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Influência da maturação e tempo de treinamento 

sistemático na agilidade em adolescentes praticantes de futsal

La influencia de la maduración en el tiempo de entrenamiento sistemático en la agilidad en adolescentes que practican futsal

 

*Graduado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. Departamento de Educação Física. Irati, Paraná

**Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO. Departamento de Educação Física. Irati, Paraná

Doutorado em andamento, Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis

***Especialista em Esporte Escolar. Universidade Estadual de Ponta Grossa, UEPG

Especialização em andamento em Futebol. Universidade Federal de Viçosa, UFV, Minas Gerais

****Graduada pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. Departamento de Educação Física. Irati, Paraná

Walace Luis Ignachewski*

Michel Milistetd**

Alexandre Vinícius Bobato Tozetto***

Jucilaine Karina Hoffmann****

luighiv8@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve por objetivo verificar a influência do treinamento e da maturação no desenvolvimento do desempenho motor, especificamente da agilidade, em adolescentes, com idade entre 14 e 15 anos, que participavam de treinamento sistematizado na modalidade futsal. Para isso a amostra foi classificada de acordo com o estágio de maturação (G1, G2, G3, G4 e G5) e o tempo de treino (experientes e inexperientes), sendo avaliado o seu crescimento físico e o desempenho no teste de agilidade Shuttle Run seguindo padronização do CELAFISCS e aferindo medidas de massa corporal e altura. Os resultados mostraram que os sujeitos em estágios maturacionais avançados apresentaram valores, em média, superiores nas características antropométricas e no teste de desempenho motor. O mesmo ocorreu quando se levou em consideração o tempo de treinamento e o teste de desempenho motor. Dessa maneira, ao final desse estudo, concluiu-se que tanto a maturação quanto o treinamento influenciam positivamente o desempenho em relação à agilidade.

          Unitermos: Desempenho motor. Maturação biológica. Treinamento de futsal.

 

Abstract

          This study had for objectives to verify the influence of training and of maturation in motor performance development, specifically of agility, in adolescents between 14 to 15 years old, that participated of futsal systematized training. To this end the sample was classified in terms of maturation levels (G1, G2, G3, G4 e G5) and training time (experienced and inexperienced), who were measured for their physical growth and shuttle-run agility test performance according to CELAFISCS standard and measured weight and height.. The results showed that the subjects in advanced maturation levels showed values, on average, higher in anthropometric characteristics and in motor performance test. This way, in the end of this study, it was concluded that both maturation and training positively influence the performance in relation to agility.

          Keywords: Motor performance. Biological maturation. Futsal training.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 187, Diciembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A mídia tem colocado em evidência jogadores profissionais cada vez mais novos e, segundo Silva et al. (2007), essa precocidade somada aos excelentes resultados obtidos por atletas, ainda na fase infantil e durante a adolescência, em competições nacionais e internacionais de reconhecido impacto, tem aumentado o interesse por atividades esportivas e resultante desta exposição, um elevado número de crianças e adolescentes tem procurado os clubes de iniciação.

    Nesse sentido, se torna necessária a definição de uma melhor estratégia de treinamento de maneira a objetivar o processo ensino-aprendizagem, respeitando desenvolvimento pleno de crianças e jovens envolvidos em programas esportivos sistematizados (MARQUES e OLIVEIRA, 2002)

    No treinamento esportivo a longo prazo com atletas pré-adolescentes e adolescentes, diferentes aspectos dos processos de crescimento e desenvolvimento devem ser levados em consideração, pois estes constituem-se a base sobre a qual deve ser elaborado o planejamento das diferentes fases do treinamento esportivo, com seus respectivos objetivos, conteúdos, métodos e avaliações (BOHME, 2004).

    A evolução do desempenho motor na infância e na adolescência está fortemente associada aos processos de crescimento e maturação e devido a essa relação de interdependência, na avaliação do desempenho motor, devem ser considerados os aspectos do crescimento físico e as idades cronológica e biológica, haja visto que o crescimento e a maturação não ocorrem, necessariamente, em sincronia com a idade cronológica da criança. Assim, dentro de um grupo de crianças do mesmo sexo e da mesma idade cronológica, haverá variações na idade biológica, ou no nível de maturação (BOHME, 1999; Malina e Bouchard, 2002).

    Martin et al. (2001) exemplifica essa situação considerando que a diferença no desempenho em um teste de velocidade de 50m entre dois jovens atletas de mesma idade cronológica poderia ser explicado pela maturação biológica, caso estivessem em estágios maturacionais diferentes. Malina, Bouchord e Bor-Or (2009) justificam esse exemplo quando descrevem valores de um estudo realizado com meninos belgas, onde foi avaliada a relação entre o desempenho motor e a maturação, demonstrando que os desempenhos motores de meninos maturados precocemente são foram melhores do que os meninos maturados mais tarde na maioria das idades cronológicas. Deste modo, torna-se de fundamental importância a utilização de técnicas de avaliação que permitam estimar a maturação biológica desses indivíduos, a fim de minimizar esse tipo de erro de interpretação.

    Os indicadores que podem ser utilizados nesta avaliação são a idade de erupção dos dentes temporários (maturação dental), a idade de ossificação e fusões epifisiais (maturação óssea), a idade de alcance de diferentes proporções em relação à estatura adulta (maturação morfológica) e a idade de aparecimento das características sexuais secundárias (maturação sexual) (GUEDES & GUEDES, 2006).

    Segundo Martin et. al. (2001) na área da Educação Física e do esporte, o meio mais utilizado para avaliar a maturação, são os estágios de maturação sexual conforme o método proposto por Tanner (1962) no qual classificam, em estágios de 1 a 5, o nível de desenvolvimento dos órgãos genitais nos meninos, das mamas nas meninas e a pilosidade em ambos os sexos.

    Além de diversos estudos que descrevem a influência da maturação no desempenho, muitos investigadores têm tratado também da influência do treinamento sistematizado no desempenho de crianças e jovens.

    Com relação à agilidade, alguns estudos apontaram o fato de que a maturação biológica estaria influenciando diretamente a capacidade funcional de jovens jogadores de futebol da faixa etária de 13 a 15 anos, sugerindo que o sucesso dos atletas jovens estaria relacionado à seleção daqueles com uma maturidade biológica precoce, que resultaria em uma maior estatura e massa corporal nessa fase, podendo auxiliar em seu desempenho em uma situação real de jogo (MALINA et al., 2004; MATSUDO, 1986). Porém, um estudo realizado por Garganta et al.(1999) entre jovens praticantes de futebol de níveis diferentes (elite/não elite), em teste de agilidade, encontraram valores significativamente melhores para os futebolistas de elite, demonstrando assim que supostamente a especialização da modalidade influencia diretamente no desempenho da agilidade em categorias mais elevadas. Dados esses que corroboram com os achados por Silva et al (2006) em estudo que avaliava associação entre os testes de agilidade “Shuttle Run” e “Shuttle Run” com bola em jogadores de futebol em diferentes categorias, posição de jogo e estágios maturacionais, onde se verificou que a habilidade específica (agilidade) aumenta proporcionalmente com o tempo de prática, o que poderia representar maior influência da especialização da modalidade.

    Portanto, devido a essa inter-relação entre treinamento, maturação e desempenho, o presente estudo teve como objetivo verificar a influência da maturação e/ou do treinamento de futsal no desenvolvimento da agilidade, em adolescentes de 13 a 15 anos, e estabelecer relação entre eles.

Métodos

Amostra

    A amostra desta pesquisa foi composta por 20 adolescentes, com idade entre 14 e 15 anos, que participavam de treinamento sistematizado de futsal três vezes por semana, com a duração de 90 minutos, a pelo menos um ano, sendo todos os avaliados alunos de uma escola de futsal vinculada a uma associação que visa o treinamento voltado à competição.

    Os sujeitos foram separados de acordo com os cinco estágios maturacionais, proposto por Tanner (1962), e tempo de treinamento, classificados em experientes (tempo de treino≥ 7 meses) inexperientes (tempo de treinamento ≤ 6 meses), da seguinte forma: estágio 1 (n=0), estágio 2 (n=0), estágio 3 (n=6), estágio 4 (n=11), estágio 5 (n=3), experientes (n=13) e inexperientes (n=7).

    Antes do inicio das avaliações, todos os indivíduos e seus respectivos responsáveis preencheram um termo de consentimento, onde constava que não haveria identificação dos mesmos e que eles poderiam abandonar os testes a qualquer momento se desejassem, autorizando o uso de seus dados nesta pesquisa.

    A presente pesquisa foi realizada mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste, protocolo n° 6919/2009.

Instrumentos de procedimentos

Maturação sexual

    Para determinação do estágio de maturação sexual foi utilizado o método proposto por Tanner (1962), adaptado por Morris e Udry (1980), onde o teste é realizado em forma de auto-avaliação e os estágios maturacionais se dividem de 1 a 5, considerando o desenvolvimento dos órgãos genitais e da pelosidade pubiana, sendo o estágio 1 quando a criança se encontra no nível pré-púbere e o estagio 5 quando o processo maturacional esta finalizado.

Medidas antropométricas

    Para determinar a estatura total dos indivíduos foi utilizado um estadiômetro de parede da marca Sanny, escalonado em 0,1 cm. O avaliado estava descalço ficando postado em posição anatômica sobre a base do estadiômetro, com a cabeça posicionada no plano de Frankfurt, estando em apnéia no momento da medida.

    Para mensurar massa corporal foi utilizada uma balança mecânica da marca Welmy modelo 110. O avaliado estava descalço e vestindo somente calção, ficando em pé e de costas para a escala da balança em posição anatômica, com a massa corporal igualmente distribuída entre ambos os pés.

Agilidade

    Para a avaliação da agilidade foi utilizado o teste de Shutle-run segundo padronização do CELAFISCS onde se marca duas linhas com 9,14m de distância entre elas e dois blocos de madeira medindo 5x5x10cm é colocado atrás de umas das linhas que estão equidistantes 30 cm entre si e a linha. O avaliado inicia o teste na posição em pé, atrás da linha de partida. Ao ser dado o comando ele corre (9,14 metros) em direção aos blocos, pega um retorna a linha de partida, colocando o bloco atrás desta linha e repete esta movimentação com o outro bloco, devendo sempre passar ao menos um dos pés da linha tanto para pegar quanto para depositar o bloco. O teste acaba quando o ultimo bloco é depositado no chão. São dadas duas tentativas com um intervalo de descanso entre elas o resultado é o tempo gasto para executar a tarefa, sendo computada a melhor das duas tentativas.

Análise estatística

    O presente estudo teve um caráter exploratório e foi abordado de maneira descritiva devido à sua pequena amostra. Foram utilizados os valores de média, desvio padrão, frequência relativa e absoluta para o tratamento dos dados. 

Resultados

    De maneira geral os sujeitos em estágios maturacionais avançados apresentaram valores, em média, superiores nas características antropométricas e no teste de desempenho motor. O mesmo ocorreu quando se levou em consideração o tempo de treinamento e o teste de desempenho motor. Entretanto, devido à pequena amostra, não houve um tratamento estatístico inferencial, nas comparações entre os diferentes estágios maturacionais, e entre os diferentes tempos de treinamento.

Tabela I. Comparação dos valores médios e desvio-padrão da idade cronológica, massa corporal e estatura nos jogadores de futsal divididos por estágio maturacional

Maturação

G1

G2

G3

G4

G5

Idade (meses)

-

-

174,66 ± 6,97

181,45 ± 5,75

176 ± 12

Massa Corporal (Kg)

-

-

52,85 ± 13,85

59,28 ± 9,73

63,23 ± 4,82

Altura (cm)

-

-

162,01 ± 7,96

169,28 ± 4,97

173,7 ± 11,19

    Na Tabela I encontram-se os valores médios referentes às características antropométricas dos participantes distribuídos de acordo com o estágio de maturação (1, 2, 3, 4 e 5) onde a massa corporal e a estatura foi, em média, maior no grupo 4 em relação ao grupo 3 e no grupo 5 em relação aos grupos 4 e 3 e a idade foi maior no grupo 4 em relação aos demais, sendo que a idade do grupo 5 foi maior do que a do grupo 3.

    Ainda considerando os estágios maturacionais, no teste que avaliou a agilidade, o estágio 4 apresentou, em média, melhores valores em relação ao estagio 3, o que ocorreu também com o estágio 5 em relação aos estágios 3 e 4, conforme expresso na Tabela II.

Tabela II. Comparação dos valores médios e desvio-padrão do desempenho no teste de Shuttle Run nos jogadores de futsal divididos por estágio maturacional

Maturação

G1

G2

G3

G4

G5

Shuttle Run (s)

-

-

11,35 ± 0,78

11,05 ± 0,49

11,10 ± 0,51

    Com relação ao tempo de treinamento, a amostra foi classificada em experientes (tempo de treino superior a 6 meses) e inexperientes (tempo de treinamento inferior a 6 meses), representando 65% e 35% respectivamente dos avaliados. As medidas antropométricas relacionadas ao tempo de prática estão representadas na Tabela III, onde é possível perceber que os mais experientes, em média, são mais velhos e mais pesados que os menos experientes, que por sua vez são mais altos.

Tabela III. Comparação dos valores médios e desvio-padrão da idade cronológica, massa corporal e estatura nos jogadores de futsal divididos por tempo de treinamento

Tempo de prática

Experientes

Inexperientes

Idade (meses)

180,07 ± 6,73

177, 28 ± 6,92

Massa Corporal (Kg)

58,13 ± 11,11

57,6 ± 11,02

Altura (cm)

167,87 ± 9,43

168,34 ± 4,97

    Considerando o teste motor, que avaliou a agilidade, os mais experientes apresentam resultados, em média, melhores que os inexperientes, conforme Tabela IV.

Tabela IV. Comparação dos valores médios e desvio-padrão do desempenho no teste Shuttle Run nos jogadores de futsal divididos por tempo de treinamento

Tempo de prática

Experientes

Inexperientes

Shuttle Run

11,22 ± 0,43

11,05 ± 0,76

Discussão

    Como era esperado, em virtude do processo de crescimento e desenvolvimento, foram observadas diferenças nas variáveis antropométricas e no desempenho motor entre os diferentes estágios maturacionais, sendo que os grupos de maturação final (G4, G5) obtiveram melhor desempenho no teste motor e eles também apresentaram maior massa e altura, corroborando com os achados de Guincho (2007) que analisou a influência do estado maturacional, idade cronológica e idade de treino no desempenho em testes de agilidade, ele verificou que tanto as características antropométricas quanto o desempenho motor sofrem influência positiva da maturação. Ferrari et al (2008) também encontrou valores similares em relação a maturação e desempenho motor, em um estudo realizado com e adolescentes do município de Ilhabela, onde para a agilidade a performance melhorou gradualmente de acordo com os estágios maturacionais.

    Com relação à idade, o fato dos sujeitos que se encontravam no estágio maturacional 4 obterem uma faixa etária maior que os demais, apenas demonstra que a idade cronológica nem sempre acompanha a idade maturacional, conforme descrito por Chipkevitch (2002) que afirma que a maturação tem inicio e ritmo de progressão muito variáveis, sendo que adolescentes de mesma idade cronológica geralmente estão em fases distintas de maturação.

    O tempo de treinamento também influenciou positivamente o desempenho motor dos avaliados, sendo que os, considerados, experientes com tempo de treinamento superior a 6 meses, obtiveram melhores resultados no teste de agilidade do que os inexperientes com tempo de treinamento igual ou inferior a 6 meses. Esse resultado era esperado e corrobora com os achados de Silva (2006) que avaliou a relação entre o teste de Shuttle run e Shuttle run com bola em jogadores de futebol em diferentes categorias, posição de jogo e estágios maturacionais, onde se verificou que a habilidade específica (agilidade) aumenta proporcionalmente com o tempo de prática. Garganta et al (1999) em um estudo realizado com jogadores de futebol com diferentes graus de especialização (elite/não elite) também verificou que os com maior tempo de prática apresentaram melhor desempenho em relação a agilidade. O que demonstra influência da especialização da modalidade no desempenho relacionado à agilidade.

Conclusão

    Com base nos resultados do presente estudo verificou-se que atletas jovens de futsal podem ter diferenças significativas no desempenho motor em relação ao tempo de treinamento. Sendo que os atletas experientes obtiveram melhor resultado, em média, que os menos experientes.

    Além disso, quando comparados os estágios maturacionais, observou-se que as variáveis relacionadas à antropometria (Massa corporal e estatura) parecem aumentar com a maturação biológica, assim como o desempenho de atletas mais maturados são melhores em relação aos que se encontravam nos estágios inicias de maturação.

    Dessa maneira conclui-se que tanto a maturação quanto o treinamento influenciam a melhora no desempenho em relação agilidade.

    Contudo recomenda-se novos estudos com uma amostra mais significativa, para poder ser avaliada melhor a relaçمo entre a agilidade o tempo de treinamento e a maturaçمo.

Referências bibliogrلficas

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