efdeportes.com

Uma proposta de sistematização dos esportes não 

convencionais para as aulas de Educação Física das 

séries iniciais do ensino fundamental: o caso do tênis

Una propuesta de sistematización de los deportes no convencionales para las clases 

de Educación Física de los niveles iniciales de escuela primaria: el caso del tenis

 

*Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Lavras, UFLA

**Licenciado em Educação Física. Mestre e Doutor em Educação pela USP e atualmente

é professor Adjunto II do Departamento de Educação Física

da Universidade Federal de Lavras, UFLA

(Brasil)

Patrícia Maira Barros*

patim-barros@hotmail.com

Prof. Dr. Fabio Pinto Gonçalves dos Reis**

fabioreis@def.ufla.br

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo busca sistematizar uma proposta de esportes não-convencionais nas aulas de Educação Física escolar, com base em um projeto de extensão desenvolvido com crianças de (8 a 12 anos) do Ensino Fundamental de uma escola publica localizada no município de Lavras, MG.

          Unitermos: Esportes não convencionais. Educação Física. Sistematização.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A Educação Física é constituída por um amplo leque de conteúdos composto pelas diversas manifestações corporais criadas pelo ser humano ao longo dos anos. São eles jogos, brincadeiras, danças, esportes, ginásticas, lutas, etc. Este conjunto de práticas tem sido chamado de cultura corporal de movimento. Por se tratar de um conjunto de saberes diversificado e riquíssimo, existe a possibilidade de transmiti-lo na escola, porém o que se observa é um modelo tradicional nas aulas de Educação Física, onde a ênfase se dá apenas a quadra poliesportiva e as quatro modalidades básicas de esportes: futsal, handebol, basquetebol e voleibol, e em muitos casos estes conteúdos são distribuídos sem nenhuma sistematização e são apresentados de forma desordenada, é muito comum que estes conteúdos esportivos sejam transmitidos superficialmente, apenas no modo do saber fazer.

    Com o objetivo de romper com os atuais paradigmas da Educação Física escolar iniciou-se esse estudo subsidiado pela experiência no projeto de extensão desenvolvido com crianças de (8 a 12 anos) do Ensino Fundamental de uma escola publica. Nesse projeto buscou-se introduzir esportes não convencionais, sendo eles: futebol americano, tênis e ultimate frisbee, propiciando novas experiências, reflexões e a possibilidade de ampliação do repertório da cultura corporal esportiva no âmbito escolar. Utilizando uma metodologia de natureza qualitativa, pautada na organização dos conteúdos e na elaboração de estratégias didático-pedagógicas para desenvolvimento das respectivas manifestações esportivas.

    Cientes que o nosso país é formado por inúmeras e diferentes culturas, o presente estudo tem como objetivo sugerir a elaboração de uma proposta de sistematização dessas práticas esportivas não convencionais junto ao currículo escolar, com intuito de auxiliar os professores na organização curricular, Segundo, Oliveira (2004), a Educação Física não possui – ao contrário de outras disciplinas – conteúdos sistematizados, que indicam o trabalho ao longo das séries escolares, gerando dúvidas, trabalhos desarticulados e sem seqüência lógica (p. 26).

    Diante disso, este estudo propõem uma análise da implantação de repertório da cultura corporal esportiva e sua implantação, ao passo que pretende também analisar uma proposta de sistematização de conteúdos para as series iniciais do ensino fundamental.

1.     Esporte como conteúdo da Educação Física escolar

    O esporte é visto por vários autores como um fenômeno sociocultural, sendo considerado um patrimônio da humanidade. De acordo com a história ocorreram várias mudanças nas modalidades esportivas até atingirmos o cenário atual, sendo que algumas modalidades foram banidas do programa olímpico e em equivalência, um grande número foi acrescentado consolidando a expansão deste fenômeno sócio cultural chamado Esporte.

    O esporte está presente no nosso dia a dia, seja através da transmissão de jogos pela televisão, programas esportivos, seja por jornais escritos, rádio, práticas esportivas em clubes, praças, quaisquer lugares onde exista um número de pessoas razoável para desenvolvimento das modalidades.

    O esporte é um elemento da cultura construído historicamente e é instrumento importante para a sociedade. É uma peça fundamental, utilizada, às vezes, como interesse de dominação da elite política e burguesa e como atividade, a qual tem na sua essência elementos constitutivos que interagem e se materializam em práticas corporais. O esporte é institucionalizado e formado por técnicas, táticas, estratégias, regras, competições e concretizado pelos aspectos biológico, psicológico, social e humano.

    O termo esporte se refere a qualquer tipo de prática que esteja vinculada a Federações e Confederações que ocorrem sobre condições formais e organizadas, o papel dessas federações e confederações é o de regulamentar as regras e condições padronizadas. Isso significa que as regras de um esporte são fixas e nunca podem ser modificadas durante um campeonato.

1.1.     Esportes no contexto escolar

    Já no contexto escolar esse tema sofre adaptações, podendo mudar regras, número de participantes... Destaca-se a importância de dar outro tratamento ao esporte, pois, este deixará de ser trabalhado para um fim, e começa a ser visualizado como um meio para formação dos alunos, não havendo mais sentido embutir nas aulas a padronização esportiva (códigos, regulamentos) presente nas competições.

    O esporte tratado na escola sem um significado de rendimento e competição permite aos educandos vivenciar formas de prática esportiva que privilegiem a cooperação, podendo se tornar um excelente meio para que dentro de um processo educativo, contribua para a formação crítica e integral do ser humano. Formação essa que priorize valores como a participação, a solidariedade a criatividade dos alunos, que não devem ser tratados como objetos que reproduzem movimentos dos tipos de atividades esportivas.

    A Lei n. 9.615/1998, batizada Lei Pelé, regulariza o esporte em nosso país caracterizando-o nas seguintes manifestações:

  • Esporte educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer;

  • Esporte de participação, praticado de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente;

  • Esporte de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e das regras de práticas desportivas, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País, e estas com as de outras nações (BRASIL,1998, grifo nosso).

    No que tange ao esporte educacional, cabe, portanto, à escola a garantia do acesso dos alunos a esse direito, orientando o seu ensino pelos princípios explicitados nessa legislação e nesta proposta.

    Para ser entendido como prática educativa escolar, o esporte precisa, portanto, ser situado histórica e socialmente e vivenciado criticamente a partir da compreensão de seus fundamentos e da re-significação de seus sentidos e significados. Além disso, é preciso conhecer os benefícios e riscos das diferentes práticas esportivas, bem como analisar os valores que as orientam. os conceitos e os procedimentos dos conteúdos sejam trabalhados em toda a dimensão da cultura corporal.

    Divisão dos esportes:

    Além dos esportes individuais e coletivos, existem os esportes radicais e esportes motorizados, mas o intuito desse estudo não é aprofundar nesses conteúdos junto ao contexto escolar.

    Atualmente os conteúdos mais abordados nas aulas de Educação Física são os esportes, alguns autores têm condenado a prática da Educação Física vinculada apenas a uma parcela da cultura corporal, os esportes coletivos, especialmente aqueles mais praticados no Brasil: futebol, voleibol, handebol e basquetebol. Alguns fatores contribuem com esse ciclo vicioso da hegemonia dessas modalidades no contexto escolar, um grande vilão que influencia diretamente é a mídia, esportes como o futebol e voleibol freqüentemente são transmitidos nas mídias (televisão, rádio e internet), e a criança já aprende e conhece as suas regras e táticas, diante desse conhecimento ocorre simultaneamente o gosto pela pratica das modalidades na rua, com amigos e familiares, enfim o aluno já vem para escola com bagagem cultural esportiva.

    Outro ponto que não podemos deixar de mencionar é o espaço e materiais que a escola oferece, pois para o desenvolvimento das quatro modalidades só é necessário a quadra e uma bola, o que torna muito mais cômodo para o professor, além de se adequar bem a qualquer infraestrutura cedida pela escola a educação física, mesmo quando essa é quase inexistente.

    Assim, temos que a educação física se mantém inerte, sendo seu conteúdo variado apenas entre as quatro modalidades já citadas, uma vez que é muito mais simples para o professor de educação física ser o árbitro da partida onde as crianças já conhecem as regras e táticas do que iniciar um novo conteúdo, com o trabalho árduo de educador desenvolvendo novas culturas, didáticas, e aplicando as concepções que regem a disciplinas como a aprendizagem motora, a cultura corporal do movimento e a psicomotricidade.

    Dessa maneira, apresentaremos no tópico seguinte alguns esportes não convencionais no âmbito escolar, possíveis de serem acrescentados no plano de aula.

2.     Esportes não convencionais

    Não convencional é uma expressão usada para dizer que uma coisa não é comum seria uma forma de se fazer algo que não é o tradicional. Não necessariamente dá a qualidade de ruim ou bom, entretanto de diferente, pouco usado.

    O termo “esportes não convencionais” não deve ser compreendida como uma tentativa de se criar uma nova categoria de conteúdos para a Educação Física ou um novo segmento da cultura corporal, muito pelo contrario esse termo surgiu como um artifício para o agrupamento de algumas modalidades esportivas que não são praticados, assistidos ou entendidos de forma ampla em nossa sociedade, com intuito de difundi-los em nossa cultura, junto aos conteúdos e esportes mais tradicionais. Entretanto não podemos rotular um conteúdo ou esporte como não convencionais, essa expressão varia muito de fatores regionais e culturais, uma modalidade desconhecido em uma determinada região, pode ser muito praticado e desenvolvido em um outro estado ou cidade, assim sendo não podemos generalizar com a nomenclatura de não convencional.

    Sem perder de vista estas particularidades, estaremos apresentando neste estudo algumas modalidades capazes de serem introduzidas na Educação Física escolar em uma perspectiva que contemple as dimensões procedimental, conceitual e atitudinal.

2.1.     Sistematização de uma proposta

    Inicialmente vamos conceituar a sistematização e definir seu objetivo. Partindo deste princípio temos que a Sistematização dos conteúdos da Educação Física nada mais é do que organizá-los de maneira coerente com cada nível do ensino. Segundo Ferreira (2000), sistematização é o “ato ou efeito de organizar”, ou seja, “reduzir (vários elementos) a um sistema.” Ainda refere-se a sistema como “disposição de partes ou elementos de um todo, coordenados entre si, e que formam uma estrutura organizada”. (p.640).

    Partindo da experiência no projeto de extensão desenvolvido com crianças de 8 a 12 anos do Ensino Fundamental, esse trabalho vem com o intuito de sistematizar alguns conteúdos não convencionais junto ao âmbito escolar, propondo aos professores uma organização e a elaboração de estratégias didático-pedagógicas para desenvolvimento das respectivas manifestações esportivas. Tornando os cientes que a inserção de esportes não habituais, contribuem significativamente com a formação global do aluno, além de contribuir para a valorização e legitimação da Educação Física enquanto componente curricular, componente este vinculado ao projeto político- pedagógico da escola. Com isso pretende-se neste estudo sugerir o Tênis como mais uma alternativa de atividades esportivas escolares.

    Essas modalidades no âmbito escolar devem ter uma série de características diferenciadas do desporto, pois elas devem sempre buscar o lúdico e o desenvolvimento geral da criança e deixar de lado o espírito agonístico do desporto, tornando-se um meio e não um fim em si mesmo. Devem prevalecer os aspectos de cooperação e socialização característicos do ensino fundamental.

2.2.     Tênis

    O tênis nada mais é que um jogo simples, disputado num espaço delimitado por linhas, dividido ao meio por uma rede, no qual os jogadores de posse de uma raquete tem o objetivo de bater na bola, colocando-a, diretamente por cima da rede, no campo contrário.

    De acordo com a proposta elaborada na primeira semana os professores devem fazer um diagnóstico do que os alunos sabem sobre o esporte. Eles conhecem esse esporte? Têm alguma idéia sobre como é jogado? Se alguém souber algo, peça que explique aos colegas. Partindo do conhecimento que eles exibiram deve-se apresentar o jogo, e objetivo principal, que se da através de bater na bola, colocando-a, diretamente por cima da rede, no campo contrário. Nesse momento o uso de vídeos para melhor visualização e entendimento do desenvolvimento do jogo pode ser muito interessante. Vídeos sugeridos:

  • http://www.youtube.com/watch?v=4RSONdcz6xk

  • http://www.youtube.com/watch?v=S2LpDVx2TEw&feature=related

  • http://www.youtube.com/watch?v=sd-K81ha1WE

    Como visualizado nos vídeos os materiais necessários para praticar o esporte são: raquetes e a bolinha, como não são materiais comuns nas escolas, o professor pode criar com seus alunos uma raquete, materiais necessários: um cabide de arame, pedaços de arame, uma meia-calça de seda e fita crepe. O professor pode ter por perto um alicate para resolver pequenos problemas. A proposta é que as crianças deformem o cabide com as próprias mãos, transformando-o em uma forma arredondada ou oval com um cabo reforçado por um arame duplo, como nas raquetes. Veste-se, então, a cabeça da raquete com uma perna de uma meia-calça de seda e enrola-se bastante fita crepe no cabo da mesma, fixando-se assim a meia-calça no arame.

    Momento de exploração, se a escola possuir raquetes deixe-os livres experimentando diversas formas de rebater, utilizando bolas de plástico médias que quicam mais facilmente, equilibrando a bola na raquete, controlam a bola fazendo com que ela bata na raquete e quique no chão, rebatendo a bola sem deixar que caia no chão. Na ausência de materiais o professor pode sugerir aos alunos que batem com o punho na bola, deixem a bola quicar no chão e com o punho rebatem, formar duplas espalhadas pela quadra e desenvolver essa rebatida com o punho entre elas, deixando livre o numero de vezes que a bola quica no chão, o mesmo e pedido se os alunos possuírem raquetes, troca de passes em duplas deixando a bola quicar no chão.

    Sugerimos neste momento a brincadeira Bolinha na garrafa, onde o professor deve providenciar garrafas pet cortadas ao meio, e bolinhas pequenas, os alunos deverão jogar a bolinha no chão deixando dar um quique no chão, e pegando com a garrafa.

    Ressignificando o tênis, aqui o professor irá propor um jogo de soco tênis, colocar a rede de vôlei na altura da rede de tênis. Poderá ser jogado de dois a seis jogadores para cada equipe. As regras serão as mesmas do tênis, em que a bola poderá pingar uma vez na quadra, ou não, antes de ser lançada à quadra adversária. A raquete será substituída pelas mãos quando os alunos poderão usar fundamentos do voleibol (saque, manchete). Como variação o professor poderá colocar a regra de vôlei (até três toques na bola) para facilitar o jogo. Também poderá aumentar o numero de vezes que a bola poderá pingar no chão antes de ser lançada ao campo adversário.

    Nestas atividades os alunos estarão desenvolvendo fundamentos básicos do Tênis, como coordenação e deslocamento. Ao final da atividade organize uma roda de conversa com o grupo e procure avaliar como foi a vivência, converse com os alunos, explicando o porquê das brincadeiras: o que ela tem a ver com o esporte, identifique as dificuldades encontradas, e junto com o grupo encontre caminhos para facilitá-la. Finalizando a primeira semana, o professor deve fazer anotação avaliativa da sua aula, expondo pontos positivo e negativos, erros e acertos na didática, como perceber a participação dos alunos.

    Na segunda semana deve-se trabalhar os elementos técnicos básicos do tênis, o professor em uma conversa antes de qualquer atividade deve expor esses elementos, lateralidade, deslocamento, coordenação, habilidades necessárias para golpear a bola. Para desenvolver tais habilidades sugerimos a tradicional queimada dividindo os alunos em duas equipes, cada uma com seu campo. Decidem-se quem começa com a bola. O objetivo é acertar um participante do time adversário e eliminá-lo. Se a criança conseguir pegar a bola, tem o direito de atirá-la em um jogador da outra equipe. Ganha o time que eliminar todos os participantes da equipe concorrente.

    Outra sugestão é uma variação do futevôlei, com uma bola grande de plástico, duas equipes enfrentam-se em um campo de 2m x 2m de cada lado, separados por uma rede de meio metro de altura. Trata-se de um mini Futevôlei, em que é permitido “pingar” a bola no seu campo apenas uma vez. Existe uma área de saque como no Tênis, onde é obrigatório a bola tocar. É permitido um toque por jogador e três por equipe (como no Vôlei). É permitido o toque de cabeça, joelho, peito, pé (assim como no Futebol).

    Mais uma forma de ressignificar o tênis é o Pet-tênis, consistindo em distribuir garrafas pet entre os alunos, com a rede de vôlei a meia altura e uma bola grande de plástico, o jogo poderá ser jogado com até quatro jogadores. A bola deverá ser quicada no chão antes de ser rebatida com a garrafa.

    Essas atividades são de fácil alteração, onde podemos ampliar número de bolas, como propor a queimada quatro cantos, na qual os alunos tem uma maior movimentação. Tanto no futevôlei quanto no pet-tênis o professor pode aumentar o numero de vezes que a bola quica no chão. No pet-tênis ele poderá cobrar rebatidas só com o braço direito ou esquerdo.

    Nas três atividades os alunos estarão desenvolvendo habilidades necessárias para o tênis, a queimada é uma ótima atividade para desenvolver deslocamento, assim como no futevôlei e pet-tênis que colaboram na coordenação e lateralidade, fundamentos essenciais para desenvolver o tênis como foi mencionado.

    No final das atividades discorra com o grupo, o porquê das brincadeiras, qual a ligação entre elas e o esporte, identifique os momentos de mais dificuldades dos alunos e encontre caminhos para facilitá-los. Realizar filmagens durante as brincadeiras é muito valido.

    Terceira semana, neste momento inserimos as regras básicas do tênis, o professor em uma conversa antes de qualquer atividade deve deixar claro para o grupo as regras básicas da modalidade, tais como: O jogo pode ser realizado entre duas pessoas ou em duplas, você perde pontos quando: Sacar na rede ou fora da zona de saque do adversário, deixar a bola quicar por duas vezes seguidas na sua metade da quadra, devolver a bola na rede, devolver a bola fora dos limites determinados pelas linhas da quadra adversária.

    Sugerimos então a seguinte brincadeira: três cortes, com uma bola leve, as crianças em um circulo ficam trocando passes com os colegas e contando até três (cada passe é um número). No terceiro passe a criança dá um "corte" na bola tentando acertar um dos outros participantes. Quem levar a bolada sai da brincadeira, se o aluno conseguir segurar a bola quem sai é o colega que deu o corte.

    O paredão é outra brincadeira em que os alunos rebatem bolas de diferentes tamanhos e pesos na parede com o uso da raquete ou com as mãos, com o intuito de eliminar o adversário que está atrás dele na fila. Próximo a uma parede, peça aos alunos para estabelecerem uma ordem (pode ser uma fila) para iniciar a batida na bola de tênis. Está terá que tocar primeiro no chão, na parede e novamente no chão antes da batida do próximo jogador. Caso a bola dê mais de um toque no chão esse jogador passa a ser o último da ordem a bater na bola novamente. Outras regras podem ser criadas pelos alunos ao longo do jogo.

    Jogo da toca, aqui será necessário o uso de raquetes, ou garrafas pet, o jogo será praticado também com grupos de quatro. O objetivo do jogo é que o grupo mantenha a bola o maior tempo possível no ar, porém dessa vez o nível de dificuldade aumentará. Cada jogador terá uma área (marque o espaço com um bambolê) e não poderá sair do espaço para rebater a bola.

    Nessas brincadeiras os alunos poderão experimentar diferentes disposições, modificando os “três cortes” o professor pode alterar para um número maior de jogadas, exemplo: cinco cortes, alterar no formato do grupo diminuído o circulo. Já no paredão podem ser pedidas rebatidas com o braço direito ou esquerdo e no jogo da toca podemos alterar a distancia entre os alunos, modificar a bola, e ainda permitir que a bola pique no chão. Estão aí formas de variações para tornar as atividades mais prazerosas.

    Nas três atividades os alunos estarão desenvolvendo habilidades de rebatida, que é fundamental para o tênis. No término das atividades o professor deverá realizar uma conversa com o grupo, explicando a ligação entre as brincadeiras e o esporte, identificando as dificuldades encontradas pelo grupo, e encontrar caminhos para facilitá-las. O professor deve reconhecer ao final de cada aula pontos positivo e negativos, erros e acertos na didática.

    Na quarta semana, começamos a vivencia do esporte com o mini tênis trabalhando o esporte em sua totalidade, na quadra de vôlei com a rede baixa, utilizando a bolinha de tênis. Peça para os alunos se dividirem em duplas, daí coloque dois em cada lado da quadra e inicie a partida. Cada grupo irá jogar 1 set de 5 pontos, oportunizando todos jogarem. Em um primeiro momento, a bola poderá tocar mais de uma vez na quadra antes de ser rebatida para o outro lado. Posteriormente, estabeleça que seja permitido somente um toque da bola no chão e que logo depois deverá ser rebatida para o outro lado da quadra. Para a equipe pontuar é preciso que a bola toque no solo em qualquer parte dentro da quadra da equipe adversária, fazendo com que o adversário não consiga devolver a bola antes do segundo toque no chão, ou que a devolva para fora dos limites do outro lado da quadra. O professor pode diminuir a quadra colocando duas redes na quadra, de forma que desenvolva duas partidas ao mesmo tempo como acrescentar um novo jogador nas duplas.

    Ao final do jogo devemos nos reunir com o grupo e desenvolver uma auto avaliação da modalidade, mostrando algumas filmagens do processo de ensino. Levante perguntas: A vivência possibilitou jogar tênis? Quais as dificuldades encontradas? Tivemos um bom tempo de prática? O vídeo e as informações iniciais ajudaram a jogar? O que é necessário para jogar? Em cada tópico os alunos devem considerar o que aprenderam o que foi mais ou menos interessante, qual momento mais gostou, como foi participar deste processo e o que ele mudaria para melhorar está forma de trabalhar com o tênis?

    Buscar junto com o grupo novas ferramentas para o processo metodológico. O professor deve estabelecer nessa conversa o resultado do seu trabalho, se o objetivo proposto foi alcançado, se o grupo correspondeu de forma ativa no desenvolvimento da modalidade.

Considerações finais

    Com este trabalho conseguimos mostrar que a educação física possui um amplo leque de conteúdos para serem abordados e desenvolvidos e é papel do professor proporcionar novas experiências e saberes para seus alunos. Partindo deste princípio elaboramos uma proposta de sistematização de alguns dos muitos conteúdos não trabalhados na educação física contemporânea.

    Esta proposta de sistematização se baseou em experiências práticas e idéias para elaboração de uma organização metodológica para aplicar o Tênis no ambiente escolar, mostrando que é possível desenvolver esportes não convencionais sem o espaço adequado e materiais oficiais.

    Para isso temos que ressignificá-lo e recriá-lo para a realidade escolar, utilizando ferramentas valiosas para provocar estímulos que levem a esse desenvolvimento de forma prazerosa e lúdica, proporcionando aos alunos condições para criar, inventar, descobrir movimentos novos e reelaborar conceitos.

    A sistematização elaborada foi desenvolvida para auxiliar professores e futuros professores como ferramenta nas aulas dos respectivos temas abordados, podendo ser facilmente ampliados e modificados de acordo com as necessidades do aluno e do ambiente. A inserção dessas modalidades pode alcançar resultados significativos no desenvolvimento da criança, possibilidade de ampliar o conhecimento em novas práticas esportivas, possibilidade de testar e expandir suas habilidades, possibilidade de desenvolver a criatividade e imaginação, proporcionando a ela a chance de trocar conhecimentos nas interações sociais, de tomar decisões individuais e coletivas, de respeitar os diferentes pontos de vista de cooperar e competir com os colegas.

    Conclui-se que os jogos não convencionais contribuem expressivamente na formação da criança, tanto em relação a sua autonomia corporal (quando joga) quanto a sua autoria (quando modifica e sugere jogos). Essa contribuição para formação da criança vai muito além, influenciando na sua formação pessoal, influenciando tanto sua formação físico-biológica que era objetivo dos higienistas, quanto na formação psicossocial, contribuindo para tomada de decisões e formação de caráter, atual objetivo da educação física.

    Além disso, contribui para a valorização e legitimação da Educação Física enquanto componente curricular vinculado ao projeto político pedagógico da escola.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 186 | Buenos Aires, Noviembre de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados