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Orientação postural e muscular com bola suíça

La orientación postular y muscular con pelota suiza

Postural guidance and muscle with swiss ball

 

*Fisioterapeuta. Especialista em traumato-ortopedia, UNINGA

Pós graduanda em Atividade Física, Desempenho motor e saúde, UFSM

Pós graduanda em Reabilitação Físico-Motora, UFSM

Formação complementar em Pilates Completo e RPG

Atuante como pesquisadora no Núcleo de estudos em medidas

e avaliação área educação física e saúde, UFSM
Atuante como estudante no grupo de estudos dos exercícios aquáticos e saúde, UFSM

Ana Paula Ziegler Vey*
Tábada Samantha Marques Rosa
Débora Bonesso Andriollo Basso

aninhaziegler@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Exercícios posturais são um meio eficaz de prevenção e/ou tratamento de patologias ortopédicas utilizados na fisioterapia. Um possível recurso a ser utilizado associado a exercícios posturais é a bola suíça, com fins de alongamento, fortalecimento muscular, reeducação da postura e treino de equilíbrio. Este estudo visou descrever brevemente algumas orientações de exercícios terapêuticos com bola suíça, utilizadas no fortalecimento, relaxamento, e alongamento dos músculos paravertebrais, abdominais e do assoalho pélvico, bem como para estimular do condicionamento cardiorrespiratório. Sugere-se como resultados, melhora das curvaturas da coluna vertebral. Otimização do condicionamento cardiorrespiratório, bem como, melhora na excursão diafragmática. Ainda, observam-se inferências quanto à melhora da flexibilidade articular da coluna vertebral, fortalecimento e relaxamento dos grupos musculares paravertebrais, abdominais e pélvicos. Conclui-se, portanto, que exercícios posturais com bola suíça demonstram-se eficientes para o fortalecimento e flexibilidade corporal, além de serem importantes para o condicionamento cardiorrespiratório e a postura corporal.

          Unitermos: Postura. Músculos. Fisioterapia.

 

Abstract

          Exercises posture is an effective means of prevention and / or treatment of conditions used in orthopedic therapy. One possible resource to be used associated with postural exercises is the Swiss ball, with the purpose of stretching, muscle strengthening, rehabilitation of posture and balance training. This study aimed to describe briefly some guidelines for therapeutic exercises with Swiss ball, used in strengthening, relaxation, and stretching of the paraspinal muscles, abdominal and pelvic floor, as well as to stimulate cardio respiratory fitness. It is suggested as a result, improvement of curvature of the spine. Optimization of cardio respiratory fitness, as well as improvement in diaphragmatic excursion. Still, it is observed inferences as improved joint flexibility of the spine, strengthening and relaxing the muscle groups paraspinal, abdominal and pelvic. We conclude, therefore, that postural exercises with Swiss ball demonstrate to be efficient for body strengthening and flexibility, and are also important for cardio respiratory fitness and body posture.

          Keywords: Posture. Muscles. Physical therapy.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 186, Noviembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Exercícios posturais são um meio eficaz de prevenção e/ou tratamento de patologias ortopédicas utilizados na fisioterapia. Um possível recurso a ser utilizado associado a exercícios posturais é a bola suíça, com fins de alongamento, fortalecimento muscular, reeducação da postura e treino de equilíbrio. Este instrumento amortece o peso do corpo e, sobre ele, fazem-se, constantemente, pequenos movimentos, trabalhando alternadamente a contração e o relaxamento dos músculos paravertebrais, além de treinar propriocepção (CRAIG, 2004).

    Ao realizar uma atividade, o indivíduo posicionado em sedestação sobre uma bola suíça, estará automaticamente, fortalecendo a musculatura extensora do corpo, melhorando a postura corporal e treinando o equilíbrio.

    Segundo Steffenhagen (2003), a correção postural baseada no método de Brügger – desenvolvido por Alois Brügger – utiliza a bola suíça para favorecer a lordose fisiológica da coluna lombar. Em outras palavras, isso significa que o quadril permanece em leve anteversão, gerando, por conseqüência, menor pressão sobre os discos intervertebrais, comparando-se à pressão sofrida durante uma postura cifótica.

    Os desvios posturais geram alterações da estrutura corporal, visto que, um grupo muscular fraco, ou que esteja sendo usado de maneira incorreta, pode ocasionar desvio de postura. O autor supracitado cita que, após dez minutos, em sedestação, associado à postura cifótica, os músculos paravertebrais tornam-se totalmente relaxados. Isso significa que as vértebras e, principalmente, os ligamentos passam a assumir toda a sustentação do corpo, causando uma distensão destes ligamentos.

    Neste sentido, a bola suíça pode ser utilizada, em alguns aspectos do tratamento, com pacientes enfermos e em recuperação, mas principalmente, é um excelente instrumento de ginástica para indivíduos saudáveis que desejam alongar-se, mobilizar o corpo, após terem ficado por um longo período em uma postura sentada, em pé ou fazendo movimentos em posturas não ideais (CARRIÈRE, 1999).

    Segundo Craig (2004), exercícios na bola proporcionam autoconfiança e energia, elevam a harmonia entre o corpo e a mente, além disso, estimulam a respiração diafragmática. Com esta atividade, passa-se a treinar os músculos que vão favorecer o equilíbrio e o controle corporal. Outro viés da terapia com bola suíça encontra-se na ludicidade, além de promover condicionamento cardiorrespiratório, alinhamento da coluna vertebral e das cinturas, tonificar os músculos e proporcionar flexibilidade.

    Portanto, este estudo visou descrever brevemente algumas orientações de exercícios terapêuticos com bola suíça, utilizadas no fortalecimento, relaxamento, e alongamento dos músculos paravertebrais, abdominais e do assoalho pélvico, bem como, para estimular do condicionamento cardiorrespiratório.

Metodologia

    O presente estudo desenvolveu-se de setembro a dezembro de 2011. Utilizou-se de uma pesquisa on-line em base de dados nacionais e internacionais e livros referentes ao uso da bola suíça no trabalho corporal. As estratégias de busca incluíram as palavras-chave: postura, músculos, fisioterapia, bola suíça, posture, muscles, physical therapy e swiss ball.

    Atentou-se para encontrar estudos que objetivavam facilitar a contração do abdome e do assoalho pélvico, principalmente do músculo períneo. Também, para a manutenção da postura correta, respeitando as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral, pois estas permitem absorção de pressões externas e dão mobilidade à coluna.

    A seguir, breve descrição de exercícios propostos nas pesquisas, sendo que, foram divididos em três etapas: aquecimento, fortalecimento e alongamento.

Exercícios de aquecimento

    Sugere-se dez minutos de exercícios aeróbicos de baixa e média intensidades, elevando gradativamente a frequência cardíaca. O participante permanece em postura sentada sobre a bola realizando movimentos para cima e para baixo (pula-pula) e, ao mesmo tempo, mobilizando os membros superiores e inferiores.

    Exercícios realizados: participante sentado na bola efetuando movimentos dos membros superiores para frente e para traz; braços para os lados sendo acompanhados pela cabeça (olhar para as mãos); extensão alternada de joelhos; abdução/adução de membros inferiores; rotação de tronco; flexão alternada de quadril; inclinação lateral de tronco; flexão de ombros.

Exercícios de fortalecimento

    Imediatamente após o aquecimento, fez-se fortalecimento muscular por 25 minutos. Nesta etapa, pode-se trabalhar com contração dos músculos do períneo, abdominais e paravertebrais, por meio de exercícios de tronco e membros superiores e inferiores, duas vezes de dez repetições cada uma.

    Exercícios realizados: participante sentado na bola - realizam-se movimentos circulatórios da pelve, lentamente; pequena elevação do quadril da bola (como se fosse levantar da posição sentada) com membros superiores fletidos em 90°; o mesmo movimento anterior, porém com as mãos apoiadas na bola, atrás do quadril; exercício abdominal com participante em decúbito dorsal sobre a bola (apóia das mãos na região cervical e elevação do tronco); na mesma posição, abduzir e aduzir os membros inferiores; fortalecimento dos músculos paravertebrais com a voluntária em decúbito ventral, mãos apoiadas na cervical e elevação do tronco; na mesma posição, hiperextender um lado do quadril alternadamente; ainda em decúbito ventral, abduzir e aduzir os membros superiores; em decúbito lateral direito e esquerdo, alternadamente, abdução e adução de membros superiores e inferiores, respectivamente; em decúbito dorsal no solo com a extremidade distal dos membros inferiores sobre a bola, elevar o quadril até a altura da coluna dorsal.

Exercícios de alongamento

    Para finalizar, realizam-se, em cada sessão, dez minutos de alongamentos de forma global. O tempo mantido em cada um destes alongamentos, por uma vez de 30 segundos, a fim de ativar o Órgão Tendinoso de Golgi (OTG), responsável pelo alongamento das fibras musculares (TANEDA, POMPEU, 2006).

    Exercícios sugeridos: sujeito sentado sobre a bola, inclinação lateral e anterior do tronco; sentado no solo lentamente levar a região posterior do tronco apoiada na bola para trás, com membros superiores cruzados e, posteriormente estendidos; sentado sobre os calcanhares, levar a bola adiante com extensão dos membros superiores; ajoelhado ao lado da bola, inclinar o tronco lateralmente sobre esta; em decúbito dorsal no solo, membros inferiores sobre a bola pressionando-a vigorosamente durante a expiração, ao mesmo tempo pressionando cabeça, coluna e membros superiores contra o solo. Descansa durante a expiração (repete-se esta manobra por três vezes).

Resultados e discussão

    Os resultados esperados são a melhora no fortalecimento e na flexibilidade corporal, sendo preservado o equilíbrio muscular e a fisiologia articular. Yi et al. (2003) referem que na estrutura corporal atuam as cadeias musculares, e que uma tensão inicial é responsável por uma sucessão de tensões associadas. Cada vez que um músculo se encurta, ele aproxima suas extremidades e desloca os ossos sobre os quais ele se insere, assim, as articulações se bloqueiam e o corpo se deforma. Por outro lado, todos os outros músculos, que se inserem sobre esse osso, vão ser alterados pelo deslocamento que se propagará a outros ossos e músculos e assim sucessivamente.

    Para Colby e Kisner (1998) a mobilidade e a flexibilidade dos tecidos moles que circundam a articulação, como os músculos, o tecido conectivo e pele e a mobilidade articular são fatores indispensáveis para que haja amplitude de movimento normal. Assim, para desempenhar a maioria das tarefas funcionais, faz-se necessário uma amplitude de movimento sem restrições e sem dor. Os autores relatam, ainda, que em geral o termo “flexibilidade” é usado para se referir mais especificamente à habilidade da unidade músculo-tendínea para alongar-se, enquanto um segmento corporal ou articulação move-se através da amplitude de movimento.

    O hábito do alongamento tende a aliviar a rigidez muscular e eliminar alguns desconfortos. Contudo, não há evidências da necessidade de grandes amplitudes de movimento para a obtenção do alinhamento postural, bem como do relaxamento muscular adequado, condições, essas, essenciais para a saúde normal e o bem-estar do indivíduo. A flexibilidade aumenta durante a infância até o início da adolescência, depois diminui ao longo da vida. É possível que a flexibilidade reduza em razão do aumento da idade, mas a regressão pode ocorrer simplesmente porque, à medida que ocorre o envelhecimento, realizam-se cada vez menos exercícios de alongamento. Também, é provável que a flexibilidade diminua por uma combinação destas duas causas (ACHOUR Jr, 2004).

    Para Stokes (2000) o grau de tônus varia de um indivíduo para outro. Assim, considera-se como sendo a resistência ativa de um músculo ao estiramento suave. Os reflexos de estiramento e latência, curta e prolongada, são mecanismos neurais que sustentam o tônus muscular. No entanto, ele é influenciado por decisões voluntárias para resistir ou submeter-se ao estiramento.

    O ser humano tem como característica fundamental o movimento. Este é realizado pela contração dos músculos sobre os ossos, ligamentos e tendões. Cada músculo ou grupo muscular possui propriedades individuais que vão lhe dar características e capacidades para cada tipo de movimento. Estes são obtidos através da interação colaborativa de um grande número de fatores anatômicos, fisiológicos, bioquímicos e biomecânicos. A estes fatores pode-se incluir a habilidade que os músculos têm de desenvolver quantidades graduadas de tensão ativa, a habilidade de o sistema nervoso perceber o que está acontecendo e de regular a contração necessária para mover precisamente certas partes do corpo, enquanto estabiliza outras. Deve-se ainda considerar a participação multissistêmica, dos sistemas cardiovascular e respiratório no processo contrátil (LEHMKUHL, 1989).

    A reeducação diafragmática é recomendada por Ribeiro e Soares (2003), pois argumentam que o indivíduo treinado e reeducado a utilizar o músculo diafragma obtém um relaxamento da musculatura acessória, restaurando a eficiência da respiração e, por consequência, dos parâmetros cardiorrespiratórios. Além disso, a inclusão de exercícios de treinamento respiratório com ênfase no adequado trabalho diafragmático é recomendado para melhora cognitiva.

    Quanto à postura corporal, pelo o exame físico, observa-se, com frequência: anteriorização e inclinação lateral da cabeça, rotação e elevação dos ombros, hiperlordose cervical, flexão de cotovelos, hipercifose dorsal, hiperlordose lombar, rotação de pélvis, escoliose dorsolombar, hiperextensão de joelhos e pés pronados. Amantéa et al. (2004) definem como postura ideal aquela em que há equilíbrio entre as estruturas de suporte envolvendo uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga, com máxima eficiência do corpo. Os autores afirmam que a postura de cada indivíduo será mantida por cadeias musculares, fáscias, ligamentos e estruturas ósseas, que possuem solução de continuidade, são interdependentes entre si e abrangem todo o organismo.

    Cailliet (1979) refere que para prevenir os desvios da coluna pode-se propor o desenvolvimento de um programa de aptidão física que reúna força, flexibilidade e educação postural. A postura correta é uma função do corpo que deve ser observada em tempo integral, durante a vigília. O autor cita, ainda, que exercitar-se uma hora por dia, permanecendo em posturas incorretas, outras 15 horas, torna-se inútil. Esta prática não levará ao alinhamento postural e, nem mesmo, à analgesia.

    Achour Jr (2004) observa que uma coluna fraca, submetida à sobrecarga do dia-a-dia, em geral poderá desenvolver patologia. Assim, atribui algumas lesões ao despreparo muscular, o que torna a aptidão física um agente importante a todos os indivíduos, a fim de prevenir fadiga, lesão e dor.

    Bienfait (1995) considera que a coluna vertebral é o eixo do corpo, portanto, passível de desvios posturais, uma vez que, adotam-se diferentes atitudes no dia-a-dia. Similarmente, Farah e Tanaka (1997) teorizam que a complexidade biomecânica da postura corporal permeia a integração funcional dos vários segmentos e, nestes, as possibilidades de movimentos nos planos de construção anatômica do corpo, por meio das compensações posturais.

Conclusões

    Assim, apesar da brevidade da pesquisa, fica claro que exercícios na bola suíça são benéficos tanto a postura corporal quanto ao condicionamento físico. Entretanto, estudos práticos para confirmar estes resultados e analisar a estabilidade destas modificações devem ser realizados. Também, sugere-se a utilização de instrumentos de avaliação quantificadores, a fim de se medir os desvios posturais e as alterações cardiorrespiratórias, bem como comprovar os resultados terapêuticos.

Referências

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