Atletismo na escola: uma possibilidade lúdica El atletismo en la escuela: una posibilidad lúdica |
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Graduação em Licenciatura Plena em Educação Física e Desportos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especialização em Educação Física Escolar pela Universidade Federal de Lavras. Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso Membro do grupo de pesquisa corporeidade e ludicidade, GPECOL-UFMT Atualmente é Professora-pesquisadora da Universidade de Cuiabá |
Raquel Firmino Magalhães Barbosa (Brasil) |
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Resumo Tendo como ponto de partida para este estudo o histórico da Educação Física na escola a partir de 1964, observa-se nesta fase uma grande predominância do conteúdo esporte, com enfoque na performance, e também dos esportes coletivos, dentro das escolas. Pensando nisso, esta pesquisa tem como objetivo apresentar a importância de se trabalhar com o conteúdo dos esportes individuais na escola, neste caso, o Atletismo como possibilidade de conteúdo na Educação Física Escolar e também investigar se o Atletismo faz parte do planejamento do professor. Nota-se que os professores pesquisados mostram um descontentamento para a realização da prática do Atletismo, e ao mesmo tempo, sabem o seu real valor. Neste sentido, este estudo visa promover a reflexão e atitudes de motivação, de criatividade e de ludicidade frente aos conteúdos de Atletismo, como uma possibilidade lúdica e de disseminação do conhecimento sobre a sua prática. Unitermos: Atletismo. Escola. Professor de Educação Física.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Atletismo é um esporte que engloba habilidades motoras básicas para a vida cotidiana dos educandos como o correr, o saltar e o arremessar, que são capacidades inerentes a qualquer esporte. Além de outros aspectos relevantes para a formação global através de valores, atitudes e benefícios psicossociais e fisiológicos que são aprendidos durante a sua prática, proporcionando um bem-estar para o praticante, devido a estes e outros motivos, o atletismo pode ser uma possibilidade de conteúdo a ser trabalhado dentro das instituições escolares.
Percebendo a relevância desse conteúdo para o desenvolvimento integral dos alunos, este estudo pretende apresentar a visão dos professores de duas escolas estaduais de Cáceres/MT quanto à importância, à aplicabilidade e os benefícios do Atletismo dentro da escola.
Deste modo, este estudo tem como objetivo principal relacionar estratégias e possibilidades pedagógicas para o ensino do Atletismo na escola e como objetivos específicos, se pretende investigar a percepção dos professores de Educação Física sobre o trabalho com Atletismo na escola.
As questões norteadoras que baseiam este estudo se voltam para a seguinte trajetória: o conteúdo Atletismo é trabalhado dentro da escola? Quais são os fatores que possibilitam ou impedem a sua prática? Por meio deste estudo, busca-se possibilitar mais um caminho para orientar o trabalho do professor de Educação Física na escola, no sentido de promover reflexões acerca de um conteúdo de base para os demais desportos coletivos.
Portanto, este trabalho pode contribuir com as possibilidades de se trabalhar com o Atletismo de uma forma diferenciada, utilizando a ludicidade como uma ferramenta pedagógica, e ultrapassar as barreiras que impedem a sua prática.
Abordagens pedagógicas e o ensino da Educação Física
Através da trajetória da Educação Física ao longo da história, de acordo com Ghiraldelli Junior (2001, p.15), houve grandes “mudanças necessárias ao nível da prática efetiva nas quadras, ginásios e campos”, passando por diferentes tendências de ensino (Educação Física Higienista, Militarista, Pedagogicista, Competitivista e Popular), com suas respectivas características, que “aparentemente desapareceram foram, em verdade, incorporadas por outras” (Ibid, p.16). Estas tendências perderam a sua hegemonia, apesar de terem sido relevantes em determinada fase da história, porém, ainda hoje é observada dentro do ensino da Educação Física, por tendências que marcaram a formação e o ensino de muitos professores.
A Tendência da Educação Física Competitivista foi uma delas, se situando num plano histórico entre 1964 até o final da década de 70, durante os Governos Militares. Aproximou a formação dos professores aos princípios de competição e rendimento, voltando-se para o “culto do atleta-herói” e a massificação do esporte dentro das escolas.
Devido à boa campanha da seleção brasileira na Copa do Mundo, ajudou a “[...] aumentar o rendimento educacional do país e, na área da Educação Física, promover o desporto representativo capaz de trazer medalhas olímpicas” (Ibid, p.30). Ou seja, uma projeção de poder do Brasil, para que pudessem se destacar e mostrar que eram capazes de conseguir ser uma potência esportiva, e desta forma, a Educação Física foi representada por “sinônimo de desporto, e este, sinônimo de verificação de performance” (Ibid, p.20).
Percebemos que nesta fase da história, a escola era voltada excessivamente para ser um espaço de treinamento, privilegiando os mais bem condicionados e habilidosos, que superassem todos os obstáculos para fazer parte do seleto grupo de treinamento, gerando a exclusão dos menos capacitados.
Observando estes fatos, percebemos que o aluno estava sempre em segundo plano, sendo um reprodutor mecanizado do sistema, e o professor se localizava no centro do processo pedagógico, disseminando os ideais esportivistas, ou seja, enraizando o esporte e o rendimento dentro da escola. Matthiesen (2005, p.9) reforça que o conteúdo trabalhado era de “[...] predominância de uma perspectiva técnica, de treinamento e normativa, em detrimento de uma perspectiva pedagógica”.
Com a abertura política, surgiram novos ideais e valores para a Educação Física, com o ensino voltado para a humanização e para a criticidade, com alunos participativos,, ativos e cientes de suas ações, e professores que realmente renegassem o passado, deixando de lado práticas diretivas e reprodutoras. Darido e Rangel (2005, p.5) acreditam que as novas tendências pedagógicas irão traçar um caminho que venham “[...] romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional”. E assim, com o surgimento das novas abordagens (Psicomotricista, Humanista, Progressista, revolucionária, Crítica, Sistêmica, desenvolvimentista, Construtivista-interacionista, Sócio-construtivista, Fenomenológica, Crítico-superadora, Crítico-emancipatória, Plural, Saúde-renovada, Jogos Cooperativos, Cinesiológicas e dos Parâmetros Curriculares Nacionais) apresentando características mais inovadoras, visando à mesma diretriz: formar um aluno consciente e crítico para atuar e intervir na sociedade.
Todas essas transformações tiveram por objetivo a melhoraria do trabalho docente e a potencialização da formação dos alunos, para que dentro das escolas fosse feito um trabalho que valorizasse o processo de ensino e aprendizagem e que renegassem o passado, e neste sentido, realmente fosse “rompida, ao nível do discurso, a valorização excessiva do desempenho como objetivo único na escola.” (DARIDO & RANGEL, 2005, p.5).
A importância do Atletismo
As modalidades do Atletismo são praticadas desde os nossos primórdios por se caracterizarem como atividades naturais (correr, saltar e arremessar) e utilizadas como meio para a sobrevivência, praticando atividades de caça, de defesa, de lazer, entre outras, se relacionando intimamente com o Atletismo. Schmolinsky (1992) acrescenta que “[...] marchar, correr, saltar, lançar objetos à distância são, desde os mais remotos tempos, das mais elementares e naturais atividades físicas de todos os povos do mundo e de todas as sociedades humanas” (p.17).
Percebemos esse fato desde a civilização grega, que já praticavam corridas, salto e arremessos nas primeiras edições dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Fernandes (2003) ressalta que “[...] o povo grego, nos primórdios de nossa civilização, já expressava uma forte tendência artística, refletindo a plasticidade com que executavam as corridas atléticas uma das características de sua cultura excepcional” (p.12).
Fato memorável da cultura grega foi a estátua do escultor Miron, mais conhecido como Discóbolo de Miron, retratando um atleta ao lançar um disco, sintetizando um arquétipo de beleza, força física, equilíbrio e harmonia entre o corpo e a mente, representando o movimento humano no exato momento do arremesso. Entretanto todo esforço do atleta não está representado em sua face, permanece sereno, concentrado em seu feito atlético.
Outra característica era a forte conexão com a mitologia. Todo esforço e controle emocional durante as provas eram dedicados a Zeus, o rei dos deuses gregos. Com isso, as competições tinham um aspecto sagrado, ligado a religiosidade. É da onde surge a palavra Atletismo, áthlos, que quer dizer combate, competição, e ismo, para designar o adepto, o aderente, o seguidor da modalidade, caracterizando o espírito sagrado da disputa, que ficou conhecido como espírito agonístico grego.
Aos poucos o caráter religioso foi sendo substituído pelo aspecto esportivo, sem deixar de lado a tranqüilidade e a concentração, fazendo alusão aos deuses. E o poeta romano Juvenal corrobora a frase “mens sana in corpore sano” que expressou com bastante clareza o que se tornou a filosofia do Atletismo: o equilíbrio saudável entre corpo e mente ao praticar o esporte.
Por isso, é um esporte clássico, por fazer parte desde os primeiros Jogos Olímpicos da Antiguidade, com histórias imortalizadas e competições tradicionais, originando os Jogos Olímpicos Modernos que apreciamos hoje.
Deste modo, o Atletismo é considerado esporte-base pelo fato de: desenvolver habilidades motoras básicas (locomoção, manipulação e estabilização), apresentar benefícios no desenvolvimento do corpo humano (bem-estar físico, mental, social, emocional e fisiológico), melhoria das atividades do dia-a-dia, aprimoramento das capacidades físicas (resistência, força, velocidade, equilíbrio, flexibilidade, coordenação motora, agilidade, ritmo) dos indivíduos que o praticam. Tudo isso contribui para o desenvolvimento dos sistemas cardiovascular, nervoso, respiratório, dentre outros, e, portanto, para o aperfeiçoamento de qualidades físicas fundamentais (FERNANDES, 2003).
Além de proporcionar aos alunos a construção de valores e atitudes que fazem parte do desenvolvimento da prática do Atletismo por meio da “[...] coragem, decisão, força de vontade, perseverança, autodisciplina, lealdade, espírito coletivista e prontidão” (SCHMOLINSKY, 1992, p.18). Com isso, seus fundamentos favorecem a prática e a melhoria de outras modalidades esportivas como o passe, o deslocamento e a impulsão observados principalmente dentro dos desportos coletivos.
Então, este estudo busca refletir sobre a introdução do ensino do Atletismo na escola: Como deve ser feito? Com qual enfoque: copiando o desporto de competição ou possibilitando um atletismo lúdico? Seria factível a sua realização, de forma lúdica, no ambiente escolar?
Tendo como ponto de partida para este estudo o histórico da Educação Física a partir de 1964, ainda observamos uma grande predominância do esporte com enfoque na performance dentro das escolas, por isso a necessidade de mostrar que é possível trabalhar com outras vertentes do esporte, neste caso, do Atletismo, com uma outra visão, de forma lúdica, cooperativa e que valoriza a construção do conhecimento.
Metodologia
Este estudo caracterizou-se por ser uma pesquisa bibliográfica com levantamentos de dados por meio da aplicação de um questionário aberto, contendo duas perguntas com o objetivo de coletar dados a respeito da prática pedagógica dos professores no desenvolvimento do Atletismo na escola, para que pudessem escrever o máximo de informações e opiniões a fim de contribuir com o estudo.
A população constitui-se por nove professores de Educação Física de cinco escolas da rede estadual de Cáceres/MT, sendo quatro do sexo feminino e cinco do sexo masculino, que ministram aulas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e também no Ensino Médio. A análise dos resultados foi feita através de uma tabulação das informações contidas nos questionário e interpretando-as pelas respectivas questões.
Resultado e discussão
As duas perguntas foram aplicadas aos professores de Educação Física, sendo solicitado que desenvolvessem as suas respostas de forma coerente com sua prática pedagógica.
A primeira questão procurou saber a opinião dos professores quanto à importância do Atletismo na escola, demonstrando que a maioria compreende o valor do Atletismo e “[...] o trabalho com crianças é um bom começo para o ensino desta modalidade que envolve habilidades motoras por elas utilizadas cotidianamente.” (MATTHIESEN, 2005, p.16),
1“É uma modalidade a mais a ser inserida no planejamento” (P1)
“Utilizamos umas variantes para aulas de treinamento das outras modalidades” (P2)
“O Atletismo é um esporte natural... sua prática aprimora as atividades naturais como marchar, correr e arremessar... proporciona aos alunos um bom desenvolvimento físico, além de melhorar o sistema orgânico” (P3)
“Depende do contexto, na nossa escola não é” (P4)
“É importante para o desenvolvimento físico e motor” (P5)
“É de grande importância para o conhecimento e formação dos alunos” (P6)
“Melhora a auto-estima, o sistema cardiovascular e respiratório, e também o aspecto do cooperativismo entre os alunos” (P7)
“Estimular o espírito de equipe através de atividades individualizadas, motivar a relação interpessoal do grupo e destacar valores do esporte” (P8)
“É importante, mas não tem incentivo da cidade” (P9)
Percebe-se que os professores ressaltam o valor do desenvolvimento do Atletismo nas aulas de Educação Física, por diversificar o conteúdo, utilizar como jogos e brincadeiras para inserir o conteúdo, melhora a aptidão física dos alunos, amplia os conhecimentos sobre o esporte inserido na sociedade e desenvolve a capacidade atitudinal dos alunos.
Por outro lado, alguns dos professores pesquisados relataram que em suas escolas não é desenvolvido o conteúdo do Atletismo por falta de apoio e estímulo para a prática.
Então, é preciso que os professores dêem o primeiro passo, e busquem novas formas de ensinar e apresentar novos conteúdos para os alunos. Desta forma, os conteúdos do Atletismo podem se tornar “[...] uma valiosa contribuição para o desenvolvimento da Educação Física” (SCHMOLINSKY, 1992, p.150).
A segunda questão é a pergunta norteadora desta pesquisa, com o intuito de investigar se o conteúdo de Atletismo fazia parte do planejamento dos professores de Educação Física pesquisados. No caso da resposta ser negativa, foi pedido para esclarecer por qual motivo não era realizada.
“Não, por não existir um espaço físico adequado” (P1)
“Não, pois não possuímos local adequado” (P2)
“Sim, introduzimos todos os esportes no planejamento escolar” (P3)
“Não, pela falta de condições objetivas mínimas para sua inserção” (P4)
“Não, não tem local para a prática” (P5)
“Não” (P6)
“Sim, só que é pouco trabalhado, somente nos aquecimentos antes do início das aulas, por não ter material adequado para a prática do atletismo” (P7)
“Não, falta de espaço físico adequado, material, falta de programação da escola, do município e do estado. Não faz parte da cultura da comunidade, muita resistência na aceitação” (P8)
“Não, por não ter material e espaço apropriado” (P9)
Percebemos que dos nove professores entrevistados, somente dois realizam a prática do Atletismo em seu planejamento, e que a questão do local e do material é o que mais desmotiva o professor a realizar o seu desenvolvimento.
Sabemos que muitos professores colocam diversos empecilhos para não desenvolver o conteúdo de Atletismo na escola:
Os motivos podem ser os mais diversos e transitam entre a falta de espaço (não há espaços suficientes para que todos os alunos realizem as atividades por todo o tempo de aula, afirmam alunos e professores); falta de material; falta de habilidade motora do aluno (como se um dos objetivos da disciplina fosse mesmo tentar ensinar essas habilidades); e falta de interesse dos alunos. (DARIDO E RANGEL, 2005, p.38)
Podemos trabalhar com o Atletismo fazendo dele uma grande ferramenta pedagógica para a compreensão de outras modalidades esportivas e para a sua efetivação não precisamos nos restringir a uma Pista de Atletismo e materiais oficiais para realizar a corrida, os saltos e os lançamentos, podemos alcançar o mesmo objetivo por meio de jogos populares e pré-desportivos e muitas vezes sem material, podendo ser realizado na quadra, em gramados e espaços com areia e até dentro da sala de aula, com a aplicação de jogos de adivinhações (perguntas, desenhos, mímica, entre outros).
Coiceiro (2005) apresenta algumas maneiras de se trabalhar com o conteúdo de Atletismo na escola. No exemplo, a seguir será desenvolvida a corrida de velocidade e seus fundamentos como a velocidade de reação, força, resistência, tomada de decisão e também a partida.
Dividir a turma em duas equipes, de forma que eles fiquem no centro da quadra, um de costas para o outro. Determine os lados cara e coroa. Ao sinal do professor de “cara”, este deverá fugir do “coroa”, até a linha de fundo da quadra e vice-versa. Vencerá a equipe que marcar mais pontos. (COICEIRO, 2005, p.17)
Neste segundo exercício, podemos trabalhar os saltos e também suas principais características como a impulsão, flexibilidade, velocidade, os estilos e a queda, sendo realizado na quadra.
Desenhar vários círculos pelo chão com valores diferentes. Dispostos em colunas, o primeiro de cada equipe deverá saltar de um local determinado e aterrizar dentro do círculo. Vencerá a equipe que marcar mais pontos. Pedir para os alunos conterem seus pontos. (COICEIRO, 2005, p. 50)
E nos lançamentos, podemos utilizar vários materiais alternativos de acordo com o enfoque a ser dado na modalidade do Atletismo. Por exemplo, se o objetivo é trabalhar o Lançamento de Dardo, podemos construir junto com os alunos canudos de papel (revista ou jornal) ou cabos de vassoura afiados na ponta. Para o Arremesso do Peso, bolas de meia com areia dentro. Para o Lançamento de disco, podemos pegar dois pratos descartáveis, entre eles acrescentar areia e envolvê-los com fita adesiva. Com o Lançamento de Martelo, podemos utilizar as próprias bolas de meia, amarradas por um barbante com um suporte na ponta para o manuseio, podendo ser feito de jornal e fita adesiva.
Neste sentido, o aluno se sentirá envolvido e motivado com a atividade, pois estarão praticando o Atletismo com materiais que eles próprios produziram, tendo um significado maior, possibilitando a inserção do aspecto de socialização, criatividade, cognição, tudo isso aliado ao aspecto motor. Segundo Matthiesen (2005), o Atletismo pode ser realizado,
[...] independente da idade, o percurso a ser traçado para o ensino desta modalidade esportiva pode ser inicialmente o mesmo, tendo em vista que o objetivo do trabalho deve ser introduzi-las num universo que ainda lhes é desconhecido: o universo do atletismo. (p.16)
Portanto, partindo desses exemplos, podemos concluir que não houve necessidade de materiais e locais incrementados para o aprendizado do Atletismo, basta o professor ter a iniciativa, motivação e criatividade para transformar a sua aula em um verdadeiro espaço de ensino e aprendizagem.
Considerações finais
O propósito principal desta pesquisa é mostrar para os professores e futuros professores de Educação Física que podemos realizar a prática do Atletismo dentro das escolas, com ou sem material, em qualquer ambiente, seja na quadra, na grama, na areia e até mesmo na sala de aula.
Empecilhos para a sua concretização não vão faltar, mas se quisermos realmente contribuir com as aulas de Educação Física, devemos mudar o conceito de aulas que se restringem as modalidades de quadra e voltadas para o treinamento, com o objetivo de preparar os melhores alunos para as competições entre as escolas, que a insatisfação aflorada nos depoimentos dos professores entrevistados, devido a alguns fatores como falta de material, de espaço e a pouca participação dos alunos, não influenciem o rendimento do próprio professor e da turma.
É preciso ousar, promover a criatividade e a ludicidade nas aulas de Educação Física, estimulando o envolvimento com a aula e a disseminação do conhecimento sobre o Atletismo. Matthiesen (2005) enfatiza que:
[...] é um convite e uma aposta na construção de uma prática pedagógica em que a diversidade e as adversidades não são um obstáculo para a aprendizagem, mas um incentivo para uma prática mais cooperativa entre professores, professores e alunos, conteúdo e método, escola e universidade. (p.13)
Então, explorar o Atletismo e suas possibilidades é uma forma de desafiar o professor a construir novas possibilidades de conteúdo e de aprendizado, com variações de jogos e brincadeiras, atividades em grupo, estimulando nos alunos a vontade de realizá-lo novamente, criando aulas atraentes, prazerosas e principalmente, ao alcance de todos, e que muitas vezes são tão intensas quanto um treino propriamente dito, porém, com movimentos naturais do Atletismo, assim, conseguiremos conquistar mais adeptos para essa prática, e conseqüentemente, desenvolver a consciência intelectual corporal nos alunos.
Considerando a importância do Atletismo como sendo a base para a prática de outros esportes, é essencial que os professores procurem desenvolver seus fundamentos dentro do seu planejamento, pois é um conteúdo de fácil aprendizado, não necessita de espaços e materiais sofisticados, basta que o professor dê o primeiro passo e possa contribuir com:
[...] o resgate do atletismo como conteúdo essencial a ser trabalhada em aulas de Educação Física, recuperando por meio de jogos pré-desportivos, a alegria de brincar ao mesmo tempo em que se corre, se salta, se arremessa e se interage com a multiplicidade de movimentos belos e envolventes que fazem do atletismo o espetáculo que é. (MATTHIESEN, 2005, p. 10)
E também, utilizando a sua criatividade para elaborar materiais alternativos, aulas motivantes e conteúdos que façam sentido para o aluno, fazendo com que ele consiga relacionar com o seu cotidiano, mostrando que essa valiosa ferramenta pode contribuir com o seu aprendizado, e com isso, difundir a prática do Atletismo dentro e fora da escola.
Notas
P: Professores que fizeram parte da pesquisa.
Referências
COICEIRO, G. A. Atletismo: 1000 exercícios e jogos. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.
DARIDO, S. C. & RANGEL, I. C. A. Educação Física na escola: Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
LLI JUNIOR, P. Educação Física Progressista: A pedagogia crítica social dos conteúdos e a Educação Física Brasileira. 7ª ed. São Paulo: Loyola, 2001.
MATTHIESEN, S. Q. Atletismo se aprende na escola. São Paulo: Fontoura, 2005.
SCHMOLINSKY, G. Atletismo. Lisboa: editora Stampa, 1992.
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