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Mapa de riscos ambientais para prevenção de acidentes com 

trabalhadores do pronto socorro de um hospital escola:
relato de experiência

Mapa de los riesgos ambientales para la prevención de accidentes
con trabajadores de emergencias de un hospital escuela: relato de experiencia

Map of environmental risks for prevention of accidents emergency
room workers of the hospital school: experience report

 

*Enfermeira. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros

Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros-MG

**Enfermeira. Especialista em Epidemiologia: Investigação de Surtos em Serviços de Saúde

pela Universidade Federal Minas Gerais. Professora do Departamento de Enfermagem

da Universidade Estadual de Montes Claros

***Acadêmicas de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros, MG

(Brasil)

Fernanda Marques da Costa*

Écila Campos Mota**

Aline Celeste Zeferina***

Franciele Fagundes Fonseca***

Juliana Pereira Alves***

Renata Rocha da Silva***

fernandafjjf@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O artigo apresenta uma reflexão sobre a experiência de construção coletiva do mapa de risco, fundamentada nos conceitos de biossegurança, riscos ocupacionais e saúde do trabalhador. O objetivo do estudo foi realizar o mapeamento de riscos do setor do Pronto socorro do Hospital Universitário Clemente de Faria, identificando os principais riscos nos quais os trabalhadores desta área estão expostos. Trata-se de um estudo descritivo exploratório do tipo relato de experiência. Diante disso, observou-se, que o principal risco presente no setor foi o ergonômico, seguido, acidentais, físico, por último o químico. O risco ergonômico foi classificado como grande em quase todos os ambientes do setor, sendo justificado pela grande jornada de trabalho extenuante pelos profissionais, estresse, suscetibilidade a agressões de terceiros, má postura durante a realização de procedimentos através de levantamento de peso durante a transferência de pacientes por meio de macas, além disso o manuseio do depósito de materiais de limpeza.

          Unitermos: Mapa de risco. Saúde do trabalhador. Riscos ocupacionais.

 

Abstract

          The article focuses on the experience of collective construction of the risk map, based on the concepts of biosafety, occupational hazards and worker health. The aim of the study was to perform the map of risk of the sector of the Emergency Department of the Clemente de Faria University Hospital, by identifying the main risk in which workers are expose din this area. It is about a descriptive exploratory study of the kind experience report. Given this, it was observed that the main risk in this sector was the ergonomic, followed by incidental, physical, and, lastly, the chemical. The ergonomic risk has been classified as large in nearly every area of that sector, being justified by the great journey of toil by professionals, stress, susceptibility to aggression of others, wrong posture while performing procedures by means of heavy lifting when transferring patients by stretchers, further hand ling tank cleaning materials.

          Keywords: Risk map. Occupational health. Occupational risks.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Para Jakobi (2008) os agravos e doenças do trabalho constituem alguns dos mais graves e abrangentes problemas de saúde pública do país, com complexidade regional variável, condicionada pela diversidade dos processos produtivos instalados. Os riscos estão presentes nos locais de trabalho e em todas as demais atividades humanas, comprometendo a segurança e a saúde das pessoas.

    Monteiro et al (2007) afirmam que o envelhecimento da população fez com que houvesse um aumento na duração do trabalho do enfermeiro e com isso um aumento também na exposição aos riscos, justificando assim o ensino dos conhecimentos na área de saúde do trabalhador aos futuros enfermeiros.

    A importância do tema vigilância em saúde do trabalhador como subsídio para o desenvolvimento de ações de saúde do trabalhador no SUS impõe a necessidade de inclusão de conteúdos sobre a temática na formação do enfermeiro, inclusive através do desenvolvimento de habilidades na construção e no manejo de sistemas de informação (MONTEIRO et al, 2007).

    A Norma Regulamentadora NR-9 instituiu a obrigatoriedade de identificar os riscos à saúde humana no ambiente de trabalho, atribuindo às Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (CIPA) a responsabilidade pela elaboração de mapas de riscos ambientais. Esse arranjo normativo é considerado por alguns autores uma tentativa de avalizar o controle social e a participação do trabalhador na definição de suas condições e processos de trabalho (MIRANDA; DIAS, 2004; ASSUNÇÃO, 2003; BRASIL, 1994).

    De acordo, com Hall et al. (2000), o Mapa de Riscos consiste em um conjunto de registros gráficos que buscam representar os riscos existentes nos diversos ambientes, ou postos de trabalho. O objetivo do mesmo é de reunir as informações necessárias para estabelecer o diagnóstico da situação de segurança (e saúde) no ambiente e, também, informar e conscientizar as pessoas, que praticam alguma atividade naquele ambiente, dos riscos ali existentes através de uma forma fácil de visualização.

    Trata-se de identificar situações e locais potencialmente perigosos, a partir de uma planta baixa de cada seção, são levantados todos os tipos de riscos, classificando-os por grau de perigo: pequeno, médio e grande. Sendo estes agrupados em cinco grupos classificados pelas cores vermelho, verde, marrom, amarelo e azul. Cada grupo corresponde a um tipo de agente: químico, físico, biológico, ergonômico e acidental. O Mapa deve ser colocado em um local visível para alertar aos trabalhadores sobre os perigos existentes naquela área (SCHWAB; STEFANO, 2008).

    No campo de saúde, o controle dos riscos ambientais proporciona entrecortes com três áreas: a biossegurança, a saúde do trabalhador e ainda a garantia de qualidade em estabelecimentos de saúde (HOKEBERG et al, 2006).

    No campo de saúde, o controle dos riscos ambientais proporciona entrecortes com três áreas: a biossegurança, a saúde do trabalhador e ainda a garantia de qualidade em estabelecimentos de saúde (HOKEBERG et al.,2006). A elaboração do mapa de risco integra é uma estratégia de construção de uma proposta importante que permite a implantação de ações em biossegurança que contribuirá para a qualidade e vigilância em saúde do trabalhador, sendo que posteriormente poderá ser utilizadas nesta área do hospital em estudo. Nesse sentido, o objetivo do estudo foi realizar o mapeamento de riscos do setor do Pronto socorro do Hospital Universitário Clemente de Faria, identificando os principais riscos nos quais os trabalhadores desta área estão expostos.

Metodologia

    Trata-se de um estudo descritivo exploratório do tipo relato de experiência, em que utilizou-se a observação como técnica de coleta de dados. As acadêmicas realizaram a visita técnica no dia 13/06/2012, no pronto socorro do Hospital Universitário Clemente de Faria de Montes Claros, Minas Gerais, observou-se a organização estrutural e as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores deste setor. As informações levantadas permitiram a identificação dos riscos e amplitude desses, em seguida tracejou o mapa.

Resultados e discussão

    Para Hökerberg et al, (2006) a técnica do mapa de risco presta-se à implementação e contribui para medidas de biossegurança, vigilância em saúde do trabalhador e qualidade total, uma vez que cria ou reforça uma percepção do risco que todas essas disciplinas valorizam, e das capacidades individuais e, em alguma medida, coletivas de modificar esses riscos. Por outro lado, o mapa de risco confere também centralidade à participação do trabalhador na elaboração de estratégias para prevenção de riscos ambientais.

    O mapa de risco é a representação gráfica, por meio de círculos de tamanhos e cores diferentes, que caracterizam o tipo e o grau de risco presentes no ambiente, devendo estar visível a todos os trabalhadores. A análise ambiental se dá através de um conjunto de procedimentos, que visam avaliar o grau de exposição dos trabalhadores (NOVELLO; NUNES; MARQUES, 2011).

    Cavalcante et al (2006) acrescentam que a unidade hospitalar é o principal local de trabalho dos profissionais da saúde onde esses atuam em contato direto e contínuo com o paciente,configurando-se, portanto, em um ambiente no qual riscos a saúde e as exposições aos mesmos são maiores e mais freqüentes, entre os quais destacam-se os físicos, os químicos, os biológicos, ergonômicos, mecânicos, psíquicos e sociais

    Com base na observação realizada durante a visita técnica constatou-se vários riscos que os trabalhadores do pronto socorro estavam expostos:

Mapa de risco ambiental para trabalhadores do pronto socorro

    Diante disso, observou-se, que o principal risco presente no setor foi o ergonômico, seguido, acidentais, físico, por último o químico. O risco ergonômico foi classificado como grande em quase todos os ambientes do setor, sendo justificado pela grande jornada de trabalho extenuante pelos profissionais, estresse, suscetibilidade a agressões de terceiros, má postura durante a realização de procedimentos através de levantamento de peso durante a transferência de pacientes por meio de macas, além disso o manuseio do depósito de materiais de limpeza.

    Em relação aos riscos acidentais a revelação ocorreu devido ao arranjo físico inadequado do pronto socorro, com superlotação de clientes, muitos equipamentos elétricos, ausência de tomadas padronizadas e iluminações inadequadas. Na questão dos riscos físicos o local é pouco arejado, com baixa umidade calor que repercute em fungos principalmente no teto, há presença de barulho dentro e fora da unidade, devido aproximação do Hospital a uma avenida de trânsito intenso. Nos riscos biológicos identificou através do contato que os trabalhadores tem com os clientes com várias patologias muitos aguardando diagnósticos fora de quartos de isolamento. Além disso, tem os riscos de contaminação com materiais perfurocortantes infectados ou materiais biológicos infectados.Os riscos químicos foram poucos evidentes sendo retratados através de soluções químicas e de poeira.

    De acordo com Comélio e Alexandre (2005) os riscos de trabalho envolvendo profissionais de enfermagem têm diversos fatores interrelacionados, alguns tipos de atividades e as condições ergonômicas inadequadas tornam mais propenso à ocorrência desses riscos.

    Mauro, Cupello e Mauro (2009) enumeram a organização do trabalho (aumento da jornada de trabalho, horas extras excessivas, ritmo acelerado, déficit de recursos humanos); os fatores ambientais (mobiliários inadequados, iluminação insuficiente) e as possíveis sobrecargas por estresse de segmentos corporais em determinados movimentos, como sendo os principais fatores de risco relacionados aos distúrbios ósteo-mioesquelético.

    Menzani (2009) ressalta que as atividades exercidas pela enfermagem numa unidade de emergência levam esta a ser considerada uma profissão exposta ao estresse e desgaste uma vez que, lida constantemente com pessoas doentes e situações imprevisíveis.

    Já os riscos físicos citados na literatura, destacam se a exposição à radiação e a ruídos, bem como problemas decorrentes de instalação elétrica, iluminação e climatização (MIRANDA; STANCATO, 2008). Outros riscos apontados na literatura incluem quedas por piso liso e/ou molhado e arranjo físico inadequado, desconforto térmico, instalação elétrica e iluminação inadequadas, citadas por trabalhadores em questionário como fatores de risco de acidentes (NISHIDE; BENATTI,2004).

    Apesar do risco de adquirir infecções ao cuidar de pacientes contaminados por algum patógeno (vírus, bactéria ou outro, descoberta do vírus da imunodeficiência humana (HIV), como agente da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e a elucidação da sua forma de transmissão, as organizações estatais desencadearam esforços para diminuir as conseqüências dos acidentes com exposição ocupacional aos fluidos orgânicos potencialmente contaminados (ALMEIDA; BENATTI, 2007).

    Em estudo realizado por Almeida e Benatti (2007) quanto à caracterização dos acidentes e das exposições ocupacionais dos trabalhadores da saúde contatou- se que a grande maioria dos acidentes aconteceu com trabalhadores do sexo feminino e a categoria profissional mais acometida foi a equipe de enfermagem tendo como principal turno de ocorrência dos acidentes o diurno. O tipo de exposição foi majoritariamente percutâneo, tendo como principal agente causador as agulhas com lúmen. O material orgânico da maioria das exposições foi o sangue.

    Devido a constatação das baixas taxas de adesão a tratamentos e exames de seguimento os autores Almeida e Benatti, (2007) apontam a necessidade das instituições buscarem estratégias para que os trabalhadores acidentados sigam a conduta prescrita.

    Para Santos et al. (2011) a imunização ao realizar atividades em que exista o contato com agentes patogênicos,o trabalhador dos serviços de saúde se expõe ao risco de adquirir doenças que podem levá-lo à morte. A imunização aparece como uma das medidas de prevenção e proteção contra o seu adoecimento.

    Fundamentar as características do trabalho e a relação que esse tem com os trabalhadores, em um Pronto Socorro, torna-se importante para que se reflita sobre táticas a fim de promover a saúde (PINHO, 2007).

Conclusão

    A realização deste trabalho proporcionou uma aproximação de seus realizadores com a crescente temática da saúde do trabalhador favorecendo o reconhecimento da importância deste conteúdo nos cursos de graduação em enfermagem como parte relevante do processo educativo, fazendo com que se lançasse um novo olhar para essa classe. A elaboração do mapa de risco permitiu que se identificassem os principais riscos a que estão expostos os trabalhadores da saúde, qual deles é o mais incidente e que tipo de profissional está mais susceptível. O conhecimento dos riscos existentes no local de trabalho possibilita que sejam estabelecidas medidas eficazes na prevenção desses agravos pois a identificação do problema facilita a realização das intervenções necessárias no ambiente hospitalar.

Referências

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