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Alterações do arco plantar em crianças associado a 

distúrbios musculoesqueléticos: revisão de literatura

Cambio en el arco plantar en niños asociado con los trastornos musculoesqueléticos: una revisión de la literatura

 

*Acadêmica de fisioterapia das faculdades INTA, Sobral-CE

**Fisioterapeuta e mestre em meio ambiente e Sustentabilidade

Coordenador e pesquisador do curso de fisioterapia das Faculdades INTA

(Brasil)

Aurenir de Aguiar Silva*

Leandro Gomes Barbieri**

lgbarbieri@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objeto de estudo desta pesquisa são as alterações do arco plantar em crianças associado a distúrbios musculoesqueléticos. Este tema foi desenvolvido a partir da necessidade de saber mais afundo as causas de alterações musculoesqueléticas em crianças ainda em fase de desenvolvimento. O número de crianças que sofrem alterações na marcha e desenvolve uma estrutura postural incorreta está casa vez mais frequente de ser visto, segundo estudos, a grande causa são as alterações que o pé, estrutura de suporte do corpo, sofre no decorrer de seu crescimento. O objetivo principal deste estudo é esclarecer aos profissionais em geral que as causas das alterações musculoesqueléticas estão na alteração do arco plantar na maioria das vezes e que pode ser tratada no inicio, diminuindo o desconforto e amenizando as complicações futuras. Foi utilizado um estudo bibliográfico, no qual artigos originais relatavam com clareza o arco plantar e suas causas de alterações. As bases de informações utilizadas foram: Scielo, Google Acadêmico e Lilacs.

          Unitermos: Arco plantar. Alterações posturais em crianças. Tipos de pisada.

 

Abstract

          The object of this research are the changes of the plantar arch in children associated with musculoskeletal disorders. This theme was developed from the need to know more sink the causes of musculoskeletal disorders in children are still under development. The number of children suffering changes in gait and postural structure develops an incorrect home is increasingly common to be seen, according to studies, the major causes are changes that the foot support structure of the body undergoes during its growth. The main objective of this study is to clarify the professionals in general that the causes of musculoskeletal changes are changes in the plant arch in most cases and can be treated in the beginning, reducing the discomfort and mitigating future complications. We used a bibliographical study, in which original articles reported clearly plantar arch and causes of changes. The bases of information used were: Scielo, Google Scholar and Lilacs.

          Keywords: Plant arch. Postural changes in children. Types of trampled.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O pé é à base do corpo, onde sustenta toda a estrutura musculoesquelética, proporcionando estabilidade para locomoção e realização de tarefas do cotidiano com autonomia, independente do sexo, estatura e peso, é formado por um conjunto de articulações que suportam e dissipam as forças verticais que sobre elas se exercem na posição bípede, permitindo as diferentes formas de locomoção¹.

    O arco plantar é presente na região inferior do pé, onde pode ter alterações diversas, causando assim possíveis patologias no futuro. A capacidade de adaptar a qualquer superfície proporciona estabilidade no ato de pisar no solo com firmeza. O desenvolvimento do arco plantar tem início nos primeiros anos de vida. As crianças que demoram desenvolver a estrutura da pisada na maioria das vezes são devido ao atraso no desenvolvimento motor, patologia neurológica, o uso de calçados inadequados e antes do período, fase escolar marcada por excesso de peso da mochila e sobrepeso².

    O arco longitudinal medial se forma mais tardiamente em crianças obesas, sofrendo maiores alterações na passagem dos 8 para os 9 anos de idade, o que demonstra atraso nesse desenvolvimento quando comparado a crianças não obesas, as quais apresentam maior alteração dos 5 para os 6 anos de idade. A detecção da alteração do arco pode apresentar pé plano, supino, varo, valgo associados com alterações nos joelhos e tornozelos, ás vezes alterações posturais3, 4.

    O movimento do pé ocorre de três formas, o movimento mais frequente é no retropé. Há três tipos de arco plantar, que são formados pelos ossos tarsicos e metatársicos: arco transverso que é responsável pela sustentação de grande parte do peso corporal, longitudinal medial (contribui dinamicamente na absorção dos choques) e lateral que dá apoio à sustentação do peso. O pé é dividido em dois arcos, um longitudinal (constituído por um arco medial e um lateral) e outro transverso (constituído por um arco proximal e um distal). Existem três tipos de pé: pé normal, pé plano ou chato e pé cavo4,5.

    Durante a sustentação do peso os tendões armazenam energia nos ligamentos e na fáscia plantar distendida. O músculo gastrocnêmico e solear acumulam uma energia adicional à medida que desenvolvem uma tensão excêntrica. Na fase de impulsão a energia acumulada é liberada reduzindo o uso de energia metabólica6.

    O aumento do arco plantar em excesso longitudinal, dá a característica do pé cavo, a travessa do tarso pode ficar inutilizável na posição de supinação, impedindo que ocorra a participação das articulações na absorção de impacto e adaptação em terrenos irregulares1,7,8,9.

    A avaliação da distribuição de pressão plantar constitui uma importante ferramenta clínica para se compreenderem as implicações estruturais e funcionais impostas pela obesidade.Os músculos envolvidos na manutenção dos arcos plantares são os músculos extrínsecos e intrínsecos do pé, os extrínsecos tibial anterior, tibial posterior, flexor longo dos dedos e fíbular longo, auxiliam na elevação do arco plantar, a musculatura intrínseca tem como papel fundamental estabilizar os artelhos e manutenção da convexidade3,7,10.

    O ambiente escolar é ideal para que seja feito orientações a fim de prevenir possíveis alterações musculoesqueléticas, conscientizando a comunidade escolar sobre a importância de estar desenvolvendo a ação de prevenção. A incidência de lombalgia em crianças é de quase 30%, a dor é mais comum no sexo masculino11,12,13.

    Outras causas que podem influenciar no comprometimento da postura são: o desempenho muscular e seu comprimento, mobilidade articular e resistência, deformidades anatômicas, fatores psicossociais, intervenção precoce e dor14.

    Esteartigo aborda meios de como o arco plantar sofre alterações, suas complicações futuras, como avaliar a pressão plantar e estruturas que sofrem alterações musculoesqueléticas devido à desestruturação do pé. O objetivo específico é descrever as alterações do arco plantar em crianças associado a desvios posturais.

Tipos de pé

Materiais e métodos

    Realizou-se uma revisão sistemática de artigos sobre desvios posturais, alterações dos arcos plantares na infância, incidência de escolioses e distúrbiosmusculoesqueléticos. Indexados nas bases de dados LILACS (literatura latino-americana e do Caribe em ciências da saúde) e SCIELO Brasil (Scientific Electronic Library Online). Para a busca foram utilizados os seguintes descritores: arco plantar, alterações posturais em crianças, tipos de pisada. Como estratégia complementar utilizou-se a busca manual em listas de referências dos artigos selecionados.

    Os títulos e resumos dos artigos foram analisados e incluíram-se estudos que tiveram como desfecho as alterações nos arcos plantares em crianças repercutindo na cadeia cinemática funcional do corpo e alterações posturais relacionadas com os arcos plantares. Foi acrescentado citações extraídas de livros.

    A busca foi realizada em junho de 2013 de forma independente, seguindo os critérios de inclusão e exclusão. Foi realizada uma análise descritiva de dados extraídos dos estudos selecionados que foram: ano de publicação e correlação com o tema e público infantil.

    A busca aos artigos, segundo a estratégia definida, resultou em 30 artigos, de acordo com os objetivos do estudo e seus critérios de inclusão, apenas 10 foram selecionados.

Resultados e discussões

    Dez artigos foram inclusos neste trabalho, tendo complementação de 5 referências de livros que tem relação como tema pesquisado. O ano de publicação dos artigos variava de 2007 á 2012, estando assim os mesmos dentro dos critérios de inclusão do estudo, contendo o assunto no qual está sendo abordado.Segue a baixo a tabela com os dez artigos utilizados no estudo e seus respectivos dados.

Autor

Titulo

Metodologia e amostra

Revista e ano de publicação

Minghelli et al6

Desenvolvimento do arco plantar na infância e adolescência: análise plantar em escolas públicas

Impressão plantar, medição do ângulo de Clarke’s, do índice Chippaux-Smirak e do índex do arco de Staheli’s. Foi utilizado 1.090 alunos de escolas públicas

Saúde & tecnologia (2011)

Hernandez et al3

Cálculo do índice do arco plantar de Staheli e a prevalência de pés planos: estudo em 100 crianças entre 5 e 9 anos de idade

Impressão plantar e do cálculo do índice do arco plantar. Foi realizado em 100 crianças de ambos os sexos entre 5 e 9 anos.

Acta Ortopédica Brasileira.(2007).

Souza et al2

 

Caracterização do arco longitudinal plantar de crianças obesas por meio de índices da impressão plantar

Impressões plantares de cada criança e calculados índices que caracterizaram o ALM. Estudou 156 crianças obesas, ambos os sexos, idade entre 4 e 10 anos.

Rev. Bras. Crescimento desenvolvimento. Humano.(2007).

Filippin et al 3

 

 

Efeitos da obesidade na distribuição de pressão plantar em crianças

Medidas das variáveis de pressão plantar na postura ereta e na marcha por meio do sistema Pedar. Estudo realizado com vinte crianças, divididas em dois grupos (grupo de obesos e grupo de eutróficos), com idades entre nove e onze anos.

Revista brasileira de. Fisioterapia. (2007)

Dorneles et al4

Estrutura, função e classificação dos pés: uma revisão

Revisão bibliográfica de 19 referências

EFDeportes.com, Revista Digital. (2011)

Costa10

Incidência de pé cavo,pé plano e pé normal em crianças com idade escolar entre 8 a 11 anos em um colégio particular de Salvador-BA

Coleta de dados, constando nome, idade, peso, altura, esporte praticado, impressão plantar utilizando tinta guache de cor vermelha e papel formato A3. Crianças de ambos os sexos de 8 a 11 anos de idade foram analisadas, sem quantidade especificada.

FACULDADE IBES

Àrea de ciências biológicas. (2009)

Santos et al6

Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público fundamental de Jaguariúna, São Paulo

Estudo analítico, descritivo, de corte transversal,foi realizado avaliação postural em escolares de primeira a quarta série de uma escola pública da cidade de Jaguariúna. Foi avaliado 247 escolares de ambos os sexos.

Revista Paulista de Pediatria.(2009).

Back et al1

Fisioterapia na escola: avaliação postural

Análise da prevalência de alterações posturais em alunos de 1ª à 4ª série do ensino fundamental, com auxílio de imagens fotográficas e de um software gráfico. Foram analisados 44 escolares de ambos os sexos.

Fisioterapia brasil. (2009).

Falcão et al2

Correlação dos desvios posturais com dores musculoesqueléticas

 

Estudo observacional, de corte transversal e analítico, utilizou como amostra acadêmicos do 3º ao 8º semestre de fisioterapia e funcionários da Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das Ciências. Os participantes incluídos no estudo eram de ambos os sexos, com idade entre 20 e 50 anos, que possuíam no mínimo uma dor músculoesquelética.

Revista companhia médica de biologia.(2007)

Minghelli et al3

 

Avaliação postural: método de detecção precoce de alterações posturais em alunos da escola básica de Silves, região do Algarve, Portugal.

Estudo realizado através avaliação postural por meio de fotografias, detectando aprevalência em crianças e adolescentes. Foi estudado 75 indivíduos de 10 a 18 anos de idade.

Revista Fisiobrasil. (2012).

    De acordo com os achados nos artigos pode ser afirmado que: alterações no balanço da estrutura musculoesquelética repercutem a um padrão incorreto de sustentação da cadeia muscular e do padrão postural da cadeia biomecânica4.

    Modificações na biomecânica do pé ocasionados por arcos baixos ou altos, proporcionam diferença na cadeia cinemática, comprometendo a cinética das extremidades inferiores, tendo possíveis ocorrências de lesões, desencadeando disfunção do tornozelo, joelho, quadril, sacroilíaca, ombro, curvas lombar, torácica e cervical12.

    O corpo tem ligações entre as estruturas de funcionamento, sendo que quando um dos segmentos é afetado, os outros próximos também pode ser. Cabeça, pescoço, tórax, coluna lombar e pelve estão interligados entre si, desvio em uma das regiões atinge outras áreas. Quando os membros inferiores sofrem alguma desigualdade ela vai causar efeito na pelve, que afeta a coluna vertebral e com isso suas estruturas13.

    O arco longitudinal na infância apresenta variação grande e a partir dos 4 anos essa relação permanece ao redor de 0,75 em média. Verifica-se que o arco plantar desenvolve-se muito até 6 anos, aumentando pouco após esta idade.O aumento do arco plantar em excesso longitudinal dá a característica do pé cavo, a travessa do tarso pode ficar inutilizável na posição de supinação, impedindo que ocorra a participação das articulações na absorção de impacto e adaptação em terrenos irregulares. O pé plano valgo é uma alteração que se não for corrigida produz um transtorno funcional do pé repercutindoconsequentemente na deambulação.1,7,8,9

    As alterações posturais são problemas ortopédicos que podem acarretar prejuízos funcionais ao ser humano. Entre 7 a 12 anos, as escolioses são alterações mais frequentes. O ambiente escolar é ideal para que seja feito orientações afim deprevenir possíveis alterações musculoesqueléticas, conscientizando a comunidade escolar sobre a importância de estar desenvolvendo a ação de prevenção.A incidência de lombalgia em crianças é de quase 30%, a dor é mais comum no sexo masculino11,13,14.

    O desenvolvimento de poucos grupos musculares ocasiona uma perda de harmonização e flexibilidade. Estruturas como coluna lombar e pelve são sobrecarregadas onde se iniciam as principais compensações15.

Conclusão

    As alterações que os pés sofrem no decorrer da idade de 2 a 8 anos, podem ser evitados, sendo que as causas secundárias como: calçados inadequados, uso precoce do mesmo, excesso de peso e a falta de estimulação do arco plantar, podem estar estimulando as más formações plantares. As ações de prevenção e promoção de saúde devem ser intensificadas nas escolas e comunidades, tendo a interação de uma equipe multidisciplinar para estar atuando na melhor qualidade dos serviços prestados a população e melhor qualidade de vida.

    Diante dos autores citados no estudo, é comprovado que as alterações sofridas nos pés, repercutem no futuro problemas, no qual vai trazer complicações para a criança, que se não for acompanhada irá trazer déficit físico e transtornos psicológicos futuramente. Hoje esta cada vez mais visível o número de crianças e adolescentes nas clínicas de tratamento, tendo com mais frequência tratamentos para escolioses, lombalgia e desnivelamento de membros inferiores, consequentemente causados na maioria por distúrbios musculoesqueléticos de compensação.

Referências

  1. Minghelli, Beatriz et al. Desenvolvimento do arco plantar na infância e adolescência: análise plantar em escolas públicas. Saúde & Tecnologia. Maio, 2011, Nº5, pp. 5–11.

  2. Minghelli, Beatriz et al. Avaliação postural: método de detecção precoce de alterações posturais em alunos da escola básica de silves, região do Algarve, Portugal. Fisiobrasil. Ano 12, edição nº 108- Maio/junho 2012.

  3. Souza, Priscila S.; Joao, Silvia M. A.; Sacco, Isabel de C. N.. Caracterização do arco longitudinal plantar de crianças obesas por meio de índices da impressão plantar. Rev.bras. crescimento desenvolv. hum., São Paulo, v. 17, n. 1, abr. 2007.

  4. Dorneles, Patrícia Paludette et al. Estrutura, função e classificação dos pés: uma revisão. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 161, Octubre de 2011. http://www.efdeportes.com/efd161/estrutura-funcao-e-classificacao-dos-pes.htm

  5. Hamill, Joseph; Knutzen, Kathleen M. Bases biomecânicas do movimento humano. 2. ed. Barueri: Manole, 2008. 494 p. Português.

  6. Hall, Susan J. Biomecânica básica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. 509 p. Português.

  7. Hernandez, Kimura LK, Laraya MHF, Favaro E. Cálculo do índice do arco plantar de Staheli e a prevalência de pés planos: estudo em 100 crianças entre 5 e 9 anos de idade. Acta Ortop Bras. [periódico na Internet]. 2007; 15(2):68-71.

  8. Filippin NT et al. Efeitos da obesidade na distribuição de pressão plantar em crianças. Rev. bras. fisioter., São Carlos, v. 11, n. 6, p. 495-501, nov./dez. 2007.

  9. Hamill, Joseph; Knutzen, Kathleen M. Bases biomecânicas. 3ª ed. Barueri: Manole, 2008. 494 p. Português.

  10. Costa, Caio Soares Ribeiro. Incidência de pé cavo, pé plano e pé normal em crianças com idade escolar entre 8 a 11 anos em um colégio particular de Salvador-Ba. Faculdade IBES. Salvador, 2009.

  11. Back . Cristina Mari Zanella, Lima. Alessandra Xavier. Fisioterapia na escola: Avaliação postural. 2007.

  12. Santos. Camila Isabel S. et al. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público fundamental de Jaguariúna, São Paulo. Rev Paul Pediatr 2009; 27(1): 74-80.

  13. Colby, Lynn Allen; Kisner, Carolyn. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 4. ed. Barueri: Manole, 2005. 841 p. Português.

  14. Falcão, Fernanda Rezende Campos;Marinho, Ana Paula Silva; Sá, Kátia Nunes. Correlação dos desvios posturais com dores musculoesqueléticas.R. Ci. méd. biol., Salvador, v. 6, n. 1, p. 54-62, jan./abr. 2007.

  15. Marco, Ademir de; Panelli, Cecilia. Método pilates de condicionamento do corpo: um programa para toda a vida. São Paulo: 2ª ed. Phorte, 2009.

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