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Prevalência de fatores de riscos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em pessoas com lesão medular da cidade de Uberlândia

Predominio de factores de riesgo para el desarrollo de enfermedades cardiovasculares
en personas con lesión medular de la ciudad de Uberlandia

 

*Pós graduando em Personal Trainer pela ASSEVIM/Instituto Passo 1. Uberlândia, MG

**Mestrando Ciências da Saúde, UFU

(Brasil)

Leonardo Geamonond Nunes*

nunes_leonardo@yahoo.com.br

Leandro Teixeira Paranhos Lopes**

ltplopes@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          As doenças cardiovasculares permanecem como primeira causa de morte no mundo ainda por décadas. Contudo existe uma escassez de literatura no que tange a prevalência de fatores de risco cardiovasculares em pessoas com lesão medular. O objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência de fatores de riscos cardiovasculares em pessoas com lesão medular da cidade de Uberlândia-MG. Para desenvolvimento deste estudo os voluntários foram submetidos à avaliação física para aferição de peso, estatura, idade, pressão arterial sistólica (PS) e pressão arterial diastólica (PD) de repouso e circunferência abdominal (CA). Posteriormente cada voluntário respondeu um questionário sobre hábitos de etilismo, tabagismo e nível de atividade física. Dos resultados obtidos observaram-se fatores de risco com maior prevalência nos voluntários, foram sedentarismo (66,6%), circunferência abdominal (53,3%) e o etilismo (26,6%), sendo que alguns voluntários (33,3%) apresentou de três ou mais fatores de risco. Sendo assim, devemos tomar medidas preventivas para evitar acometimentos cardiovasculares agudos com essa população.

          Unitermos: Doenças cardiovasculares. Lesão medular.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Apesar dos processos nas intervenções terapêuticas e de uma melhor compreensão dos fatores de risco associadas às doenças cardiovasculares, ela ainda representa o maior risco de mortalidade na América Latina, sendo responsáveis por 18 milhões de morte por ano no mundo, e representa dois terços dos óbitos juntamente com as doenças cerebrovasculares. (SILVA, 2005).

    As estatísticas de mortalidade apontam que, a cada ano, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 45% das mortes na Argentina, 35% no Brasil, 29% no Chile e 20% no México, além de outros países da América Latina e Central. No Brasil, entre pessoas com mais de 45 anos esse número sobe para 40%, sendo que em 90% dos casos, a dislipidemia é um dos fatores de risco. (STAMLER, 1993).

    Segundo Peña; Bacallao (2000) estimativas da mortalidade por doença cardiovascular indicam que os países em desenvolvimento contribuem com uma parcela maior, da carga global de mortalidade pela doença que os países desenvolvidos. Além de importante causa de mortalidade as doenças cardiovasculares também representam um grande peso em termos de morbidade e liberam a lista de causas ordenadas pelo indicador de anos de vida vividos com incapacidade.

    A atividade física tem sido sistematicamente estudada como fator preventivo no acometimento de enfermidades crônico-degenerativas, especialmente a síndrome metabólica e doenças cardiovasculares. Sedentarismo está relacionado à diminuição ou ausência de parâmetros mínimos de exigência física diária além do estado de repouso, sendo este fortemente associado à redução na condição de saúde dos indivíduos portadores de lesão medular. As respostas metabólicas do organismo mediante a ausência de determinada musculatura, ou sua inatividade pela falta de estímulos, conduzem a diferenças significativas na estruturação da composição corporal. (QUINTANA, 2008).

    Estudos epidemiológicos têm demonstrado que fumo, concentração de colesterol, hipertensão, diabetes, obesidade e sedentarismo são fatores altamente significativos para o desenvolvimento da doença cardiovascular. (HERZBERG, 1998; LACROIX, 2004; SALGADO, 2003).

    Sendo assim, as pessoas com lesão medular encontram dificuldades em manter-se ativas devido à falta da mobilidade, ações cognitivas e sociais. Essa falta de mobilidade seguida de sedentarismo e outros fatores de risco associados colaboram para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

    O presente estudo tem como objeto analisar a prevalência de fatores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares em pessoas com lesão medular da cidade de Uberlândia-MG.

    Por fim, este estudo contribuirá no sentido de maiores informações sobre a prevalência de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em pessoas com lesão medular e levantar maiores subsídios para implementação, caso necessário, de programas de prevenção precoce.

2.     Casuísticas

2.1.     População e amostra

    A população do presente estudo foi composta por 15 voluntários lesados medulares, de ambos os sexos, com idade acima de 20 anos. A amostra foi disponibilizada pela APARU (Associação dos Paraplégicos de Uberlândia-MG).

2.2.     Método

    Para o início da pesquisa foi obtido uma autorização por escrito para a coordenação da APARU, para a realização dos procedimentos de coleta de dados, com os voluntários. Para segurança e credibilidade da pesquisa os mesmos assinaram um termo de consentimento e esclarecimento, através do qual foram informados de todos os procedimentos realizados, assim como objetivos do estudo.

2.3.     Aplicação de questionário

    Cada voluntário respondeu um questionário com objetivo de detectar seus perfis quanto a hábitos de fumo, etilismo e prática de atividade física. Tal questionário foi composto pelas seguintes perguntas: 1) Você Fuma? 2) Ingere algum tipo de bebida alcoólica? 3) Pratica alguma atividade física orientada?

    As respostas foram obtidas de maneira direta, cada voluntário marcou sim ou não como única alternativa.

2.4.     Avaliação física

    Os voluntários foram submetidos à avaliação física para aferição de peso, estatura, idade, pressão arterial sistólica (PS) e pressão arterial diastólica (PD) em repouso e circunferência abdominal (CA).

    A aferição da PA de repouso, foi realizada através do método auscultatório, utilizando para tanto, um aparelho esfigmomanômetro da marca BICMED. Para tal procedimento o voluntário foi posicionado sentado em uma cadeira e o manguito acoplado em seu braço direito. Para amenizar possíveis erros foram realizadas duas aferições por pessoa, sendo realizada a média entre essas medidas.

    Já para aferição da estatura foi utilizado o método adotado por Ribeiro e Tirapegui (1999), utilizando fita milimétrica e inelástica, com precisão de 0,1 cm e com os indivíduos deitados na posição supino, pela impossibilidade dos mesmos permanecerem em pé.

    O peso corporal foi determinado em uma balança tipo plataforma, com precisão de 0,1 kg estando os indivíduos posicionados com as pernas cruzadas sem apoiar no encosto conforme o procedimento proposto por Ribeiro (2002).

    Para a aferição da CA, utilizamos uma fita métrica, passando ao redor da região abdominal do voluntário, ao nível da cicatriz umbilical determinada por Fernandes Filho (2003).

3.     Resultados

Tabela 1. Média dos valores de IMC, PAS, PAD e CA dos voluntários

    De acordo com a tabela 1 as médias de IMC, PAS e PAD apresentaram-se dentro dos parâmetros de normalidade, apenas CA apresentou alteração.

    O gráfico abaixo (Grafico1) demonstra que entre os fatores de riscos levantados, o sedentarismo é o mais prevalente seguido pela circunferência abdominal, etilismo, pressão arterial, tabagismo e índice de massa corporal.

    O gráfico 2 apresenta a prevalência de quantidade de fatores de risco presentes por voluntário. Apenas 13,3% dos 15 voluntários não apresentaram presença de fatores de risco levantados. Observa - se também que 33,3% dos voluntários apresentam 3 fatores de risco para doenças cardiovasculares, sendo, sedentarismo, obesidade central e elitismo, conforme descrito pelo gráfico abaixo (Gráfico 2).

4.     Discussão

    Existe uma tendência em diversos estudos levantar e analisar a prevalência de fatores de risco na população em geral, entretanto a maioria desses achados refere-se às pessoas sem deficiências. (POLLOCK; WILMORE, 1993; FURLANETTO; GONÇALVES, 2008).

    Este estudo teve limitações, sendo a não coleta de amostras de sangue para análises do perfil lipídico e glicemia. Os motivos foram a não autorização dos voluntários, por ser um método invasivo (coleta de sangue) e a indisponibilidade de material utilizado para a coleta e seu armazenamento.

    Dentre os principais fatores de risco para doenças cardiovasculares encontram as dislipidemias, histórico familiar, hipertensão, sedentarismo, obesidade, tabagismo e etilismo. É importante respaldar que esses fatores de risco são modificáveis, sendo alterado com mudanças do estilo de vida. (NIEMAN, 1999).

    No presente estudo foi constatado uma alta prevalência de sedentarismo e obesidade central, conforme demonstrado no gráfico 1. Furlanetto, Gonçalves (2008) observaram em seu estudo que o fator de risco com maior prevalência em atletas foi o etilismo, sendo que o sedentarismo foi o terceiro fator com maior relevância. Esse confronto dos resultados pode ter sido conseqüência da falta de mobilidade da nossa população e pela baixa acessibilidade dos mesmos aos centros esportivos ou até mesmo pela falta de incentivo para a realização de esporte. Pollock e Wilmore (1993) afirmam que a taxa de acometimentos cardiovasculares é maior na população sedentária.

    A CA apresentou valores bem acima do normal considerado pela Organização Mundial de Saúde, esse achado pode ser considerado decorrente da inatividade física observada nesta população e também pelo consumo de bebida, este sendo um fator causador de CA aumentado. Gonçalves et al (2008) encontraram valores semelhantes ao do presente estudo, onde a população de atletas de natação apresentou CA como fator de risco mais agravante, principalmente do sexo feminino.

    Reforçando os perigos de eventos cardiovasculares aos qual essa população se encontra, observa-se na figura 2 que (33,3%) apresentam 3 fatores de risco para desenvolver doenças cardiovasculares, dados que são semelhantes por Furlanetto, Gonçalves (2008) os quais encontram uma prevalência de (22,5%) apresentam 3 fatores de risco em atletas de futebol amador.

    Sabemos que CA aumentada e IMC tem relação com a inatividade física e tabagismo possui relação direta com o aumento da Freqüência cardíaca e PA alterada. Portanto com diminuições da associação desses fatores de risco ajudam na diminuição de um evento agudo do miocárdio.

    Portanto estratégias de intervenção devem ser tomadas a fim de se evitar possíveis agravos à saúde destas pessoas com lesão medular. Sendo assim, quanto maior o número de fatores de risco presentes em um só indivíduo, maior são as chances de sofrerem complicações cardíacas fulminantes.

    Contudo devemos conscientizá-los e propor estratégias sobre modificações de seus hábitos de vida, uma vez que, os fatores de risco levantados são classificados como modificáveis cabe a cada um procurar melhoras para sua saúde física e mental.

5.     Considerações finais

    De acordo com a metodologia adotada e os resultados encontrados podemos concluir que:

    Sendo assim medidas preventivas devem ser tomadas para evitar comprometimentos cardiovasculares agudos no cotidiano dessas pessoas.

Referências

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