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Benefícios da suplementação de whey protein para a saúde humana

Los beneficios de la suplementación con whey protein para la salud humana

 

Graduando em Educação Física

pela Universidade Federal do Ceará

(Brasil)

Abraham Lincoln de Paula Rodrigues

lincoln7777@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Whey protein é a proteína extraída do soro do leite durante o processo de fabricação do queijo. Possui um alto valor biológico, contendo uma quantidade significativa de aminoácidos essenciais, especialmente os de cadeia ramificada (bcaa). Apresenta também um alto teor de cálcio e de peptídeos bioativos do soro. Estudos vêm demonstrando os efeitos da sua utilização no esporte, gerando possíveis efeitos sobre a síntese protéica muscular, redução da gordura corporal, e melhora do desempenho físico. Estudos recentes envolvendo a análise dos componentes do whey protein, evidenciaram também, possíveis benefícios da sua utilização para a saúde humana. Entre estes possíveis benefícios, destacam-se sua ação hipotensiva, antioxidante, hipocolesterolêmico, estimuladora do sistema imunológico na proteção contra microrganismos patogênicos e contra alguns tipos de vírus como o HIV e o vírus da hepatite C. Pesquisas também apontaram um efeito protetor contra vários tipos de câncer, especialmente o de cólon, além de atuar na proteção da mucosa gástrica contra agressão por agentes ulcerogênicos. Alguns estudos destacaram também a ação protetora das proteínas do soro do leite contra agentes condicionadores de problemas cardiovasculares. Este estudo de revisão buscou artigos científicos que relacionassem estes possíveis benefícios em seres humanos. A partir do estudo, conclui-se, que a utilização do suplemento alimentar whey protein, sob recomendação adequada de um profissional habilitado para tal, pode ter um efeito benéfico na saúde em humanos, resultando em uma melhora na condição física e de saúde dos indivíduos que a consomem.

          Unitermos: Saúde. Suplementação. Whey Protein.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    De acordo com Sgarbieri (1996) o leite possui um elevado valor nutricional, sendo o único alimento que satisfaz às necessidades nutricionais e metabólicas do recém-nascido de cada espécie mamífera. O leite é composto em média por 87% de água, 4,9% de lactose, 3,8 % de gordura, 3,3% de proteínas e 0,7 % de minerais. Os efeitos do uso da proteína do soro do leite ou whey protein vêm sendo bastante pesquisados nos últimos anos pela comunidade científica em geral. Várias destas pesquisas vêm demonstrando as qualidades nutricionais das proteínas solúveis do soro do leite. Estas proteínas são extraídas da porção aquosa do leite, gerada durante o processo de fabricação do queijo. Por muito tempo essa parte do leite não foi aproveitada pela indústria de alimentos.

    Houve uma mudança a partir da realização de um estudo conduzido por Airola na década de 70, verificando que a utilização destas proteínas, foi parte importante no tratamento e prevenção de distúrbios gastrointestinais como prisão de ventre, gases e putrefação intestinal (SALZANO, 2002). Desde então atletas, praticantes de atividades físicas, pessoas fisicamente ativas e até mesmo portadores de algumas enfermidades, vêm procurando usufruir os benefícios a partir da utilização desta fonte protéica. Recentemente evidências corroboraram a teoria de que as proteínas do leite, incluindo as proteínas do soro, além de possuírem um alto valor biológico, possuem ainda peptídeos bioativos, que atuam como agentes antimicrobianos, anti-hipertensivos, reguladores da função imune, assim como fatores de crescimento (SALZANO, 2002; LÖNNERDAL, 2003). O objetivo deste estudo foi relacionar e evidenciar os principais benefícios encontrados na utilização do suplemento alimentar whey protein para a saúde humana, através de uma revisão na literatura científica que contemplou o tema deste estudo.

Whey Protein

    As Pesquisas realizadas nos últimos anos vêm demonstrando as qualidades nutricionais das proteínas solúveis do whey protein. Segundo Colker et al. (2000) em ratos, a suplementação de whey protein aumentou seu tempo de vida, medido, parcialmente, pelo envelhecimento celular. Sua utilização também melhorou as reservas hepáticas e cardíacas de glutationa, bem como o sistema imune, através da melhora na mobilidade dos linfócitos. Como é a melhor fonte alimentar para os precursores da glutationa, o whey protein deve ser considerado na dieta diária de seres humanos.

    De acordo com Haraguchi, Abreu e Paula (2006) as proteínas do leite, incluindo as proteínas do soro, além de seu alto valor biológico, possuem peptídeos bioativos, que atuam como agentes antimicrobianos, antihipertensivos, reguladores da função imune, assim como fatores de crescimento. As proteínas do soro de leite são altamente digeríveis e absorvidas rapidamente pelo organismo, estimulando a síntese de proteínas sangüíneas e teciduais de tal forma que alguns pesquisadores as classificam como proteínas de metabolização rápida, e adequadas para situações de estresse metabólico em que a reposição protéica se faz necessária de forma mais rápida (SGARBIERI, 2004).

    O whey protein apresenta uma estrutura constituídas de beta-lactoglobulina (BLG), alfa-lactoalbumina (ALA), albumina do soro bovino (BSA), imunoglobulinas (Ig‘s) e glicomacropeptídeos (GMP). Presentes em todos os tipos de leite, a proteína do leite contém cerca de 80% de caseína e 20% de proteína do soro, percentual que pode variar em função da raça fornecida ao gado e do país de origem (HARAGUCHI, ABREU e PAULA, 2006). O soro do leite pode ser obtido em laboratório ou na indústria, através de três processos principais: pelo processo de coagulação enzimática, resultando no coágulo de caseínas, matéria-prima para a produção de queijos e no soro doce; precipitação ácida no pH isoelétrico, resultando na caseína isoelétrica, que é transformada em caseinatos e no soro ácido; separação física das micelas de caseína por microfiltração, obtendo-se um concentrado de micelas e as proteínas do soro, na forma de concentrado ou isolado protéico (SGARBIERI, 2004).

    O whey protein pode exibir diferenças quanto à composição dos seus principais nutrientes, variando de acordo com a forma utilizada para sua obtenção. Em média, 100g de whey protein possui, em média, 414kcal, 80g de proteína, 7g de gordura e 8g de carboidratos. Sua composição média em relação à composição de aminoácidos é de 4,9 mg de alanina, 2,4 mg de arginina, 3,8 mg de asparagina, 10,7 mg de ácido aspártico, 1,7 mg de cisteína, 3,4 mg de glutamina, 15,4 mg de ácido glutâmico, 1,7 mg de glicina, 1,7 mg de histidina, 4,7 mg de isoleucina, 11,8 mg de leucina, 9,5 mg de lisina, 3,1 mg de metionina, 3,0 mg de fenilalanina, 4,2 mg de prolina, 3,9 mg de serina, 4,6 mg de treonina, 1,3 mg de triptofano, 3,4 mg de tirosina e 4,7 mg de valina, por grama de proteína. Os BCAA constituem em média 21,2% e os aminoácidos essenciais constituem aproximadamente 42,7%. Em relação aos micronutrientes, o whey protein possui em média na sua composição, 1,2 mg de ferro, 170 mg de sódio e 600 mg de cálcio por 100 g de concentrado protéico. A maioria dos whey protein apresentam quase todos os aminoácidos essenciais em excesso, de acordo com as recomendações de ingestão diárias, exceto pelos aminoácidos aromáticos (fenilalanina, tirosina) que atendem às recomendações para todas as idades (HARAGUCHI, ABREU e PAULA, 2006).

    De acordo com Sgarbieri (2004), os whey protein apresentam concentrações elevadas dos aminoácidos triptofano, cisteína, leucina, isoleucina e lisina As proteínas solúveis do soro do leite apresentam um excelente perfil de aminoácidos, caracterizando-as como proteínas de alto valor biológico. Possuem peptídeos bioativos, que lhes conferem diferentes propriedades funcionais. Dentre os aminoácidos essenciais, destacam-se os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA), que favorecem o anabolismo, assim como a diminuição do catabolismo protéico, favorecendo o processo de ganho de força muscular e reduzindo a perda de massa muscular, principalmente, durante os processos de perda de peso. Estes aminoácidos melhoram ainda, o desempenho muscular, por elevarem as concentrações de glutationa, diminuindo, assim, a ação dos agentes oxidantes nos músculos esqueléticos (VAN LOON, 2007).

    Sabe-se que o whey protein é uma das fontes nutricionais mais ricas dos precursores de glutationa, aumentando assim, suas concentrações que se encontram diminuídas durante a atividade física. Concentrações baixas de glutationa alteram a integridade funcional e estrutural dos tecidos musculares. Desta forma, a suplementação com fontes que possuem altas concentrações de cisteína reduzem o estresse oxidativo induzido por atividades intensas, como por exemplo, o treino de musculação. Desta forma, o uso whey protein é benéfico para praticantes de exercícios de força (COLKER et al., 2000).

Redução de gordura corporal

    De acordo com Popkin (1998) o excesso de gordura corporal é considerado um problema de saúde pública há muitos anos. Estudos realizados vêm mostrando que o excesso de peso é um problema, tanto para países em desenvolvimento quanto para os desenvolvidos, sendo considerado fator de risco para o surgimento de algumas doenças crônicas (FONTAINE, 1998). Atletas e pessoas praticantes de atividades físicas procuram, a todo custo, manter um baixo percentual de gordura corporal, seja objetivando uma melhoraria no desempenho físico ou apenas para a manutenção do bem estar físico e mental. Pesquisas têm mostrado que as proteínas do soro do leite favorecem o processo de diminuição da gordura corporal, por meio de mecanismos associados ao cálcio, e por apresentar altas concentrações de BCAA. Estudos epidemiológicos verificaram uma relação inversa entre a ingestão de cálcio, proveniente do leite e seus derivados, e a gordura corporal. A explicação seria que o aumento da ingestão de cálcio reduz as concentrações dos hormônios calcitrópicos. Em altas concentrações, esses hormônios estimulam a entrada de cálcio nos adipócitos. Nos adipócitos, altas concentrações de cálcio levam à lipogênese e à redução da lipólise. Portanto, a supressão dos hormônios calcitrópicos mediada pelo cálcio, pode ajudar a diminuir a deposição de gordura nos tecidos adiposos (ZEMEL, 2004). O whey protein pode oferecer uma vantagem sobre o leite como fonte de cálcio, em pessoas intolerantes à lactose, uma vez que parte dos suplementos à base de proteínas do soro é praticamente isenta de lactose, além do fato de apresentar um baixo teor de gordura.

    Estudos mostram que o alto teor de BCAA contidos nos whey protein afeta os processos metabólicos da regulação energética, favorecendo tanto o processo de controle como o de redução da gordura corporal. Dietas com maior relação proteína/carboidratos são mais eficientes para o controle da glicemia e da insulina pós-prandial, favorecendo, dessa forma, a redução da gordura corporal e a preservação da massa muscular durante a perda de peso. Pesquisas têm reavaliado a contribuição dos BCAA para a homeostase glicêmica, pois estes são degradados nos tecidos musculares proporcionalmente à sua ingesta. Essa degradação aumenta as concentrações plasmáticas dos aminoácidos alanina e glutamina, que são transportadas para o fígado para a produção de glicose. O ciclo alanina-glicose contribui em até 40% com a glicose endógena produzida durante a atividade física, e em até 70% depois de um jejum noturno, estabilizando, portanto, a glicemia em períodos de jejum, e reduzindo a resposta da insulina após as refeições (LAYMAN e BAUM, 2004; LAYMAN et al., 2003). Segundo Esmarck (2001) por elevar as concentrações plasmáticas de BCAA, a utilização do whey protein em dietas visando perda de peso, seria vantajosa por conta da redução na liberação de insulina pós-prandial e por maximizar a ação do fígado no controle da glicemia. Devido à atuação da leucina nos processos de síntese protéica, altas concentrações deste aminoácido favorecem a manutenção da massa muscular durante a perda de peso (LAYMAN, 2003).

    No estudo de Layman et al. (2003), mulheres obesas foram submetidas a dois tipos de dietas com o mesmo valor calórico. O grupo 1 recebeu dieta com 1,5 g.kg-1.dia-1 de proteína, com 22,3 g/dia de BCAA, sendo 9,9 g/dia de leucina, 40% das energias provenientes de carboidratos e 30% de lipídios. O grupo 2 recebeu dieta contendo 0,8 g.kg-1.dia-1 de proteína, com 12,3 g/dia de BCAA, sendo 5,4 g/dia de leucina, 55% das energias provenientes de carboidratos e 30% de lipídios. Os voluntários da pesquisa foram controlados e orientados quanto à ingestão das dietas e à realização de exercícios físicos. Após 10 semanas, observou-se que o grupo 1 apresentou valores maiores de glicemia em jejum e menores valores de glicemia pós-prandial. A dieta protéica gerou um melhor controle da insulina pós-prandial, com valores menores. Em outro estudo, com o mesmo grupo de mulheres obesas e os mesmos tipos de dietas, observou que, após 16 semanas, a dieta protéica levou a uma perda significante de peso, de gordura corporal e resultou em uma menor perda de massa magra.

    Hall et al. (2003) Compararam a caseína e as proteínas do soro em relação aos seus efeitos sobre o apetite, percepção de fome, saciedade e hormônios gastrintestinais. Observaram que, quando os indivíduos ingeriam uma solução contendo 48g de proteínas do soro, 90 minutos antes da refeição, apresentavam uma redução significativa do apetite, da ingestão energética e aumento da saciedade, em comparação a um grupo que ingeriu a mesma solução contendo caseína. Este fato pode estar relacionado ao aumento das concentrações sanguíneas de Colecistocinina (CCK) e do Peptídeo Similar ao Glucagon GLP-1), geradas pela ingestão da solução contendo as proteínas do soro. Portanto, as proteínas do soro do leite interferem positivamente na redução de gordura em função de seu alto teor de cálcio, e, conseqüentemente, pela atuação deste sobre os hormônios calcitrópicos, e também por agirem sobre os hormônios CCK e GLP-1. Sua utilização em dietas buscando redução de peso auxilia o controle da glicemia e a preservação da massa muscular devido às altas concentrações de BCAA.

Efeito anticancerígeno

    Algumas pesquisas têm demonstrado que as proteínas e peptídios contidos no whey protein, apresentam ação no combate de culturas de células malignas, tendo ação anticancerígena. O câncer é uma doença complexa cuja indução e desenvolvimento é multifatorial. Estudos conduzidos por McIntosh et al. (1998); Mclntosh e Le Leu (2001) verificaram a ação de algumas proteínas consumidas na dieta, contra o desenvolvimento de tumores de cólon induzidos pelo carcinógeno 1,2-dimetilhidrazina. Os achados destes estudos revelaram que dietas contendo as proteínas do soro do leite inibiram o aparecimento e o crescimento de tumores de cólon de forma mais significativa do que as dietas onde se consumiu caseína, proteínas de carne bovina e as da soja. A partir destes achados, conclui-se que as proteínas do soro do leite atuaram de forma mais eficaz no combate à tumorigênese induzida do que as demais proteínas consumidas. McIntosh et al. (1998), compararam em sua pesquisa, a eficiência de dietas contendo 15% de proteínas do soro do leite, 15% de proteínas de soja,15% de proteínas de soja mais 5% lactoferrina ou 15% de proteínas de soja mais 5% β-lactoglobulina. Foi observado que a suplementação contendo 15% de proteínas de soja mais 5% lactoferrina ou 5% β-lactoglobulina resultou em inibição da formação de lesões pré-cancerígenas de maneira tão eficientemente quanto à dieta com 15% de whey protein. Portanto, evidenciou-se a importância dessas proteínas do soro na inibição do processo de carcinogênese.

    Pesquisas realizadas na cidade de Campinas-SP, através da indução de câncer de cólon em camundongos por azoximetano, corroboraram a eficácia do uso das proteínas do whey protein na inibição de lesões intestinais pré-cancerígenas e desenvolvimento de tumores de cólon do tipo adenocarcinoma, assim como no estímulo à síntese de glutationa hepática e de imunoglobulina M por células de baço (DIAS, 2004). Nestas pesquisas comparou-se o poder antitumoral de quatro concentrados protéicos, um concentrado protéico de proteínas do soro do leite, preparado em Campinas-SP, em planta piloto (ZINSLY et al., 2001), um concentrado de proteínas de soro preparado e patenteado no Canadá, um concentrado de caseína e outro isolado de proteína de soja. A dieta utilizada foi a AIN-93, com uma das proteínas relacionadas acima como única fonte protéica (20g proteína/100g dieta).

    Os resultados demonstraram que o número e tamanho dos tumores foram significativamente maiores nos animais em dieta de proteína de soja, seguida da caseína e significativamente inferiores nos dois concentrados de proteínas do soro do leite. Não houve diferença significativa entre os dois concentrados de whey protein em nenhum dos parâmetros analisados. Os resultados obtidos confirmaram os reportados por pesquisadores do Canadá, Austrália e outros países. Outros pesquisadores constataram a capacidade inibitória das proteínas do soro de leite sobre o câncer de mama (HAKKAK et al., 1999), de cabeça e pescoço (CHMIEL, 1997) e sobre culturas de células cancerígenas (BOURTOURAULT et al., 1991).

Efeito protetor no sistema circulatório e do coração

    As proteínas do soro de leite podem atuar de diversas formas, protegendo a saúde do sistema circulatório e cardíaco, contribuindo, para a redução dos riscos do surgimento de doenças cardiovasculares. Estudos evidenciaram efeito positivo da utilização de whey protein na redução dos níveis de triglicérides e do colesterol sangüíneo e/ou hepático (JACOBUCCI, 1999).

    Sautier et al. (1983) pesquisaram os efeitos, em ratos, de dietas contendo 23% das seguintes proteínas: proteínas do soro de leite, caseína, proteínas de soja ou de girassol. Os resultados evidenciaram que os níveis de colesterol foram maiores nos ratos alimentados com caseína quando comparado com os ratos que utilizaram whey protein. Embora os valores de colesterol sérico total e de HDL tivessem sido idênticos nos grupos alimentados com proteína de soro, soja ou de girassol, percebeu-se que a excreção fecal de esteróides neutros foi maior para o grupo em proteína de soja. Em relação ao colesterol hepático, os níveis encontrados foram significativamente mais baixo nos ratos em dieta com whey protein, comparado com os das demais dietas. Logo, conclui-se que, comparado com a dieta de caseína, a dieta com proteínas do soro reduziu o colesterol total, sem interferir na excreção de esteróides neutros. As dietas de soja e girassol diminuíram os níveis de HDL sanguíneo, sendo que apenas a dieta de soja promoveu um aumento da excreção fecal de esteróides.

    Nagaoka et al. (1992) em seu estudo, compararam os efeitos da proteína de soja com as do soro do leite em ratos. Os resultados obtidos mostraram que os níveis de lipídios e de colesterol totais foram significativamente diminuídos no grupo que fez uso das proteínas de soro na dieta, sendo que o efeito para as proteínas de soro foi mais significativo que para as proteínas de soja. Outro aspecto das proteínas de soro de leite, que pode contribuir para a saúde cardiovascular e do sistema circulatório, está relacionado à descoberta de que a hidrólise enzimática de algumas proteínas liberam peptídios com ação hipotensora ou antihipertensiva. Estes peptídios são capazes de inibir a ação da enzima que faz a conversão de angiotensina I em angiotensina II (DA COSTA, 2004).

    A angiotensina I é um decaptídio inativo produzido nos rins, que é convertido em angiotensina II, um octapeptídio com ação vasoconstritora, portanto, agindo desta forma na regulação da pressão arterial. Além desta ação hipertensora, a angiotensina II estimula síntese do hormônio aldosterona, que atua na diminuição da excreção renal de fluido e de sais, aumentando assim a retenção de água e o volume de fluido na célula. As proteínas do soro do leite podem gerar benefícios para o sistema cardiovascular graças às suas propriedades. Sua composição inclui ainda nutrientes que são também inibidores da lipoxidação das lipoproteínas e artérias além de peptídios derivados da lactoferrina que mostraram possuir atividade anticoagulante, inibindo a agregação de plaquetas (LÉONIL, 2001).

Considerações finais

    Na medida em que a ciência da Nutrição avança, percebe-se a importância da relação entre a nutrição e a saúde. A partir da realização deste estudo, pode concluir que a utilização das proteínas do soro do leite ou whey protein na dieta alimentar constituem um aliado valioso na diminuição de riscos de ocorrências de algumas doenças crônico-degenerativas, bem como podem ter utilidade na prevenção e/ou tratamento de condições patológicas decorrentes da má nutrição. Atualmente, os whey protein possuem um alto valor no mercado, sendo um dos suplementos nutricionais mais consumidos em geral. Várias pesquisas mostraram os efeitos fisiológicos benéficos das proteínas do soro do leite. Todavia, há uma necessidade da realização de mais estudos na área que contemplem esses efeitos no organismo humano. A realização de mais estudos permitirá a comprovação dos achados até o presente momento, além de nortear o conhecimento científico acerca dos mecanismos de ação dessas proteínas, assim como estabelecer as quantidades adequadas de consumo visando à prevenção, a manutenção e melhoria no estado de saúde nos seres humanos. Verificou-se que as proteínas solúveis do soro do leite apresentam um excelente perfil de aminoácidos, sendo consideradas proteínas de alto valor biológico, além de possuírem peptídeos bioativos, que lhes conferem várias propriedades funcionais no organismo humano. Destaque-se na sua composição a presença dos BCAA, que favorecem o anabolismo, assim como a redução do catabolismo protéico, favorecendo o ganho de força muscular e reduzindo a perda de massa muscular durante o processo de perda de peso. O teor de cálcio encontrado nos whey protein favorece a redução da gordura corporal. A incorporação do whey protein gera uma melhoria no desempenho muscular, por conta da elevação da concentração de glutationa, reduzindo a ação dos agentes oxidantes no organismo. Portanto, o whey protein exerce um papel importante na saúde humana, como, por exemplo, no controle da pressão arterial, como agente redutor do risco cardíaco e ação anticancerígena.

Referências bibliográficas

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