciando, desse modo, um contingente maior de pessoas a participarem das outras diversas festividades do Sesquicentenário do “grito do Ipiranga”.
Além do exposto, o autor analisa a exploração publicitária da conquista da “Taça Internacional Independência de Futebol”. Ao desenvolver essa apreciação, Almeida (2009) chama a atenção para um aspecto que passou desapercebido no trabalho elaborado por Agostino (2002). O autor demonstra que, além da sociedade brasileira, tal investimento propagandístico buscava atingir a comunidade internacional, que também recebia, através de diversos meios de comunicação social, mensagens que visavam reafirmar características de um imaginário social otimista sobre o Brasil, que o identificava como uma pátria formidável e, sobretudo, predestinada ao sucesso. Cabe destacarmos, ainda de acordo com Almeida (2009), que o uso publicitário da “Taça Internacional Independência de Futebol” parece ter sido tão explícito que alguns países europeus chegaram a acusar publicamente o governo brasileiro de usar politicamente a competição. Aliás, em virtude disso, Alemanha Ocidental, Áustria, Bélgica, Espanha, Holanda, Itália e Inglaterra se recusaram a enviar suas representações para disputar o certame.
Cordeiro (2012) também analisa a “Taça Internacional Independência de Futebol”. Dos trabalhos que abordam esse objeto de pesquisa, o desenvolvido por essa autora é o mais recente. Tal apreciação compõe a tese de doutorado intitulada “Lembrar o passado, festejar o presente: as comemorações do Sesquicentenário da Independência entre consenso e consentimento (1972)”, que, em resumo, estuda os festejos cívicos vinculados às celebrações do 150º aniversário do “grito do Ipiranga”. A partir desse enfoque, Cordeiro (2012) verifica possíveis relações estabelecidas entre os eventos cívicos supracitados e o processo de construção de um consenso social em torno da ditadura militar. No quarto capítulo do trabalho, a autora se detém no exame do torneio futebolístico em destaque. Contudo, cremos que não é necessário debatermos, neste texto, as contribuições oriundas de seu esforço. De um modo geral, Cordeiro (2012) apenas reitera alguns aspectos já abordados por Agostino (2002) e Almeida (2009), fato que, em nossa opinião, põe em xeque a própria pertinência da inclusão de um capítulo dedicado exclusivamente ao exame da “Taça Internacional Independência de Futebol” em sua tese de doutorado.
Em linhas gerais, os parágrafos acima sintetizam o que foi dito por Agostino (2002), Almeida (2009) e Cordeiro (2012) sobre a “Taça Internacional Independência de Futebol”. Em que pesem as contribuições dos estudos desenvolvidos por esses autores, eles tratam de apenas um dos certames esportivos vinculados às comemorações dos 150 anos da Independência brasileira. De fato, não existem trabalhos que abordam de um modo aprofundado o conjunto dos eventos esportivos ligados a essas festividades, tal qual o que foi organizado por Santos e Melo (2012) tendo em consideração as celebrações do Centenário do “grito do Ipiranga”. Em vista disso, estabelecemos como objetivo de nossa pesquisa analisar o uso do esporte como propaganda política no âmbito das comemorações oficiais do Sesquicentenário da Independência do Brasil, abrangendo todos os eventos esportivos atrelados aos festejos dessa efeméride. Procuraremos investigar, mais exatamente, a utilização propagandística do esporte a fim de legitimar simbolicamente a ditadura militar, através da reafirmação de elementos identitários nacionais e, consequentemente, do reforço de características de um imaginário social otimista sobre o país.
Como se pode notar, o recorte temporal instituído neste trabalho abarca o ano de 1972. Vale ressaltarmos que pretendemos investigar, mais precisamente, o período compreendido entre 21 de abril e 7 de setembro do referido ano. Tal delimitação justifica-se por abranger o calendário oficial dos festejos do 150º aniversário da Independência brasileira. Calendário esse que, além de uma gama de atividades esportivas, também contou com a realização de eventos de outra natureza, como por exemplo: paradas e encontros cívicos; atividades estudantis; demonstrações e exibições; visitas de personalidades estrangeiras; espetáculos de som e luz; eventos culturais, musicais e teatrais; mostras de artes e exposições; congressos e conferências; sessões solenes, discursos e pronunciamentos; comemorações e homenagens; inaugurações e lançamentos; publicações e reedições de livros; produção e exibição de filmes; concursos e cursos; feiras de exportação; eventos religiosos; além do já bastante conhecido processo de recebimento, peregrinação e inumação dos restos mortais de dom Pedro I em terras brasileiras.
Ora, será que, no âmbito das festividades oficiais dos 150 anos da Independência nacional, as competições esportivas foram, de fato, símbolos mobilizados pela ditadura militar a fim de legitimar o regime político em vigência? Poderíamos afirmar que, dentro dessa perspectiva, tais eventos foram aproveitados para reafirmar elementos identitários nacionais, como, por exemplo, a definição da figura do “brasileiro” como um obstinado otimista, crente no futuro promissor de sua pátria? É possível aferirmos que, desse modo, os certames esportivos vinculados às comemorações em questão contribuíram para reforçar características de um imaginário social otimista sobre Brasil, que o identificava como um país grandioso, rico, exuberante e, principalmente, predestinado ao sucesso? O que teria, afinal, significado o esporte no contexto dos festejos do Sesquicentenário do “grito do Ipiranga”? Em suma, são essas as questões de pesquisa que pretendemos desvendar com o desenvolvimento da presente proposta de estudo.
II
Conforme já pontuamos, existe uma lacuna de referências bibliográficas direcionadas para o objeto de estudo aqui proposto. A carência de trabalhos específicos, bem como os limites das escassas abordagens historiográficas, iluminam a necessidade de lançarmos luzes sobre os eventos que obtiveram maior popularidade entre as celebrações do Sesquicentenário da Independência brasileira. Como chama a atenção Almeida (2009), nenhuma das atividades ligadas a esses festejos pôde mobilizar um contingente maior de pessoas do que as de natureza esportiva – seja presencialmente ou através da cobertura de meios de comunicação social. As poucas publicações que verificam o uso político do esporte nessas comemorações se reduzem a investigar somente a “Taça Internacional Independência de Futebol”, ou seja: não existem referências que abordam de um modo pormenorizado os demais eventos esportivos ocorridos. Nos parece que analisar as festividades em destaque sem se deter no aspecto que contou com a maior adesão popular é uma forma incompleta de apreciação desse objeto de pesquisa.
Além da relevância acadêmica, também é digna de nota a relevância social do objeto de estudo aqui enfocado. Vivemos um momento em que o Brasil se prepara para receber as duas maiores competições esportivas do planeta: a “Copa do Mundo da FIFA”, em 2014; e os “Jogos Olímpicos”, em 2016. Acreditamos que o desenvolvimento da pesquisa em tela pode gerar profícuas reflexões, principalmente no que tange às particularidades, problemas, potencialidades e impactos desses megaeventos para o país. Como dizem Santos e Melo (2012), ainda que se referindo aos certames esportivos vinculados às comemorações do Centenário da Independência nacional: “certamente algo similar ocorrerá com as competições que estão para ocorrer no século XXI... para o bem ou para o mal” (p. 14). Cremos que os certames ocorridos em 1972 podem ser caracterizados como um episódio importante da história do esporte brasileiro e, igualmente, como um símbolo mobilizado para legitimar a ditadura militar, através da reafirmação de elementos identitários nacionais e, consequentemente, do reforço de características de um imaginário social otimista sobre o Brasil.
III
A presente proposta de pesquisa se insere claramente no campo da (Nova) História Política: a análise da utilização propagandística do esporte a fim legitimar simbolicamente a ditadura militar, através da reafirmação de elementos identitários nacionais e, consequentemente, do reforço de características de um imaginário social otimista sobre o Brasil. Cabe, neste momento, mencionarmos que não temos a pretensão de demonstrar que, no âmbito das celebrações oficiais do Sesquicentenário da Independência brasileira, o esporte foi mobilizado somente como parte de uma estratégia deliberada de manipulação e controle ideológico, muito pelo contrário. Nosso objetivo é chamar a atenção para a maneira como o referido objeto de estudo foi aproveitado em um projeto mais amplo de propaganda política desenvolvido pelo governo autoritário (1969-1977), desvendado no trabalho publicado por Fico (1997).
Dentro dessa perspectiva, procuraremos estabelecer nexos relacionais entre o objeto de pesquisa em questão, notadamente de caráter político, e fenômenos de outra “natureza”, como por exemplo: o “milagre brasileiro”, de feitio econômico, e, sobretudo, a disputa por uma “leitura correta” do Brasil, de feitio social. Nesse último caso, estamos nos referindo a um fenômeno de longa duração, que, como evidencia Souza (1993), se expressa desde o período colonial: os embates travados entre os defensores de uma imagem do Brasil como um país grandioso, rico, exuberante e, principalmente, predestinado ao sucesso, que legitima a vocação do brasileiro para ser um otimista; e os defensores de uma imagem do Brasil como um país marcado pelas suas insuficiências estruturais, não restando para os brasileiros muito mais do que uma expectativa cética e pessimista em relação ao futuro da pátria.
De acordo com Fico (1997), entendemos que a citada disputa por uma “leitura correta” sobre o Brasil não é um fenômeno digno de ser compreendido apenas como um processo de distorção das contradições sociais – patrocinado pelas classes dominantes. Afinal, como demonstra o autor, esse assunto não expressa somente o anseio de sustentar as relações de subordinação e dependência existentes em uma época, constituindo-se, igualmente, como a base de uma significativa rede de auto-reconhecimento social. Ademais, vale salientarmos que até mesmo a visão pessimista sobre o Brasil é originária de setores da elite, ou seja: “embora a perspectiva otimista sirva mais facilmente aos propósitos de dominação (exercendo o que poderíamos chamar de função ideológica), as visões trágicas sobre o Brasil – sua inviabilidade e seus desmantelos – foram produzidas também por setores dominantes” (FICO, 1997, p. 18, grifado no original).
Em função do exposto, acreditamos que o uso do conceito de ideologia, em sua conotação crítica e negativa, não viabilizaria a abordagem que pretendemos realizar. Cremos que será mais funcional operarmos com a noção de imaginário social, entendida como: “sistema ou universo complexo e interativo que abrange a produção e circulação de imagens visuais, mentais, verbais, incorporando sistemas simbólicos diversificados e atuando na construção de representações diversas” (BARROS, 2004, p. 92-94). Dentro desse prisma, procuraremos pensar o imaginário social como um fenômeno que intervém constantemente na esfera do poder, mais exatamente, no exercício do poder simbólico: “um poder de construção da realidade que tende a estabelecer uma ordem gnoseológica” (BOURDIEU, 2003, p. 9), capaz de condicionar tanto os modos de sentir, pensar e agir quanto às crenças nas “verdades universais” em vigência em determinados campos sociais (BOURDIEU, 1983).
Como salienta Baczko (1985): “exercer um poder simbólico não consiste meramente em acrescentar o ilusório a uma potência ‘real’, mas sim em duplicar e reforçar a dominação efetiva pela apropriação dos símbolos e garantir a obediência pela conjugação das relações de sentido e poderio” (p. 298-299). Para explicarmos as apropriações do esporte como um símbolo utilizado para legitimar a ditadura militar, a noção de tradições inventadas nos parece ser uma ferramenta teórica interessante. Segundo Hobsbawm (1997a), tais tradições destacam-se como fatores importantes na formação de identidades nacionais ao longo da modernidade. Para o autor, a referida noção pode ser definida como: “um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácitas ou abertamente aceitas [...], de natureza ritual ou simbólica, [que] visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente, uma continuidade em relação ao passado” (p. 9).
Hobsbawm (1997b) distingue as tradições inventadas em duas categorias: as de caráter político, que são produtos de movimentos sociais e políticos organizados ou, até mesmo, de Estados – como, por exemplo, festas cívicas, heróis nacionais, hinos e bandeiras; e as de caráter social, que são arranjadas por grupos sociais sem organização formal ou sem objetivos políticos específicos – como, por exemplo, a tradição dos brasileiros de considerar o Brasil como o país do futebol. Conforme o autor, o esporte é um elemento chave para a construção de identidades nacionais, pois, entre outros aspectos, fundam-se ao seu redor diversas tradições inventadas: cantos de hinos, hasteamentos de bandeiras, cerimônias de abertura e premiação, invenções de heróis nacionais etc. Nas palavras de Hobsbawm (1997b): “uma das novas práticas sociais mais importantes de nosso tempo, tanto o esporte das massas quanto o da classe média uniam a invenção de tradições sociais e políticas [...] constituindo um meio de identificação nacional e comunidade artificial” (p. 309).
No decorrer da modernidade, os próprios eventos esportivos – notadamente os de maior popularidade – ganharam rapidamente o status de tradição inventada (Hobsbawm, 1997b). Aliás, como chamam a atenção Santos, Drumond e Melo (2012): “até mesmo quando a ideia de nação tornou-se mais frágil, em função do desenvolvimento econômico transnacional, o esporte manteve o papel de construtor e consolidador de discursos identitários, de celebração [ou de desvalorização] da pátria” (p. 155). No que se refere a esse assunto, um episódio digno de nota é a derrota da seleção brasileira para o Uruguai na final da “Copa do Mundo da FIFA” de 1950, fato intensamente mobilizado, por diversos segmentos sociais da época, para reforçar visões pessimistas sobre o Brasil (SOUTO, 2001). O jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues, por exemplo, afirmava que tal ocorrência era um reflexo do que denominou de “complexo de vira-latas”: um sentimento de inferioridade dos brasileiros perante membros de outras nações (ANTUNES, 2004).
O posicionamento de Nelson Rodrigues é um exemplo clássico de apropriação de uma tradição inventada visando reforçar características de um imaginário social sobre um país, nesse caso pessimista, através da reafirmação de elementos identitários. Segundo Fico (1997), uma estratégia parecida foi adotada pela ditadura militar (1969-1977), que, entre outras ações propagandísticas, mobilizou diversas tradições inventadas a fim de reforçar a ideia de que o Brasil era, de fato, uma pátria promissora, e que, por isso, o brasileiro deveria ser um otimista. Como demonstra o autor, a crença nesse imaginário social otimista contou com uma impressionante adesão popular, sobretudo no período do “milagre econômico” (1969-1973). A propósito, como destaca Fico (1997): “qualquer ideia que se consiga vincular efetivamente à imagem do Brasil e do brasileiro, numa sociedade que atribui tanta importância a um suposto caráter de ambas as noções, acabará por ter força de preceito” (p. 24).
Huizinga (1938) já lembrava que os jogos, de um modo geral, não significam apenas momentos de descanso, prazeres e alegrias. Mais do que isso, caracterizam-se, concomitantemente, como espaços privilegiados para que seus diversos atores sociais aprendam valores e normas da vida coletiva, assim como sentimentos coletivos e conhecimentos comunitários. Como se pode perceber, entendemos que o mesmo pode ser dito quando nos referimos especificamente ao fenômeno esportivo. Em linhas gerais, é dentro dessa perspectiva que pretendemos analisar, no contexto das comemorações oficiais dos 150 anos da Independência nacional, as apropriações do esporte como um símbolo mobilizado a fim de legitimar a ditadura militar, através da reafirmação de elementos identitários nacionais e, consequentemente, do reforço de características de um imaginário social otimista sobre o país.
Procuraremos verificar, mais especificamente, a viabilidade da defesa das seguintes hipóteses:
Hipótese central
Durante as comemorações oficiais do Sesquicentenário da Independência do Brasil, ocorridas entre 21 de abril e 7 de setembro de 1972, a ditadura militar fez uso do esporte como propaganda política, tendo em horizonte o alcance do seguinte objetivo: legitimar simbolicamente o seu desempenho em campos de atuação diversos – por meio da reafirmação de elementos identitários nacionais e, consequentemente, do reforço de características de um imaginário social otimista sobre o país.
Hipóteses complementares
Ainda no que se refere às celebrações em tela:
a ditadura militar fez uso do poder simbólico por ela acumulado no campo esportivo a fim de legitimar a sua ação em outros campos de atuação: econômico, político, social, cultural etc. Para tanto, a imprensa escrita, o rádio e a televisão tiveram um papel fundamental, pois eram os principais meios de difusão de imagens – visuais, mentais e verbais – que pretendiam associar, positivamente, os grandes ídolos esportivos nacionais, as vitórias e, até mesmo, as derrotas por eles alcançadas ao desempenho do governo autoritário;
a ditadura militar apropriou-se dos eventos esportivos, muito deles já consolidados como tradições inventadas, visando reafirmar um sentimento de pertencimento à nação. Sentimento esse que – ao ser legitimado pelos espectadores dos estádios, leitores de páginas esportivas de jornais, telespectadores ou, até mesmo, ouvintes de rádio – sugeria diversos elementos identitários a serem compartilhados. Um deles era a própria definição da figura do “brasileiro”, representado como um obstinado otimista, crente no futuro promissor de sua pátria;
a ditadura militar mobilizou o esporte para reforçar traços de um imaginário social otimista sobre o Brasil, que o identificava como um país formidável e, sobretudo, predestinado ao sucesso. Através do uso de símbolos comuns, expressos por elementos como as seleções nacionais, o governo autoritário estabeleceu associações diretas entre esporte, Estado e nação: os sucessos alcançados no campo esportivo foram representados como um êxito do povo brasileiro e, simultaneamente, como um reflexo positivo do desenvolvimento do país – impulsionado pelas realizações do regime militar.
IV
Para responder às questões expostas no presente texto, trabalharemos, principalmente, com o “Fundo da Comissão Executiva Central do Sesquicentenário da Independência do Brasil”, disponível no Arquivo Nacional (RJ). Esse fundo comporta uma expressiva documentação sobre o tema aqui enfocado, que está organizada, basicamente, em duas seções. A primeira seção reúne correspondências trocadas entre membros da comissão em tela e autoridades brasileiras de diversos estados e ministérios, assim como dos poderes Legislativo e Judiciário. Ao todo, são 6.351 documentos dispostos cronologicamente, distribuídos em 70 pastas colecionadoras, classificadas em 4 categorias: “Ofícios e cartas recebidos” (2.300), “Ofícios e cartas expedidos” (2.643), “Telegramas, rádios e telex recebidos” (500) e “Telegramas, rádios e telex expedidos” (908).
A segunda seção congrega notícias de jornais e revistas de múltiplos estados brasileiros também organizadas cronologicamente, distribuídas em 67 pastas colecionadoras, classificadas em 32 categorias – todas elas relacionadas com aspectos variados das comemorações em questão: “Encontro Cívico Nacional”, “Parada de Sete de Setembro”, “Mostras de arte”, “Exposições”, “Filmes sobre o Sesquicentenário”, “Congressos e conferências”, “Comemorações e homenagens”, “Demonstrações e exibições”, “Atividades estudantis”, “Inaugurações e lançamentos”, “Concursos e cursos”, “Espetáculos de som e luz”, “Discursos diversos”, “Pronunciamentos sobre as comemorações”, “Divulgação e propagandas”, “Assuntos religiosos”, “Assuntos culturais, teatrais e musicais”, “Transladação, peregrinação e inumação dos despojos de dom Pedro I” etc.
Faz-se relevante destacarmos que uma das categorias que compõem a seção supracitada se refere especificamente aos certames esportivos ligados aos festejos dos 150 anos do “grito do Ipiranga”. “Atividades desportivas” é o nome dado a essa categoria, que, em função do grande volume de dados que comporta, parece contemplar a cobertura que grande parte da imprensa escrita periódica nacional deu ao tema por ela abordado. Dividido em duas pastas colecionadoras lotadas, seu conteúdo abrange um conjunto vasto de notícias publicadas em mais de 80 jornais que circularam em diversos estados brasileiros: “Correio da Manhã” (RJ), “O Globo” (RJ), “Jornal do Brasil” (RJ), “Estado de Minas” (MG), “Jornal Minas Gerais” (MG), “O Estado de São Paulo” (SP), “Folha de São Paulo” (SP), “A Tribuna” (ES), “O Diário de Vitória” (ES), “Correio do Povo” (RS), “Diário de Notícias” (RS), “Diário do Paraná” (PR), “O Popular” (GO), “Correio Brasiliense” (DF), “Correio do Estado” (MT), “Jornal da Bahia” (BA), “Gazeta de Alagoas” (AL), “Diário da Manhã” (PE), “Correio da Paraíba” (PB), “O Povo” (CE), “Folha do Norte” (PA) etc.
A seção em evidência também possui uma categoria dedicada a um evento esportivo específico: a “Corrida de Integração Nacional”.4 Distribuído em uma pasta colecionadora lotada, seu conteúdo, tal como o da categoria intitulada “Atividades desportivas”, congrega um conjunto significativo de notícias divulgadas em jornais que circularam em múltiplos estados brasileiros, muitos deles já citados no parágrafo anterior. Além do exposto, cumpre mencionarmos que, afora os certames esportivos propriamente ditos, várias atividades esportivas foram mobilizadas como parte da programação de eventos de outra natureza. Em vista disso, é comum observamos notícias sobre competições esportivas em diversas categorias, como, por exemplo, as chamadas “Encontro Cívico Nacional”, “Atividades estudantis”, “Discursos diversos” etc. Uma outra categoria digna de nota é a intitulada “Revistas”, que é composta por três pastas colecionadoras repletas de edições de magazines que cobriram, entre ouros aspectos, as celebrações esportivas do Sesquicentenário da Independência do Brasil – “Revista Manchete”, “Revista Veja”, “O Cruzeiro” etc.
Como se pode notar, discursos veiculados na imprensa escrita periódica serão importantes fontes mobilizadas para o desenvolvimento de nossa pesquisa. Entendemos que o uso desse material nos leva a tomarmos, pelo menos, duas precauções metodológicas básicas: em primeiro lugar, ter continuamente em horizonte os já bastante conhecidos caráter parcial e potencial fictício das produções jornalísticas (HILL, 2006); e, em segundo lugar, considerar que lidar com fontes da imprensa escrita periódica durante o recorte temporal aqui abordado significa analisar trabalhos jornalísticos elaborados sob a forte presença da censura (COSTA, 2013). Em função do exposto, torna-se fundamental, além da apreciação do conteúdo em si, estarmos sempre atentos à materialidade dos jornais e revistas que serão examinados, entendida como: “condições materiais e técnicas em si dotadas de historicidade, mas que se engatam em contextos socioculturais específicos, que devem permitir localizar a fonte escolhida numa série, uma vez que esta não se constitui em um objeto único e isolado” (LUCA, 2008, 138-139).
As considerações tecidas no parágrafo anterior apontam, portanto, para um tipo de utilização da imprensa escrita periódica que não se limita a extrair um ou outro texto de autores isolados, por mais representativos que sejam. Antes de mais nada, levaremos sempre em consideração o delineamento de uma análise circunstanciada do seu lugar de inserção, desenvolvendo, tal como propõe Luca (2008), uma abordagem que faz dos impressos, a um só tempo, fonte e objeto da pesquisa historiográfica, rigorosamente inseridos na crítica competente. Tendo em vista a defesa das hipóteses elencadas no presente trabalho, pretendemos apreciar, além do material disposto no “Fundo da Comissão Executiva Central do Sesquicentenário da Independência do Brasil”, fontes de caráter sonoro e audiovisual. Intentamos trabalhar, mais exatamente, com outros 5 fundos disponíveis no Arquivo Nacional: “Fundo da Fundação Centro Brasileira de TV Educativa” (RJ), “Fundo da TV Tupi” (RJ), “Fundo da Rádio Jornal do Brasil” (RJ), “Fundo da Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República” (RJ) e “Fundo da Agência Nacional” (BSB).
Por meio dos referidos fundos, será possível investigarmos discursos veiculados pela imprensa radiofônica e televisiva. Em função do trabalho de sistematização do grande volume de dados contidos no “Fundo da Comissão Executiva Central do Sesquicentenário da Independência do Brasil”, que está em andamento, ainda não foi possível fazer um levantamento pormenorizado da documentação armazenada nesses repositórios. De todo modo, através da consulta de seus instrumentos de pesquisa, percebemos que todos eles possuem fontes, de diversas naturezas, que se referem ao objeto de estudo aqui delimitado: fotografias, entrevistas, notícias de jornais, matérias de programas, propagandas oficiais, boletins diários distribuídos à imprensa, divulgações dos atos governamentais, discursos de presidentes da República etc. Como se pode perceber, a imprensa radiofônica e televisiva também nos fornecerão importantes dados para o desenvolvimento desta pesquisa: juntamente com o material proveniente da imprensa escrita periódica, as fontes sonoras e audiovisuais constituirão a base do nosso corpus documental.
Cremos que, de um modo geral, o principal desafio para o analista da propaganda política é verificar, além dos propósitos e estratégias de quem a produz, a recepção dessa publicidade, em outras palavras: as diversas significações que grupos sociais diferentes conferem aos reclamos postos em circulação em uma determinada sociedade. Assim como Fico (1997), entendemos que as dificuldades que permeiam esse tipo de análise são, sobretudo, de caráter heurístico. Afinal, como sublinha o autor: quais fontes poderiam indicar tais diferenças de recepção? Por dever de honestidade intelectual, gostaríamos de registrar que não pretendemos dar conta desse tipo de apreciação com o desenvolvimento da presente pesquisa. Todavia, para que nosso trabalho não fique preso apenas ao domínio da produção da propaganda, procuraremos, através do estudo de um fenômeno episódico, o uso do esporte como propaganda política no âmbito das comemorações oficiais do Sesquicentenário da Independência do Brasil, verificar uma tendência de longa duração: o já mencionado processo de disputa, travado por “otimistas” versus “pessimistas”, pela consolidação de uma “leitura correta” acerca do Brasil e da figura do “brasileiro”.
Dessa forma, acreditamos estar equacionando um outro problema digno de nota: a proximidade temporal de nosso objeto de estudo. Como aponta Ferreira (2000), são diversas as dificuldades a serem enfrentadas pelos historiadores que pretendem realizar abordagens históricas de fenômenos recentes. Entre elas, uma nos chama a atenção em especial: como evitar interferências subjetivas em nosso trabalho, oriundas, por exemplo, de convicções políticas pessoais? Como assinala Fico (1997), o distanciamento dos simplismos que as condenações superficiais induzem é uma postura importante para o contorno desse problema. Ainda de acordo com o autor, entendemos que uma outra atitude relevante é optar por entender a propaganda política da época como um objeto de pesquisa que não se esgota em si mesmo, ou seja: que se funda em uma temporalidade de longa duração. Nos parece que, assim, conseguiremos estabelecer um relativo distanciamento analítico de nosso objeto de pesquisa. Por outro lado, assumiremos um desafio instigante: reportar-se a uma tendência de longa duração e, simultaneamente, relacioná-la com um fenômeno que se insere na história do Brasil recente – a propaganda política produzida pela ditadura militar.
Notas
Certamente um dos eventos mais populares das festividades em debate, essa competição contou com a participação de mais de 20 seleções nacionais: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Escócia, França, Irã, Irlanda, Iugoslávia, Paraguai, Peru, Portugal, União Soviética, Uruguai, Venezuela etc. O Brasil foi o campeão do torneio, vencendo a final contra Portugal, no Estádio Jornalista Mário Filho – vulgo Maracanã. O público presente foi estimado em 100 mil pessoas. Entre os espectadores da partida, é digna de destaque a figura do presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici.
“Taça Jules Rimet” foi o nome que recebeu o troféu da “Copa do Mundo (de futebol) da FIFA” até 1970. Nesse ano, o Brasil a ganhou em definitivo por ter conquistado o campeonato pela terceira vez.
Recentemente, a tese de doutorado defendida por Almeida (2009) foi publicada no formato de livro. Para mais informações, ver Almeida (2013).
Realizada anualmente, desde 1938, pela Liga de Defesa Nacional, a Corrida de Integração Nacional, em 1972, partiu de quatro pontos extremos do país – Cabo Branco (PB), Oiapoque (AP), Javari (AM) e Chuí (RS) – em homenagem ao Sesquicentenário da Independência do Brasil, percorrendo o interior e capitais, até chegar a São Paulo, no dia 1º de setembro, quando foi oficialmente aberta a Semana da Pátria.
Referências
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Digital · Año 18 · N° 187 | Buenos Aires,
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