efdeportes.com

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação

à Docência: experiências no ano de 2013

El Programa Institucional de Becas de Iniciación a la Docencia: experiencias del año 2013

 

*Professor Adjunto do Centro de Educação Física e Desportos – UFSM

Coordenador do Laboratório de Análise dos Cenários Esportivos na Mídia/LACEM

**Graduada em Educação Física – Licenciatura UFSM/RS

Laboratório de Análise dos Cenários Esportivos na Mídia/ LACEM

***Professora de Educação Física na Rede Estadual de Ensino

Professora na Faculdade Metodista de Santa Maria (FAMES)

****Graduado em Educação Física – Licenciatura UFSM/RS

Especializando em Educação Física Escolar do Centro de Educação Física 

Desportos Laboratório de Análise dos Cenários Esportivos na Mídia/LACEM

(Brasil)

Antonio Guilherme Schmitz Filho*

schmitzg@terra.com.br

Bruna Bellinaso**

bellinaso90@gmail.com

Flávia Fernandes Santos**

flavia_tapera@hotmail.com

Ivana Maria Lamberti Miotti***

ivanamiotii@gmail.com

Leonardo Braz Moraes****

leonardobrazmoraes@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O artigo objetiva compreender a realidade existente na escola e as possibilidades de aplicação efetiva para o subprojeto que envolve a iniciação à docência. Em decorrência, no aspecto específico estima-se descrever os procedimentos de sondagem e diagnóstico, bem como as situações práticas adotadas ao desenvolvimento das primeiras ações.

          Unitermos: Educação. Escola. Docência. Educação Física. Esporte.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) é uma iniciativa governamental, que visa estabelecer uma articulação entre a educação superior (por meio das licenciaturas), e as escolas da rede municipal e estadual de ensino. Desta forma, se busca um estreitamento de melhoria para o nível da educação, considerando a relação entre o ensino escolar e a formação universitária. Através dessa iniciativa os acadêmicos adquirem a oportunidade de conhecer mais a fundo o ambiente e todo o sistema de ensino, além é claro de aperfeiçoarem a prática no desempenho direto da profissão.

    O PIBID adquire importância à medida que cada curso de licenciatura tem a oportunidade de formar uma ou mais equipes de atuação. A desenvoltura na formação docente cresce conforme as reuniões estabelecidas apresentam novas estratégias e métodos de atuação para o ensino nos subprojetos organizados institucionalmente. Isso tudo proporciona aos acadêmicos, e futuros professores, vasto conhecimento prático e teórico, já que todo trabalho que é realizado na escola é elaborado previamente através de leituras e troca de experiências dos bolsistas, supervisoras e coordenador.

    Como já foi mencionado, outro fator determinante às intervenções no âmbito escolar liga-se ao subprojeto que orienta as atividades junto ao PIBID e permite uma atuação abrangente e significativa, pois é calcado em livre trânsito entre dois sistemas envolvidos na proposta (o midiático e o esportivo) com o intuito de que, a partir das referências extraídas dos dois campos de conhecimento, torna-se possível a formação de indivíduos com uma consciência crítica mais ampla e apurada.

    A Educação Física permite uma aproximação diferenciada com os alunos, tendo em vista o ambiente em que se realizam as aulas, bem como o envolvimento por parte dos mesmos com a disciplina (via movimento). Tal fato facilita o alcance das etapas estipuladas pelo subprojeto com início em 2011 “O ensino dos esportes na escola: intervenções a partir dos cenários esportivos produzidos na mídia” e na readequação de conteúdos ofertados.

    A orientação das etapas apresentadas, bem como aos procedimentos metodológicos relacionados com o ensino e a compreensão de uma ideia de esporte ocorrerá por intermédio da estimulação geral e de procedimentos gradativos de adaptação e aperfeiçoamento, orientando-se, sobretudo, nas relações do jogo com o brincar e com o fenômeno esportivo midiatizado via entretenimento. O foco de atenção se voltará para os jogos entre pequenos e grandes grupos, observando-se a complexidade e o aumento de informação em relação a gestos e comportamentos, voltados à aprendizagem para a resolução de problemas/auto-aprendizagem. A ênfase maior será dada aos gestos e comportamentos específicos que auxiliarão na construção de movimentações individuais e coletivas, bem como na possibilidade de estimulação para uma noção de jogo livre, ligada com a criatividade e com a inteligência para o jogo (SCHMITZ, 2011, p. 03).

    Agrega-se a isso a mediação necessária para as atividades, junto aos enquadramentos que a plataforma televisiva produz na formação de uma noção esportiva. Fundamentalmente no que diz respeito à preparação das fases de aplicação do mesmo, junto à Escola Estadual de Ensino Médio Professora Naura Teixeira Pinheiro. Considerando, sobretudo, o caráter teórico de acúmulo de conhecimento obtido através de leituras, debates e reflexões, voltadas ao campo prático de experimentação. Fato que justifica o trabalho na medida em que se busca apresentar aquilo que compreende o cronograma estabelecido para o subprojeto:

  • Organização e estruturação do subprojeto junto às direções das escolas.

  • Reuniões dos grupos de estudo e de trabalho e entre os subprojetos envolvidos (bimestral) para planejamento das ações conjuntas do PIBID/UFSM na escola.

  • Início das coletas relativas às descrições e análises das produções esportivas midiatizadas e orientação para as revisões dos conceitos e das estratégias usadas para o ensino dos esportes sob a ótica de propostas educacionais existentes.

  • Aplicação da proposta didática para o desenvolvimento prático-pedagógico do ensino esportivo na escola/unidades escolares e jogos internos entre grupos.

  • Aplicação da proposta didática para o desenvolvimento prático-pedagógico do ensino esportivo/festivais de jogos na escola.

  • Aplicação da proposta didática para o desenvolvimento prático-pedagógico do ensino esportivo/festivais de jogos entre as escolas envolvidas.

  • Aplicação da proposta didática para o desenvolvimento prático-pedagógico do ensino esportivo/acampamento com gincana esportiva entre as escolas envolvidas.

  • Avaliação e redimensionamento dos aspectos prático-pedagógicos envolvidos nas etapas estabelecidas. composição de uma matriz orientadora e suficientemente capaz de reconhecer os quesitos situacionais implicados nos processos de ensino estabelecidos.

  • Divulgação dos resultados obtidos com a primeira etapa de aplicação do subprojeto (SCHMITZ, 2011, p. 05).

    Dessa forma, o presente artigo se refere às experiências do subprojeto PIBID Educação Física que está em andamento no ano de 2013. Além disso, objetiva-se a compreensão da realidade existente na escola e as possibilidades de aplicação efetiva para o subprojeto que envolve a iniciação à docência. Em decorrência, no aspecto específico estima-se descrever os procedimentos de sondagem e diagnóstico, bem como as situações práticas adotadas ao desenvolvimento das primeiras ações.

Referencial teórico

    Conforme os dados iniciais apresentados parte-se de uma estratégia de intervenção inovadora, oportunidade que tanto a comunidade escolar quanto os acadêmicos e professores envolvidos serão contemplados, no aspecto formativo, por estudos de conceitos e noções que auxiliem tanto no aspecto de sondagem e diagnóstico quanto no desenvolvimento de ações práticas.

    Outra forma de intervenção seria uma interação entre o consultor externo e o grupo de professores. Neste modelo, ambos atuam no processo de intervenção, as determinações são tomadas a partir de um diagnóstico e análise conjunta das situações. Deve-se tomar o cuidado para que as decisões sejam tomadas a partir de uma reflexão dos argumentos existentes, buscando-se no mais qualificado (SOUZA, 2000, p. 4).

    Desse modo, aumenta a responsabilidade e a dedicação com que os docentes deverão organizar uma renovação de atributos para os conteúdos que sofrem com as ingerências produtivas características dos meios de comunicação (centralidade midiática). Principalmente tendo em vista a estreita relação que as crianças estabelecem desde cedo com as diferentes plataformas midiáticas.

    Com a crescente apresentação midiática dos grandes eventos esportivos e fundamentalmente com a realização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 no Brasil, pode-se estimar que a idiossincrasia do jornalismo esportivo ganhará relevo e colorações diferenciadas. Isso reflete a força social e principalmente a ação reguladora exercida pelas diferentes plataformas midiáticas na construção de acontecimentos e na transformação destes em notícias, sobretudo, através do poder de agendamento que o fenômeno esportivo comporta (MACHADO, 2012, p. 12).

    Dessa forma, para um melhor entendimento das plataformas midiáticas e do que elas transmitem em relação ao fenômeno esportivo, entende-se como prioritário que a criança mantenha contato com a prática, pois o movimento representa a matriz orientadora das experiências ofertadas pela Educação Física. Desta forma, os alunos adquirem maior desenvoltura e capacidade para compreender os assuntos de sua cotidianidade e de sua corporeidade (o seu estar no mundo).

    Neste sentido, BUYTENDIJK (1956) compreende o movimento por si só em três partes: movimentar-se como atividade de movimento de um ator (estar atuando, representar, movimentar-se da maneira que acha ser a melhor possível, individual), movimentar-se no contexto situacional (corresponder a expectativas, movimentar-se da melhor maneira possível frente à situação que lhe está sendo imposta), movimentar-se como atividade relacionada ao sentido (compreende as expectativas, porém expressa sua individualidade).

    Além do movimento em si e a relação que se anuncia com a realização dos megaeventos que o Brasil, abre-se um leque de possibilidades a serem explorados diante do fenômeno esportivo em ato. Temas surgirão inevitavelmente, envolvendo as aulas de um modo até mesmo subjetivo. Em relação a isso HILDEBRANDT (1988) salienta que o conceito de esporte como assunto principal do ensino, frequentemente qualificado como conteúdo das aulas de Educação Física, determina precisamente e de forma indiscutível, o transcurso das aulas, a sua representação.

Metodologia

    Primeiramente foi elaborado um roteiro de entrevistas para realização da sondagem diagnóstica. Esse processo foi organizado a partir de leituras e discussões prévias do livro “Vigiar e Punir” de Focault, “O nome da Rosa” de Umberto Eco e do capítulo da dissertação de mestrado da Professora Magne Souza sobre Intervenção. Através deste, observou-se a realidade em que a escola encontra-se, seu ambiente e seus integrantes; e entrevistas foram aplicadas junto à comunidade escolar.

    Após a primeira etapa, houve o início do contato prático com os alunos das turmas do ensino fundamental. Observaram-se as capacidades frente ao tema jogos, através de uma aula não diretiva. O trabalho iniciou-se com a distribuição de alguns materiais, sendo que na continuidade os alunos criaram seus próprios jogos. A partir desse primeiro contato, interpretaram-se questões relacionadas ao individualismo, ao gênero, a aspectos referentes ao ataque e a defesa, e a técnica e a tática, além do aprender a se movimentar que se diferencia de saber movimentar-se.

    Para melhor articular as estratégias do subprojeto, ocorrem reuniões semanais, através de uma pauta pré-estabelecida como garantia ao desenvolvimento metodológico proposto.

Resultados e discussões

    Com o processo de sondagem e diagnóstico aplicado, observou-se, entre outros fatores que, localizada no bairro São José em Santa Maria a Escola Naura Teixeira é avaliada como classe média baixa; tem como característica principal sua visível carência estrutural; o espaço disponível para a prática esportiva é uma quadra de cimento sem marcações nem cobertura, pátio de grama em condições ruins e uma pracinha em estado precário.

    Ainda em relação à primeira etapa do cronograma que visa à sondagem diagnóstica da escola, observa-se que boa parte dos alunos possui uma grande carência afetiva e emocional, transferindo para o corpo docente e funcionários a responsabilidade de suprir essa ausência sentimental; isso ficou claro nos relatos obtidos através das entrevistas.

    Em relação às primeiras situações práticas, orientadas através do jogo, acredita-se que reconhecê-lo como algo cultural, é ao mesmo tempo reconhecer os aspectos espirituais envolvidos, pois estes independentemente de sua essência produzem algo que não é material. Isso se evidenciou nas atividades propostas durante as aulas, momento em que os alunos com alguns materiais criaram suas próprias brincadeiras (jogos). O sentido estabelecido por cada um transcendia o uso da bola, dos cones, e arcos, ultrapassava tudo aquilo que era material e que podia ser visualizado. As crianças envolveram-se intensamente, possibilitando a interpretação de que o significado do jogo está no brincar, no participar, no movimentar-se, e vai muito além de uma simples manipulação de materiais, ultrapassa a sua concepção objetiva.

Conclusão

    O PIBID apresenta-se como uma oportunidade de crescimento, tanto para os acadêmicos e supervisores quanto para a comunidade escolar. Partindo da pressuposição que, dentro das Instituições de Ensino Superior existe uma formação fragmentada em a relação à prática docente, o subprojeto surge como uma boa oportunidade que reforça o contato mais regular com o campo de trabalho futuro. As oportunidades apresentadas aos alunos através do desenvolvimento das aulas no subprojeto do PIBID são importantes para uma formação e uma concepção conjunta de aula, tanto no que diz respeito à construção de indivíduos socialmente críticos, quanto sobre sua conscientização em relação à oportunidade de movimentos, ligado a suas habilidades e ao reconhecimento corporal.

    Portanto, julga-se necessário que as discussões relacionadas ao desenvolvimento de concepções de ensino próprias, voltadas aos interesses e as necessidades de movimento das crianças, assumam cada vez mais um caráter prioritário nas reflexões desenvolvidas junto ao PIBID. Consequentemente, o subprojeto cria perspectivas de um fluxo contínuo e qualificado à formação de educadores voltados à constituição de uma sociedade mais consciente no que diz respeito as suas chances reais de educação.

Referências bibliográficas

  • FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão; tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987. 288p.

  • ECO, Humberto. O nome da rosa. Editora Record, 1980.

  • HUIZINGA, Johan. Homo ludens. 4ª edição. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.

  • PJJ. BUYTENDIJK: Teoria Geral da postura e movimento humano. Berlin, Göttiengen, Hilderberg, 1956.

  • HILDERBRANDT, Reiner. O esporte como fenômeno social e a análise crítica do esporte. Revista Kinesis, 4 (1): 45-58/jan-jul/1988.

  • SOUZA, Magne Costa. Considerações Teóricas Sobre Intervenção E Problemas Da Escola: Um Estudo De Caso, UFSM, 2000.

  • MACHADO, Braulio da Silva. Jornalismo Esportivo Na Copa Do Mundo De Futsal FIFA 2008: Proposições Didáticas Para O Ensino Do Futebol, Monografia de conclusão do curso de Especialização em Atividade Física Desempenho Motor e Saúde, Santa Maria, RS: UFSM/CEFD 2012.

  • SCHMITZ FILHO, Antonio Guilherme. “O ensino dos esportes na escola: intervenções a partir dos cenários esportivos produzidos na mídia.” Subprojeto PIBID Institucional UFSM, 2011.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 186 | Buenos Aires, Noviembre de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados