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Relação entre dores articulares e o nível de atividade 

física pertencentes aos estudantes de quiropraxia

La relación entre dolores articulares y el nivel de actividad física en estudiantes de quiropraxia

Relationship between joint pain and level of physical activity pertaining to chiropractic students.

 

*Graduado em Educação Física e Quiropraxia, Especialista em Atividade Física e Saúde

Mestre em Inclusão Social e Acessibilidade pela Universidade Feevale, Rio Grande do Sul

**Graduado em Educação Física, Especialista em Medicina Esportiva e Ciência do Esporte

Mestre e Doutor em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS

***Graduado em Quiropraxia, Especialista em Ciências da Saúde e do Desporto

Mestre em Inclusão Social e Acessibilidade pela Universidade Feevale, Rio Grande do Sul

Marcos Vinícius Zirbes*

Guilherme Garcia Holderbaum**

Tiago Augusto Zago***

ghgarcia@ibest.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente trabalho teve como objetivo verificar o nível de atividade física de cada indivíduo e sua relação com a presença de uma principal algia em estagiários do curso de quiropraxia de uma universidade do RS, sendo esta população formada por 63 avaliados adultos de ambos os sexos. Os instrumentos utilizados foram o Questionário Internacional de Nível de Atividade Física - 8ª Versão Curta (IPAQ) e a Escala Visual Analógica (EVA). Verificou-se que 69,9% dos avaliados estão na zona de atividade física necessária para promover melhorias e manutenção da saúde. Também pode-se observar que a lombalgia foi à queixa de maior freqüência e que a dor considerada como muito fraca teve predominância. Concluiu-se, ao final desta pesquisa, a impossibilidade de associar significativamente o IPAQ com a EVA e a queixa principal, sugerindo assim, a utilização de diferentes metodologias e um número maior de sujeitos em futuras pesquisas neste ramo.

          Unitermos: Atividade física. Sedentarismo. Algias. Quiropraxia.

 

Abstract

          The aim of the present study was to verify the level of physical activity of each individual and their relationship with the presence of the localized most important pain. Were evaluated interns of the chiropractic course at a university in RS, which is comprised of 63 adults of both sex. The instruments used were the International questionnaire of Physical Activity Level - 8th Short Version (IPAQ) and the Visual Analogue Scale (VAS). It was found that 69.9% of the individuals are in the zone of physical activity needed to promote improvement and health maintenance. It may also be noted that low back pain was the complaint most frequent and the pain was considered of the too weak dominance. It was concluded at the end of this research, the inability to associate significantly IPAQ with EVA and chief complaint, thus suggesting the use of different methodologies and a larger number of subjects in future research in this field.

          Keywords: Physical activity. Sedentary. Pain. Chiropractic.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Por muitos anos, a população mundial não se importou corretamente com o ato de trabalhar a parte física, dando ênfase cada vez mais as atividades que envolviam apenas o caráter intelectual (ZIRBES; GONÇALVES, 2009). A atividade física vem tendo maior valorização na atualidade, estando esta, diretamente relacionada com fatores que influenciam diretamente a qualidade de vida (TAHARA; SILVA, 2003). A forma como encaramos nossos hábitos diários estão sendo modificados devido à conscientização de que a manutenção de algum tipo de atividade física regularmente praticada possa melhorar diversos fatores relacionados à saúde, estes que, podem sofrer alterações por períodos de sedentarismo ou baixos níveis de ativação física (ZIRBES; GONÇALVES, 2009).

    Em resposta as evoluções emergentes do estilo de vida urbano, a população sofreu mudanças socioculturais que afetaram diretamente o nível de atividade física de cada indivíduo (MASCARENHAS et al., 2005). A modernização pode ter se mostrado bastante influente neste sentido, uma vez que os jovens hoje em dia, estão menos ativos fisicamente do que os jovens pertencentes às gerações anteriores (ZIRBES; GONÇALVES, 2009).

    Segundo NDETAN et al. (2009), alunos que se matriculam em uma faculdade de quiropraxia com lesões musculoesqueléticas pré-existentes podem agravar estas durante seu período de treinamento prático, sendo que alguns destes estudantes acabam por modificar sua postura em resposta às suas lesões, tornando importante a necessidade de investigar mais profundamente as causas que possam influenciar nestes agravos. Desta forma, acredita-se que a realização de análises que mensurem atividades físicas diárias nestes indivíduos seja de relevante importância para promover a saúde dos mesmos.

    O objetivo desta pesquisa, no contexto acima colocado, foi identificar o nível de atividade física e sua possível relação com a presença de uma principal algia musculoesquelética e seu grau de dor em indivíduos adultos de ambos os sexos que estejam cursando as disciplinas de estágio supervisionado do curso de quiropraxia de uma universidade do Vale do Rio dos Sinos, acreditando que, pessoas menos ativas fisicamente viriam a relatar mais dores do que pessoas mais ativas fisicamente. Conforme o texto anteriormente escrito, surge a formulação do problema desta pesquisa, sendo este: Existe alguma relação entre a ocorrência de dores articulares e o nível de atividade física entre os estagiários do curso de quiropraxia?

Revisão da literatura

Nível de atividade física

    A aplicação de questionários auto-administrados (IPAQ e outros) vem aumentando cada vez mais, porém, ainda são poucos os estudos publicados no Brasil (BARROS; NAHAS, 2000; PARDINI et al., 2001; MATSUDO et al., 2002; OEHLSCHLAEGER et al., 2004; MASCARENHAS et al., 2005; HALLAL et al., 2006). Conforme Guedes et al., (2001) as pesquisas sobre o nível de atividade física são realizadas predominantemente em adultos, diminuindo assim os resultados no público adolescente (OEHLSCHLAEGER et al., 2004). Conforme Guedes, Lopes e Guedes (2005), a população jovem, submetida à avaliação por meio de questionários, pode tender a relatar que seu nível de atividade física está mais alto do que realmente se encontra, o que pode vir a distorcer os resultados obtidos por estes instrumentos.

    Segundo Matsudo et al. (2002), podemos categorizar os indivíduos em seu nível de atividade física, utilizando-se o Questionário Internacional de Atividade Física Versão Curta (IPAQ - versão 8), este que obtém os dados de freqüência e duração de suas atividades físicas, classificando os avaliados em cinco categorias, sendo estas, muito ativo A e B, ativo A, B e C, irregularmente ativo A e B e sedentário, utilizando o consenso realizado entre o CELAFISCS e o Center for Disease Control (CDC).

Sedentarismo

    O sedentarismo tem se tornado a cada dia uma grande preocupação mundial. Hipertensão arterial, obesidade, diabetes e outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) podem ser conseqüências de um estilo de vida sedentário (JESUS; SOUZA, 2003; GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005). Segundo Matsudo et al. (2002) e Pozena e Cunha (2010) a inatividade física e o sedentarismo se tornam potenciais desencadeadores do aparecimento de DCNT na população mundial, sendo que, o sedentarismo não representa apenas um risco pessoal de enfermidades, mas sim, algo que gera custo econômico com tratamentos para tais acometimentos de saúde. O sedentarismo, assim como a obesidade, torna-se um fator ponderantes para riscos a saúde do indivíduo em um futuro próximo, sendo que, a atividade física realizada sistematicamente pode promover um aumento da tolerância à glicose e tende a diminuir a pressão arterial, podendo assim, auxiliar na prevenção de enfermidades (JESUS; SOUZA, 2003). De acordo com Guedes, Lopes e Guedes (2005) níveis baixos ou irregulares da prática de algum tipo de atividade física cotidiana estão diretamente relacionados com a incidência de DCNT relacionadas ao sedentarismo.

Conceito e medidas da intensidade da dor

    A dor se manifesta como um mecanismo de proteção corporal, ocorrendo sempre, no momento que qualquer tecido esteja sofrendo lesão, fazendo com que o indivíduo tenha uma resposta de reação para gerar a remoção deste estímulo doloroso (LIANZA, 2001; GUYTON; HALL, 2006). A International Association of Study of Pain (IASP) define o termo dor como sendo uma experiência emocional e sensorial desagradável, estando esta, associada com dano tecidual presente ou potencial (KANNER, 1998). Muitos fatores interferem na cronificação da dor, sendo que esta atualmente passou a ser compreendida mais como um processo perceptivo do que um fenômeno apenas sensorial (CAILLIET, 2001).

    A avaliação da dor cada vez mais tem se tornado importante, sendo esta já considerada como o "quinto sinal vital", enfatizando que sua avaliação se torna tão importante quanto à de outros sinais vitais, sendo de extrema necessidade o uso de escalas para medir seus parâmetros de produção e, conseqüentemente, mantê-la em constante monitoramento (HORTENSE; ZAMBRANO; SOUSA, 2008).

    Segundo Evans (2003), a Escala Visual Analógica consiste em auxiliar a aferição da intensidade da dor e desconforto do paciente, sendo esta, um instrumento importante para este tipo de avaliação. Este instrumento consiste na confecção de uma linha horizontal com 10 cm de comprimento, sendo que em suas extremidades são inseridas âncoras para delimitar o espaço a ser preenchido. Na extremidade esquerda, coloca-se a informação "nenhuma dor" e o número “0”, a outra extremidade indicará "a pior dor já sentida" correspondente ao número “10”. A magnitude da dor é realizada quando o paciente realiza uma marca sobre a escala visual analógica, este local marcado será mensurado com uma régua para quantificar a dor numa escala de 0 a 10 cm (CORREA et al., 2005; SCOPEL; ALENCAR; CRUZ, 2007).

    Para melhor se mensurar o nível de dor, utiliza-se a classificação de intensidade adotada por Borg, que classifica a dor em sete categorias: 0 = nenhuma dor / 0,5 a 1,9 = muito fraca / 2,0 a 2,9 = fraca / 3,0 a 4,9 = moderada / 5,0 a 6,9 = forte / 7,0 a 9,9 = muito forte / 10 = a pior dor já sentida (BORG, 2000 apud BORGES et al., 2006).

Método

    O presente estudo tratou-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa, tendo como base o conceito observacional descrito. Esta pesquisa verificou o nível de atividade física de cada indivíduo e sua relação com a presença de algias em estagiários do curso de quiropraxia de uma universidade do Vale do Rio dos Sinos, no estado do Rio Grande do Sul. A população foi composta por adultos de ambos os sexos, estudantes do curso de Quiropraxia da referida instituição que estavam matriculados em 2010-02 nas disciplinas de Prática de Quiropraxia Supervisionada I e II, respectivamente 22 e 41 alunos.

    Após a aprovação deste projeto junto ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Feevale (processo nº. 4.00.03.10.1822), foram explicados os objetivos e métodos a serem utilizados para os sujeitos avaliados. No exato momento em que os participantes entenderam e concordaram em participar desta pesquisa, estes assinaram voluntariamente o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tendo tal documento, uma maneira de abordagem objetiva e de fácil entendimento.

    Os participantes desta pesquisa poderiam desistir a qualquer momento do estudo, sem implicar ou sofrer qualquer tipo de ônus para os mesmos. Os dados coletados foram apresentados de maneira anônima, preservando assim, as informações pessoais e a privacidade de cada participante. Estes dados ficarão arquivados por um período de 5 (cinco) anos, sendo estes, descartados após tal prazo.

    A coleta de dados foi realizada em apenas um encontro com os sujeitos, sendo que, o pesquisador foi até o local de estágio dos indivíduos para coletar os dados, a qual foi realizada com o preenchimento de dois instrumentos de investigação: O Questionário Internacional de Nível de Atividade Física - 8ª Versão Curta (IPAQ); e a Escala Visual Analógica (EVA). O primeiro instrumento foi utilizado para avaliar o nível de atividade física dos sujeitos e o segundo para quantificar a algia dos mesmos. Esses dois dados foram cruzados com o intuito de relacionar as duas variáveis.

    Para que os dados não viessem a sofrer alterações, os indivíduos não poderiam estar ministrando fármacos analgésicos e anti-inflamatórios, bem como, também não poderiam estar recebendo qualquer tratamento para algias, incluindo o tratamento quiroprático, na semana em que o estudo foi aplicado, afim de que isto não viesse a implicar distorções nos resultados. Os dados finais foram tabulados e submetidos à análise estatística descritiva e percentual, bem como, foram realizados testes de correlação e significância estatística através do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 18.0.

Resultados

    O presente estudo buscou avaliar de uma forma quantitativa, tendo como base o conceito observacional descrito, a relação entre o nível de atividade física e a ocorrência de algias entre os estagiários de um curso de quiropraxia, utilizando o IPAQ para avaliação do nível de atividade física e a EVA para identificar o grau de dor caso o avaliado tivesse uma queixa principal.

Gráfico 1. Nível de Atividade Física (IPAQ)

    O gráfico 1, acima, mostra que o “sedentarismo” foi constatado em apenas 1,6% da população pesquisada e que o percentual de pessoas “Irregularmente Ativas” (A e B) foram de 23,8% e 4,8%, respectivamente, identificando assim que, 30,2% da população avaliada obteve um nível de atividade física baixo. Os percentuais dos avaliados que atingiram a faixa “Ativa” (A, B e C) foram de 4,8%, 25,4% e 15,9% e os resultados das pessoas “Muito Ativas” (A e B) foram de 9,5% e 14,3%, constatando assim que, 69,9% das pessoas pesquisadas obtiveram um nível de atividade física recomendado.

Gráfico 2. Queixa principal

    O gráfico 2, no qual estão colocados os resultados obtidos com relação às queixas álgicas nos sujeitos da amostra, verifica-se que a “Lombalgia” foi a queixa mais prevalente, acometendo 28,6% da população pesquisada. A queixa de “Cervicalgia” foi relatada por 19,0%, mesmo percentual de pessoas com “Nenhuma” queixa. A queixa “Dorsalgia” foi de 12,7%, tendo resultado idêntico com o somatório de “Outras queixas”.

Gráfico 3. Escala Visual Analógica (EVA)

    A análise do gráfico 3 permite constatar que a dor de 0,5 a 1,9, classificada como “muito fraca”, predominou entre os estagiários, sendo relatada por 34,9% da população. A dor de grau 0, ou seja, “nenhuma dor” foi constatada em 27,0% dos avaliados. Foi demonstrado, ainda, que 17,5% das pessoas apresentavam grau de dor “moderada” (3,0 a 4,9), sendo este, mais freqüente que a dor “fraca” (2,0 a 2,9), evidenciada por 14,3% da população. De acordo com os resultados apresentados neste gráfico, encontrou-se através da análise estatística, numa escala de 0 a 10, a média de dor de 1,8 e que o desvio-padrão é de 1,8 em relação à média (para mais ou para menos).

Tabela 1. Nível de atividade física x queixa principal

    A tabela 1 ilustra o cruzamento entre o nível de atividade física e a queixa álgica principal dos estagiários, sendo que, para verificar a significância entre estas duas variáveis utilizou-se o teste Qui-Quadrado.

    Os dados mais relevantes da tabela 1 mostram que a lombalgia estava presente em 38,9% dos avaliados do nível “Ativo B”, já a cervicalgia e a dorsalgia atingiram 33,3% e 37,5%, respectivamente, dos estagiários do nível “Irregularmente Ativo A”. A cefaléia se mostrou presente com 33,3% de ocorrência nos grupos “Muito Ativo A, Ativo B e C”. O resultado final foi de que não podemos identificar que o IPAQ e a Queixa principal estejam associados significativamente (p= 0,665).

Tabela 2. Nível de atividade física x escala visual analógica

    A tabela 2 mostra o cruzamento entre o nível de atividade física e a escala visual analógica para descrever o grau de dor dos avaliados, sendo que, para verificação da significância destas duas variáveis utilizou-se o teste Qui-Quadrado.

    A tabela acima evidencia, como sendo os dados mais relevantes, que “Nenhuma dor” ocorreu em 55,6% dos avaliados do grupo “Muito Ativo B”, sendo que, o grau de dor “Muito fraca” mostrou-se mais presente no grupo “Irregularmente Ativo A”, atingindo 46,7% dos estagiários deste. A dor “Fraca” foi constatada em 31,3% dos indivíduos pertencentes ao grupo “Ativo B”. O resultado obtido foi que não podemos identificar que o IPAQ e a EVA estejam associados significativamente (p= 0,463).

Tabela 3. Queixa principal x escala visual analógica

    A tabela 3 demonstra o cruzamento entre a queixa principal e a escala visual analógica, sendo que, para verificar a significância entre as duas variáveis utilizou-se o teste Qui-Quadrado. O resultado foi que podemos identificar que a queixa principal e a escala visual analógica estão associadas significativamente (p= 0,01).

    Os dados colocados na tabela 3 mostram que aqueles indivíduos que apresentam queixa de “Cefaléia”, em 66,7% dos casos relataram esta como de intensidade “Moderada”, já a “cervicalgia” em 41,7% dos sujeitos foi classificada como uma algia “Muito fraca”. Em 37% dos casos de “dorsalgia”, esta foi considerada como sendo uma dor “Moderada” e em 61,1% dos relatos de “lombalgia” ela se enquadrou dentro da classificação de dor “Muito fraca”, evidenciando com isso que, a “Cefaléia” obteve nível de dor significativamente superior em comparação as demais queixas.

Discussão

    A realização de atividade física na adolescência possibilita não apenas melhoras na saúde, mas também auxilia na formação de um hábito saudável que tende a permanecer por todas as fases da vida (GUEDES; LOPES; GUEDES, 2005; OLIVEIRA et al., 2013). O incentivo a prática da atividade física deve surgir “dentro de casa”, ou seja, pela conscientização e influência familiar, esta que sempre deve ser um exemplo positivo. Conforme Silva e Malina (2000) e Holderbaum, Zirbes e Holderbaum (2013), a promoção da atividade física deve ser enfatizada entre os adolescentes, pois estes tendem a serem adultos mais ativos fisicamente. Para se obter uma maior adesão, as atividades físicas devem ser acessíveis e populares, tais como, o futebol, a caminhada, a corrida, entre outras. “A promoção da prática regular possibilitará aos indivíduos o usufruto dos benefícios sobre a saúde, tanto em curto como em longo prazo” (SILVA; MALINA, 2000, p.7).

    Os impactos causados pela atividade física no autoconceito das pessoas vêm gerando um quadro positivo em crianças, adolescentes e estudantes universitários, utilizando estas atividades esportivas como uma forma de inserção ou realização dentro de grupos distintos. Infelizmente, é perceptível que em alguns momentos, um elevado número de adolescentes não realizam a prática de atividades físicas, ou alegam não gostarem de participar destas, sendo que, uma das justificativas para este problema pode ter sido desencadeada por algum tipo de experiência negativa relacionada a prática esportiva vivenciada no passado, o que faz com que muitos deles acabem se distanciando cada vez mais da realização de atividades físicas sistemáticas, principalmente em sua fase adulta (Holderbaum; Zirbes; Holderbaum, 2013).

    A prática de algum tipo de atividade física, seja esta voltada para o fortalecimento, condicionamento cardiovascular ou alongamento, acarretará também em benefícios ao bem-estar físico, mental e social do indivíduo que a realiza de forma regular (ASSUMPÇÃO; MORAIS; FONTOURA, 2002; SOUZA, 2009). Pesquisas indicam que a prática de atividade física de forma regular pode induzir a uma redução na intensidade da dor crônica em indivíduos fibromiálgicos (SILVA; LAGE, 2006; VALIM, 2006) e portadores de dores osteoarticulares (LEE; LEE, 2008).

    Estudos recentes demonstram que atividades físicas sistemáticas com características predominantemente aeróbias de moderada intensidade, mantidas por mais de 10 minutos contínuos em indivíduos sadios, podem gerar uma ativação dos mecanismos endógenos que regulam a dor (SILVA; LAGE, 2006; VALIM, 2006; SOUZA, 2009). Souza (2009) complementa dizendo que os efeitos da atividade física sobre a regulação da dor crônica até os dias de hoje tem se mostrado algo bastante complexo e de difícil entendimento, tornando os mecanismos neurofisiológicos da dor crônica um assunto para maiores discussões em futuros estudos.

    A mesma contradição em associar a percepção de dor e nível de atividade física encontrada neste estudo, parece ocorrer na literatura acerca do tema. Existem evidências que apontam redução da dor após a prática de determinada atividade física (LEE; LEE, 2008; SABBAG et al., 2007), sendo que, outros estudos não evidenciaram significativa redução da dor após a prática de atividade física (PADAWER; LEVINE, 1992).

    No que diz respeito à dor, esta pode ser reconhecida como uma das principais conseqüências provenientes de algum tipo de trauma, sendo que sua repercussão em nosso organismo pode ser considerada como algo prejudicial (COX, 2002; CALIL; PIMENTA, 2005; LIMA; TRAD, 2008). A dor crônica tem como principal característica a persistência da sintomatologia por todo o período fisiológico necessário para ocorrer à recuperação do tecido que foi lesado, sendo que esta dor reduz o desempenho cognitivo, a capacidade física de desempenhar diversas tarefas diárias e conseqüentemente afeta a qualidade de vida e o bem-estar (SOUZA, 2009).

    É importante lembrar que a dor é classificada como um problema que cabe ser enfrentado pela equipe de saúde de forma multidisciplinar, sendo esta, uma sintomatologia que pode ter caráter agudo ou crônico, podendo gerar agravo se não tratada adequadamente, respeitando sua individualidade e intensidade (HORTENSE; ZAMBRANO; SOUSA, 2008).

Conclusão

    Concluiu-se, ao final desta pesquisa, que a maior parte dos sujeitos pesquisados encontra-se na zona ativa de atividade física, esta que propicia a promoção, melhorias e manutenção da saúde, bem como, minimiza as chances do surgimento de doenças crônicas não transmissíveis resultantes do estilo de vida sedentário. Também se pode observar que a lombalgia foi a queixa de maior freqüência entre os avaliados, sendo esta, seguida pela cervicalgia. Na maior parte dos casos, as queixas de dor foram classificadas como muito fracas.

    Concluiu-se, ainda, não haver associação estatisticamente significativa entre o nível de atividade física e a presença de queixas álgicas nesta população. Sugere-se que sejam realizadas futuras pesquisas neste ramo, lançando mão de diferentes metodologias e um número maior de sujeitos, visando com isso, resultados estatísticos mais expressivos.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 187 | Buenos Aires, Diciembre de 2013
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